6. Pampsiquismo

1. Motivação para esta posição filosófica: evitar os problemas das duas principais posições alterativas (dualismo e fisicalismo). O dualismo parece adequado para descrever o fato inegável de que somos conscientes, mas torna difícil a explicação da interação corpo-mente. O fisicalismo fornece uma descrição unificada da natureza, mas torna difícil a explicação do fato de que somos conscientes ou de como consciências emergem. O pampsiquismo fornece uma solução intermediária, postulando que todas as coisas (ou ao menos as coisas fundmantais) são ao mesmo tempo físicas e mentais.

2. Definição e tipos:

Pampsiquismo é a tese segundo a qual a mentalidade é fundamental e ubíqua.

Dois tipos de panpsiquismo: panexperiencialismo (a consciência é fundamental e ubíqua) e pancognitivismo (o pensamento é fundamental e ubíquo) -- este último, menos plausível, uma vez que o pensamento (dúvida, crença, inferência etc.) é um fenômeno mais complexo que a consciência (experiência).

Isso implica que todas as coisas fundamentais (partículas, por exemplo) têm algum tipo de mente, ainda que muito rudimentar, mas não implica que todas as coisas feitas de coisas fundamentais (pedras, por exemplo) tenham mentes, ainda que muitas possam ter (plantas e animais, por exemplo).

Há algo que é ser como um elétron (ou um fóton ou quark).

Panpsiquismo constitutivo: fatos sobre a consciência animal ou vegetal são constituídos de fatos sobre formas de consciência mais fundamentais.

Panpsiquismo não-constitutivo: fatos sobre a consciência animal ou vegetal são fundamentais.

Panprotopsiquismo: protoconsciências são fundamentais e ubíquas, e são caracterizadas por propriedades protofenomenais, cujo conhecimento permitiria inferir a priori as propriedades fenomenais por elas constituídas.

Micropsiquismo vs cosmopsiquismo


3. Argumentos em favor do pampsiquismo

    • De coisas e propriedades não mentais nada mental emerge (Nagel; Strawson): os estados mentais de um organismo são reais, mas não são inteligivelmente deriváveis de seus estados físicos (temos apenas conhecimento de correlações, não explicações de um termos do outro).
    • Explicações físicas não dizem nada sobre a natureza intrínseca da matéria, apenas a descrevem usando um vocabulário matemático-nomológico. Apenas as relações entre coisas são descritíveis nesse vocabulário, não a sua natureza. (Disposições são apenas identificáveis por meio de suas manifestações -- por exemplo, a disposição de ser inflamável manifesta-se em coisas pegando fogo -- mas essas manifestações são elas próprias disposições -- a disposição de pegar fogo manifesta-se com a queima de objetos, produção de calor e fumaça, etc.) O pampsiquismo afirma que a natureza intrínseca das coisas é em parte ser consciente. Sabemos que nós somos conscientes: temos disso conhecimento direto e imediato. Por que supor que outras coisas são diferentes de nós?
    • Na evolução biológica das espécies, mudanças nas características físicas dos organismos ocorrem gradualmente, ao longo de muitas gerações. O mesmo deve ter acontecido com a consciência. Logo, seres menos complexos já deveriam ter consciências menos complexas.


4. Argumentos contrários ao pampsiquisimo

    • Contraintuitividade
    • "Problema da combinação": como microconsciências podem ser combinadas de tal modo a formarem uma macroconsciência?