PANORAMA SOBRE ETNOMATEMÁTICA EM EVENTOS BRASILEIROS
Luara Laressa Ferreira Dos Santos Lima
luaralaressa@gmail.com
Resumo
Esta investigação se estabelece no Programa Etnomatemática e tem como objetivo principal mapear e analisar os trabalhos deste programa, que foram apresentados em três congressos brasileiros e, em especial, analisar os estudos relacionados à africanidade em quatro eventos. Portanto, essa pesquisa é do tipo Estado da Arte. Os dados foram coletados nos anais do Encontro Nacional de Educação Matemática, Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática e Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação em Educação Matemática. Para os trabalhos relacionados à africanidade, foi acrescentado o Encontro Brasileiro de Etnomatemática. As análises foram realizadas por meio dos resumos, utilizando a Análise de Conteúdo e a Hermenêutica da Profundidade. Com os dados mapeados, infere-se que o número de publicações desse Programa tende ao crescimento. Indicações de possíveis caminhos para pesquisas em Etnomatemática são apontadas ao final.
Disponível para download gratuito em: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/9276/5/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Luara%20Laressa%20Ferreira%20dos%20Santos%20Lima%20-%202019.pdf
ETNOMATEMÁTICA E RELAÇÕES COMERCIAIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS
Matheus Moreira Da Silva
matt.moreira.pet@gmail.com
Resumo
Entender o processo de subalternação e exploração das relações comerciais e da biodiversidade no contexto indígena, em face à influência ocidental, é perceber o processo de colonização do Brasil em 1500, além de sua organização estrutural. Este trabalho traz reflexões sobre as relações comerciais tradicionais de algumas etnias indígenas à luz da Etnomatemática, no curso de Educação Intercultural da Universidade Federal de Goiás (UFG). O propósito central é verificar as contribuições do tema contextual “Cultura e Comércio”, do curso de Educação Intercultural da UFG, referentes às relações comerciais praticadas pelos indígenas tanto no contexto tradicional quanto na sociedade envolvente. A partir das reflexões, no desenvolvimento desta pesquisa, percebemos que a Etnomatemática, num viés de formação, propicia ao professor indígena perceber as diferenças culturais e comerciais dentro e fora de seu contexto. Sabendo-se que o conhecimento e o comércio indígena receberam inúmeras influências das mais diversas civilizações no que tange à perda do patrimônio imaterial por meio da prática da biopirataria e de suas relações comerciais tradicionais; as ponderações aqui estabelecidas possibilitam aos povos indígenas uma maior liberdade e autonomia frente a determinados “padrões” de comportamentos capacidade de lidar com as transformações econômicas provocadas pela cultura ocidental dominante.
Disponível para download gratuito em: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/8242/5/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20-%20Matheus%20Moreira%20da%20Silva%20-%202018.pdf
INDÍGENAS, COSMOVISÃO E ENSINO SUPERIOR: [ALGUMAS] TENSÕES
Jorge Isidro Orjuela Bernal
jorge.orjuela@unesp.br
Resumo
A intenção desta pesquisa gira em torno das linhas de tensão que emergem entre cosmovisão -assumida como o conjunto de crenças, valores, costumes, modos de ver, pensar, sentir, estar e relacionar-se com o mundo- e o pensamento acadêmico a partir de um cenário composto por indígenas vinculados ao Ensino Superior, neste caso um grupo de estudantes da Universidade Federal de São Carlos. Para isso, leva-se em consideração a experiência de trabalho com comunidades indígenas na Colômbia; são feitas aproximações do pensamento de Foucault e Deleuze para abrir discussões entorno ao Ensino Superior, a [Educação] Matemática e a Etnomatemática , e a permanência de indígenas em cursos universitários; e se faz uso da cartograa, formulada por Gilles Deleuze e Felix Guattari, como uma ferramenta na produção de subjetividades para a abordagem de caminhos, territórios e linhas de força que atravessam tanto a universidade como instituição quanto os indígenas imersos no sistema educacional.
Disponível para download gratuito em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/154217/orjuela-bernal_ji_me_rcla.pdf?sequence=5&isAllowed=y
O ENSINO DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: ANÁLISE DE UMA PROPOSTA EMBASADA NO TRIVIUM PROPOSTO POR D’AMBROSIO NA PERSPECTIVA DO PROGRAMA ETNOMATEMÁTICA
Mônica Marra de Oliveira Santos
monicamarra79@gmail.com
Resumo
Procuraram-se, com esta pesquisa, a compreensão e contribuição do trivium proposto por D’Ambrosio no intuito de se despertar um repensar sobre o currículo de Matemática da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na perspectiva do Programa Etnomatemática. A questão suleadora desta pesquisa é: de que forma o trivium proposto por D’Ambrosio, na perspectiva do Programa Etnomatemática, pode suprir as necessidades formativas atuais da EJA? Para se responder tal questão, investigou-se o perfil do aluno da EJA do Colégio Polivalente Tributário Henrique Silva, apresentando-se uma rápida inserção da historicidade da EJA no Brasil, bem como sua lutas e conquistas. Constam nesta pesquisa uma análise cronológica e crítica da história do Programa Etnomatemática, seus estudos e suas aplicações, bem como uma investigação aprofundada das vertentes do trivium proposto por D’Ambrosio: literacia, materacia e tecnoracia. Para se alcançarem os objetivos da pesquisa, foram feitas intervenções pedagógicas na sala do 1º semestre do Ensino Médio da EJA de um colégio estadual, na cidade de Goiânia. Com relação à metodologia, trata-se de uma pesquisa etnográfica, cuja preocupação se direciona à análise holística e dialética da cultura da EJA e do ensino de Matemática. Utilizaram-se como instrumentos de construção dos dados: gravações de áudios das intervenções pedagógicas e questionários para o docente de Matemática e os discentes do colégio pesquisado. Dessarte, buscou-se, nos fundamentos do Programa Etnomatemática, um ensino no cenário da transdisciplinaridade, com viabilização e uso crítico de instrumentos comunicativos, analíticos e materiais do contexto sociocultural, estimulando a apreensão da realidade complexa pela articulação dos elementos e fenômenos que passam entre, além e através das disciplinas.
Disponível para download gratuito em: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/8552/5/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20-%20M%c3%b4nica%20Marra%20de%20Oliveira%20Santos%20-%202018.pdf
A VOZ DO MORRO: NARRATIVAS ETNOMATEMÁTICAS PRODUZIDAS NO CARNAVAL DE ESCOLAS DE SAMBA DE FLORIANÓPOLIS
Jéssica Lins de Souza
jessicalins.souza@gmail.com
Resumo
O Programa Etnomatemática é um programa de pesquisa que inclui os estudos em etnomatemática e suas implicações políticas e pedagógicas, com especial interesse em investigar artes e técnicas de explicar e conhecer em contextos culturais que historicamente sofrem tentativas de subalternização e invisibilização. Nesse contexto, esta dissertação tem o objetivo de identificar as narrativas, códigos e práticas etnomatemáticas produzidas por trabalhadoras/es responsáveis pela criação de artefatos para o desfile de Carnaval de Florianópolis, reconhecendo as escolas de samba como espaços educativos, onde se desenvolvem práticas e aprendizagens (matemáticas). Assim, buscamos compreender formas de saber/fazer matemática praticadas nos morros, habitados majoritariamente pela população negra e pobre das cidades, à qual é negado o direito de reconhecimento enquanto sujeitos produtores de conhecimento, considerando as categorias raça, gênero e território como elementos que caracterizam a matemática acadêmica e que, ainda, compõem a realidade das escolas de samba pesquisadas. A pesquisa se deu com trabalhadoras/es e artistas dos barracões de carros alegóricos, fantasias e adereços das agremiações Os Protegidos da Princesa e Embaixada Copa Lord. Para isso, desenvolvemos uma insubordinação criativa teóricometodológica, dialogando principalmente com Beatriz D?Ambrósio e Celi Lopes, Boaventura de Sousa Santos, Gelsa Knijnik, Paulo Freire e Ubiratan D?Ambrósio. As ferramentas teóricometodológicas incluíram pesquisa teórica, histórica e documental, além de um trabalho de campo que teve como foco observar, analisar e descrever criteriosa e respeitosamente a realidade social das/os componentes, fazendo uso de conversas, entrevistas semiestruturadas, fotografias e gravações audiovisuais. Destacamos processos educativos através da curiosidade, da observação, da imitação, da repetição ? de modo que assim se compartilham técnicas e métodos no desejo de aprender a lidar com as demandas sociais específicas dos barracões. Além disso, as/os artistas desenvolvem materiais para resolver as demandas específicas das produções dos carros alegóricos e fantasias, como desbobinadores e máquinas de corte improvisadas, além de técnicas de costura, desenho, forjamento, fabricação e otimização de recursos. Como contribuição, defendemos o (re)conhecimento dessas matemáticas e da diversidade epistemológica como caminho possível para uma educação matemática que busca a justiça cognitiva e a justiça social.
Disponível para download gratuito em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/216106
A ETNOMATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO, EM CONTEXTOS INDÍGENA E RIBEIRINHO, SEUS PROCESSOS COGNITIVOS E IMPLICAÇÕES À FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Lucélida de Fátima Maia da Costa
ldfmaiadc@gmail.com
Resumo
A busca pela compreensão das relações educativas no contexto da educação do campo é por vezes complexa e requer o conhecimento das distintas realidades coexistentes, como se constroem, reconstroem e influenciam as formas de ensinar e aprender dos sujeitos que vivem no campo. Nessa dissertação apresentam-se os resultados de uma pesquisa qualitativa cujo objetivo era compreender em que medida a Etnomatemática e seus processos cognitivos constituem implicações à formação de professores das escolas do campo. A investigação foi desenvolvida em quatro realidades distintas, no contexto da educação do campo, sendo uma referente à formação continuada de professores de comunidades ribeirinhas no município de Parintins, duas referentes a processos de formação de professores indígenas (a realidade do professor formador não indígena e a do professor indígena em formação), e uma envolvendo estudantes indígenas, estas duas últimas realizadas na Região do Alto Solimões. Para a obtenção de dados utilizou-se a observação participante junto a professores de comunidades ribeirinhas, aplicou-se questionários a professores formadores de professores indígenas e realizou-se a observação direta de atividades socioculturais como o processo de produção de farinha e de esculturas em madeira. Os dados obtidos foram analisados a luz da Etnomatemática, da mobilização de Processos Cognitivos e da Educação Cognitiva, tomando-se por base autores como D’Ambrosio (2005), D’Ambrosio (1993), Vygotsky (1995), Pinker (2002), Pinker (2008), Sternberg (2010), Fonseca (2009) e Freire (1981), os quais indicam a necessidade de reflexão sobre os processos de formação de professores, uma vez que, no contexto da educação do campo é inviável pensar em educação, de modo particular em educação matemática, sem levar em consideração a construção do pensamento matemático que ocorre no desenvolvimento das atividades socioculturais efetivadas pelos sujeitos nas interações que realizam no seu convívio diário.
Disponível para download gratuito em: http://www.pos.uea.edu.br/data/area/titulado/download/36-12.PDF
DIÁLOGOS ENTRE A ETNOMATEMÁTICA E A SALA DE AULA
Helom A Bento
Helom.bento@gmail.com
Eulina C. S. Do Nascimento
eulinacoutinhosilva@gmail.com
Resumo
Este ensaio propôs dialogar. O ponto de interesse do diálogo foi investigar e refletir sobre as possibilidades de recuperar Sentido e Significado na sala de aula, em especial na aula de matemática, sob os percursos e práticas da pesquisa no Programa em Etnomatemática. O objetivo foi investigar percursos e propostas do Programa em Etnomatemática que possibilitem uma prática pedagógica possível, e que permitam restaurar Sentido e Significado aos conteúdos da disciplina de matemática, dentro da sala de aula. A metodologia buscou direcionamentos à aprendizagem significativa, contextualizada e aproximações com o Programa em Etnomatemática sob relações socioafetivas; à matemática do sentido auxiliadas pelas possibilidades e procedimentos da História Oral. Este ensaio se justifica em contribuir para base teórica e para pautar uma prática educacional, estimulante e democrática. Enfim, como trazer para a sala de aula sentido e significado através do diálogo com pesquisadores pioneiros e contemporâneos do programa em Etnomatemática? Buscou-se dialogar para solucionar esta questão. Realizou-se ao longo do ano de 2020 entrevistas com seis autores, pioneiros e contemporâneos, do Programa em Etnomatemática: Ubiratan D’Ambrosio, Eduardo Sebastiani Ferreira, Pedro Paulo Scandiuzzi, Cristiane Coppe Oliveira, Olenêva Sanches Sousa e José Roberto Linhares de Mattos. Recorreu-se a teóricos como Abreu (2017), Coppe (Apêndice E), Margarete Costa (2018), D’Ambrosio (1998, 2001, 2017, 2018, 2020a, 2020b, Apêndice B), Fantinato e Freitas (2018), Farias (2018), Ferreira (1997, 2009, Apêndice C), Frege (2009), Freire (D'AMBROSIO; DOMITE, 1996), Gerdes (2010, 2014), Hernández (1998), Knijnik (2001), Marchon e Claudio Costa (2018), Mattos (2020, Apêndice G), Moreira (1982, 2010), Santos (2007), Scandiuzzi (Apêndice D), Silva (2007), Sousa (Apêndice F) e Vygotsky (2001). Refletir sobre as possibilidades pedagógicas para a educação matemática, sob olhar das matemáticas Significativa e de Sentido, alinhadas ao Programa em Etnomatemática e a História Oral, conduz às expectativas propostas, uma vez que tais alinhamentos reverenciam os aspectos de valoração, valorização, reconhecimento e respeito, essências para a consolidação das relações que se dão em sala de aula.
Disponível para download gratuito em: BENTO, Helom. Diálogos entre a Etnomatemática e a Sala de Aula. 2020. 184p.pdf - Google Drive
O JOGO AFRICANO MANCALA E O ENSINO DE MATEMÁTICA EM FACE DA LEI 10.639/03
Rinaldo Pevidor Pereira
rinaldopevidor@gmail.com
Resumo
Este trabalho de pesquisa trata do ensino de matemática e a implantação da Lei 10.639/03 nesse campo do conhecimento. Para tanto, estudamos a possibilidade de utilizar o jogo de tabuleiro africano Awalé da família do Mancala como recurso metodológico de ensino e aprendizagem matemática, associado ao ensino de história, cultura africana e afro-brasileira. Trata-se de uma pesquisa intervenção, de abordagem qualitativa, com entrevistas semiestruturadas e ações pedagógicas em sala de aula. O Mancala é um jogo matemático com base lógica, milenar na África, cuja estrutura de movimentos de captura e defesa das peças está pautada em conceitos matemáticos, práticas culturais e filosóficas africanas. Os sujeitos da pesquisa foram os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental, Heloísa Abreu Júdice de Mattos e Manoel Mello Sobrinho, das prefeituras municipais de Vitória e Cariacica no Espírito Santo, na qual eu atuei como professor de matemática. A motivação para a pesquisa se deu pela necessidade de melhorar o desempenho dos meus alunos em matemática e para cumprir a determinação da Lei 10.639/03. Neste sentido, realizamos a intervenção mediante um conjunto de práticas pedagógicas com o jogo em sala de aula onde concluímos na pesquisa que a prática do jogo promoveu aulas interativas e contribuiu para a mudança de postura do professor em sala de aula em relação ao reaprender e aprender a ensinar matemática. Contribuiu também para a construção de conhecimentos no campo do ensino de matemática, história e cultura afro-brasileira. Promoveu ainda motivação para a aprendizagem matemática e o aumento da autoestima do aluno em relação ao negro, ao ser negro e a nossa cultura. Consideramos ainda que este trabalho pode contribuir para a formação de professores em Africanidades matemáticas, tendo em vista a dificuldade que esse campo de conhecimento tem apresentado para a implantação da Lei 10.639/03 devido à concepção universalista da linguagem matemática, que sendo assim, estaria de fora do ensino de história e cultura afro-brasileira.
Disponível para download gratuito em: Repositório Institucional UFC: O jogo africano Mancala e o ensino demMatemática em face da Lei 10.639/03
EXPERIÊNCIAS DE SI: FORMAS DE FAZER COTIDIANO EM SALA DE AULA
Gabriela Dutra Rodrigues Conrado
gabipof@gmail.com
Márcia Souza da Fonseca
mszfonseca@gmail.com
Resumo
O presente texto apresenta uma pesquisa sobre experiências de si de vinte e um estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola localizada na periferia do município de Pelotas-RS. O estudo fez aproximações com o pensamento de Michel de Certeau sobre cotidiano e com a concepção Etnomatemática trabalhada pelo Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação Matemática e Sociedade (GIPEMS/UNISINOS), buscando compreender como articular cotidiano e Matemática Escolar no currículo dos anos finais da Educação Básica. Para tanto, foram realizadas atividades pedagógicas com o intuito de construir uma experiência educativa que priorize a cultura dos/as estudantes. Utilizamos a expressão experiência no sentido adotado por Jorge Larrosa, discutindo-a em três dimensões: ótica, discursiva e jurídica. As experiências de si dos/as estudantes foram analisadas a partir dos jogos de linguagem dos sujeitos escolares, evidenciando as subjetividades e relações de poder no bairro e na sala de aula de matemática, para isso a obra de Ludwig Wittgenstein foi fundamental. As experiências de si mostram que os/as estudantes buscam compreender as relações de poder nas quais estão envolvidos, criam saberes para sobreviver à ordem dominante no bairro e estão atentos às oportunidades para ganhar vantagens no espaço onde vivem e na sala de aula de matemática. As experiências apontam ainda para a constituição de subjetividades a partir de uma percepção hierárquica dos saberes escolares em relação a outras formas de saber.
Disponível para download gratuito em: Repositório Institucional da UFPel - Guaiaca: Experiências de si: formas de fazer cotidiano em sala de aula
APRENDIZAGEM DA GEOMETRIA: A ETNOMATEMÁTICA COMO MÉTODO DE ENSINO
Eliane Maria Hoffmann Velho
lihoffmann@hotmail.com
Resumo
Esta dissertação, desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, apresenta uma pesquisa que objetiva analisar as contribuições da Etnomatemática como método de ensino para a aprendizagem de geometria. Metodologicamente utiliza-se do Mapeamento na Pesquisa Educacional, dividindo-se em quatro Mapas. O Mapa de identificação particulariza o objeto de investigação e define justificativa, questões delineadoras, objetivos e procedimentos metodológicos da pesquisa. O Mapa teórico expõe a literatura suporte referente às três vertentes teóricas que alicerçam este estudo: Cultura, Etnomatemática e Modelagem Matemática, bem como um mapeamento das produções acadêmicas, dissertações e teses, referentes ao tema de pesquisa. No Mapa de campo, apresenta-se a comunidade escolar e o profissional da marcenaria que detém um saber etnomatemático, esboça-se o planejamento do processo de ensino e as ocorrências no desenvolvimento com uma turma de 24 estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do município de Gramado situado no estado do Rio Grande do Sul. O Mapa de análise, congrega a confluência entre os Mapas teórico e de campo. É constituído a partir da descrição na íntegra de nove encontros que totalizam 21 horas/aula, bem como, por meio dos relatos e dos protótipos elaborados pelos educandos. A partir da análise dos dados coletados evidencia que a Etnomatemática é aplicável em sala de aula como método favorecendo um ensino da Matemática a partir da interpretação, construção e verbalização do que está sendo estudado, que resulta em uma aprendizagem substancial e de cunho crítico em meio a interação sociocultural.
Disponível para download gratuito em: TEDE PUCRS: Aprendizagem da geometria : a etnomatemática como método de ensino
ETNOMATEMÁTICA E RELAÇÕES DE PODER: UMA ANÁLISE DAS NARRATIVAS DE COLONOS DESCENDENTES DE ALEMÃES DA REGIÃO DO VALE DO RIO DOS SINOS
Ketlin Kroetz
ketlin.kroetz@acad.pucrs.br
Resumo
Este estudo tem como objetivo identificar e compreender os processos de geração, organização e difusão dos saberes de três colonos descendentes de alemães residentes na região do Vale do Rio dos Sinos, município de Santa Maria do Herval, Rio Grande do Sul. Os aportes teóricos que serviram como alicerce para o estudo foram configurados em dois eixos principais: poder e disciplinamento do corpo com base nos estudos de Michel Foucault; e Etnomatemática, fundamentada nas pesquisas de D’Ambrosio (1996, 1998, 2001, 2004, 2005) e Knijnik (1996, 2004, 2007, 2008, 2009). O material empírico consiste em entrevistas semiestruturadas, sobre as quais realiza-se uma análise genealógica do discurso considerando as relações de poder presentes em determinados momentos históricos marcados, em particular, pela época de escolarização dos sujeitos e pelos saberes utilizados em suas atividades laborais. Diante disso, a análise das narrativas dos colonos indica que as primeiras escolas alemãs foram responsáveis pela constituição do tipo de sujeito considerado ideal naquele momento histórico. Por meio de técnicas de controle como vigilância e punição, os sujeitos foram docilizados com o objetivo de garantir a etnicidade trazida pelos primeiros imigrantes alemães. Confirmou-se que o ensino foi responsável pela alfabetização dos sujeitos entrevistados, no entanto, seus saberes não foram gerados na escola, mas passados de geração em geração e aprimorados de acordo com sua utilização. É possível afirmar que os conteúdos aprendidos na escola eram concebidos como jogos de linguagem marcados pelo formalismo e abstração, que objetivavam ensinar o alfabeto, a leitura, a escrita, decorar a tabuada e, principalmente, estudar a bíblia. Demais saberes apresentados pelos sujeitos, como saberes sobre o clima, vegetação, solo, estratégias de venda e técnicas de explicar e entender a complexidade de situações que a vida no campo apresentava, podem ser vistos como jogos de linguagem caracterizados pela oralidade, pensamento proporcional e cálculos aproximados, apresentando pouca semelhança de família com os jogos de linguagem escolares. Seus saberes são organizados de acordo com suas necessidades e, na medida em que representam uma verdade para a comunidade na qual os sujeitos estão inseridos, e são difundidos com a utilização de um fator que se encontra na cidade até os dias atuais: a língua alemã. Mesmo com a dificuldade enfrentada pelos sujeitos no período da Campanha de Nacionalização imposta pelo Estado-Novo, quando a língua alemã era proibida, foram criados pontos de resistência ao poder, fazendo-a persistir na cidade ainda na atualidade.
Disponível para download gratuito em: TEDE PUCRS: Etnomatemática e relações de poder : uma análise das narrativas de colonos descendentes de alemães da região do Vale do Rio dos Sinos
SABERES ETNOMATEMÁTICOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS DO CURSO DE LICENCIATURA INTERCULTURAL NA AMAZÔNIA
Jonatha Daniel dos Santos
dholjipa@gmail.com
Resumo
Este estudo tem o objetivo de analisar como as práticas e os saberes etnomatemáticos expressos pelos indígenas da Amazônia são pensados na formação dos professores indígenas. Os aportes teóricos que fundamentam essa pesquisa foram constituídos por dois pilares: relações de poder, saber e governamentalidade, fundamentados nos estudos de Foucault (2008, 1979, 2005, 2011), Fischer (2012), Veiga-Neto (2011), Larrosa (2011), entre outros; Etnomatemática, com base em D‟ Ambrosio (2002, 2009, 2010, 2012), Knijnik (1996, 2006, 2012) e Paulo Gerdes (1991, 2002, 2010).Participaram como sujeitos de pesquisa acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Básica Intercultural que optaram pelo eixo Ciências da Natureza e Matemática Intercultural. Tais sujeitos representam as etnias: Suruí-Paiter, Gavião Ikolen, Oro Win, Cinta Larga e Oro Waje. Atualmente todos são professores de suas comunidades, nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. No entanto, assim que concluírem o curso atuarão nas áreas de formação que optaram. Para compor o material empírico foram realizadas entrevistas narrativas durante o mês de fevereiro e março de 2014. Sobre tais narrativas realiza-se uma análise genealógica do discurso considerando aspectos como: o tratamento dado às práticas de indígenas da Amazônia durante a formação dos professores indígenas participantes dessa pesquisa; os conceitos de Etnomatemática que estão presentes no processo de formação desses professores; as implicações da Etnomatemática para as suas práticas escolares. As análises apontam que os saberes etnomatemáticos dos povos indígenas, participantes desta dissertação, se constituem enquanto mecanismo de governamento e contraconduta na formação docente dos estudantes professores indígenas no que se refere aos saberes matemáticos desses povos, bem como sua discussão com os estudantes no espaço da escola indígena. No entanto, os relatos indicam que a Etnomatemática vem funcionando nesse espaço como uma estratégia de contraconduta, uma vez que os professores/estudantes indígenas constituem em relação ao Estado, outro modo de conduzir-se e de conduzir o outro (estudantes das escolas indígenas) por meio de suas práticas docentes. Tais práticas estão em função de sua formação no Curso de Licenciatura Intercultural que, durante o curso, aprofundam a discussão acadêmica em torno dos saberes indígenas e sua funcionalidade na escola, na ressignificação de seus saberes junto aos mais jovens que se inserem nas salas de aula e dela se apropriam para conhecer tais saberes por meio da prática docente do professor indígena.
Disponível para download gratuito em: TEDE PUCRS: Saberes etnomatemáticos na formação de professores indígenas do curso de licenciatura intercultural na Amazônia
DIFERENTES USOS DA MATEMÁTICA: UMA POSSIBILIDADE DA ETNOMATEMÁTICA COMO MÉTODO DE ENSINO
Luís Tiago Osterberg
tiagoosterberg@gmail.com
Resumo
Este trabalho tem como objetivo compreender como o reconhecimento de diferentes formas de uso da Matemática e suas regras modificam o modo como estudantes do Ensino Médio compreendem conceitos matemáticos tendo a Etnomatemática como método de ensino. Para tanto, foi desenvolvida uma proposta de ensino constituída por uma pesquisa etnográfica com trabalhadores pertencentes à comunidade escolar, realizada por 37 estudantes de um 2º ano do Ensino Médio de uma escola pública situada no interior do estado do Rio Grande do Sul. Foram utilizados um pré-questionário para verificar a percepção dos estudantes acerca da Matemática, de sua importância, e a compreensão dos mesmos em relação aos jogos de linguagem presentes em atividades laborais de trabalhadores pertencentes à comunidade escolar, e um pós-questionário para analisar as modificações que o reconhecimento dos jogos de linguagem e das regras de uso desses jogos acarretaram no entendimento de conceitos matemáticos. Além disso, foram utilizadas para a análise, observações que possibilitaram a redação de notas de campo e um relatório final produzido pelos estudantes com situações analisadas durante a proposta de ensino. O estudo se constituiu em um estudo qualitativo no qual os dados obtidos foram analisados pelo método de análise da Análise Textual Discursiva (ATD). Os aportes teóricos utilizados alicerçam suas bases em cinco temas fundamentais: cultura; conhecimento e saber; formas de vida; jogos de linguagem; Etnomatemática. Em relação à cultura são utilizados autores como Tylor (1874), Franz Boas (1964), Laplantine (2003) e Laraia (2001). Para a definição dos termos conhecimento e saber são utilizados os estudos foucaultianos de Veiga-Neto e Nogueira (2010) e Larrosa (2002). Em relação às formas de vida e jogos de linguagem, utiliza-se principalmente os estudos do Segundo Wittgenstein (1999), com contribuições de comentadores como Condé (1998) e Glock (1998). Já para Etnomatemática utilizam-se os aportes de D’Ambrósio (1993; 2005; 2008), Gerdes (1991; 1992), Barton (2006), Ferreira (2003) e Knijnik (1996). Da análise dos dados se evidencia que a utilização de uma proposta pedagógica baseada na Etnomatemática como método de ensino, tendo como pano de fundo a teoria wittgensteiniana, proporciona a visão de outros jogos de linguagem matemáticos próprios de trabalhadores de sua comunidade. Além disso, ao comparar os jogos de linguagem e as regras presentes nas atividades laborais dos trabalhadores envolvidos na pesquisa com os jogos de linguagem da Matemática Escolar, é possível estabelecer semelhanças entre esses jogos e perceber a validade dos saberes matemáticos utilizados por esses trabalhadores. Tal fato contribui para um melhor entendimento de conceitos matemáticos por parte dos estudantes, comprovando assim uma contribuição positiva da Etnomatemática como um método de ensino.
Disponível para download gratuito em: TEDE PUCRS: Diferentes usos da matemática : uma possibilidade da etnomatemática como método de ensino
ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ANÁLISE DAS PERCEPÇÕES DE PROFESSORES E DOS JOGOS DE LINGUAGEM PRESENTES EM SUA PRÁTICA DOCENTE
Luciane Santorum Fredrich
luciane.fredrich@acad.pucrs.br
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo analisar os jogos de linguagem utilizados na prática docente de professoras que ensinam Matemática na Educação Infantil. Para tanto, busca identificar quais as motivações de determinadas professoras para ensinar Matemática na Educação Infantil e suas relações com a Matemática e a linguagem utilizada em sala de aula. Os participantes da pesquisa foram quinze professoras de uma escola municipal da região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados um questionário respondido pelos professores e observações ocorridas em alguns momentos que estavam sendo realizadas atividades de Matemática nas aulas das professoras participantes da pesquisa. As respostas dadas pelos professores foram analisadas qualitativamente com inspiração no método de Análise Textual Discursiva (MORAES; GALIAZZI, 2011), relacionando-as às questões observadas em sala de aula. Os aportes teóricos que serviram como base para esta pesquisa foram autores como Fazolo (2014), Kramer (1994; 2006); Duhalde e Cuberes (1998), Smole, Diniz e Cândido (2000), Lorenzato (2011), Dante (1996; 1998; 2010), Azevedo e Passos (2014), Nacarato, Mengali e Passos (2009), Garcia (1999) entre outros. Teoricamente, para realização desta análise, buscou-se abordar alguns conceitos essenciais a partir dos estudos de Wittgenstein (2014), Condé (1998), Gottschalk (2004; 2007), Bello (2010), Bannel (2013), D’Ambrosio (2001), Lara (2001; 2011) entre outros. A partir da análise das percepções e sentimentos em relação à Matemática e à docência na Educação Infantil dos professores participantes da pesquisa, emergiram sete categorias: Sentimentos envolvendo família; Necessidade de trabalhar; Experiência do docente antes, durante e depois da formação; Educação Infantil: a fase das descobertas e seus encantamentos; Atividades lúdicas como estratégias do ensino da Matemática; Características do professor de Educação Infantil; Paixão docente pela Educação Infantil. Em relação aos jogos de linguagem utilizados no ensino da Matemática na Educação Infantil é retratada a abordagem Matemática, as linguagens Matemáticas acessíveis às crianças e a linguagem utilizada durante as aulas, sendo possível verificar que a linguagem que vem sendo utilizada pelos professores que ensinam Matemática na Educação Infantil é a linguagem utilizada no cotidiano escolar, muitas vezes em momentos específicos da rotina, como por exemplo, nas rodas de conversa. Ademais, mostra que a formação dos professores que ensinam Matemática na Educação Infantil não aborda os conceitos matemáticos com profundidade. Além disso, concluí por meio da análise desses dados que o brincar, as brincadeiras e os jogos, nesta fase do desenvolvimento infantil, são as estratégias mais utilizadas por essas docentes para o ensino da Matemática na Educação Infantil. Ressalta a importância de que o professor deve estar atento ao utilizar jogos de linguagem que julgue serem adequados para a Educação Infantil, pois, em alguns casos pode estar se apropriando de termos incorretos ou constituindo uma ideia infantilizada que poderá ser considerada frágil nos anos seguintes.
Disponível para download gratuito em: Repositório PUCRS Ensino da matemática na educação infantil: uma análise das percepções de professores e dos jogos de linguagem presentes em sua prática docente
A CONSTRUÇÃO DE "CAIXAS" DE MARABAIXO NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CURIAÚ: UMA ABORDAGEM ETNOMATEMÁTICA
Quele Daiane Ferreira Rodrigues
queledfr@gmail.com
Resumo
Este estudo tem como objetivo analisar o modo como foram gerados, organizados e difundidos os saberes matemáticos envolvidos na confecção de “caixas” de marabaixo na comunidade quilombola do Curiaú, localizada no Município de Macapá, Estado do Amapá. Com relação ao caráter exploratório desta pesquisa, na qual não se busca dados que podem ser quantificados, assume uma abordagem qualitativa de cunho etnográfico. Fundamenta sua base teórica em alguns pressupostos que alicerçaram toda a investigação, sejam eles: cultura; etno; etnia; Etnomatemática. Para o conceito de cultura utilizou-se dos aportes de Tylor (1871), Geertz (1973), Laplantine (2007) e Herskovits (1973). Os conceitos de etno e etnia tiveram como referência as produções de D’Adesky (2001) e Ferreira (2013). A partir das perspectivas de Ferreira (1997, 2013), Knijnik (2012), Barton (2002, 2006) e D’Ambrosio (1989, 1990, 1998, 2002, 2004, 2009) aborda a Etnomatemática, considerando a definição do Programa Etnomatemática dada por D’Ambrosio como o mais fecundo para abordar o tema e o foco desta pesquisa. Para constituição dos dados destinados à análise utilizou-se de entrevistas semiestruturas realizadas com três artesãos pertencentes à comunidade e observações. Como método de análise, foram seguidas as orientações de Moraes e Galiazzi (2011) acerca da Análise Textual Discursiva. Elenca três categorias a priori: Geração de saberes; Organização de saberes; Difusão de saberes. Em relação aos saberes gerados na confecção das “caixas” reconhece que surgiram a partir da preocupação de um participante ativo da comunidade em não permitir que esse saber seja esquecido, saberes esses que não são relacionados ao que é ensinado na escola. A geração desses saberes se dá a partir da observação dos seus antepassados, e da prática a partir dos os ensinamentos ocorridos dentro da comunidade. Verifica na organização desses saberes a necessidade de reorganização daqueles que foram gerados de pai para filho, devido às influências sofridas no meio político, econômico e cultural, e do aprimoramento da matéria-prima para construção das “caixas”. Mostra que a difusão é realizada a partir da realização de oficinas para popularizar o saber, e também da comercialização das “caixas” como forma de subsistência. Embora que os artesãos possuam um baixo grau de escolarização, eles reconhecem a existência de uma matemática na confecção da “caixa”, principalmente relacionada ao processo de venda e orçamento do material a ser utilizado. Contudo, por meio das observações verifica-se que conceitos matemáticos como, por exemplo, cilindro, figuras planas, área, volume e perímetro, estão presentes durante o processo de construção da “caixa”. Finaliza reconhecendo o papel do artesão na preservação da cultura local, sugerindo que tais saberes podem ser tratados na escola.
Disponível para download gratuito em: TEDE PUCRS: A construção de "caixas" de marabaixo na comunidade quilombola do Curiaú: uma abordagem etnomatemática
A ETNOMATEMÁTICA EM UMA CERÂMICA DA REGIÃO DO SERIDÓ/RN
Gilberto Cunha de Araújo Júnior
gilbertomatematica@hotmail.com
Resumo
Este trabalho teve como objetivo descrever conhecimentos matemáticos utilizados como ferramentas na fabricação e comercialização de telhas de cerâmica vermelha pelos oleiros do Povoado Currais Novos/RN, localizado a 250 km da capital do Rio Grande do Norte. Para alcançarmos nosso objetivo, nos apoiamos nas concepções d’ambrosianas de Etnomatemática, além da pesquisa qualitativa em uma abordagem etnográfica. Na parte empírica da pesquisa, que foi realiza no período de 2009 a 2012 no Povoado Currais Novos, nos apoiamos nas seguintes ferramentas para coleta dos dados: entrevistas semi estruturadas, diário de campo, fotografias, gravações de áudio e observações participantes. Nas análises dos dados coletados, podemos concluir que há conhecimentos matemáticos no manejo da fabricação e comercialização de telhas, muitas vezes diferentes dos da matemática acadêmica, principalmente na cubagem da lenha, na cubação das argilas, no manejo com as medidas de tempo, no método de contagem, na arrumação das telhas, na preparação da massa cerâmica e na comercialização das telhas. Esses conhecimentos foram descritos e analisados à luz de teóricos da Etnomatemática, apoiado também nos documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais. As análises desses conhecimentos geraram subsídios para elaboração de um produto educacional - uma proposta de sequência didática – destinado ao Ensino de Matemática nos níveis Fundamental e Médio para as escolas da comunidade e região, essa proposta encontra-se em apêndice a esse trabalho.
Disponível para download gratuito em: Universidade Federal do Rio Grande do Norte: A etnomatemática em uma cerâmica da região do Seridó/RN (ufrn.br)
A ETNOMATEMÁTICA DOS TRABALHADORES DAS CERÂMICAS DE RUSSAS-CE E O CONTEXTO ESCOLAR: DELINEANDO RECOMENDAÇÕES PEDAGÓGICAS A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA EDUCACIONAL
Paulo Gonçalo Farias Gonçalves
paulo.goncalo@ufca.edu.br
Resumo
Ainda é comum entre as propostas educacionais contemporâneas uma ênfase excessiva a abstração, ao formalismo e ao simbolismo do conhecimento matemático, em detrimento dos aspectos socioculturais da Matemática. Surgindo por questionar alguns dogmas da matemática acadêmica e por valorizar e reconhecer conhecimentos desenvolvidos em diversos contextos socioculturais no âmbito da Educação Matemática, a Etnomatemática vem se consolidando como um campo de pesquisa. Apesar de suas contribuições para o contexto escolar, devido seu caráter mais filosófico e pela incipiência de debates sobre o tema, a implementação de propostas educacionais para o ensino básico são escassas. Diante deste quadro, a presente dissertação surge com intuito de desenvolver uma intervenção educacional à luz da Etnomatemática em uma turma de 6º ano do ensino fundamental proveniente de uma comunidade de trabalhadores de indústrias de cerâmica vermelha, localizada na zona rural do município de Russas-CE e a partir desta intervenção, elaborar um conjunto de recomendações pedagógicas voltado para professores da educação básica. Adotando uma perspectiva de investigação qualitativa, e em particular pautada na pesquisa-ação, o presente estudo utilizou-se da observação, diário de campo, entrevista e atividades desenvolvidas com os alunos como instrumentos para coleta de dados. Verificou-se que a utilização da pesquisa de campo como parte do processo de ensino e aprendizagem favoreceu na colocação dos estudantes como sujeitos críticos de sua própria realidade. Além disso, a experiência educacional culminou na elaboração de um método de ensino pautado numa relação protocooperativa entre a Etnomatemática e a Resolução de Problemas. Torna-se necessário ampliar o debate acerca das formas pelas quais a Etnomatemática possa contribuir para o contexto escolar, trazendo propostas mais próximas à realidade dos professores da educação básica, de modo a auxiliar na promoção de uma educação que valorize a diversidade cultural sem amputar os estudantes do acesso ao conhecimento acadêmico.
Disponível para download gratuito em: Universidade Federal do Rio Grande do Norte: A etnomatemática dos trabalhadores das cerâmicas de Russas-Ce e o contexto escolar: delineando recomendações pedagógicas a partir de uma experiência educacional (ufrn.br)
OS SABERES ETNOMATEMÁTICOS DOS TECELÕES DE REDES DE DORMIR DE JAGUARUANA – CE E O CONTEXTO EDUCACIONAL: ENTRELAÇANDO UMA PROPOSTA DE AÇÃO PEDAGÓGICA PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA COM A TEORIA DA OBJETIVAÇÃO
Edney Araujo Lima
edneyaraujo@yahoo.com.br
Resumo
A presente pesquisa teve como objetivo geral investigar as contribuições dos saberes etnomatemáticos dos tecelões de redes de dormir do município de Jaguaruana/CE que favoreçam a elaboração de uma proposta de ação pedagógica para o ensino de Matemática na Educação Básica, destacando os relatos orais dos artífices em sintonia com os objetos do conhecimento, habilidades e Unidades Temáticas de Matemática do Ensino Fundamental da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). É uma pesquisa de ordem qualitativa, com abordagem etnográfica, centrada na concepção de Etnomatemática de D‟Ambrosio (2011) e na condução metodológica didática dos princípios da Teoria sociocultural de aprendizagem da Objetivação de Radford (2006). Perante os dados coletados na pesquisa de campo realizada com o grupo cultural dos tecelões de Jaguaruana/CE, edificou-se o Produto Educacional os saberes etnomatemáticos dos tecelões: tecendo redes de ensino e aprendizagem da Matemática com a Teoria da Objetivação, que foi aplicado e validado pelos professores de Matemática do Ensino Fundamental da rede municipal em uma formação continuada. O deferimento da proposta de ação pedagógica surge mediante o percentual de 93% dos professores que avaliaram o trabalho acima do parâmetro bom, com tendência para a excelência, bem assim, considerando o Produto Educacional aplicado como aprovado. Destarte, é perceptível a riqueza de saberes matemáticos advindos desse labor, como procedimentos de equivalência, proporcionalidade, interdependência, variação e aproximação, ademais a relevância da escola respeitar os elementos do contexto cultural dos alunos, pois, tal reconhecimento proporciona a edificação de uma relação de confiabilidade e valorização dos seus conhecimentos.
Disponível para download gratuito em: Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Os saberes etnomatemáticos dos tecelões de redes de dormir de Jaguaruana/CE e o contexto educacional: entrelaçando uma proposta de ação pedagógica para o ensino e aprendizagem da matemática com a teoria da objetivação (ufrn.br)
ETNOMATEMÁTICA NO GARIMPO: UMA PROPOSTA DE AÇÃO PEDAGÓGICA PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Freudson Dantas De Lima
freudsondantas@yahoo.com.br
Resumo
O presente estudo visa compreender os saberes e fazeres de um grupo de garimpeiros que desenvolvem suas atividades laborais em dois garimpos localizados na zona rural do município de Parelhas/RN, objetivando investigar, à luz da Etnomatemática, os indícios de conhecimentos matemáticos que são utilizados por esses trabalhadores, durante o processo de extração e comercialização de minerais, com o intuito de elaborar uma proposta de ação pedagógica para o ensino e aprendizagem de Matemática na Educação Básica. Para contemplar esses objetivos, nos fundamentamos nos pressupostos da Etnomatemática, na concepção de Ubiratan D’Ambrosio, além de outros pesquisadores alinhados à essa temática e na metodologia de ensino e aprendizagem por meio da Resolução de Problemas. No campo metodológico, foram utilizados alguns elementos da Etnografia, tais como, o diário de campo, a gravação de vídeos, a entrevista semiestruturada e a observação participante. A partir das análises dos dados coletados, foi elaborado um Produto Educacional (Caderno de Atividades) intitulado Saberes e Fazeres no Garimpo: situações-problema para o ensino de Matemática na Educação Básica. Nesse contexto, a referida proposta de ação pedagógica foi aplicada em uma turma da terceira série do Ensino Médio da Escola Estadual Monsenhor Amâncio Ramalho, localizada na cidade de Parelhas/RN, sob a ótica da metodologia de ensino e aprendizagem por meio da Resolução de Problemas. Como resultado da intervenção, os alunos passaram a ter uma participação ativa e efetiva na construção dos conceitos matemáticos durante o processo de resolução das situações-problema inerentes ao contexto sociocultural do garimpo, compreendendo e valorizando as diferentes formas de entender e lidar com as matemáticas que se manifestam em ambientes extraescolares. Diante dos resultados, podemos sinalizar que é possível inserir no âmbito da Educação Matemática, propostas de ação pedagógica que vinculem os conhecimentos etnomatemáticos de grupos sociais distintos com situações-problema a serem trabalhadas através da metodologia de ensino e aprendizagem por meio da Resolução de Problemas.
Disponível para download gratuito em: Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Etnomatemática no garimpo: uma proposta de ação pedagógica para o ensino e aprendizagem de matemática na perspectiva da resolução de problemas (ufrn.br)
DIÁLOGOS ENTRE A ETNOMATEMÁTICA E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA EJA
Maria Isabel da Costa Pereira
belbellookisabel@gmail.com
Resumo
O presente trabalho de pesquisa, realizada em uma das escolas do município da cidade do Natal/RN, teve como objetivo investigar conhecimentos matemáticos produzidos e/ou utilizados pelos estudantes da Educação de Jovens e Adultos – EJA em suas profissões. Para alcançar tal objetivo, apoiadas nas concepções d’ambrosianas de Etnomatemática e na Resolução de Problemas na concepção de Lourdes Onuchic (2015). Para tanto, fez-se necessário ao longo do corpo desta pesquisa, partir dos conhecimentos empíricos, bem como, conhecimentos adquiridos a partir do senso comum, por vezes baseados na experiência desses alunos, os quais devem permanecer em sintonia com os conhecimentos escolares. Quanto à abordagem metodológica, fez-se uso dos procedimentos da Etnografia, como o diário de campo, a entrevista semiestruturada, aplicação de questionários e a observação participante, os quais nos auxiliaram nas análises das concepções dos conhecimentos matemáticos utilizados e/ou produzidos pelos estudantes da EJA em suas profissões. A partir das análises dos dados coletados, produzimos um material didático, denominado de Produto Educacional, produção técnica indispensável para a conclusão do Mestrado Profissional em Ensino do PPGECNM – Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática da UFRN, devendo ser uma ferramenta de natureza educacional, que deverá ser disseminado, analisado e utilizado por outros professores. Esse produto foi composto por situações-problema relacionados à vivência profissional de um dos discentes da escola com o qual se realizou a pesquisa, uma vez que nela foi possível perceber ideias matemáticas presentes, em diversos momentos na execução de sua atividade profissional.
Disponível para download gratuito em: Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Diálogos entre a etnomatemática e a resolução de problemas na EJA (ufrn.br)
ETNOMATEMÁTICA DA FEIRA LIVRE: CONTRIBUIÇÕES PARA UMA PROPOSTA DIDÁTICO–PEDAGÓGICA DE ENSINO–APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
José Nilson Moraes
jnilsonmorais@yahoo.com.br
Resumo
Este trabalho tem como objetivo analisar indícios de conhecimentos matemáticos, implícitos nas operações comerciais de três feirantes da feira livre localizada no Conjunto Habitacional de Nova Natal em Natal/RN. Para alcançar tal objetivo, buscou-se apoio nas concepções de D’Ambrosio (2002) sobre Etnomatemática, nas propostas dos documentos oficiais, além da pesquisa qualitativa. Na parte empírica, usou-se procedimentos da Etnografia, como o diário de campo, a entrevista semiestruturada e a observação participante. A partir das análises dos dados coletados, elaborou-se um Caderno de Atividades como proposta para subsidiar o processo de ensino–aprendizagem em Matemática, norteada pelos pressupostos da Metodologia de ensino–aprendizagem–avaliação através da Resolução de Problemas, nas concepções de Allevato e Onuchic (2009) que auxiliaram na constituição do Produto Educacional ao nível da Educação Básica. As situações–problema, inseridas no Produto Educacional, surgiram das interpretações dos conhecimentos matemáticos, tomando como ponto de partida as compras realizadas pelos feirantes junto aos fornecedores até as vendas destas mercadorias aos clientes na feira livre. Nesse contexto sociocultural nota-se ideias matemáticas presentes, pois os feirantes fazem uso de um tipo de matemática específica para solucionar seus problemas, inerentes nas compras e nas vendas: ao passar o troco e ao escolher a melhor ferramenta para quantificar as mercadorias, sem utilizar instrumentos aferidos, como a balança analógica ou digital. O Produto Educacional consiste em uma proposta alternativa para o processo de ensino–aprendizagem em Matemática, na intenção de promover a ampliação das habilidades voltadas para o cálculo estimativo e a apropriação dos conceitos matemáticos aplicados em diversas situações, como também, nas outras áreas do conhecimento além de ser, de fato, uma proposta para que os docentes implementem ações didáticos-pedagógicas em sala de aula em Matemática.
Disponível para download gratuito em: Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Etnomatemática da feira livre: contribuições para uma proposta didáticopedagógica de ensino-aprendizagem em matemática na educação básica (ufrn.br)
ETNOMATEMÁTICA: O SABER-FAZER DOS CISTERNEIROS DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA ESCOLAR
Fernando de Oliveira Freire
fernando.freire@ifrn.edu.br
Resumo
A presente pesquisa versa sobre o saber-fazer etnomatemático dos construtores de cisternas – cisterneiros – atuantes no Semiárido brasileiro e sobre suas contribuições para o processo ensino-aprendizagem da matemática escolar, ao mesmo tempo em que dialoga com a pauta socioambiental, na perspectiva de uma educação contextualizada para convivência com o Semiárido. Para isto, esta dissertação tem como base teórica as concepções D'Ambrosianas e outros teóricos alinhados à essa temática. Além disso, duas comunidades rurais, localizadas no município de Alexandria/RN, perfizeram os lócus da investigação. Compuseram os sujeitos da investigação, dois cisterneiros atuantes no Estado do Rio Grande do Norte e, também, o inventor da cisterna de placas, o sertanejo Manoel Apolônio de Carvalho, mais conhecido como Seu Nel. A pesquisa ainda retratou, nesta perspectiva, uma ação pedagógica na escola local, sob a égide da Etnomatemática, a partir das práticas dos cisterneiros investigados. Para tal, contamos com a participação dos estudantes e professores de Matemática do 9° ano da Escola Estadual Governador Dinarte Mariz, também localizada em Alexandria/RN. Quanto os aspectos metodológicos, a pesquisa possuiu abordagem qualitativa de cunho etnográfico. Para isto, valemos de elementos típicos de uma pesquisa etnográfica tais como: registro fotográfico, diário de campo, observação direta, entrevistas e questionários não-estruturados. Como resultado principal, constatamos que a prática dos cisterneiros é eivada de elementos e práticas etnomatemáticas que possibilitam outras formas de fazer-matemático e que, articulado com a Matemática Escolar, proporcionam estratégias de ensino que favorecem uma aprendizagem com significado. Por fim, esta pesquisa possibilitou a elaboração de um produto educacional, na forma de caderno de atividades, com a finalidade de subsidiar educadores que lidam com ensino de Matemática, na educação básica, trazendo um percurso metodológico norteador para implementação de ações pedagógica à luz da Etnomatemática e rol sugestivo de situações-problema que versam sobre conteúdos diversos do currículo de Matemática escolar, todas elaboradas de forma interdisciplinar, considerando o contexto socioambiental do Semiárido.
Disponível para download gratuito em: dissertação_fernando_de_oliveira_freire.pdf (uern.br)
NZONGO-UNIDADE DE MEDIDA DO POVO CHOKWE NA COMUNA DO CAMAXILO: USO E COMPATIBILIDADE COM O SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES
Carlos Mucuta Santos
homemdedeuscarlosmucuta@gmail.com
cmucutasantos@gmail.com
Resumo
Esta pesquisa apresenta o Nzongo – unidade de medidas (informal) do povo Chokwe, compatível com o Sistema Internacional de Unidades (SI). Tem como objetivo minimizar o distanciamento entre o “mundo da vida” e o “mundo da escola” dos alunos de física na comuna de Camaxilo, em Angola. Ao longo da investigação, recorreu-se às teorizações do programa etnomatemática idealizado por D’Ambrosio, como os elos de ligação pedagógica entre saberes culturais e acadêmicos. A pesquisa, de cunho qualitativo (histórico), buscou uma reflexão na aproximação de um conhecimento popular específico (Nzongo) a um conhecimento científico específico, o ensino das grandezas. Valorizou-se os saberes culturais de transmissão de conhecimentos populares do povo Chokwe, inspirando a metodologia da pesquisa que denominou-se como “estar no chota cha makulwana” para aprender. Tais valores se configuraram ao longo da pesquisa como características importantes, ao se compreender a relevância da inserção do Nzongo no processo de ensino-aprendizagem das medidas. O estudo mostrou que os valores de “estar no chota” podem colaborar para se pensar em uma educação matemática intercultural envolvendo saberes Chokwe e escolares no processo de ensino-aprendizagem das medidas. Os valores de “estar no chota”, do reconhecimento da igualdade dos caminhos para se chegar ao conhecimento, do aprender com os mais velhos, de transmitir e receber valores, de aprender a receber visitas na aldeia e de promover a paz entre as pessoas, aliados à perpectiva do Programa Etnomatemática, podem promover a descolonização do currículo escolar de física/matemática, no que se refere às grandezas e medidas, marcado pelo pensamento eurocêntrico.
Disponível para download gratuito em: Dissertação de Mestrado Carlos Mucuta Santos @ UBI (ulan.ed.ao)
O PROGRAMA ETNOMATEMÁTICA COMO EPISTEMOLOGIA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CONTEXTO CULTURAL DO POVOADO CENTRO DOS RAMOS EM BARRA DO CORDA/MA
Ana Priscila Sampaio Rebouças
re.anapriscila@gmail.com
Resumo
Trata-se de uma pesquisa sobre o Programa Etnomatemática como epistemologia para a formação de professores, no contexto cultural do povoado Centro dos Ramos, em Barra do Corda-MA. Parte-se da questão norteadora: Como a epistemologia do Programa Etnomatemática pode contribuir para a formação continuada de professores, que atuam nos anos finais do ensino fundamental, em uma escola pública rural, no povoado Centro dos Ramos, em Barra do Corda-MA? O estudo tem por objetivo analisar a formação continuada de professores na perspectiva do Programa Etnomatemática no contexto cultural do povoado Centro dos Ramos, no município de Barra do Corda-MA. A pesquisa é de natureza qualitativa, na modalidade da pesquisa-ação, fundamentada no pensamento crítico (D’AMBROSIO, 2019; MINAYO, 2009; TRIPP, 2005; ALARCÃO, 2011, ADORNO E HORKHEIMER,1971). Como instrumentos de abordagem técnica foram utilizados: a observação do tipo participante em salas de aula virtuais em decorrência da pandemia; entrevistas semiestruturadas e narrativas desenvolvidas com os professores; questionários disponibilizados aos estudantes; além da análise de documentos que orientam a ação educativa na escola. Os dados foram organizados pelo método da triangulação e analisados por referenciais teóricos do Programa Etnomatemática (D’AMBROSIO, 2005, 2008, 2012, 2016; ROSA e OREY, 2017; SOUSA, 2016); com incursões na Teoria Crítica, culminando na elaboração de um produto educacional colaborativo, pautado no Programa Etnomatemática para o ensino e aprendizagem de matemática integrada a outras disciplinas, nos anos finais do ensino fundamental na escola pesquisada. Busca-se que a proposta do produto seja materializada no cotidiano institucional, congregando escola e comunidade, em prol de uma educação de qualidade que possibilita a inclusão social e cultural dos estudantes com criatividade e criticidade, de modo a convergir para a compreensão do Programa Etnomatemática como Teoria Geral do Conhecimento (SOUSA, 2016), a ser incorporado nas políticas de formação de professores para orientar práticas pedagógicas em diferentes contextos etnomatemáticos.
Disponível para download gratuito em: O programa etnomatemática como epistemologia para a formação de professores no contexto cultural do povoado Centro dos Ramos em Barra do Corda/MA
O 'JOGO DA ONÇA': UMA INTERLOCUÇÃO ENTRE O COTIDIANO E O ENSINO DE ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE NÚMEROS DECIMAIS
Leandro Mário Lucas
leandrosl.pb@gmail.com
Resumo
Esta pesquisa, realizada em uma escola pública paraibana, traz uma análise das contribuições didático-pedagógicas do „Jogo da Onça‟, adaptado a partir do cotidiano dos alunos para o ensino de adição e de subtração de números decimais. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, que segue os pressupostos da pesquisa participante. Na fase exploratória, aplicamos, em quatro turmas do ensino fundamental, dois questionários semiestruturados, um de natureza sociocultural, e outro, do tipo sondagem. Com os dados que eles nos forneceram, pudemos identificar a que apresentou o cotidiano mais favorável para a adaptação do jogo, mais dificuldades e mais conhecimentos cotidianos relacionados ao conteúdo explorado. Na fase participante, o principal instrumento pedagógico foi o „Jogo da Onça‟, em suas quatro adaptações, intituladas „O Consumidor e os Impostos‟, „A Raposa e as Galinhas‟, „O Cachorro e os Bodes‟ e „O Cliente e os Preços da Gasolina‟. Com essas versões, exploramos conceitos relacionados aos números decimais e suas operações de adição e de subtração. Para tanto, utilizamos quatro problemas que deveriam ser solucionados no ato de jogar. Nesse momento, mediamos o processo com base nos conhecimentos cotidianos dos discentes e de suas inquietações em relação aos desafios do jogo. Feitas as intervenções, com o objetivo de analisar a evolução do aprendizado, aplicam os um segundo teste de sondagem, cujos dados, junto com os que foram colhidos na fase exploratória e participante, foram analisados à luz da Etnomatemática de D‟Ambrósio (1986; 1996; 1998; 2015). O jogo e a resolução de problemas são analisados com múltiplos olhares. No entanto, na primeira temática, destaca-se a visão de Vigotski (2007; 2008), e na segunda, as considerações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) e de Onuchic (2013). Por fim, concluímos que „o Jogo da Onça‟, adaptado a partir do cotidiano dos alunos, despertou a motivação e o engajamento, significou algumas representações e ordens numéricas e permitiu explorar estimativas, aproximações e arredondamentos. Também nos possibilitou despertar a criticidade, introduzir, explorar e resolver problemas relacionados ao conteúdo explorado, avaliar os alunos e formar condutas éticas, colaborativas e socializantes.
Disponível para download gratuito em: O 'Jogo da Onça': Uma interlocução entre o cotidiano e o ensino de adição e subtração de números decimais
NOÇÕES DE CONTAGEM E MEDIDAS UTILIZADAS PELOS GUARANI NA RESERVA INDÍGENA DE DOURADOS - UM ESTUDO ETNOMATEMÁTICO
Vanilda Alves da Silva
vanilda.ufms.pp@gmail.com
Resumo
Este trabalho busca investigar as noções de contagem e medida utilizadas pelos indígenas Guarani nas Aldeias Bororó e Jaguapiru da Reserva Indígena de Dourados (RID), localizada na cidade de Dourados, no estado do Mato Grosso do Sul. Tem-se, por ponto de partida, as experiências de vida e a realidade do indígena, das quais buscou-se identificar as técnicas e habilidades práticas utilizadas por esse grupo, a fim de se conhecer sua maneira própria de matematizar, de modo específico, os métodos de contagem e de medida. Utilizou-se a Etnomatemática como referencial teórico e recursos metodológicos do tipo etnográfico como a observação participante e as entrevistas livres para a coleta de dados na RID, com os indígenas Guarani-Kaiowá e Guarani-Ñandeva. Verificou-se que, por necessidade de sobrevivência, os Guarani aprenderam a calcular como os não-índios, inclusive na adaptação e utilização dos padrões de medidas relacionados ao cultivo da terra. Assim, observou-se que eles utilizam alguns desses padrões de medidas na realização de suas atividades diárias. Percebeu-se, ainda, que, em razão dessas situações vividas pelos indígenas, fez-se necessário que adaptassem aos seus conhecimentos um pouco do conhecimento do não-índio, resultando nas noções de contagens e medidas que se observaram e que facilitam na realização das tarefas próprias da luta pela sobrevivência. Acredita-se que, mesmo se servindo da Matemática deles em seu cotidiano, contando ou medindo, os indígenas não esperam respostas ou soluções numéricas exatas. Suas respostas vão além dos números, pois envolvem valores culturais.
Disponível para download gratuito em: NOÇÕES DE CONTAGEM E MEDIDAS UTILIZADAS PELOS GUARANI NA RESERVA INDÍGENA DE DOURADOS - UM ESTUDO ETNOMATEMÁTICO
"O QUE DIACHO É TAREFA?" : ETNOMODELAGEM E ETNOMODELOS DA PRODUÇÃO DE ARROZ EM AMARANTE NO PIAUÍ
Luciano de Santana Rodrigues
lucianoluciano.santana1998@gmail.com
Resumo
Esta pesquisa foi conduzida com 10 agricultores familiares, 3 (três) funcionários da prefeitura municipal e 1 (uma) membra do sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Amarante, no estado do Piauí. A pesquisa se justifica pela necessidade de valorização de saberes e fazeres matemáticos locais que, muitas vezes, não são abordados, em salas de aula, na Educação Básica. Assim, o principal objetivo deste estudo é compreender como os conhecimentos etnomatemáticos relativos ao cultivo de arroz, da agricultura familiar, podem ser etnomodelados por meio da elaboração de etnomodelos, visando o desenvolvimento dos conteúdos de áreas, volumes e estimativas. Os objetivos específicos são: a) identificar os artefatos culturais e as unidades de medidas de áreas e volumes utilizados pelos agricultores familiares de Amarante-PI, desde o plantio até a colheita e o armazenamento de arroz para consumo ou venda, b) analisar as estratégias e as técnicas de resolução de problemas envolvendo o cálculo de área, de volume e de estimativas relacionadas com a produção de arroz, por área cultivada, por meio da elaboração de etnomodelos, c) estabelecer relações entre os etnomodelos êmicos (locais) desenvolvidos pelos agricultores familiares com os etnomodelos éticos (globais) utilizados no currículo escolar em salas de aula por meio do entendimento dessa relação dialógica (glocal). A fundamentação teórica se baseia no Programa Etnomatemática, na perspectiva sociocultural da Modelagem Matemática e na Etnomodelagem, que buscam desenvolver uma visão ampla dos saberes e fazeres matemáticos êmicos (locais) e conhecimentos matemáticos éticos (globais), relacionando-os dialogicamente por meio do desenvolvimento do dinamismo cultural. Destaca-se que este estudo qualitativo visou responder à questão de investigação: Como os conhecimentos etnomatemáticos relativos ao cultivo de arroz, da agricultura familiar, podem ser etnomodelados por meio da elaboração de etnomodelos, visando o desenvolvimento dos conteúdos de áreas, volumes e de estimativas? Para a obtenção de respostas para essa questão, foram utilizados como instrumentos de coleta de dados: a) questionários, b) entrevistas semiestruturadas, c) grupo focal, d) observações participantes e e) diário de campo do pesquisador. Os procedimentos metodológicos foram utilizados por meio de uma adaptação da Teoria Fundamentada nos Dados, que foi auxiliada pelo emprego da triangulação dos dados e da Fórmula do Consenso. Os dados foram analisados para identificação dos códigos preliminares na codificação aberta, bem como os resultados obtidos foram interpretados por meio da identificação e elaboração das categorias conceituais, na codificação axial. Esses procedimentos iniciais de coleta e análise de dados possibilitou a obtenção de respostas para a questão de investigação e, também, para a validação e confiabilidade dos resultados que foram obtidos nesta pesquisa. Os resultados mostram que existem diversos saberes e fazeres matemáticos locais (êmicos) presentes nas práticas cotidianas dos agricultores familiares e, entre esses conhecimentos destacam-se as unidades de medidas de comprimento, área e volume/massa que possibilitam para os agricultores participantes resolverem situações-problema do dia a dia, como, por exemplo, as técnicas de cubação de terrenos que possibilitam aos agricultores o cálculo da área de diferentes formatos de terrenos como: quadriláteros, triangulares, circulares, pentagonais e hexagonais. Essa interpretação possibilitou a elaboração de etnomodelos dialógicos que podem servir como um ponto de partida para a valorização e o respeito aos saberes e fazeres desenvolvidos localmente.
Disponível para download gratuito em: "O QUE DIACHO É TAREFA?" : ETNOMODELAGEM E ETNOMODELOS DA PRODUÇÃO DE ARROZ EM AMARANTE NO PIAUÍ