Olá, estudante! Em nossa última lição, continuamos nosso estudo sobre a contabilidade gerencial, principalmente em relação às análises que são possíveis de se realizar por meio de relatórios gerenciais. Vimos também a importância das diferentes funções da contabilidade gerencial e a análise de seus relatórios para a tomada de decisões estratégicas. Nesta lição, compreenderemos, de maneira abrangente, a preparação de relatórios gerenciais e seus tipos, bem como destacaremos a importância desses documentos na tomada de decisões e na gestão eficaz das empresas.
Abordaremos aspectos fundamentais para a estruturação de relatórios, seus elementos essenciais, exemplos e relevância da precisão e atualidade das informações apresentadas neles. Além disso, apresentaremos os dois principais documentos gerenciais: o Relatório do Fluxo de Caixa e a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. Enfim, veremos a aplicação dos relatórios financeiros para uma compreensão mais abrangente do movimento de recursos dentro da organização a fim de compreendermos sua importância estratégica na gestão empresarial e tomada de decisões.
Diante da vasta gama de informações e tipos de relatórios gerenciais existentes, precisamos entender uma questão essencial: como os gestores podem selecionar e priorizar os relatórios mais relevantes para as necessidades específicas de sua empresa? Considerando que cada organização possui características e objetivos distintos, essa questão levanta desafios quanto à identificação dos relatórios mais pertinentes para orientar as decisões estratégicas e o gerenciamento eficaz do negócio.
Além disso, como garantir que os relatórios sejam elaborados e apresentados de forma a fornecer informações claras e relevantes aos tomadores de decisão, levando em conta a complexidade das informações e a variedade de interessados nelas? Assim, torna-se essencial que estudemos a importância não apenas da preparação dos relatórios, mas também da capacidade de interpretação e uso dessas informações para impulsionar o sucesso empresarial.
Vamos nessa jornada juntos?
Neste case, trarei a você um breve relato envolvendo Maria, uma empreendedora talentosa que decidiu abrir sua própria loja de artesanato. Ela colocou todo o seu coração e esforço no negócio, mas logo percebeu que administrar uma empresa exigia mais do que apenas paixão, pois estava enfrentando dificuldades para entender completamente a situação financeira de sua loja e tomar decisões estratégicas para impulsionar o crescimento dela.
Em busca de uma solução, Maria conheceu Pedro, um consultor de negócios experiente que a ofereceu ajuda e a orientou sobre a importância dos relatórios gerenciais. O consultor explicou que os relatórios eram como mapas que mostravam a ela em que situação sua empresa estava, para onde estava indo e como chegaria lá. Pedro mostrou para a empreendedora um relatório de desempenho financeiro, que resumia as finanças da loja, incluindo receitas, despesas e lucros. Não podia ser diferente. Ela ficou impressionada ao ver como os números podiam contar a história da saúde financeira de sua empresa. Em seguida, Pedro compartilhou um relatório de análise de custos, que detalhava os gastos de produção e operacionais da loja e, juntos, identificaram áreas em que os custos poderiam ser reduzidos, o que aumentaria a lucratividade da empresa.
Depois, Pedro apresentou à Maria um relatório de vendas e marketing que mostrava as estratégias de vendas e as tendências do mercado. Eles analisaram os números de vendas atuais em comparação com os períodos anteriores e discutiram maneiras de impulsionar as vendas. Com a orientação de Pedro e a ajuda dos relatórios gerenciais, Maria começou a tomar decisões mais informadas para sua loja e aumentou sua eficiência operacional, reduzindo custos desnecessários e implementando novas estratégias de marketing.
Com o tempo, a loja de Maria começou a prosperar. As vendas e os lucros aumentaram, e a empresa tornou-se uma parte vital da comunidade local. Assim, foi possível à Maria, e também para nós, visualizar que, ao entender os números e usá-los em relatórios gerenciais de forma eficaz, podemos alcançar o sucesso que sempre sonhamos.
Dito isso, vamos aprender mais sobre isso?
De acordo com Oliveira (2018), é comum e evidente que, ao tratar dos sistemas de informações gerenciais, busque-se melhorar a tomada de decisões das empresas. Para que isso aconteça, de fato, é fundamental que os relatórios gerenciais sejam bem-estruturados e operacionais. De acordo com o autor, os relatórios gerenciais são documentos que organizam as informações de forma clara e objetiva para quem toma decisões.
Para estruturar os relatórios gerenciais, é importante considerar alguns aspectos básicos. Os números, por exemplo, devem mostrar a situação atual, comparada com o período anterior e com metas desejadas, assim, é essencial apresentar números relativos, como percentagens. Outro aspecto básico são os gráficos, úteis para uma melhor visualização e compreensão das informações. Eles podem indicar níveis de desempenho, como máximo, médio ou mínimo, facilitando a tomada de decisões.
Além disso, os comentários são importantes para evitar interpretações equivocadas dos relatórios. Eles podem incluir análises comparativas com períodos anteriores ou outras empresas, ajudando a contextualizar os dados apresentados. Ainda em relação aos aspectos, o foco das informações deve ser nas decisões e ações tomadas. Explicar, claramente, as decisões tomadas e as ações realizadas ajuda a justificar o processo decisório. Por isso, é essencial detalhar os recursos necessários para implementar essas decisões e considerar alternativas. Por fim, os relatórios devem mostrar os resultados esperados das decisões e ações tomadas, com base nos números e gráficos apresentados.
Quando preparamos os relatórios gerenciais da empresa, é importante seguir uma estrutura básica. Nem sempre incluímos todos os detalhes, às vezes, os números ou gráficos podem ser deixados de lado, mas nunca devemos nos esquecer dos comentários, das decisões, das ações e dos resultados. Segundo Modesto (2018), os relatórios gerenciais desempenham um papel essencial na orientação das decisões e na administração eficaz das empresas. Esses documentos são adaptados às especificidades e demandas de cada organização, abrangendo uma variedade de tipos comumente utilizados:
Relatório de desempenho financeiro: sumariza aspectos financeiros, como receitas, despesas, lucros, fluxo de caixa e comparações ao longo do tempo.
Relatório de orçamento: compara números reais com o planejado, permite avaliar o desempenho financeiro em relação às metas estabelecidas.
Relatório de análise de custo: detalha os custos de produção e operacionais, identificando áreas para redução ou otimização de custos.
Relatório de vendas e marketing: fornece dados sobre vendas, estratégias de marketing, aquisição de clientes e tendências de mercado, incluindo análises detalhadas de diferentes segmentos e concorrência.
Relatório de recursos humanos: aborda questões, como folha de pagamento, avaliação de desempenho, metas de contratação e gestão de talentos.
Relatório de estoques: mostra o estado atual do estoque, incluindo quantidades disponíveis, giro, custos e previsões de demanda.
Relatório de produção e operações: enfoca a eficiência operacional, incluindo tempos de produção, qualidade do produto, custos e uso de recursos.
Relatório de satisfação do cliente: apresenta feedbacks dos clientes, reclamações, métricas de atendimento ao cliente e índices de satisfação, ajudando a empresa a entender como seus produtos ou serviços são percebidos pelos consumidores.
Relatório de desempenho de projetos: utilizado em gestão de projetos, mostra progresso, cronograma, orçamento e riscos associados.
Relatório de indicadores-chave de desempenho (KPI): destaca os principais indicadores essenciais para o sucesso da empresa, como vendas, lucratividade e retenção de clientes.
Relatório de análise de mercado: fornece informações sobre tendências de mercado, tamanho do mercado, análise da concorrência e oportunidades de crescimento.
Relatório de compliance e riscos: avalia conformidade com as regulamentações, políticas internas e identifica os riscos que ela enfrenta, auxiliando a gestão a tomar decisões para mitigar esses riscos.
Relatório de inovação, pesquisa e desenvolvimento (P&D): aborda o progresso de projetos de inovação, investimentos em P&D, patentes e desenvolvimento de novos produtos.
Relatório de qualidade: avalia a qualidade dos produtos ou serviços oferecidos pela empresa, destacando áreas que precisam de melhorias.
É importante ressaltar que a eficácia dos relatórios gerenciais depende da precisão, relevância e atualidade das informações apresentadas. Assim, é necessário assegurar que os dados sejam coletados de forma confiável e que, além disso, os relatórios tenham uma formatação adequada, de acordo com as necessidades da alta administração e das equipes responsáveis pela tomada de decisões.
Dessa forma, ao preparar os relatórios gerenciais, é essencial considerar não apenas os dados em si, mas também a maneira como são apresentados e sua relevância para as decisões que precisam ser tomadas. Isso garantirá que os relatórios sejam uma ferramenta eficaz para orientar o planejamento e a gestão estratégica da empresa.
Padoveze (2010) destaca que esse relatório serve como complemento aos dados apresentados na Demonstração de Resultados e no Balanço Patrimonial. Enquanto o Balanço Patrimonial mostra informações acumuladas sobre investimentos e recursos obtidos, a DOAR fornece uma visão mais detalhada sobre como esses recursos foram utilizados ao longo do período. Assim, o objetivo principal desse relatório é esclarecer se houve uma boa correlação entre os tipos de recursos obtidos e suas respectivas aplicações.
Por exemplo, se a empresa obteve recursos de longo prazo durante o período, espera-se que tal capital tenha sido aplicado em ativos permanentes. Da mesma forma, se houve investimentos significativos em capital de giro, espera-se que esses recursos tenham sido gerados pelas operações da empresa. É importante ressaltar que podem ocorrer diferentes situações, mas esses são alguns exemplos da finalidade do relatório e das análises que podem ser feitas a partir dele. Em suma, a DOAR proporciona uma compreensão mais completa e detalhada sobre a movimentação dos recursos na empresa, auxiliando a avaliação da eficiência e a tomada de decisões gerenciais.
O conceito básico do relatório é evidenciar as origens dos recursos, que podem ser próprios, de terceiros ou gerados dentro da empresa. Também, procura-se identificar as aplicações dos recursos em ativos permanentes e em giro (capital circulante líquido). Como o ativo representa as aplicações de recursos e o passivo representa as fontes de recursos, o relatório basicamente mostra a variação entre os dados do balanço inicial e os dados do balanço final. Os aumentos no ativo são as aplicações de recursos durante o período, enquanto os aumentos no passivo são as fontes obtidas durante o período. Se, ao invés de aumentos, houver reduções em alguns itens, ocorre a inversão de colocação. Reduções no ativo representam fontes de recursos, enquanto reduções no passivo representam aplicações de recursos. Sendo assim, a conta de lucros acumulados no patrimônio líquido é a ligação com a demonstração de resultados, por isso, o aumento dessa conta é obtido a partir da demonstração de resultados.
Padoveze (2010) ressalta a importância do Fluxo de Caixa e sua construção a partir dos dados das demonstrações contábeis anteriores e destaca que isso é vital para compreender o poder integrador das informações contábeis. É importante notar que o Fluxo de Caixa pode ser elaborado por meio da consulta e reagrupamento dos dados das contas relacionadas às disponibilidades, contas bancárias e aplicações financeiras. O autor, porém, enfatiza que esse método representa um retrabalho de informações e não está de acordo com a construção de um sistema de informação contábil-gerencial, que tem um foco integrativo.
Padoveze (2010) observa que é comum pensar que o Fluxo de Caixa é responsabilidade exclusiva do setor financeiro de uma empresa, e que os contadores não têm capacidade para sua elaboração. Assim, raramente vemos esse registro sendo elaborado pelo departamento de contabilidade, embora seja considerado uma peça-chave na administração financeira. Em relação à apresentação desse documento, o autor menciona que, seguindo as tendências internacionais, o Fluxo de Caixa pode ser incorporado às demonstrações financeiras tradicionalmente divulgadas pelas empresas. Assim, ele defende a adoção da estrutura de Fluxo de Caixa aceita internacionalmente.
O relatório de Fluxo de Caixa é dividido em três grandes áreas: Atividades Operacionais, Atividades de Investimento e Atividades de Financiamento. Essa estrutura reflete os conceitos fundamentais dos dois principais relatórios contábeis: o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados. Vamos entender melhor essas grandes áreas?
essa parte do relatório engloba os dados de recebimentos e pagamentos provenientes da Demonstração de Resultados. São os gastos e receitas relacionados às atividades de produção e venda dos produtos ou serviços da empresa. Essas atividades estão diretamente ligadas aos elementos do ativo e passivo circulante, que representam as necessidades de capital de giro da empresa.
aqui, são registrados os dados relacionados ao ativo permanente ou realizável a longo prazo, destacando o conceito de ativo como aplicação de recursos. São registrados os valores de saída para pagamentos de novos investimentos, bem como os valores de entrada provenientes da venda de bens previamente ativados.
nessa parte, são analisados os dados do Exigível a Longo Prazo e do Patrimônio Líquido, enfocando o conceito de passivo como fonte de recursos. Inclui-se os dados de empréstimos e financiamentos do passivo circulante. Os valores de entrada referem-se a novos empréstimos obtidos e eventual integração de capital. Já os valores de saída envolvem a amortização de empréstimos, pagamento de juros, devolução de capital, pagamentos de remuneração aos acionistas e distribuição de lucros.
Essa estrutura permite uma análise abrangente do fluxo de recursos dentro da empresa, proporcionando uma compreensão detalhada das atividades operacionais, de investimento e de financiamento. Resumindo, a preparação de relatórios gerenciais é uma ferramenta fundamental para auxiliar na tomada de decisões e na gestão eficaz das empresas, visto que, por meio da estruturação dos relatórios, que podem incluir informações sobre desempenho financeiro, recursos humanos, estoques, produção, satisfação do cliente, entre outros aspectos, os gestores são capazes de analisar o panorama geral da empresa e identificar áreas que necessitam de atenção ou melhoria. Além disso, a integração de conceitos como o Fluxo de Caixa nos relatórios financeiros permite uma visão mais abrangente do movimento de recursos dentro da organização. Portanto, é essencial garantir a precisão, relevância e atualidade das informações apresentadas nos relatórios, assegurando, assim, sua eficácia na tomada de decisões estratégicas.
O tema que vimos nesta lição é fundamental para você, futuro técnico em administração, pois os relatórios gerenciais são documentos essenciais utilizados para comunicar informações relevantes para a tomada de decisão dentro das organizações. Para um técnico em administração, a habilidade de preparar relatórios gerenciais com precisão e clareza é essencial, assim, é necessário possuir a capacidade de coletar dados relevantes, analisá-los de forma crítica, e apresentar as informações de maneira organizada e compreensível. Além disso, saber escolher os tipos de relatórios adequados para diferentes situações e públicos-alvo é uma competência valorizada no campo da administração.
Agora, sabendo o quanto este tema é importante, chegou a hora de aplicar o conhecimento sobre relatórios gerenciais! Para isso, simulemos que somos uma equipe de gestão de uma empresa fictícia de nossa escolha. Com base no que aprendemos sobre os diferentes tipos de relatórios gerenciais e sua importância para a tomada de decisões estratégicas, sua tarefa será selecionar os três relatórios considerados mais relevantes para orientar o sucesso de nossa empresa.
Apresente suas escolhas, explicando porque cada relatório é importante e como ele pode contribuir para o crescimento e a eficácia do nosso negócio. Após selecionar os relatórios, compartilhe suas escolhas com sua turma e realize uma discussão para entender as razões por trás de cada seleção. Aproveite para refletir junto a seus colegas acerca de como a escolha adequada de relatórios gerenciais pode impactar positivamente o desempenho da empresa.
Estou ansioso para ver as escolhas de cada um e discutir como podemos usar esses relatórios para alcançar nossos objetivos empresariais. Capriche, pois esta foi nossa última lição sobre essa temática. Na próxima, iremos para o último tema de nossa disciplina: uso de aplicativos de calculadora financeira. Espero que esteja empolgado!
MODESTO, M. Conheça exemplos de relatórios gerenciais. Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Brasília, DF, 14 jun. 2018. Disponível em: https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/conheca-exemplos-de-relatorios-gerenciais,a88a894c40bf3610VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acesso em: 24 jul. 2024.
OLIVEIRA, D. de P. R. de. Sistemas de informações gerenciais: estratégias, táticas, operacionais. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.