Olá, estudante! Seja bem-vindo a mais uma lição da disciplina de Controladoria e Finanças! Na última lição, iniciamos nossos estudos sobre a Contabilidade Gerencial, compreendendo sua natureza e propósito como um sistema de informações essencial para o controle e a gestão do patrimônio das organizações. Além disso, vimos a evolução histórica da Contabilidade e sua relevância ao longo do tempo, desde as sociedades antigas até a era da tecnologia digital, explorando as principais técnicas, procedimentos e relatórios utilizados na tomada de decisões estratégicas e na otimização de resultados empresariais.
Na lição de hoje, continuaremos nosso estudo dessa área, com destaque à importância dos relatórios gerenciais na tomada de decisões dentro das organizações, bem como o papel da Contabilidade Gerencial na geração de informações úteis para a gestão eficaz dos negócios, e o papel do controller como responsável por extrair e consolidar informações relevantes que auxiliam na tomada de decisões estratégicas.
Além disso, veremos a função da Controladoria dentro do contexto da Contabilidade Gerencial, destacando seu papel na administração econômica das empresas, com ênfase na importância da informação contábil gerencial como base essencial para a tomada de decisões em todas as áreas da organização. Vem comigo nessa caminhada rumo ao estudo dessa importante área de estudos?
Apesar da crescente complexidade e da ampla gama de informações disponíveis para as organizações atualmente, muitos gestores ainda enfrentam desafios ao tomar decisões estratégicas. Um dos principais problemas encontrados é garantir que os relatórios gerenciais forneçam não apenas dados financeiros, mas também informações operacionais importantes a uma gestão eficaz.
Assim, estudar essa área de atuação é extremamente relevante para entender como podemos assegurar que os profissionais contábeis estejam adequadamente preparados a interpretar e apresentar essas informações de forma clara e útil para os gestores. Além disso, considerando a evolução do papel da Contabilidade Gerencial e da Controladoria, devemos investigar como garantir que esses elementos sejam integrados de maneira eficiente, a fim de subsidiar as decisões estratégicas em todas as áreas da organização.
Essas e diversas outras questões destacam a importância de uma abordagem completa e detalhada da gestão da informação contábil para impulsionar o sucesso organizacional. Portanto, convido você a explorar esses importantes temas na lição de hoje e entender aspectos essenciais a seu dia a dia de atuação profissional futura. Vamos?
O estudo de caso que apresentaremos a você hoje, se passa em uma cidade da região metropolitana de Curitiba, no estado do Paraná. Nela, Alex, um dedicado profissional da área contábil, assumiu recentemente o papel de controller em uma empresa de tecnologia inovadora, a BrightTech Solutions. Desde o primeiro dia, Alex estava determinado a utilizar a Contabilidade Gerencial para impulsionar o crescimento e o sucesso da empresa.
Ao analisar os relatórios financeiros, ele percebeu que os custos de produção estavam aumentando gradualmente, enquanto a eficiência operacional estava diminuindo. Decidido a investigar porque isso acontecia, mergulhou nos detalhes dos relatórios contábeis gerenciais. Alex descobriu que os gastos excessivos estavam concentrados em determinadas áreas do processo de produção onde havia desperdícios e ineficiências. Com base nessas informações, ele elaborou um plano abrangente para otimizar os processos de produção, através da redução de custos e do aumento da eficiência, e trabalhou em colaboração com os gerentes de cada departamento, utilizando dados contábeis para identificar áreas de melhoria e implementar mudanças estratégicas.
Graças à visão e liderança de Alex, a BrightTech Solutions conseguiu reduzir significativamente os custos de produção, melhorar a eficiência operacional e aumentar sua competitividade no mercado. A abordagem baseada na Contabilidade Gerencial não apenas ajudou a empresa a superar desafios, mas também a alcançar novos patamares de sucesso.
Veja que, neste caso, mesmo sendo fictício, fica claro como a utilização eficaz da informação contábil pode impactar positivamente as decisões e o desempenho de uma organização.
É importante destacar que um sistema de avaliação e informação eficiente não se resume apenas a números e dinheiro. Ele deve incluir, sempre que possível, medidas relacionadas ao aspecto físico e à eficiência produtiva. Essas informações são encontradas nos relatórios vindos da Contabilidade Gerencial. As informações físicas incluem coisas como a quantidade de produtos feitos, o número de funcionários envolvidos em uma tarefa e por quanto tempo uma máquina é usada em uma operação. Esses detalhes são importantes para as pessoas dentro da organização porque ajudam a entender como as coisas estão funcionando no dia a dia.
A Contabilidade Gerencial, segundo Marion e Ribeiro (2018), é diferente da Contabilidade Financeira, que precisa seguir regras estabelecidas por órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e o Banco Central do Brasil (Bacen). Seu objetivo é fornecer à empresa informações sobre economia, finanças, patrimônio, eficiência física e produtividade, além de detalhes operacionais. Essas informações são necessárias para que os gerentes possam tomar decisões mais informadas.
Iudícibus (2020) destaca que a Contabilidade costumava atender principalmente aos proprietários de negócios, mas evoluiu ao longo do tempo. Seu público-alvo se ampliou, tornando sua atuação mais variada e complexa, às vezes, falhando em satisfazer adequadamente às necessidades fundamentais. Agora, além dos donos de negócios, o governo, financiadores como bancos e acionistas também estão interessados nas informações contábeis.
Cada um desses grupos tem demandas específicas em relação às informações contábeis de que precisam. Por exemplo, o governo requer informações para questões fiscais, enquanto os acionistas querem avaliar seus investimentos. Os bancos necessitam de dados para decidir sobre empréstimos, e os fornecedores usam as informações para tomar decisões de crédito. Além desses, existem outras partes interessadas, como os funcionários, os sindicatos e a comunidade e, diante dessa variedade de interesses, a Contabilidade teve que estabelecer padrões e princípios, seguindo as normas dos órgãos reguladores, a fim de garantir a consistência das informações fornecidas.
Marion e Ribeiro (2018) explicam que as organizações têm como objetivo alcançar determinado propósito. Aquelas que visam ao lucro, chamadas de empresas econômicas, buscam atingir esse objetivo através da interação com seus clientes, oferecendo bens ou serviços. Nesse cenário, tanto os fornecedores quanto os clientes procuram satisfazer seus próprios interesses: os fornecedores querem lucrar, enquanto os clientes desejam ficar satisfeitos. Para alcançar o lucro desejado, os fornecedores estão sempre procurando maneiras de reduzir custos e melhorar a qualidade de seus produtos e serviços, mas os clientes buscam conseguir os melhores preço, serviço e qualidade possíveis. Ao entender as necessidades dos clientes e visar manter uma posição forte no mercado, os fornecedores estão constantemente aprimorando seus processos industriais, comerciais e de serviços. Dessa forma, foi nesse contexto que a Contabilidade Gerencial surgiu, fornecendo detalhes e informações que não eram incluídos nos relatórios da Contabilidade tradicional.
Iudícibus (2020) destaca que o contador possui habilidades essenciais para assumir o papel de controller, tais como:
Planejar, organizar e desenvolver estratégias econômico-financeiras.
Analisar dados contábeis e de desempenho para reduzir perdas, aumentar lucros e acompanhar previsões de vendas.
Estabelecer diretrizes alinhadas com os objetivos econômicos e estratégicos da empresa.
Monitorar e pesquisar o mercado em que a empresa opera.
Avaliar os processos operacionais.
Identificar áreas de melhoria e sugerir ações corretivas.
Iudícibus (2020) ressalta que o diferencial crucial de um contador gerencial de alta qualidade em relação aos demais profissionais contábeis é a capacidade de interpretar, refinar e apresentar, de maneira clara, breve e prática, os dados dispersos encontrados nos registros contábeis, como Contabilidade Financeira e de Custos. Além disso, o contador gerencial deve ser capaz de integrar essas informações com outros conhecimentos que não se limitam à Contabilidade, a fim de apoiar a administração em suas decisões.
Enquanto um contador de custos tradicional se concentra apenas em informar as diferenças entre os custos planejados e os custos reais, um contador com mentalidade gerencial exploraria essas diferenças em detalhes, para começar a análise da Contabilidade por Responsabilidade, ou identificar áreas que precisam de investigação adicional devido às variações encontradas. Iudícibus (2020) ressalta que o contador gerencial deve ter uma formação abrangente, incluindo conhecimentos em informática, tributação, e, mesmo que não seja um especialista, entender os objetivos ou resultados alcançados por métodos quantitativos.
É fundamental ter noções de microeconomia e compreender como os administradores reagem aos relatórios contábeis, já que cada um tem preferências específicas. Por exemplo, a maioria dos administradores não gostaria de lidar com um Balancete-Razão de 30 páginas para tomar decisões, assim como em outros casos, relatórios apresentados na forma débito-crédito podem não ser facilmente compreendidos, implicando a necessidade de uma abordagem dedutiva. Porém um gerente com formação que não seja principalmente contábil talvez não se interesse por termos contábeis complexos, como “reversão de provisão de crédito de liquidação duvidosa” ou “fato contábil misto”. Nessas situações, é importante simplificar ou explicar esses termos de forma clara e compreensível.
De acordo com Marion e Ribeiro (2018), o Institute of Management Accountants (IMA) dos Estados Unidos, principal organização mundial dedicada à formação de profissionais de Contabilidade Gerencial e Finanças, define a Contabilidade Gerencial como o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação das informações financeiras usadas pela administração para planejar, avaliar e controlar uma organização, garantindo o uso adequado e responsável de seus recursos.
Marion e Ribeiro (2018) descrevem os estágios da Contabilidade Gerencial da seguinte forma:
Identificação: reconhecimento e avaliação precisos das transações comerciais e de outros eventos econômicos, por meio de uma contabilização detalhada.
Mensuração: quantificação, incluindo estimativas das transações comerciais ou de outros eventos econômicos ocorridos, bem como previsões sobre eventos futuros.
Acumulação: organização sistemática e consistente para registrar e classificar as transações comerciais apropriadas e outros eventos econômicos.
Análise: compreensão das razões por trás das atividades relatadas e de como elas se relacionam com outros eventos e circunstâncias econômicas.
Preparação e interpretação: coordenação dos dados contábeis e planejamento para apresentar informações de forma lógica, incluindo a conclusão derivada desses dados, quando aplicável.
Comunicação: preparação de relatórios pertinentes para a administração e a outros usuários internos e externos.
Planejamento: análise e interpretação dos efeitos das transações planejadas e de outros eventos econômicos sobre a organização, o estabelecimento de metas alcançáveis e a escolha de métodos adequados para monitorar o progresso em direção a essas metas.
Avaliação: julgamento das implicações dos eventos históricos e esperados, incluindo análise de dados para identificar tendências e relacionamentos, bem como comunicação eficaz das conclusões obtidas.
Controle: garantia da integridade das informações financeiras relacionadas a atividades e recursos da organização, monitoramento do desempenho, tomada de medidas corretivas, quando necessário, e fornecimento de informações aos executivos para alcançar o desempenho desejado.
Assegurar recursos de responsabilização: implementação de um sistema de relatórios alinhado às responsabilidades organizacionais, incluindo a definição de metas e objetivos, estabelecimento de responsabilidades claras e fornecimento de um sistema contábil e de relatórios que tanto acumule quanto relacione informações quantitativas para melhor controle.
Relatórios externos: preparação de relatórios financeiros para grupos não administrativos, como acionistas, credores, órgãos reguladores e autoridades tributárias, bem como participação no desenvolvimento de normas contábeis internas para esses relatórios.
Marion e Ribeiro (2018) explicam que a informação contábil gerencial é fundamental para ajudar os administradores em suas decisões. Com a introdução da Contabilidade Gerencial, os relatórios contábeis passaram a abranger não apenas aspectos financeiros, mas também informações operacionais. Essas informações contábeis gerenciais destacam a qualidade dos materiais, produtos e serviços, o tempo necessário para a produção, a eficiência dos funcionários, a satisfação dos clientes e muito mais.
Atualmente, o mercado reconhece o papel crucial do controller, descrevendo-o como um profissional versátil capaz de colaborar com diversas áreas internas e externas da empresa. O controller é encarregado de extrair e consolidar informações relevantes, confiáveis e pontuais em relatórios que auxiliam na tomada de decisões, a fim de garantir o uso eficaz dos recursos da empresa.
O controller é visto como um aliado dos interesses dos acionistas da empresa. Assim, a Controladoria pode ser entendida como um conjunto de princípios, procedimentos e métodos provenientes de várias disciplinas, incluindo Administração, Economia, Psicologia, Estatística e, principalmente, Contabilidade. Seu objetivo principal é administrar as empresas de forma econômica para alcançar a eficácia. Dessa maneira, podemos concluir que a Controladoria é parte integrante do campo especializado da Contabilidade Gerencial, portanto, em qualquer decisão a ser tomada, em qualquer área da organização, a informação contábil gerencial é capaz de fornecer a base necessária para escolher a opção mais vantajosa ao crescimento da empresa.
Concluindo nossa lição: aprendemos a importância dos relatórios gerenciais na tomada de decisões dentro das organizações e que a Contabilidade Gerencial desempenha um papel fundamental ao fornecer informações detalhadas e relevantes que vão além dos aspectos financeiros, pois ela abrange também informações operacionais essenciais para a gestão eficaz dos negócios.
Além disso, entendemos que o controller desempenha um papel vital na extração e consolidação dessas informações, garantindo que os relatórios sejam precisos, confiáveis e oportunos no momento de orientar as decisões estratégicas da empresa. Exploramos, ainda, a Controladoria como parte integrante da Contabilidade Gerencial, utilizando de princípios e métodos de diversas áreas para gerir economicamente as empresas, com o objetivo de alcançar a eficácia organizacional.
Um técnico em Administração precisa entender de relatórios gerenciais, porque eles são uma ferramenta poderosa que fornecem às organizações insights para elas direcionarem o crescimento e alcançar os objetivos, de forma eficiente e eficaz, em todas as áreas funcionais. Ao compreender e utilizar adequadamente esses recursos, pode-se tomar decisões informadas e estratégicas que impulsionam o sucesso empresarial em longo prazo.
Agora, realizaremos uma atividade prática para reforçar o que aprendemos sobre a importância dos relatórios gerenciais e como a Contabilidade Gerencial influencia as decisões estratégicas das empresas.
A atividade deve ser feita em grupo. O objetivo será analisar relatórios e identificar os principais indicadores financeiros e operacionais, como custos de produção, eficiência da mão de obra, tempo de ciclo de produção e satisfação do cliente. Com base nessa análise, discuta com seus colegas as oportunidades de melhoria à empresa e como a Contabilidade Gerencial pode ser utilizada para enfrentar desafios e aproveitar essas oportunidades.
Prepare-se, pois, no final dessa atividade, você e o seu grupo apresentarão as análises e recomendações para a classe. Trabalhe em equipe para entender como a Contabilidade Gerencial pode ser uma ferramenta poderosa na gestão estratégica das empresas. As atividades que você e seu grupo deverão realizar são as seguintes:
Analisar os relatórios fornecidos, identificando os principais indicadores financeiros e operacionais, como custos de produção, eficiência da mão de obra, tempo de ciclo de produção, satisfação do cliente, entre outros.
Discutir e responder às seguintes perguntas: quais são, com base nos relatórios fornecidos, os principais desafios enfrentados pela empresa? Quais oportunidades de melhoria podem ser identificadas a partir dos indicadores apresentados nos relatórios? Como a utilização da Contabilidade Gerencial ajudaria a empresa a enfrentar esses desafios e aproveitar essas oportunidades? Quais ações estratégicas seriam recomendadas com base na análise dos relatórios?
Para sua análise, o exemplo baseia-se no case de nossa lição. Assim, considere a seguinte situação: os relatórios financeiros e operacionais mostram que a BrightTech Solutions está enfrentando aumento nos custos de produção devido às ineficiências nos processos de fabricação e, também, a satisfação do cliente está diminuindo devido a atrasos na entrega dos produtos.
Assim, recomende ações e estratégias para melhorar o atendimento ao cliente e responder às necessidades dos clientes de forma mais eficaz. Mostre como uma análise de relatórios da Contabilidade Gerencial poderia ajudar nesse momento. Depois disso, apresente suas orientações sobre a importância dessa área na tomada de decisões estratégicas a seus colegas e promova uma discussão em sala de aula, comparando suas análises com as de seus colegas.
Sem mais no momento, desejamos a vocês uma ótima atividade e lhe esperamos na próxima lição. Até lá!
IUDÍCIBUS, S. de. Contabilidade gerencial: da teoria à prática. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2020.
MARION, J. C.; RIBEIRO, O. M. Introdução à contabilidade gerencial. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.