1. A percepção não é um mero registro mental do "mundo exterior", mas uma escolha valorativa de alguns aspectos do ambiente. O que é valioso no ambiente manifesta-se na forma de predisposições emocionais, sentimentais, sensoriais (agradáveis/desagradáveis) -- boa parte dessas predisposições foram selecionadas no passado biológico de nossa espécie.
2. Essas predisposições (boa parte das quais é inconsciente) moldam a formação automática de pensamentos, crenças, modos de falar e padrões de ação.
Ver : https://vimeo.com/55035079
3. Atenção conjunta, intencionalidade compartilhada
4. (J. Haidt; Kahneman) Primeiro formamos uma intuição (ou crença), e apenas depois refletimos
5. Ilusões perceptuais e viéses cognitivos
6. (Lakoff) Em geral, pensamos por metáforas e frames, não por meio de regras lógicas
Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói, e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer; / É um andar solitário entre a gente; / É nunca contentar-se de contente; / É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade; / É servir a quem vence, o vencedor; / É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor / Nos corações humanos amizade, / Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(L. Camões)
7. Termômetros têm crenças sobre a temperatura?
Submarinos sabem nadar?
8. Organismos biológicos: luta pela existência, energia e tempo limitados
Discriminação do que é relevante no ambiente para a sobrevivência e reprodução é selecionado.
Mecanismos automáticos de discriminação em bactérias, células, organismos complexos. (Em mamíferos: instintos, emoções, sentimentos, padrões perceptuais)
--> Termômetros não se importam com a temperatura, pessoas se importam.
9. Mentes: adaptadas para discriminar o que é relevante e orientar o comportamento em direção ao que mais importa (valores)
Percepção: a maior parte da informação disponível no ambiente é desconsiderada.
Molduras perceptuais: percebemos apenas uma pequena parcela do ambiente, a que se mostra saliente no ambiente para nós
Saliências ambientais não são constantes e variam conforme o contexto.
Autocorreção de molduras perceptuais
--> Processos inconscientes
10. Estrutura da relevância (fenomenologia)
i. Relevância para o mim agora: molduras perceptuais (cores, sabores, cheiros, sons etc.)
ii. Busca do que é relevante: sistema de identificação de informações preditivas do que é relevante por meio de padrões. (Informações sobre o ambiente são parciais, ambíguas, às vezes enganosas; por isso, padrões ambientais são selecionados e não informações particulares.) Atenção seletiva de padrões ambientais, pessoais e sociais. (Cultura)
iii. Consciência do futuro: o que é relevante para mim agora pode não ser no futuro para ou para o meu grupo. Há coisas mais importantes do qeu eu ou do que o grupo a que pertenço. (Transcendência, religião)
Padrões na música: https://www.youtube.com/watch?v=9xbj2qQpIaU
https://www.youtube.com/watch?v=4yCdk5yMnwc
11. (Vervaeke) Prazer, pertencimento, amor
Relevância imediata: eros
Relevância para o meu grupo: philia [Cf. Tao Te Ching 27]
Relevância transcendente: reverência [e seu correlato, a humildade] com relação ao que aparece como sagrado (agape) [Modelo: amor materno/paterno pelos filhos (cf. Harry Frankfurt, The importance of what we care about]
http://www.templobudista.org/
Paulo, I Coríntios 13
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, se não tiver amor, nada sou. Ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita. O amor é paciente, o amor é prestativo, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará. As profecias terão o seu fim, o dom das línguas terminará e a ciência vai ser inútil. Pois o nosso conhecimento é imperfeito e também imperfeita é a nossa profecia. Mas, quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Mas, quando me tornei homem, deixei o que era próprio de criança. Agora, vemos como num espelho, de maneira confusa; depois, veremos face a face. Agora, conheço de modo imperfeito; depois, conhecerei como sou conhecido. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor;mas a maior de todas é o amor.
Bach, Erbarme dich