Olá, estudante do Ensino Médio. Seja bem-vindo a mais uma lição da disciplina de Controladoria e Finanças II, do curso Técnico em Administração. Nas últimas lições, vimos o papel da auditoria nas empresas, seja ela fiscal, seja ela contábil, realizada de forma interna ou externa. Na última lição, vimos inclusive o quanto a auditoria interna é uma ferramenta de alto grau de relevância às empresas, porque, por meio dela, podemos atuar na avaliação e interpretação dos processos produtivos, financeiros e fiscais existentes em uma empresa. Vimos, ainda, como pode ser realizado tal controle e as principais informações que se mostram relevantes nesse processo, bem como a melhor maneira de disponibilizá-las para consulta.
Na aula de hoje, continuaremos falando sobre auditoria, porém focaremos no papel exercido por outros órgãos, e não pela empresa, ou seja, veremos a chamada auditoria independente ou auditoria externa. É esse tipo de análise que é realizado quando queremos confirmar os dados da empresa a seus interessados e verificar se eles realmente refletem a realidade divulgada pela organização em questão.
Vem comigo entender como funciona esse processo, para auxiliar os gestores da sua empresa a tomarem as melhores medidas e a se adequarem a uma possível, ou em alguns casos, provável auditoria externa.
O estudo sobre auditoria externa desempenha um papel fundamental em sua formação, enquanto Técnico em Administração, pois fornece uma compreensão essencial do funcionamento e da transparência das práticas contábeis nas organizações. Acontece que a auditoria externa, realizada por profissionais independentes, é uma ferramenta crucial para garantir a confiabilidade das informações financeiras de uma empresa. Como Técnico em Administração, compreender os princípios e procedimentos dessa prática é vital para contribuir com a eficiência e eficácia na gestão empresarial.
Ao estudar auditoria externa, você saberá como verificar as demonstrações contábeis e, assim, poderá aumentar a confiança dos investidores, acionistas e demais partes interessadas. Esse conhecimento não apenas fortalece a credibilidade das informações financeiras, mas também contribui para a tomada de decisões mais informada e estratégica. Então, vamos estudar esse importante assunto na lição de hoje?
O case de hoje retrata a história de Joana, recém-formada como Técnica em Administração. Ela estava começando sua jornada profissional com muito entusiasmo em uma pequena empresa de sua cidade natal. Rapidamente, ela percebeu a importância de aprimorar seus conhecimentos em auditoria externa para contribuir, de maneira mais efetiva, ao sucesso da organização. A empresa onde Joana trabalhava buscava expandir seus negócios e atrair investidores, mas a confiança nas informações financeiras ainda era uma barreira. Foi nesse momento que Joana decidiu mergulhar no estudo da auditoria externa, reconhecendo-a como a chave para a transparência e credibilidade as quais a empresa necessitava.
Joana começou a aplicar seus novos conhecimentos na prática, colaborando ativamente com a equipe de auditores externos contratados pela empresa. Ela desempenhava um papel crucial na facilitação da comunicação entre a administração e os auditores, garantindo que todas as informações fossem claramente compreendidas e documentadas. À medida que a auditoria externa progredia, Joana destacava-se por sua capacidade de interpretar os relatórios e entender as implicações para a gestão empresarial.
Sua habilidade analítica não apenas contribuiu para a eficiência do processo, mas também proporcionou insights valiosos à administração da empresa. Com o relatório de auditoria externa finalizado, a empresa viu a confiança dos investidores e acionistas aumentar de forma notável. A transparência garantida pelo trabalho de Joana e da equipe de auditores externos abriu portas para novas oportunidades de negócios e fortaleceu a posição da empresa no mercado.
Essa história reforça a importância do estudo da auditoria externa e como ela pode impactar positivamente a gestão empresarial. Isso porque a dedicação não apenas elevou a carreira de Joana, mas também trouxe benefícios significativos para a empresa em que ela atuava. Essa jornada destaca como o conhecimento em auditoria externa é uma ferramenta poderosa para você, enquanto Técnico em Administração, e contribui tanto para o seu crescimento profissional quanto para a sustentabilidade das organizações.
A auditoria externa, também chamada de auditoria independente ou auditoria das demonstrações contábeis, é uma técnica contábil que envolve checar se as informações nas demonstrações contábeis estão corretas e confiáveis. Essa checagem é feita por meio de uma análise detalhada dos registros de contabilidade e dos documentos que foram usados para criá-los. A auditoria externa é conduzida por auditores independentes, os quais são contratados pela organização para revisar suas demonstrações contábeis e compartilhar suas opiniões por meio de um relatório de auditoria.
Segundo Ribeiro e Coelho (2013), o objetivo é aumentar a confiança das pessoas que utilizam essas demonstrações. Esses auditores independentes podem ser indivíduos qualificados ou empresas especializadas (firmas de auditoria). Companhias de grande porte ou sociedades anônimas de capital aberto, de acordo com leis específicas, contratam esses auditores independentes para analisar suas demonstrações contábeis.
Conforme estabelecido pelo § 3º do art. 177 da Lei nº 6.404/1976, é determinado que “as demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoriamente submetidas à auditoria por auditores independentes nela registrados” (BRASIL, 1976).
Além disso, o art. 3º da Lei nº 11.638/2007 estabelece que as sociedades de grande porte, mesmo que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, devem seguir as disposições da Lei nº 6.404/1976 em relação às escrituração e elaboração de demonstrações financeiras. Além disso, enfatiza a obrigatoriedade de auditoria independente realizada por auditores registrados na Comissão de Valores Mobiliários (BRASIL, 2007).
Vale ressaltar que, de acordo com o parágrafo único dessa última lei que foi mencionada, uma empresa é considerada de grande porte, para os fins exclusivos dela, se no exercício social anterior, apresentou um ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou uma receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais) (BRASIL, 2007).
A auditoria independente passa por três fases essenciais, segundo Ribeiro e Coelho (2013): planejamento, execução e relatório. No planejamento, os auditores definem uma estratégia global para o trabalho e elaboram um plano detalhado. Essa etapa envolve uma série de procedimentos que têm como objetivo criar um plano de auditoria sólido.
A fase de execução é dedicada ao trabalho prático de auditoria, realizado nas instalações da empresa auditada. Nesse estágio, os auditores aplicam os procedimentos planejados, examinando minuciosamente toda a documentação que contém as informações nos relatórios contábeis. O objetivo é obter e analisar evidências que fundamentam a opinião a ser expressa no relatório.
O relatório, por sua vez, é o documento no qual o auditor independente apresenta, como resultado do trabalho de auditoria, sua opinião. Essa etapa acontece nas instalações da firma de auditoria. Ao entregar o relatório ao cliente, conclui-se o ciclo de vida da auditoria independente.
Para Ribeiro e Coelho (2013), é crucial a entidade de auditoria estar completamente desvinculada dos interesses das empresas que estão sendo auditadas, tal atitude é essencial para garantir que os serviços sejam prestados de forma imparcial. Em outras palavras, a entidade de auditoria deve ter a capacidade de julgar e agir com integridade e objetividade, a fim de permitir que relatórios imparciais sejam emitidos em relação a empresa auditada, acionistas, sócios, cotistas, cooperados e todas as demais partes relacionadas ao trabalho de auditoria.
Como mencionado, a auditoria externa busca aumentar a confiança dos usuários nas demonstrações contábeis, assim, para atingir esse objetivo, o auditor independente emite uma opinião se as demonstrações contábeis foram preparadas ou não em conformidade com uma estrutura específica de relatório financeiro. Essa estrutura é aquela escolhida pela administração e, quando aplicável, pelos responsáveis pela governança, na elaboração das demonstrações contábeis. A escolha deve ser adequada à natureza da empresa e ao propósito das demonstrações contábeis, ou ainda, ser exigida por lei ou regulamento. Em resumo, a opinião do auditor reflete se as demonstrações contábeis estão sendo apresentadas corretamente, considerando todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro escolhida.
Segundo Ribeiro e Coelho (2013), o auditor independente deve expressar sua opinião de maneira adequada e, para isso, é fundamental que a auditoria siga as normas específicas e atenda aos requisitos éticos necessários. Ao emitir uma opinião sobre as demonstrações contábeis, o auditor concentra-se em avaliar se elas foram preparadas conforme a estrutura de relatório financeiro estabelecida. No entanto, é essencial entender que a opinião do auditor não garante a viabilidade futura da empresa, nem a eficiência nem a eficácia da gestão nos negócios.
Em certas situações, as leis e regulamentos podem exigir que o auditor forneça opiniões sobre aspectos específicos, como a eficácia do controle interno ou a concordância de um relatório com as demonstrações contábeis separado da administração. Nessas circunstâncias, o auditor deve realizar um trabalho adicional para fundamentar essas opiniões adicionais.
Trazemos, aqui, algumas das principais diferenças entre o que estudamos na lição passada e o que estudamos na lição de hoje, ou seja, as principais diferenças existentes entre a auditoria interna e a auditoria externa. Para isso, utilizaremos as informações adaptadas do livro de Gramling, Rittenberg e Johnstone (2012):
Auditoria externa: comitê de auditoria do Conselho de Administração (administração de companhias fechadas).
Auditoria interna: administração e comitê de auditoria do Conselho de Administração.
Auditoria externa: grupos externos de interesses, agências reguladoras e acionistas.
Auditoria interna: comitê de auditoria, alta administração e administração das operações.
Auditoria externa: auditoria de demonstrações financeiras e auditorias de controle interno, serviços de certificação demandados pelo mercado.
Auditoria interna: análise de riscos, análise de controle e de operações, segurança e confiabilidade de informações, eficiência operacional, verificação de cumprimento de normas, investigações especiais e de fraudes.
Auditoria externa: auditoria e garantia; não pode prestar serviço de consultoria para clientes de auditoria que sejam companhias abertas, mas pode prestar serviço para organizações que não sejam clientes de auditoria e companhias fechadas.
Auditoria interna: garantia e consultoria, esta realizada quando permitida pela administração e pelo comitê de auditoria.
Auditoria externa: demonstrações financeiras, controles internos sobre a divulgação financeira e processos de divulgação financeira.
Auditoria interna: processos, incluindo riscos, controles, eficácia e eficiência de processos.
Podemos, assim, resumir as principais diferenças, segundo Ribeiro e Coelho (2013), em alguns tópicos:
Enquanto a auditoria interna é conduzida por auditores que fazem parte da equipe da própria organização ou por auditores independentes contratados, a auditoria externa é exclusivamente realizada por auditores independentes.
Enquanto as fases do ciclo de vida da auditoria externa acontecem, em parte, na empresa de auditoria, e em parte, na organização auditada, as etapas da auditoria interna, quando realizadas pelos auditores internos da organização, ocorrem dentro da própria organização auditada.
O principal objetivo do auditor independente é expressar uma opinião para aumentar a confiança dos usuários externos sobre as demonstrações contábeis. Já os objetivos da auditoria interna são diversos, variando conforme o tamanho e a estrutura da entidade, e dependem dos requisitos da administração e, quando aplicável, dos responsáveis pela governança. As atividades da auditoria interna podem incluir monitoramento do controle interno, exame das informações contábeis e operacionais, revisão das atividades operacionais, entre outras.
O ciclo de vida da auditoria independente é dividido em três fases: planejamento, execução e relatório. O ciclo de vida da auditoria interna, mais abrangente, é dividido em quatro etapas: planejamento, execução, relatório e acompanhamento.
Enquanto os auditores internos, embora independentes, têm sua atuação limitada aos interesses da organização, os auditores externos possuem total independência para expressar suas opiniões nos relatórios de auditoria.
Além disso, segundo Ribeiro e Coelho (2013), para realizar atividades de auditoria independente, é obrigatório que o auditor seja contador, devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade e no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI). Já para a auditoria interna, não é necessário o auditor ser contador, e ele não está sujeito a se cadastrar nos órgãos mencionados.
Acredito que já ficou claro a você algumas das diferenças entre essas duas importantes áreas de atuação.
A compreensão dos conceitos da auditoria externa capacita os Técnicos em Administração a desempenharem papéis cruciais na interação entre a administração da empresa e os auditores externos. Esses profissionais tornam-se pontes facilitadoras, garantindo uma comunicação eficiente e eficaz entre ambas as partes, o que é essencial para o sucesso da auditoria.
Como desafio, escolha uma empresa de capital aberto, ou seja, uma empresa que possua ações sendo negociadas na Bolsa de Valores brasileira, a chamada B3 (Bolsa Balcão Brasil).
Faça uma busca por um relatório de auditoria que esteja disponível ao público em geral. Leia o relatório que encontrar e identifique as partes mais importantes da opinião dos auditores em relação às condições da empresa. Olhe, principalmente, quais foram as variáveis analisadas e anote-as em seu caderno, ou as traga a seu professor na próxima aula, para debate.
Ao desenvolver essa atividade, você estará desenvolvendo habilidades analíticas, as quais são importantes em diversas áreas da administração, e a capacidade de interpretar relatórios de auditoria e compreender as implicações para a gestão empresarial, competências valiosas em ambientes corporativos dinâmicos e competitivos. Ao identificar esses fatores, você terá uma base sólida para aprimorar suas habilidades e contribuir, de maneira significativa, com a governança e o desempenho financeiro das organizações, características importantes para o desenvolvimento profissional e a construção de carreiras bem-sucedidas no campo da administração.
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 1976. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 28 fev. 2024.
BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2007. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 28 fev. 2024.
GRAMLING, A. A.; RITTENBERG, L. E.; JOHNSTONE, K. M. Auditoria. Tradução técnica de Antônio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
RIBEIRO, O. M.; COELHO, J. M. R. Auditoria fácil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.