O que é Controle Inibitório?
Se você nunca ouviu falar em Controle Inibitório, já podemos tentar ‘‘deduzir’’ um pouco sobre ele antes mesmo de adentrarmos no assunto.
Controle - ter controle, se controlar, pensar antes de agir
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Inibitório - cognição - aquisição de conhecimento, ter conhecimento sobre algo
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Agora vamos lá:
Essa habilidade possibilita ter domínio sobre a atenção, o pensamento, o comportamento e as emoções, de tal forma a conseguir evitar distrações, impulsos e ações automáticas. Sem o controle inibitório não seria possível focar a atenção quando se deseja (por exemplo, conseguir ler um texto mesmo na presença de barulhos incômodos ou até mesmo manter uma conversa dentro de um restaurante cheio), mudar hábitos (por exemplo, começar a praticar atividade física, ir dormir mais cedo, fazer melhores escolhas alimentares dentro da sua rotina) e escolher a forma de agir (pensar antes de agir, refletir sobre as suas ações). É possível destacar três aspectos relevantes: o controle inibitório de atenção, a inibição cognitiva e o autocontrole.
1.O controle inibitório da atenção é importante para mantermos o foco sem se deixar levar por estímulos exteriores que possam nos distrair. De fato, alguns estímulos visuais ou auditivos nos atraem involuntariamente a atenção, mas há outros aos quais conseguimos escolher dar atenção ou não. Podemos lembrar do exemplo acima de manter uma conversa com alguém em um ambiente com som elevado - o que inclui também o conceito de atenção seletiva.
2.O aspecto do controle inibitório relacionado à inibição cognitiva significa resistir a pensamentos e memórias não intencionais, capazes de tirar o foco. Essa habilidade é necessária para o bom funcionamento da memória de trabalho, pois possibilita manter o foco nas informações desejadas, mesmo na presença de algum pensamento involuntário. Então, por exemplo, quando precisamos manter a nossa atenção em uma tarefa específica, mesmo ao lembrarmos de algo, não perdemos o foco na atividade principal e continuamos concentrados na sua realização.
3.O autocontrole é o aspecto que está relacionado a ter domínio sobre o comportamento, apesar da presença de impulsos e emoções, estimulando determinadas condutas. Ter autocontrole significa ter a possibilidade de agir de forma diferente da desejada intimamente, como ter disciplina para terminar atividades não prazerosas, mas necessárias para atingir um objetivo desejado. Além disso, ter autocontrole significa também evitarmos agir por impulso (por exemplo, ser grosseiro com alguém ou até mesmo agir de maneira violenta), como tirar conclusões precipitadas, falar algo sem pensar antes ou não calcular consequências de uma ação ou decisão. Por isso a importância de pensarmos racionalmente antes de agir.
Ao desenvolvermos essa habilidade, nos tornamos capazes de inibir impulsos, comportamentos inadequados, respostas automáticas, assim como estímulos irrelevantes ou distratores, de modo que podemos ponderar e pensar antes de emitir uma resposta a algo ou alguém. Esse fator se assemelha muito ao conceito de autorregulação** - habilidade que permite o ajustamento e a adaptação do indivíduo - o que ocorre por meio do monitoramento, regulação e controle de seus estados motivacionais, emocional e cognitivo.
Também é importante ressaltar que a memória de trabalho e o controle inibitório são mutuamente dependentes e dificilmente funcionam separadamente, já que ter em mente o objetivo é indispensável para avaliar o que deve ser filtrado ou inibido e para trabalhar com informações mentalmente, é preciso ter a capacidade de resistir a distrações. Além disso, para manipular as ideias de forma criativa deve-se evitar repetir padrões habituais.
Depois desse apunhalado de informações e exemplos, na vida de uma criança o controle inibitório é relevante para as esperarem sua vez de falar em uma roda de conversa, manterem a atenção durante a leitura de uma história ou explicação, participarem de brincadeiras que requerem essa habilidade como ''estátua'' ou precisar parar em uma parte da brincadeira - controlar a impulsividade. O desenvolvimento dessa habilidade também possibilitará que, gradualmente, as crianças se tornem capazes de controlar reações mais emotivas (como mordida e o choro) e consigam se acalmar para expressar seus sentimentos de outra forma. Além disso, enquanto as crianças estão desenvolvendo essa habilidade é interessante ensiná-las diferentes estratégias para controlarem as emoções e pensarem antes de agir. Por exemplo, ensinar a respirar fundo ou contar até dez entre outros.
**Relação entre funções executivas e autorregulação:
A autorregulação é uma habilidade que está interligada às funções executivas. Sua definição se assemelha ao controle inibitório, porém ao campo de estudo da autorregulação compreende mais aspectos. Enquanto pesquisadores de FE se concentram mais em pensamentos, atenção e ações, os pesquisadores de autorregulação consideram mais as emoções. A pesquisa em autorregulação também se diferencia por compreender a importância da motivação e do empenho nas respostas às emoções. Assim, o conceito de autorregulação é mais amplo e abrange o monitoramento, a regulação e controle dos estados emocional, motivacional e cognitivo do indivíduo.
Memória de Trabalho Flexibilidade Cognitiva Controle Inibitório