Olá, estudante do Ensino Médio. Seja bem-vindo(a) a mais uma lição da disciplina de Controladoria e Finanças II, do curso Técnico em Administração. Na última lição, estudamos a importância das auditorias para as empresas, demonstrando sobretudo que as informações dessas auditorias são confiáveis, corretas e atualizadas.
Na lição de hoje, entenderemos um pouco mais os desafios e problemas comuns enfrentados nas auditorias financeiras e de controladoria bem como os problemas existentes caso elas não sejam corretamente realizadas. Ao final da lição, você estará um pouco mais preparado(a) para identificar, analisar e explicar exemplos específicos de problemas que os auditores podem encontrar durante o processo de auditoria. Esta preparação te permitirá encontrar a melhor condição de atuação frente aos problemas, quando se deparar com eles em sua atuação profissional. Vem comigo?!
Um dos problemas mais significativos nas auditorias financeiras e de controladoria é o impacto que elas podem ter sobre as decisões de negócios. Empresas, investidores, credores e acionistas dependem das informações financeiras auditadas para tomar decisões informadas a respeito de investimentos, empréstimos e estratégias empresariais.
Quando os auditores não conseguem detectar problemas ou falhas nas demonstrações financeiras, isso pode ter consequências profundas, como a perda de confiança do mercado na empresa, ou a tomada de decisões de maneira incorreta ou inadequada. Esses problemas, se não identificados e corrigidos, geram consequências legais a seus responsáveis. Na verdade, a depender das informações que forem fraudadas, é gerada, até mesmo, uma situação de insolvência, ou seja, a falência da empresa.
Assim, torna-se extremamente importante entender qual é o propósito das auditorias financeiras e de controladoria em uma organização, ou ainda, porque as empresas investem em auditorias e quais são os benefícios desse processo. Imagine que existam fraudes na empresa. A auditoria pode detectar, corrigir e evitar que elas se perpetuem ou aumentem, ou possibilita, até mesmo, que deixem de existir. Então, “bora” entender um pouco mais sobre esses problemas na lição de hoje.
O estudo de caso que te apresento hoje é real e bem recente. Se passa em uma grande empresa do ramo de varejo. Inclusive, ao ler este relato, talvez você se recorde de notícias que ouviu ou das reportagens às quais assistiu, uma vez que se trata de um escândalo de fraude contábil que veio à tona durante uma auditoria anual.
Os auditores descobriram discrepâncias significativas entre os registros financeiros da empresa e a realidade. Os principais problemas incluíram a manipulação de receitas, a superavaliação de ativos e a omissão de passivos.
Tudo indica que as operações de risco da empresa não foram registradas corretamente, o que deveria ter sido identificado no processo de auditoria. Mesmo não sendo de responsabilidade do auditor avaliar se existem fraudes nas empresas, mas sim confirmar se as demonstrações financeiras representam a realidade da empresa, tais divergências eram passíveis de ter sido identificadas na auditoria.
A fraude contábil apresentada neste estudo de caso destaca um dos problemas mais graves e recorrentes nas auditorias. A fraude envolve a manipulação intencional de informações financeiras para ocultar problemas financeiros ou inflar artificialmente o desempenho da empresa. No entanto, quando elas são descobertas, podem levar à falência das empresas ou à responsabilização, inclusive criminal, de seus responsáveis.
Os auditores desempenham um papel crucial na detecção e relato de fraudes, embora essa não seja sua principal intenção, mas sim confrontar as informações contábeis com os dados que a geraram. A auditoria desempenha um papel crítico na verificação da integridade das informações financeiras e no fortalecimento do controle interno nas organizações. Exploraremos a fundo os problemas comuns capazes de surgir durante auditorias financeiras e de controladoria.
A fraude contábil é um dos problemas mais graves que os auditores podem encontrar. Ela envolve a manipulação intencional de informações financeiras para ocultar problemas financeiros ou inflar artificialmente o desempenho da empresa. Os auditores devem estar atentos a indicadores de fraude, como discrepâncias inexplicáveis nos registros financeiros, pressões para atingir metas financeiras e evidências de má conduta por parte da administração. A fraude contábil tem consequências significativas tanto financeiramente quanto em termos de reputação.
Além da fraude, as irregularidades contábeis podem surgir durante as auditorias. Elas incluem erros não intencionais, omissões e má interpretação de princípios contábeis. Identificar irregularidades contábeis é uma parte fundamental do trabalho dos auditores, pois elas afetam a precisão das demonstrações financeiras.
Ribeiro e Coelho (2013) lembram o que é definido pelo Conselho Federal de Contabilidade como fraude. Em resumo, a fraude é qualquer ato intencional de um ou mais indivíduos, independentemente de serem componentes da administração, responsáveis, empregados ou terceirizados, que incorra a prejuízo a terceiros, visando à obtenção de vantagem injusta ou ilegal.
Acontece que nem toda diferença entre os fatos e os registros caracteriza-se como fraude. Na verdade, se não houve a intenção comprovada, pode ser entendida como um erro. Porém, se houve intenção enganosa em falsear as informações, caracteriza-se como fraude.
Existem vários desdobramentos possíveis da identificação ou suspeita de fraude, mas, aqui, trataremos apenas dos relacionados com a auditoria das empresas. Assim, dois tipos nos interessam: a fraude que causa distorção das demonstrações contábeis por informações incorretas e a apropriação indevida de ativos.
Vale lembrar, de acordo com Ribeiro e Coelho (2013), que, mesmo suspeitando, ou até mesmo, identificando indícios de ação fraudulenta, o auditor não pode afirmar a existência dela judicialmente.
Existem alguns aspectos os quais se constituem como incentivadores da prática de fraudes nas empresas, e deve, ainda, existir a oportunidade de se cometer esse crime e, sobretudo, deve existir alguma racionalidade para que ele aconteça.
Por exemplo, em uma empresa que sofre muitas pressões por metas batidas, às vezes, até mesmo irrealistas, alguns executivos podem querer fraudar suas informações caso não as atinja. Da mesma maneira, se uma pessoa da administração está vivendo além de suas possibilidades, talvez ela deseje se apropriar de ativos da empresa e, assim, financiar este consumo.
Em relação à oportunidade percebida, podemos dizer que ela se constitui como a percepção de falha no controle interno ou na possibilidade de adulteração de resultados, devido a posições administrativas ou cargos ocupados. Por fim, os indivíduos têm a possibilidade de agir de maneira racional ou sofrer pressões, mesmo sendo contrários a tais atitudes, mas, uma vez realizada tal prática, eles tendem a perpetuar seu ato.
A fraude ocorre, na verdade, segundo Ribeiro e Coelho (2013), não apenas pela distorção com informações errôneas, mas até mesmo com a omissão de valores ou não registros de determinados resultados, tendo como principal objetivo enganar os indivíduos que terão acesso a essas informações, quer seja o governo, quer sejam seus próprios acionistas ou investidores.
A informação fraudulenta pode advir tanto do desejo de receber maiores comissões devido a falsas vendas majoradas artificialmente quanto da redução do registro de receitas da empresa, visando ao menor pagamento de impostos ao poder público. Outro fator é, no intuito de conseguir melhores condições de financiamentos, inflar os ganhos para obter melhor avaliação dos bancos.
Ribeiro e Coelho (2013, p. 87) destacam as fontes das divergências nas auditorias decorrentes de informações fraudulentas:
Manipulação, falsificação (inclusive de assinatura) ou alteração de registros contábeis ou documentos comprobatórios que serviram de base à elaboração de demonstrações contábeis.
Mentira ou omissão intencional nas demonstrações contábeis de eventos, operações ou outras informações significativas.
Aplicação incorreta intencional dos princípios contábeis relativos a valores, classificação, forma de apresentação ou divulgação.
Existem muitas maneiras de burlar os controles que funcionam, até mesmo, com certa eficácia, a qual depende do grau de influência sobre as informações contidas nas demonstrações contábeis. Ribeiro e Coelho (2013, p. 87) identificam algumas possibilidades:
Registrar lançamentos fictícios no livro diário, em especial no final do período contábil, de forma a manipular resultados operacionais ou alcançar outros objetivos.
Ajustar indevidamente as premissas e alterar os julgamentos utilizados para estimar saldos contábeis.
Omitir, antecipar ou atrasar o reconhecimento, nas demonstrações contábeis, de eventos e operações que tenham ocorrido durante o período das demonstrações contábeis que estão sendo apresentadas.
Ocultar ou não divulgar fatos que possam afetar os valores registrados nas demonstrações contábeis.
Contratar operações complexas, que são estruturadas para refletir erroneamente a situação patrimonial ou o desempenho da entidade.
Alterar registros e condições relacionados a operações significativas e não usuais.
Quanto à apropriação de ativos de forma indevida, ela ocorre por meio de pequenos desvios que passam despercebidos aos olhos da administração da empresa. Por outro lado, podem ocorrer pela própria administração, a qual tem mais contato com essas informações e que consegue, muitas vezes, esconder ou disfarçar esses desvios.
Tal situação ocorre de diferentes formas, por exemplo, na fraude de documentos em relação a seus valores originais ou a seus destinos. Também pode ocorrer de forma física ou intelectual, ao serem desviados para uso pessoal produtos da empresa, ou ocorrer a venda de informações a concorrentes. Em alguns casos, a empresa paga por produtos e serviços que não receberá ou com preço superior ao correto. Em outros casos, são alocados para uso pessoal ativos da entidade, ou mesmo, para servir de garantia a empréstimos pessoais ou outras operações (RIBEIRO; COELHO, 2013).
Acontece que, segundo Almeida (2019), alguns dos problemas relacionados a contabilidade, auditoria e impostos poderiam ter sido identificados pelo auditor externo, antes mesmo da ocorrência da auditoria. Tais como:
falta de atendimento de novas normas contábeis emitidas pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis);
quebra da uniformidade na aplicação de princípios contábeis, tornando necessária a divulgação em nota explicativa;
novas transações registradas em desacordo com os princípios fundamentais de contabilidade;
erros nos procedimentos ou cálculos das depreciações, amortizações, exaustões etc.;
impostos calculados erroneamente ou não recolhidos dentro do prazo estabelecido;
provisões aparentemente baixas ou altas;
ativos registrados como despesas e despesas contabilizadas como ativos;
transações que estão sendo registradas com base no regime de caixa;
falta de atendimento de recentes legislações fiscais (ALMEIDA, 2019, p. 136) .
Em resumo, os problemas nas auditorias são uma realidade que os auditores enfrentam frequentemente. Fraude contábil, irregularidades contábeis, problemas de controle interno, relatórios financeiros enganosos, complexidade financeira, pressões éticas e seu impacto sobre as decisões de negócios são desafios significativos com implicações financeiras, legais e de reputação.
Portanto, a compreensão aprofundada dessas questões é essencial aos profissionais de controladoria e finanças, uma vez que eles desempenham um papel crítico na garantia da integridade das informações financeiras e na tomada de decisões bem-informadas.
Como Técnico(a) em Administração, é importante que você saiba os principais problemas possíveis de serem encontrados ao fazer uma auditoria, ou ainda, quais os erros que podem ser cometidos durante o próprio processo. Isso te auxiliará a encontrar as melhores maneiras de desenvolver suas atividades profissionais e, assim, garantir a sua empresa ou àquela para a qual trabalha os melhores resultados possíveis e não ter de enfrentar uma série de transtornos fiscais por divergências nas informações fornecidas pela empresa.
Agora, nesse momento de nossa lição, identificaremos oportunidades de aplicação dos conceitos aprendidos na lição de hoje. Para isso, quero que você se recorde do assunto tratado em nosso case: a empresa varejista que burlou seus balanços financeiros e teve um fim um tanto quanto trágico.
Reúna-se com seus colegas e discutam: quais ações poderiam ter sido tomadas para evitar tal situação? Ou ainda, já que ocorreu tal situação, qual deveria ter sido a atitude da empresa que auditou as contas em questão?
Lembre-se que você, enquanto Técnico(a) em Administração, não será responsável nem por auditar empresas nem por responder pelas suas informações. No entanto deverá entender os problemas existentes quando se falseiam as informações. Assim, descreva as principais implicações dessa atitude tomada pelos representantes da empresa bem como as possibilidades que a levaram a realizar tal ação.
Bem, assim que terminar esta tarefa, corra até a próxima lição, pois nos encontraremos por lá novamente. Até mais!
ALMEIDA, M. C. Auditoria: abordagem moderna e completa. 9. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2019.
RIBEIRO, O. M.; COELHO, J. M. R. Auditoria fácil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.