Olá, caro aluno do ensino médio. Seja bem-vindo a mais uma lição do curso de Controladoria e Finanças II, do curso Técnico em Administração. Já vimos muita coisa em nossos encontros, desde a parte inicial da disciplina até os assuntos mais complexos e técnicos. Vimos, recentemente, algumas ferramentas mais tradicionais que nos auxiliam no controle e gestão de estoques e também as novas ferramentas que vêm surgindo para facilitar ainda mais nosso trabalho, sobretudo em suas funções mais básicas e repetitivas.
Na lição de hoje, nosso objetivo é simples e, ao mesmo tempo, crucial para o desenvolvimento das empresas: trata-se de aprofundar um pouco mais os nossos conhecimentos sobre um setor específico denominado tesouraria dentro das empresas. Vamos aprender sobre suas características e como você pode atuar auxiliando a empresa nesse que pode ser o setor essencial para seu sucesso ou fracasso no mercado. Bora entender um pouco mais sobre esse setor?!
Imagine que você necessita realizar um investimento para ampliar a produção de sua firma, mas não sabe se terá que contratar um financiamento, se terá entradas futuras programadas suficientes para bancar com recursos próprios ou nem mesmo conhece se já possui recursos para realizar o pagamento à vista.
Da mesma maneira, você já tem uma certa previsão de entradas e saídas para os próximos meses, mas não conhece a sua capacidade de continuar atuando no mercado caso algum cliente não realize o pagamento esperado, ou se obterá recursos para diversificar sua produção nos próximos anos.
São muitas dúvidas que um gestor não pode ter para que seja possível tomar as melhores decisões, ou seja, as mais assertivas possíveis. E sabe qual é o setor que pode auxiliar nesse processo? A dica é olhar o título da lição de hoje e lê-la atrás da resposta. Vamos nessa.
O estudo de caso de hoje trata da história (fictícia) de uma empresa chamada Girassol Móveis rústicos. No coração dessa empresa, estava a tesouraria, um departamento muitas vezes negligenciado pelos olhos de fora, mas que desempenhava um papel vital nos bastidores. A líder da tesouraria, Sofia, era uma mulher inteligente e perspicaz que compreendia profundamente a importância de seu papel.
A tesouraria da empresa não era apenas responsável por gerenciar o dinheiro da empresa; ela cuidava com muito afinco do fluxo de caixa da empresa, sendo que, quando o dono da empresa resolveu investir em uma linha especial de móveis, foi graças a Sofia que essa visão se tornou realidade. Ela garantia que os fornecedores de matéria-prima fossem pagos a tempo, permitindo que a produção ocorresse sem contratempos.
Além disso, Sofia e sua equipe de tesouraria monitoravam de perto as contas a receber, asseguravam que os clientes pagassem suas faturas dentro do prazo, permitindo que a empresa continuasse a operar, investir em novos designs e oferecer empregos estáveis à comunidade local. Certa vez, a empresa enfrentou uma crise quando um grande cliente faliu, deixando uma dívida significativa pendente. A situação parecia desafiadora, mas Sofia estava determinada a encontrar uma solução. Ela colaborou com a equipe de vendas e desenvolveu um plano para diversificar a base de clientes, reduzindo, assim, o risco de dependência de um único cliente.
Assim, os anos passaram, a empresa continuou a prosperar, em parte devido ao papel vital da tesouraria. Sofia e sua equipe não apenas mantiveram as finanças da empresa em ordem, mas também foram consultores estratégicos, fornecendo informações valiosas para tomadas de decisão dos gestores.
O caso fictício da empresa Girassol Móveis Rústicos destaca a importância da controladoria e finanças nos bastidores de uma organização. Liderada por Sofia, a tesouraria desempenhou um papel fundamental no sucesso da empresa. Além de gerenciar o dinheiro e o fluxo de caixa com precisão, Sofia desempenhou um papel estratégico na transformação da visão do proprietário em realidade, garantindo que os fornecedores fossem pagos a tempo e as contas a receber fossem mantidas sob controle. Em momentos de crise, como a falência de um grande cliente, Sofia e sua equipe demonstraram resiliência e adaptabilidade, trabalhando em colaboração com outras áreas da empresa para encontrar soluções. Esse estudo de caso ilustra como as áreas de controladoria e finanças desempenham um papel vital, não apenas mantendo as finanças em ordem, mas também contribuindo como consultores estratégicos para a tomada de decisões empresariais.
Bom, iniciamos nossa conceitualização da lição de hoje definindo o papel de um setor importantíssimo de uma empresa: a tesouraria. Segundo Gitman (2010), a gestão da tesouraria é o nome dado ao conjunto de atividades que administra todas as entradas e saídas de recursos de uma empresa ou organização. Ela se demonstra importante, pois possibilita que se realizem os planejamentos de ações gerenciais, relacionadas com os investimentos da empresa, todo processo de captação de recursos, a contratação de crédito junto a fornecedores, ou a concessão de crédito a clientes, seja no curto, médio ou longo prazo.
A tesouraria é uma área presente nos mais diversos tipos de empresas, possuindo papel essencial na condução das finanças dos negócios. O principal objetivo é manter todos os recursos financeiros em ordem, ou seja, é um setor que concentra as informações mais importantes da empresa em relação às decisões que ela deverá tomar.
É normal esse setor ser desprezado pelos olhares de quem está de fora da empresa, no entanto, para os agentes que mantêm contato direto com a companhia, possui bastante valor e utilidade. Seu bom gerenciamento permite à empresa garantir que se tenha recursos disponíveis quando forem necessários, desde simples ações como pagamentos de contas já contratadas até decisões voltadas a investimentos e controle de operações estratégicas.
Podemos separar as funções da tesouraria em diversos grupos, como:
que cuida das finanças da empresa. Dessa forma, desenvolve estratégias que visam a maximização dos retornos de investimentos, a redução dos riscos e monitora o desempenho financeiro das operações.
com relação a esses assuntos, a tesouraria exerce papel de rastreamento dos pagamentos e recebíveis da empresa, assegurando a gestão de todas as transações ocorridas. Também fica responsável pelo processamento de cartões de crédito, dentre outros mecanismos de pagamento e recebimento.
a tesouraria executa o monitoramento e gerenciamento do fluxo de caixa da empresa, incluindo nele as previsões de pagamentos e recebimentos, as despesas esperadas, visando à existência de recursos disponíveis a cada período em que forem necessários.
esse setor acaba por gerenciar o risco financeiro da empresa, incluindo a mensuração da exposição da empresa, cálculo dos riscos financeiros e a indicação das operações necessárias para os amenizar, identificando, assim, todos os riscos envolvidos em relação às transações ou investimentos da empresa.
nessa etapa, ou subfunção da tesouraria, é averiguado se as informações referentes às transações estão corretas e se é necessário realizar a reconciliação das contas bancárias da empresa.
cabe, em relação a essa tarefa, que a tesouraria realize a investigação de quais os fundos de investimentos potenciais, gerencie sua utilização, maximizando a aplicação dos recursos disponíveis da empresa.
por fim, este último foco da tesouraria que apresento refere-se ao papel da compreensão e interpretação das demonstrações financeiras e das contribuições em relação aos regimes tributários.
Com relação ao fluxo de caixa, a atenção da tesouraria é tanta que merece um destaque maior em nossa lição. De acordo com Santos, Ferreira e Faria (2009, p. 76), a gestão de caixa, principal função da tesouraria de uma empresa, torna-se importante, pois é capaz de:
obter descontos dos fornecedores, tendo em vista que o custo de não utilizá-los é alto;
manter a classificação de crédito, por meio da liquidez corrente e sua liquidez seca alinhadas com as de outras empresas de seu setor;
aproveitar oportunidades de negócios favoráveis, como promoções especiais dos fornecedores ou a chance de adquirir outra empresa;
enfrentar emergências como greves, incêndios ou campanhas de marketing dos concorrentes e também para suportar quedas sazonais ou cíclicas no nível de atividade.
Então, a tesouraria, ou sua gestão corporativa, torna-se importante exatamente pelo fato de coordenar as entradas e saídas dos recursos financeiros da empresa. Ainda mais considerando o fato de a maioria das empresas objetivarem o lucro, é nessas variáveis que detêm sua maior atenção. Isso não quer dizer que empresas sem fins lucrativos não devem possuir ou administrar sua tesouraria. Na verdade, diria que se torna até mais importante nestes casos, pois se já não possuem lucros, sua atuação frente aos recursos que recebe possui margem restrita, ou seja, qualquer desembolso a mais pode representar falta de recursos disponíveis.
Da mesma forma, se for realizada uma boa administração da tesouraria, isso pode possibilitar à empresa a organização de seus recursos, bem como a visualização das possibilidades de investimentos. É ela que permite às empresas uma maior estabilidade financeira, permitindo a geração de riqueza, através dos conhecimentos operacionais e administrativos da empresa.
Neves e Pessoa (2006), SEBRAE-SP (2008) e Santos, Ferreira e Faria (2009) estudam, em diferentes focos, os principais motivos que levam as empresas a fecharem logo após iniciarem suas atividades. Como principais fatores, eles apontam a falta de informação, juntamente com o planejamento para o gerenciamento das atividades empresariais. Dessa forma, podemos dizer que uma empresa que possui uma tesouraria bem organizada tem menor chance de fracasso que outras que não a possuem.
Com relação ao longo prazo, é necessária a visualização da necessidade de recursos futuros e a sua provisão, para que seja possível arcar com os compromissos assumidos quando eles vencerem. Dentre as principais atividades realizadas por uma tesouraria empresarial, podemos citar: atualização de cadastros, controle de fluxo de caixa da empresa, das contas a pagar e a receber, dos recursos captados ou a serem captados pela empresa, na aplicação de recursos financeiros, na conciliação bancária e provisão de recursos.
É como se esse setor tivesse a capacidade de rever o passado e prever o futuro. É claro que toda projeção possui sensibilidade em relação a sua concretização, pois se baseia em informações que ainda não foram coletadas. Mesmo assim, permite que se antecipe situações de maior atenção futura e que se organize para enfrentá-las.
Assim, independentemente do tamanho da empresa, a tesouraria garante sua saúde financeira, tornando-a menos vulnerável a situações do mercado devido ao acompanhamento diário de suas informações. É um campo em constante mudança e atualização, mas que possui grande potencial para questões não apenas financeiras da empresa, mas também para as estratégicas e operacionais.
Em resumo, para que se alcance sucesso em qualquer negócio, torna-se vital que se realize a gestão da tesouraria. Isso requer, é claro, conhecimentos técnicos específicos que você, enquanto futuro Técnico em Administração, está recebendo em sua formação, e que podem ser bastante úteis às empresas. Também será necessário se aprofundar em conhecimentos em relação ao setor, conhecer sua concorrência e estrutura disponível, para que se possa realizar da melhor maneira as previsões necessárias.
Para que se tenha uma gestão de tesouraria considerada eficiente, posso indicar alguns itens a se observar, como: a estruturação do setor de tesouraria da empresa, a utilização de profissionais competentes para auxiliar na parte de planejamento estratégico, capacitação contínua da equipe e investimentos em sistemas de gestão.
Por último, quero deixar aqui que, caso a empresa não tenha recursos para investir em sistemas de gestão pagos, pode se utilizar do próprio Excel, que, apesar de ser limitado, dará conta de responder a todas as funções e utilidades apresentadas em nossa lição de hoje. No entanto, vale sempre analisar cada caso à parte, para avaliar a necessidade e possibilidades de utilização de recursos específicos ao setor de atuação.
Bom, chegou, agora, a hora de aplicarmos uma parte do conhecimento acumulado na lição de hoje. Sendo assim, deixo como sugestão de aplicação de conteúdos que você utilize uma planilha do Excel e organize o fluxo de caixa de uma empresa fictícia através dela. Na verdade, você pode fazer ainda melhor: pense naquela ideia que você sempre teve e nunca achou que seria viável. Aproveite agora mesmo para colocá-la em teste.
Em uma coluna, coloque todas as despesas que você teria ao iniciar essa atividade, incluindo gastos com funcionários, infraestrutura, materiais, dentre outros itens. Em outra coluna, coloque as entradas que você projeta em relação às vendas realizadas, aportes de investidores, dentre outros recursos. Não se esqueça, ainda, de considerar os prazos das entradas e saídas, e se elas são suficientes para manter a empresa funcionando por um longo prazo.
Assim, será possível que você consiga entender a importância da tesouraria das empresas, fazendo esse papel de organizar e programar corretamente as retiradas de dinheiro do caixa de acordo com as entradas de recursos ocorridas, ação essa que poderá fazer parte do seu dia a dia enquanto Técnico em Administração.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2010.
NEVES, J. A. D.; PESSOA, R. W. A. P.. Causas da mortalidade de micro e pequenas empresas: o caso das lojas de um Shopping Center. Revista Organizações em Contexto, n.4, p. 165-195, dez. 2006.
SANTOS, L. M.; FERREIRA, M. A. M.; FARIA, E. R.. Gestão financeira de curto prazo: características, instrumentos e práticas adotadas por micro e pequenas empresas. Revista de Administração da UNIMEP, v. 7, n.3, set. /dez., 2009.
SEBRAE-SP (SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS - SÃO PAULO). 10 anos de monitoramento da sobrevivência e mortalidade de empresas. São Paulo: SEBRAE-SP, 2008.