2. Behaviorismo

1. Contexto científico do início do século vinte

2. Círculo de Viena

3. Behaviorismo psicológico, metodológico e analítico

4. O significado de um enunciado é estabelecido pelas suas condições de verificação:

Hempel: 'Quando, por exemplo, conhecemos o significado do enunciado seguinte: “Hoje, à 1 hora, a temperatura de tal e tal lugar do laboratório de física era de 23,4ºC”? Evidentemente, é quando, e apenas quando, sabemos em quais condições qualificamos o enunciado como verdadeiro e em quais condições o declaramos falso. (Porém neste ponto não é absolutamente necessário saber se a proposição é verdadeira ou falsa). Assim, sabemos o significado do enunciado dado porque sabemos que é verdadeiro quando um vaso de um certo tipo, preenchido de mercúrio, em resumo, um termômetro com a escala Celsius, colocado à hora indicada no lugar em questão, apresenta uma coincidência entre o nível de mercúrio e a graduação 23,4. Ele é igualmente verdadeiro se, nas circunstâncias correspondentes, podemos observar certas coincidências em um outro instrumento, chamado “termômetro a álcool” e, ainda, se um galvanômetro, conectado a um termopar, apresenta um certo desvio, quando o elemento é colocado, no momento indicado, no lugar em questão Há, por fim, uma longa série de outras possibilidades que tornam verdadeiro o enunciado, cada uma das quais é definida por um a “fórmula física de teste”*, como gostaríamos de chamá-la. O enunciado, ele mesmo, não afirma evidentemente nada além do que isto: todas as fórmulas de teste são válidas (não verificamos algumas delas, no entanto, então “concluímos por indução” que as outras também são satisfeitas); o enunciado, portanto, não é mais do que uma expressão abreviada de todas as fórmulas de teste.

Antes de continuar a discussão, resumamos esse resultado da maneira seguinte:

1º. Um enunciado que especifica a “temperatura” em um ponto determinado do espaço-tempo pode ser retraduzido”, sem mudar o significado, em um outro enunciado – mais longo, sem dúvida – no qual o termo de temperatura não aparece mais. Esse termo funciona, portanto, unicamente como uma abreviação, tornando possível a descrição concisa e completa de uma situação fatual, cuja expressão seria de outro modo muito detalhada.

2º. Esse exemplo nos mostra também que dois enunciados de formulação** diferente podem ter, no entanto, o mesmo significado.

Um exemplo banal de enunciado com o mesmo significado que o primeiro seria este: “Hoje, à 1 hora, em tal e tal lugar do laboratório, a temperatura era de 19,44º Réaumur”.


5. "Paulo tem dor de dentes."

a. Paulo chora e faz gestos de tal e tal espécie.

b. À questão: “O que você tem?”, Paulo articula as palavras “Tenho uma dor de dentes”.

c. Um exame mais de perto revela um molar cariado com a polpa exposta.

d. A pressão sanguínea de Paulo, os processos digestivos, a velocidade de suas reações apresentam tais e tais alterações.

e. No sistema nervoso central de Paulo acontecem tais e tais processos.

Essa lista poderia ser consideravelmente expandida, mas já mostra o aspecto essencial e fundamental, a saber, que todas as condições de verificação desse enunciado psicológico se apresentam na forma de fórmulas físicas de teste.

6. Hempel: "O resultado das considerações precedentes pode ser resumido assim: todo enunciado psicológico dotado de significado, isto é, verificável ao menos em princípio, é traduzível em um enunciado em que não figura mais nenhum conceito psicológico, mas apenas os conceitos físicos. Os enunciados da psicologia são, portanto, enunciados fisicalistas. A psicologia é parte integral da física. Se distinguimos a física de outros domínios, não o fazemos em razão de princípios, mas apenas do ponto de vista da prática da pesquisa e da direção de interesse."

7. Críticas de Chomsky (1959, 1967) a Skinner

8. Hempel abandona o behaviorismo (1966): "Para caracterizar (...) padrões comportamentais, propensões ou capacidades (...) precisamos não apenas de um vocabulário comportamentalista adequado, mas também de termos psicológicos."

9. Críticas de Dennett a Quine

10. Réplicas de behavioristas contemporâneos


11. Ryle: o mito de Descartes

A doutrina (oficial) do fantasma na máquina: "É costume exprimir esta bifurcação de suas duas vidas, e de seus dois mundos, dizendo que as coisas e acontecimentos que pertencem ao mundo físico, incluindo seu próprio corpo, são externos, enquanto o funcionamento de sua própria mente é interno. Esta antítese de exterior e interior deve evidentemente ser interpretada como uma metáfora, dado que as mentes, não estando no espaço, não poderiam ser descritas como estando espacialmente dentro de qualquer coisa, ou como se se passassem coisas espacialmente dentro delas. Mas são comuns os deslizes desta boa intenção e encontramos teóricos especulando sobre o modo segundo o qual os estímulos, cujas fontes físicas se encontram a metros ou quilômetros de distância da pele da pessoa, podem dar origem a respostas mentais dentro de seu crânio, ou como decisões enquadradas no âmbito do seu crânio podem comandar movimentos das suas extremidades."

Absurdo da doutrina oficial: "Espero provar que ela é inteiramente falsa, não em pormenor, mas em princípio. Não é uma mera reunião de erros particulares. É um grande erro e um erro de gênero especial. É, designadamente, um erro de categoria [category-mistake]. Representa os fatos da vida mental como se pertencessem a um tipo ou categoria lógicos (ou domínio de tipos ou categorias), quando efetivamente pertencem a outra categoria. O dogma é portanto um mito do filósofo. Ao tentar destruir o mito, dir-se-á provavelmente que nego fatos bem conhecidos da vida mental dos seres humanos, e a minha alegação de que apenas aspiro a retificar a lógica dos conceitos de conduta mental será provavelmente criticada como um mero subterfúgio."

Origem do erro: "Uma das principais origens intelectuais do que ainda tenho que provar ser o erro de categoria cartesiano parece ser a seguinte. Quando Galileu mostrou que os seus métodos de descoberta científica eram capazes de estabelecer uma teoria mecânica que abrangeria todos os ocupantes do espaço, Descartes encontrou em si próprio duas razões em conflito. Como homem de gênio científico, não tinha outro remédio senão sancionar as descobertas da mecânica, mas, como homem religioso e moral, não poderia aceitar, como Hobbes aceitou, os desencorajantes corolários dessas descobertas, ou seja, que a natureza humana difere apenas em grau de complexidade do mecanismo de um relógio. O mental não poderia ser apenas uma variedade do mecânico.

"Ele e filósofos subsequentes, natural mas erroneamente, arranjaram a seguinte escapatória. Visto que as palavras de conduta mental não devem ser interpretadas como significando a ocorrência de processos mecânicos, elas devem ser interpretadas como significando a ocorrência de processos não mecânicos; visto que as leis mecânicas explicam movimentos no espaço como os efeitos de outros movimentos no espaço, outras leis devem explicar parte do funcionamento não espacial das mentes como os efeitos de outros funcionamentos não espaciais das mentes. A diferença entre os comportamentos humanos que descrevemos como inteligentes e os que descrevemos como não inteligentes, deve ser uma diferença de causação; assim, enquanto alguns movimentos das línguas e membros humanos são efeitos de causas mecânicas, outros devem ser efeitos de causas não mecânicas, isto é, alguns são originados por movimentos de partículas de matéria, outros são originados pelo funcionamento da mente."