ETNOMATEMÁTICA E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: SABERES MATEMÁTICOS ESCOLARES E TRADICIONAIS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA KARIPUNA
José Sávio Bicho De Oliveira
saviobicho@yahoo.com.br
Resumo
Esta tese tem como objetivo analisar relações entre saberes tradicionais do povo Karipuna e saberes matemáticos escolares por meio das práticas pedagógicas de professores indígenas nos anos finais do ensino fundamental na escola indígena da aldeia Manga, no município de Oiapoque-AP. O aporte teórico está situado no campo de investigação denominado Etnomatemática, vertente da Educação Matemática que busca reconhecer, resgatar, respeitar e valorizar os saberes produzidos por grupos socioculturais específicos nos processos de ensino e aprendizagem. Em termos metodológicos, está inserida na pesquisa qualitativa, cuja produção dos dados pautou-se na observação participante na Escola Indígena Estadual Jorge Iaparrá, entrevistas com professores indígenas que ensinam matemática nos anos finais do Ensino Fundamental, gravações e registros fotográficos. Os resultados configuram a compreensão dos processos de ensino e aprendizagem de conhecimentos matemáticos na educação escolar indígena, cujas práticas pedagógicas dos professores indígenas medeiam relações entre saberes matemáticos escolares e saberes tradicionais indígenas, bem como as tensões entre diferentes saberes. Os entendimentos sobre matemática, cultura, escola e educação escolar indígena subjazem as práticas docentes de professores indígenas que ensinam matemática na escola da aldeia. Concluímos que a coexistência de diferentes saberes nas atividades cotidianas da comunidade torna possível que estes sejam articulados na prática docente de professores indígenas, no sentido da reorientação do ensino e aprendizagem de matemática no contexto da educação escolar indígena diferenciada, específica, intercultural e de qualidade. Esta tese enuncia a prática pedagógica do professor indígena a partir de seus posicionamentos e da necessidade de promover uma educação escolar pautada na valorização cultural e na apropriação de conhecimentos matemáticos escolares, no sentido de problematizar a reorientação da educação escolar indígena diferenciada como estratégia de luta e de situar o alunos indígenas nos diferentes contextos que vivenciam, para o exercício da cidadania em atividades fora da aldeia, bem como propiciar o fortalecimento cultural e identitário dos Karipuna.
Disponível para download gratuito em: https://www1.ufmt.br/ufmt/unidade/userfiles/publicacoes/8a85871763d6d09e06a9959e92752121.pdf
PROGRAMA ETNOMATEMÁTICA: INTERFACES E CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS DE DIFUSÃO E POPULARIZAÇÃO DE UMA TEORIA GERAL DO CONHECIMENTO
Olenêva Sanches Sousa
oleneva.sanches@gmail.com
Resumo
A tese preocupa-se com o reconhecimento, difusão e popularização do Programa Etnomatemática, buscando seus princípios e propósitos a partir de uma investigação nas suas possibilidades conceituais de interfaces entre a Educação Matemática e a Educação em geral. Parte da suposição de que alguns conceitos-chave que o fortalecem, enquanto Teoria Geral do Conhecimento e Programa de Pesquisa, especialmente em relação à epistemologia e cognição do conhecimento matemático, provocaram diálogos com diversas áreas de conhecimento, aqui entendidos como interfaces promotoras da transcendência do Programa Etnomatemática para a Educação em Geral nas perspectivas sócio-histórico-culturais, teórico-filosóficas e político-educacionais. Utiliza como objeto investigativo conceitos-chave etnomatemáticos e interfaces conceituais para informar características para o delineamento de um perfil contemporâneo que pretende ser passível de otimização do reconhecimento e da contribuição da concepção epistemológico-cognitiva do Programa Etnomatemática para a Educação em geral, de difusão na Educação Matemática e de popularização na Educação em geral, ao se apresentar como hiperdocumento e como obra de Arte. Operacionaliza-se numa abordagem qualitativa a partir de dois percursos metodológicos: exploração de interfaces e conceitos-chave etnomatemáticos, e aprofundamento conceitual etnomatemático. Fundamenta-se no Programa Etnomatemática de D’Ambrosio, em obras próprias e de outros teóricos que lhe fazem de objeto e referência, em teorias relativas à Educação Matemática e à Educação em geral.
Disponível para download gratuito em: OLENÊVA SANCHES SOUSA.pdf (pgsskroton.com)
CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E LEGITIMAÇÃO DA ETNOMATEMÁTICA
Caroline Mendes dos Passos
carolmpassos@gmail.com
Resumo
Como mapear a pesquisa em etnomatemática no Brasil? Esta consistiu na pergunta inicial, ponto de partida para a constituição da pesquisa que ora se apresenta. Estudar as condições de produção e legitimação da etnomatemática como área de pesquisa, principal objetivo perseguido, cuja orientação metodológica situou-se no campo da sociologia a partir de uma perspectiva que inaugura modos de olhar para aspectos inerentes à educação matemática que, no caso desta investigação, olhou para a etnomatemática. Um modo de olhar que, nesta investigação, toma como referência a perspectiva sociológica proposta por Pierre Bourdieu (1930-2002), sociólogo francês conhecido e reconhecido por sua ousadia nos objetos que escolheu para análise, mas, mais que isso, na forma como os analisou, a partir das relações, jogos de poder, capitais que acumularam e alianças, que se estabeleceram em um espaço de lutas, caracterizado por ele como campo. A partir dessa perspectiva, passamos a compreender a etnomatemática como uma perspectiva que é constituída por atividades de pesquisa conduzidas por aqueles que se envolvem com a temática e, também, como parte de um processo de constituição que favoreceu a sua produção. Assim, uma parte dos estudos que encaminhamos envolveu uma análise sobre o processo de emergência da etnomatemática como área de pesquisa, a partir de uma perspectiva que focalizou os aspectos históricos que favoreceram a emergência da etnomatemática como uma área de pesquisa e sua pertinência em um espaço mais amplo de possibilidades para a pesquisa em educação matemática. Ainda sobre esse processo de emergência, focalizamos a trajetória de um principal agente desse movimento – o pesquisador brasileiro Ubiratan D’Ambrosio –, um agente que, pelas posições que ocupa, associadas aos capitais que acumula em sua trajetória, se destaca como figura importante na instituição da etnomatemática como área de conhecimento, introduzindo o termo “etnomatemática” no cenário acadêmico e formulando os princípios que fundamentam a sua proposição como uma área de conhecimento. Um agente que, ao mobilizar estratégias para promover esse movimento, promove, também, o seu movimento no campo da matemática. Na outra parte dos nossos estudos, as atividades registradas por pesquisadores etnomatemáticos em seus currículos Lattes, são compreendidas como aquelas que legitimam a etnomatemática, considerando a legitimação como um processo que envolve a produção, divulgação, promoção e circulação, que constitui o mercado onde circula o discurso que institui a etnomatemática enquanto prática. Um mercado que se estabelece a partir de relações entre produtores e consumidores. Os processos que envolveram a produção e a legitimação da etnomatemática como uma área de pesquisa foram compreendidos como liderados por agentes e constituídos por suas atividades que, ao serem registradas em seus currículos Lattes, veiculam o que deve, ou não, ser entendido como prática etnomatemática. Tais práticas, consideradas discursivas, são aquelas formuladas pelos agentes produtores, elite intelectual dos sujeitos de pesquisa, que ditam as regras do jogo e instituem o que deve ser considerado ou não etnomatemática.
Disponível para download gratuito em: https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/9447/TeseCMP.pdf?sequence=1&isAllowed=y
UTOPIA E ESPERANÇA: DO MITO DA TERRA SEM MALES À EDUCAÇÃO ETNOMATEMÁTICA
Marcos Lübeck
marcoslubeck@gmail.com
Resumo
O fundamental propósito desta tese é apresentar um estudo historiográfico acerca da ‘educação matemática’ implementada nos Sete Povos das Missões/RS, entre os anos de 1680 e 1756, ocasião em que acolá conviveram indígenas guarani e padres jesuítas sob um mesmo arquétipo social-político-econômico-cultural de sociedade. E para tal desígnio, baseia-se em diversas fontes históricas/bibliográficas escritas nos últimos quatro séculos, as quais foram acessadas principalmente em arquivos, em centros de pesquisas e em bibliotecas do Brasil, da Argentina e do Paraguai. Na sua conjuntura, esta tese enfatiza as condicionantes mais significativas envolvidas na dinâmica desse peculiar encontro entre duas civilizações tão diferentes, a saber, uma ameríndia e outra euro-cristã, evidenciando nisto determinadas concepções de ambas no tocante às suas cosmovisões e às suas crenças essenciais. Além disso, teoriza conceitos como utopia, esperança, cultura, mito e educação etnomatemática, explicitando fatos importantes que dizem respeito às atitudes dos sacerdotes e dos indígenas no que tange a educação e/ou ensino, a certos saberes e fazeres, e as suas maneiras vitais de ser, tudo isto fundamentado pelos aportes teóricos definidos pelo programa de pesquisa etnomatemática. Assim, esta tese pretende contribuir, concomitantemente, com a história das matemáticas e com a educação matemática.
Disponível para download gratuito em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/102119/lubeck_m_dr_rcla.pdf?sequence=1&isAllowed=y
ETNOMATEMÁTICA: DO ÔNTICO AO ONTOLÓGICO
Roger Miarka
romiarka@gmail.com
Resumo
Nesta pesquisa visou-se investigar os modos pelos quais a etnomatemática se mostra em sua região de inquérito. Para isso, foram selecionados e entrevistados cinco autores significativos para a linha de pesquisa, a dizer, Bill Barton, Eduardo Sebastiani, Gelsa Knijnik, Paulus Gerdes e Ubiratan D’Ambrosio. As entrevistas foram interpretadas hermeneuticamente e analisadas segundo uma postura fenomenológica. Por meio de reduções sucessivas, foram articuladas, em um primeiro movimento, categorias que falam dos modos pelos quais os autores abordados concebem e pesquisam em etnomatemática. Em um segundo momento, foram articuladas categorias abrangentes que dizem da estrutura do fenômeno, nomeadas de “A dimensão teórica da etnomatemática” e “A prática da pesquisa em etnomatemática”. Esta pesquisa explicita as correntes de etnomatemática trabalhadas pelos sujeitos estudados, no que diz respeito às suas aproximações, divergências e complementaridades, bem como o panorama da etnomatemática, entendido em sua complexidade. Algumas temáticas que se mostraram fortes neste estudo foram a concepção de matemática na etnomatemática; relação entre matemática e linguagem; a formação e constituição do pesquisador em etnomatemática; a dimensão ética e metodológica da etnomatemática, potencialidades da etnomatemática como campo de pesquisa; modos como se dá a abertura ao outro; a concepção de cultura envolvida nos estudos; possibilidades etnográficas etc. Além disso, foi levantata uma série de solicitações de pesquisa neste campo de ordem epistemológica, filosófica e metodológica.
Disponível para download gratuito em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/102101/miarka_r_dr_rcla.pdf?sequence=1&isAllowed=y
PEDAGOGIA ETNOMATEMÁTICA: AÇÕES E REFLEXÕES EM MATEMÁTICA DO ENSINO FUNDAMENTAL COM UM GRUPO SÓCIO CULTURAL ESPECÍFICO
Francisco de Assis Bandeira
fabandeira56@gmail.com
Resumo
Dentre as tendências em Educação Matemática, que tem como objetivo uma aprendizagem mais significativa e crítica, encontra-se a Etnomatemática. Esse campo de conhecimento, ainda bastante recente entre nós, além de analisar uma história externalista das ciências procurando uma relação entre o desenvolvimento das disciplinas científicas e o contexto sociocultural, vai além desse externalismo, pois aborda também as relações íntimas entre cognição e cultura. Na verdade, a Etnomatemática propõe um enfoque epistemológico alternativo associado a uma historiografia mais ampla. Procura compreender a realidade e chegar à ação pedagógica mediante um enfoque cognitivo com forte fundamentação cultural. Mas, a dificuldade de inserir a Etnomatemática no contexto educacional encontra resistência entre alguns educadores matemáticos que parecem indiferentes à influência da cultura na compreensão das ideias matemáticas. Foi com essas preocupações que iniciei este trabalho que tinha como objetivo desenvolver uma proposta pedagógica de reorientação curricular em educação matemática, ao nível do 5º ano do ensino fundamental, construída a partir dos saberes matemáticos de uma comunidade de horticultores, distante 30 km do centro de Natal/RN, mas em sintonia com as dimensões de ensino da matemática do 1º e 2º ciclos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN: Números e Operações, Espaço e Forma, Grandezas e Medidas, e Tratamento da Informação. Para isso, elaborei atividades pedagógicas a partir das concepções matemáticas dos horticultores daquela comunidade, desvendadas em minha pesquisa dissertativa no período de 2000 a 2002. O processo pedagógico foi desenvolvido de agosto a dezembro de 2007 com 24 alunos do 5º ano do ensino fundamental da escola daquela comunidade. A análise qualitativa dos dados foi realizada considerando três categorias de alunos: uma formada por alunos que ajudavam diariamente seus pais no trabalho com hortaliças. Outra por alunos cujos pais e parentes trabalhavam com hortaliças, mas eles não participavam diretamente desse processo laboral e uma terceira categoria de alunos que nunca trabalhou com hortaliças, muito menos seus pais, mas morava adjacente àquela comunidade. Das análises e resultados dos dados obtidos por essas três categorias distintas de alunos, constatei que aqueles alunos que auxiliavam diariamente seus pais no trabalho com hortaliças resolviam as situações-problema com compreensão, e, às vezes, com contribuições enriquecedoras aos problemas propostos. As outras categorias de alunos, apesar das várias pesquisas de campo às hortas daquela comunidade, antes e durante as atividades pedagógicas, não apresentaram os mesmos resultados que aqueles alunos/horticultores, mas demonstraram interesse e motivação em todas as ¬atividades do processo pedagógico naquele período.
Disponível para download gratuito em: Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Pedagogia etnomatemática : ações e reflexões em matemática do Ensino Fundamental com um grupo sócio cultural específico (ufrn.br)
POTENCIALIDADES DO JOGO AFRICANO MANCALA IV PARA O CAMPO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA
Rinaldo Pevidor Pereira
rinaldopevidor@gmail.com
Resumo
A Lei 10.639/03 trata da obrigatoriedade de inclusão do ensino de história e cultura afro-brasileira, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficial e particulares. Para tal, se faz necessário a formação e a capacitação de professores nas diversas áreas do saber. No campo da matemática, concluímos na pesquisa do mestrado, que é possível articular o ensino desta área do saber com a Lei 10.639/03, por intermédio de jogos africanos, em particular, o jogo Mancala. O termo Mancala é utilizado para designar uma família com mais de duzentas variações de jogos de covas, classificados por Mancala II, III e IV. No mestrado, a pesquisa concentrou-se no Mancala II, por ser esta, uma variação de fácil manuseio bem como a mais conhecida pelo mundo ocidental. Já o Mancala IV, é mais conhecido na África Oriental e na Ásia. É a variação mais complexa desses jogos, tanto em seu manuseio como nas operações matemáticas envolvidas em sua prática. Além disso, esta variação traz consigo práticas culturais provenientes da África Oriental, pouco conhecido por nós ocidentais. Foi neste contexto que percebemos a necessidade de aprofundarmos a pesquisa iniciada no mestrado com o Mancala II para o Mancala IV. Neste sentido, a tese se propõe a investigar as potencialidades do jogo africano Mancala IV para o campo da educação matemática, ensino de história e cultura africana. Para tanto, nos propomos a construir conceitos de matemática bem como conhecimentos sobre história e cultura africana a partir de situações concretas do jogo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem exploratória, tipo etnográfica, que teve como lócus da pesquisa, três cidades da província de Nampula em Moçambique. Os sujeitos da pesquisa foram um grupo de trinta pessoas, alguns deles, membros da Associação Provincial de Jogos Tradicionais de Nampula, outros, intelectuais do campo da filosofia e sociologia e, a grande maioria, com pouca instrução escolar. Em Moçambique, a investigação ficou centrada em duas variações do Mancala IV, o M’pale e o Mthadje. No campo da história e cultura africana, concluímos nesta pesquisa, que este jogo contribui para preservar a identidade cultural do africano, pois enquanto jogam, os anciões transmitem para os mais jovens, os saberes ancestrais africanos. Na prática do jogo, também se transmite valores filosóficos e sociais que contribuem para a convivência coletiva. Dentre os referenciais culturais africanos apurados, encontramos a circularidade, partilha, coletividade, ancestralidade, cosmovisão africana, religiosidade, ludicidade e oralidade. Estes referenciais também estão presentes nos valores civilizatórios afro-brasileiros. Sendo assim, concluímos nesta pesquisa que o jogo Mancala IV também pode contribuir para o ensino de história e cultura afro-brasileira. O Mancala IV é um jogo de estratégia que exige rapidez mental e muita concentração. É um jogo matemático por estar envolvido em sua prática o cálculo mental e operações matemáticas simples e complexas. As diversas possibilidades de movimentos podem ser potencializadas para a construção de conceitos matemáticos sistematizados pela a escola. Neste sentido, consideramos que este jogo pode contribuir, dependendo da orientação do professor, como um material didático para o campo da educação matemática, pedagogia, ensino de história e cultura africana e afro-brasileira.
Disponível para download gratuito em: Repositório Institucional UFC: Potencialidades do Jogo Africano Mancala IV para o campo da educação matemática, história e cultura africana
A DOCÊNCIA ENTRE O “COFO”, O “CACETE” E O “MACHADO”: COSMOPERCEBER SABERES COM QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU EM PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGENS
Kelly Almeida De Oliveira
ka.oliveira@ufma.br
Resumo
A existência de Quebradeiras de coco babaçu é fenômeno de presença no mundo e seus saberes fazem parte de um sistema multiétnico de pensamento que adentra na Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EJA) em comunidades quilombolas. Diante do tema que nos afeta, corporificamos a investigação recorrendo à interrogação: Que conexões podem ser estabelecidas entre saberes tradicionais e escolares, considerando as cosmopercepções e memórias de Quebradeiras de coco em processos de ensino, pesquisa, extensão e formação de professoras/es? Com o objetivo de compreender as conexões que podem ser estabelecidas entre saberes tradicionais e escolares, considerando as cosmopercepções e memórias de Quebradeiras de coco em processos de ensino, pesquisa, extensão e formação de professoras/es, configuramos este estudo como qualitativo, descritivo e interpretativo. Entre suas etapas estão a revisão da literatura, por meio do estado do conhecimento sobre Fenomenologia, Quebradeiras de coco babaçu, saberes tradicionais e saberes escolares, que evidenciou a perspectiva de Merleau-Ponty, Oyewùmí e Bakare-Yusuf; e um estudo etnográfico apoiado nas considerações de Geertz e Clifford, com observações e conversas informais. Os dados produzidos foram analisados segundo Bardin, Gamboa e Ricoeur. O lócus da realização das atividades de campo é a comunidade remanescente de Quilombo Laranjeira, situada no município de Aldeias Altas/MA. Participaram dos estudos as pessoas Quebradeiras de coco residentes na comunidade. Os registros foram feitos por meio de diário de campo e gravações de áudio e vídeo. Entre os resultados referentes aos saberes tradicionais, destacamos as categorias êmicas “ir para o mato”, “experimentar o coco” e “tirar azeite”. Os saberes escolares sobre sexo, sexualidade e corpo, na biologia, Sócrates na filosofia e aritmética e geometria na matemática foram acessados por meio de memórias escolares, pelas quais podemos concluir que corpo, afecções e ticas são as conexões que podem ser estabelecidas entre saberes tradicionais e escolares de Quebradeiras de coco no engendramento de processos educativos e na formação de professoras/es.
Disponível para download gratuito em: A DOCÊNCIA ENTRE O “COFO”, O “CACETE” E O “MACHADO”: COSMOPERCEBER SABERES COM QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU EM PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGENS
TERCEIRAS MARGENS: UM ESTUDO ETNOMATEMÁTICO DE ESPACIALIDADES EM LARANJAL DO JARI (AMAPÁ)
Sônia Maria Clareto
sonia.clareto@ufjf.br
Resumo
Este trabalho pretende pensar a etnomatemática diante das crises do contemporâneo, sobretudo as crises do conhecimento, tematizadas por discursos pós-modernos. Para tanto, discute a questão do conhecimento a partir de possibilidades abertas pelo pensamento de Nietzsche, buscando colocar tal pensamento frente a concepções cartesianas de conhecimento, hegemônicas na modernidade. A questão do espaço e da espacialidade é tomada, pois, desde esta discussão, que é a base para a investigação de campo empreendida junto a jovens e adolescentes moradores de regiões de Laranjal do Jari, Amapá, que têm suas práticas sócio-espaciais desenvolvidas sobre palafitas: moram, estudam, trabalham, divertem-se, namoram, encontram-se e desencontram-se em uma cidade construída sobre palafitas. As crises do conhecimento estão na base da investigação – que se quer interpretativa –: de seus procedimentos às análises e busca de compreensão, tanto de questões de espacialidades e etnomatemática do espaço, quanto do cotidiano sócio-espacial dos participantes da pesquisa.
Disponível para download gratuito em: TERCEIRAS MARGENS: UM ESTUDO ETNOMATEMÁTICO DE ESPACIALIDADES EM LARANJAL DO JARI (AMAPÁ)
CHILDREN, SPACE, AND THE URBAN STREET: AN ETHNOMATHEMATICS POSTURE
Mônica Maria Borges Mesquita
mmbm@fct.unl.pt
Resumo
This work explores the urban experiences of marginal social lives through the mathematical epistemic regimes at the core of their survival strategies. It focuses in particular on the mathematical epistemic regimes of children in a street situation and seeks to recognize, understand, and validate forms of mathematics constructed and used outside of the established institutions of mathematical production. This work rests on the foundation of "The Mathematical Imagination",which draws together social constructionism (as it is developed in Sal Restivo's sociology of mathematics) and Ubiratan D'Ambrosio's conception of ethnomathematics. These two central ideas contribute to the objective here of connecting the production of formal mathematics and the praxis of informal mathematics, the mathematics produced at the margins where survival is more important than reflecting and reproducing professional cultures. The fact is that professional institutionalized mathematics within the contemporary mode of production has domesticated mathematical objects. Informal mathematics arises and is broadcast in the positions and voices at the margins of society and mathematics. The bringing together of marginal and non-marginal positions and voices results in and is an activist social practice. This practice represents the end of verbalism and the beginning of a situated knowledge that is engaged with our everyday lives, with our very being. Only through this form of practice, a practice that links the formal and the informal, can we realize the full power of mathematical knowledge as a social thing (in Durkheim's sense), a product of the collective consciousness that expresses collective realities and a category of knowledge present in every culture. This is as true for mathematics at the margins as it is for professional mathematics. The point of this work is to contribute to an emerging political manifesto of the marginal that demonstrates the social realities and social power of their mathematics. This is made possible through the application of social theory, and the practices of ethnography (especially in the traditions of action anthropology and the new ethnography) and history. These tools, melding science and action, help to reveal otherwise invisible and ignored cultural connections and social coherences, and in the end all is clarified and linked through a social construction guided by a concern for love and community.
Disponível para download gratuito em: CHILDREN, SPACE, AND THE URBAN STREET: AN ETHNOMATHEMATICS POSTURE
LANGUES ET MATHÉMATIQUES À L’ÉCOLE DANS LES CULTURES OCÉANIENNES : ÉTUDE EXPLORATOIRE D’UNE PÉDAGOGIE INTERCULTURELLE EN NOUVELLE-CALÉDONIE : APPROCHES ANTHROPOLOGIQUES ET ETHNOMATHÉMATIQUE
Gérard Lavigne
Resumo
Avec l’Accord de Nouméa signé en 1998, la Nouvelle-Calédonie est entrée dans une ère nouvelle. La thématique de l’enseignement prend une dimension particulière,du fait du transfert des compétences de l’État au Pays, en particulier celui de l’enseignement primaire,dès 2000 et secondaire en 2012.Depuis de nombreuses années, nous travaillons pour une école de la réussite des enfants de la Nouvelle-Calédonie, de tous les enfants issus de toutes les ethnies, en mettant en avant le contexte particulier qui est celui de leur environnement culturel et linguistique.Les résultats des évaluations d’entrée en 6èmemontrent que, pour les onze années de 1998 à 2008, les enfants des provinces nord et îles arrivent au collège avec seulement en moyenne31,7% des acquis fondamentaux en mathématiques contre 64% pour le niveau métropolitain.De plus, en regardant de près les résultats du baccalauréat, nous constatons que la population kanak et océanienne, composante majoritaire de la population de la Nouvelle-Calédonie se retrouve principalement dans les séries technologiques et professionnelles. Il convient de s’interroger sur la place réservée à l’enfant kanak et océanien dans l’enseignement des mathématiques. Si l’on souhaite véritablement œuvrer pour la réussite de ces populations, il est possible de s’appuyer sur l’un des principes inscrits dans l’Accord de Nouméa, la prise en compte des réalités culturelles et linguistiques. Les recherches en ethnomathématiques permettent de penser autrement l’enseignement des mathématiques. Toutes les cultures humaines se sont constitué un rapport particulier aux mathématiques. Notre regard anthropologique sur l’enseignement des mathématiques inscrit notre recherche dans le cadre interculturel. Il s’agit de prendre en compte cette dimension pour un enseignement pertinent des mathématiques qui s’appuierait sur ce qui fait sens pour l’enfant et non pas seulement sur ce qui fait sens pour l’enseignant.
Disponível para download gratuito em: LANGUES ET MATHÉMATIQUES À L’ÉCOLE DANS LES CULTURES OCÉANIENNES : ÉTUDE EXPLORATOIRE D’UNE PÉDAGOGIE INTERCULTURELLE EN NOUVELLE-CALÉDONIE : APPROCHES ANTHROPOLOGIQUES ET ETHNOMATHÉMATIQUE