Eu tive a Felicidade de ter frei Miguel como meu confessor, quando eu residia na comunidade do Hospital São José. E, lembro-me, assim, porque foi muito marcante aquele momento, quando eu me encontrava passando pela experiência de um câncer de medula e ele foi confessar as irmãs, e as irmãs levaram ele até o leito do meu quarto. Porque eu não tinha condições de me locomover. E colocaram uma cadeira na cabeceira da minha cama e ele sentou-se com aquele jeito dele, assim, muito caridoso, de muita ternura, e se debruçou para ouvir a minha confissão. Aquilo me marcou profundamente: o testemunho de amor e de zelo pelas pessoas, e o dom da escuta que ele sempre teve. Então ele foi, assim, um frei que soube escutar profundamente com o coração todas as pessoas que o procuravam para confessar ou para partilhar alguma experiência.
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E lembro-me também do testemunho de um jovem. Eu conto esse testemunho porque esse jovem me escreveu contando este fato, e eu tenho esta carta guardada até hoje. Que ele estava passando por uma experiência, assim, de depressão muito grande. Estava em desespero. E ele dizia, disse pra mim na carta, que procurou frei Miguel para se... aliás, ele foi ao convento dos frades Capuchinhos no bairro América para conversar com algum frade. Ele estava tão desesperado que dizia, disse para mim na carta, que foi procurar um frade dizendo: “Se ninguém me atender eu me jogo naquela ribanceira que tem na frente do convento de vocês. Ele disse que se jogaria dali para tirar sua vida. Bateu na porta do convento de vocês e, para surpresa dele, e felicidade, um frade veio atende-lo. E esse frade era frei Miguel. E perguntou o que ele desejava. E ele disse: “Frei, eu quero me confessar”. Quatro horas da manhã. Pense, quatro horas da manhã! E o frei mandou que ele rodeasse pela porta da frente do convento da igreja, e que ele iria abrir a porta para atender essa pessoa. E ele abriu a porta. A pessoa entrou e se confessou com ele. Foi para casa feliz da vida. Isso para mim foi, assim, uma graça muito grande; pela generosidade; pelo desprendimento; pela coragem de esse frei atender, quatro horas da manhã uma pessoa que batia na sua porta, num bairro que, naquela época, era muito perigoso, muito perigoso mesmo! Então isso demonstra o amor infinito do frei Miguel pela pessoa humana. E ele não media sacrifício para atender ninguém. Sempre estava disponível para atender as pessoas.
Texto extraído de depoimento oral da Irmã Josefa nos falando sobre o porquê de ela desejar ver a Beatificação de frei Miguel.