Olá, estudante do Ensino Médio! Seja bem-vindo(a) a mais uma lição da disciplina de Controladoria e Finanças 2, do curso Técnico em Administração. Até agora exploramos muitas coisas envolvendo o universo dos estoques, por isso, você já sabe a importância do estoque, no que consiste um inventário de estoques, sua importância e, também, os principais tipos existentes.
Nesta lição, continuaremos abordando essa mesma temática, entretanto, nesse momento, a proposta será te trazer as metodologias mais tradicionais utilizadas para o controle de estoques e seu inventário. Dessa forma, você aprenderá sobre o Plano Mestre de Produção (PMP), o MRP-I, o MRP-II e o ERP. Se estas siglas ainda são um enigma a você, não se preocupe, estou aqui para desvendá-las e mostrar como essas metodologias desempenham um papel crucial em nosso cotidiano, especialmente quando se trata de gerenciar eficazmente os estoques. Vamos juntos explorar essas ferramentas e entender como elas podem ser aplicadas no mundo real.
Imagine atuar em um local que trabalha com vendas e não ter conhecimento sobre a quantidade de materiais disponíveis em seu estoque ou, pior ainda, não ter uma visão clara das futuras necessidades de aquisição ou produção de mercadorias. Teria como trabalhar dessa forma? Por incrível que pareça, isso pode acontecer em alguns locais, mas, em uma situação assim, torna-se extremamente desafiador planejar as operações de forma eficiente, equilibrando os pedidos recebidos com a produção e entrega necessárias.
Agora, visualize a necessidade de estimar a produção para o próximo mês, ou então, considere que você esteja ponderando decisões cruciais relacionadas a investimentos para o próximo ano. Como fazer isso sem possuir informações sobre a demanda esperada para esses períodos? Como fazer estimativas sem saber ao certo a capacidade produtiva de sua empresa e sua efetiva utilização?
Fica muito mais fácil resolver esses e muitos outros assuntos, quando há ótimo controle, não é mesmo? Portanto, para que esse controle seja efetivo, é preciso adotar metodologias padronizadas. Tal iniciativa garantirá a geração de informações confiáveis, as quais desempenharão um papel fundamental no processo de tomada de decisões para os próximos períodos, tornando-as mais precisas e direcionadas. Sendo assim, que tal embarcarmos nesta jornada de aprendizado sobre essas metodologias?
Neste exemplo, apresentarei o caso de uma empresa que fabrica produtos escolares, com foco especial em canetas esferográficas. Suponha que essa empresa tenha recebido de um cliente que fechou um grande contrato um pedido significativo para a produção de canetas azuis. Nesta situação, é crucial que a empresa saiba quanto tempo levará para atender a esse pedido.
Para resolver esse desafio, a empresa pode recorrer a diferentes metodologias. Na Tabela 1, exemplificarei como seria o processo de planejamento de produção utilizando o método MRP-I.
Não tenho a intenção de demonstrar toda a metodologia necessária para construir essa tabela. No entanto, como um(a) Técnico(a) em Administração, você possui a capacidade de examinar essa tabela e visualizar, na prática, como ela foi construída. Se analisar, verá que é possível identificar as partes que compõem o produto, no caso, uma caneta azul. Outro ponto importante a analisar é a ordem de execução, representada pelos níveis e pelo tempo de demora à sua produção e, consequentemente, à entrega do pedido. Durante a análise, você também consegue verificar a programação para trás, que diz respeito a quantos dias antes da entrega final precisa ser iniciada a produção dos itens, porém não nos aprofundaremos nesta questão.
O case, mesmo apresentando uma situação fictícia, demonstra que é necessário visualizar sempre a análise de uma situação, ou seja, preste atenção em todos os elementos que a situação contém. Além disso, o case também demonstra uma das metodologias tradicionais utilizadas para obter o controle adequado dos estoques bem como demonstra a necessidade de realização de novos pedidos ou compras de insumos.
Vamos entender mais essa metodologia? Ela será muito útil em seu dia a dia como profissional.
Com a produção industrial, sobretudo após a adesão pelas máquinas, surgiu a necessidade de controlar a produção de bens de consumo e, também, a necessidade de métodos para realizar este tipo de controle. É certo que, ao longo do tempo, diferentes conjuntos de métodos foram adotados pelas empresas. Além disso, a escolha do método apropriado, muitas vezes, depende do tipo da empresa em questão.
Por isso, hoje, em nossa lição, exploraremos os principais métodos amplamente reconhecidos. Começaremos pelo Plano Mestre de Produção (MPS) e, em seguida, abordaremos os métodos MRP-I e MR-II e o sistema ERP.
O Plano Mestre de Produção ou PMP é um documento que mostra o que deverá ser produzido, em qual quantidade e durante quanto tempo. Sendo assim, esse documento determina o tempo que cada produto final levará em seu processo produtivo bem como as informações de demanda e estoque disponíveis em cada período. Sendo assim, o PMP é utilizado para projetar a necessidade de estoque dos próximos períodos, ou seja, se não existe estoque suficiente em relação aos pedidos, é constatada a necessidade de nova produção (SLACK et al., 2009).
Segundo Slack et al. (2009), o Plano Mestre de Produção tem como atividade principal a gestão de pedidos por meio da verificação da capacidade de execução deles, tendo em vista a disponibilidade de materiais. Dessa forma, é possível que a empresa saiba se será capaz ou não de cumprir o prazo estabelecido pelo cliente, tendo em vista garantir o atendimento do pedido desde o processo de venda.
A sigla MRP-I significa Planejamento das Necessidades de Materiais, em português. Sendo assim, como podemos prever pela própria tradução da sigla, esse plano tem como objetivo planejar a compra de materiais pelas indústrias. É ele que determina o que, quando e quanto comprar de um produto, ou seja, permite o planejamento logístico e a avaliação da capacidade de entrada e saída de insumos ou produtos. Indica, portanto, a necessidade de material para atender ao processo produtivo, por meio da sincronia dos fluxos internos e externos, da redução dos estoques, do aumento da capacidade de atendimento e da otimização da gestão de materiais.
Segundo Martins e Campos Alt (2009), o MRP-I pode ser entendido como uma técnica que permite a determinação das necessidades de compras dos materiais a serem utilizados na fabricação de certo produto. De acordo com Slack et al. (2009), ele consiste em minimizar o investimento em inventário e obter o material certo, na hora e na quantidade certas, tendo como principais objetivos:
A diminuição dos custos de estoques.
O controle dos produtos perecíveis.
A diminuição da improdutividade relacionada a: falta de materiais, tempo necessário para a preparação das mercadorias, quebras de máquinas ou necessidade de horas extras.
A diminuição dos custos de materiais e transportes.
A diminuição dos custos de obtenção de insumos.
Também podemos dizer que esse tipo de sistema tem alguns benefícios, tais como: ajudar a produzir e a comprar apenas o essencial, em momento oportuno, isto é, apenas o necessário, no momento necessário. Com isso, é possível eliminar grandes estoques bem como alinhar as entradas e saídas de mercadorias de acordo com as operações de fabricação e montagem. Além disso, é possível que sugestões de ordens de produção e solicitações de compras sejam baseadas em uma previsão das vendas, alinhando, assim, as expectativas de acordo com as pesquisas de mercado.
Em outras palavras, essa metodologia permite que façamos uma espécie de projeção do saldo de estoque, calculando as saídas e as entradas e, obtendo, assim, a necessidade real de estoque a cada período do tempo. É bom deixar claro que, para alcançar tais objetivos, a empresa precisa ter alinhamento entre seus setores e estes devem atuar de forma ordenada e organizada, tornando todo o processo o mais eficiente possível.
O MRP-II — Manufacturing Resource Planning — ou Planejamento dos Recursos de Manufatura, em português, é focado em antecipar necessidades futuras com base no histórico de uma empresa. Por esse sistema, não apenas são automatizadas as aquisições, mas também são feitas listas de sugestões consecutivas. Nesse tipo de sistema, além de planejar as compras de materiais e a questão logística, é possível também realizar o planejamento financeiro (ou seja, o capital de giro que será necessário nessa operação), planejar a capacidade instalada ou eficiência produtiva e o planejamento de investimentos (uma visão futura do negócio). O MRP-II atua, portanto, com o provisionamento, planejamento e controle dos materiais, recursos físicos e financeiros de uma empresa.
Segundo Corrêa et al. (2007), a principal diferença entre o MRP-I e o MRP-II é: enquanto o primeiro orienta as decisões do que, de quando e do quanto produzir ou as decisões relacionadas às compras em uma empresa, o segundo vai além e inclui as decisões de como fazer tarefas, ou seja, incorpora os métodos e recursos a serem utilizados para executar essas atividades. Sendo assim, esses autores comentam que o MRP-II consiste em um conjunto de atividades que envolve o planejamento e controle das operações de produção.
A implantação do MRP-II possui algumas funções, como:
Planejamento de produção.
Planejamento das necessidades.
Calendário geral de produção.
Planejamento das necessidades dos materiais (MRP-I).
Compras.
Assim, com a instalação dessa segunda versão, a empresa torna-se mais eficiente em termos de redução de estoque, obtém maior consistência nos tempos de entrega ao cliente e reduz o seu tempo de mão de obra, além de garantir aos seus gestores dados e ferramentas necessárias para sua tomada de decisão na implementação de objetivos em curto, médio e longo prazo.
Mesmo com esses métodos, algumas informações cruciais ainda não eram totalmente atendidas pelas empresas. Dessa forma, ultimamente, tem sido muito divulgado outro método, o qual é denominado ERP — Enterprise Resource Planning — ou Planejamento de Recursos Empresariais, em português, que tem por função facilitar o fluxo de informações entre todas as atividades da empresa desde a fábrica, todos os seus processos logísticos e setores-chave, como o financeiro e o administrativo. É uma espécie de banco de dados que opera em uma plataforma comum entre os agentes, os quais interagem com conjuntos de aplicações disponíveis, consolidando todas as operações de um negócio em um simples ambiente computacional (SLACK et al., 2009).
Em relação às metodologias existentes, esse método demonstrou ser habilidoso e rápido, possível de ser alimentado por todos os setores envolvidos na solicitação do serviço em tempo real, ao receber interação com todas as áreas e eliminar o duplo trabalho, considerando ainda a integridade das afirmações obtidas.
A administração do sistema é vista como algo essencial que permite a aplicação dos conhecimentos administrativos no projeto e na criação de um sistema ou software, visando sempre à delimitação de metas, à criação de soluções alternativas bem como à coordenação e ao controle das tarefas realizadas, para a criação de um produto personalizado que atenda às necessidades individuais das empresas.
É claro que esse tipo de controle pode ser totalmente informatizado, mas nem todas as empresas possuem tecnologias de ponta. Por isso, dedicamos esta lição a entender as partes mais conceituais desse sistema de controle de estoques inventários para, agora, iniciarmos na construção de métodos mais complexos.
Martins e Campos Alt (2009) destacam que certas empresas, graças aos seus sistemas de controle automatizado, conseguem otimizar significativamente seus processos. Quando as mercadorias chegam, um leitor óptico as registra instantaneamente no sistema. Da mesma forma, quando esses produtos são vendidos, o mesmo leitor efetua a redução automática dos níveis de estoque. Além disso, esses sistemas têm a capacidade de gerar análises de vendas mensais, comparar desempenhos entre diferentes setores e períodos e até mesmo iniciar novos pedidos assim que o estoque atinge um limite mínimo preestabelecido.
Em linhas gerais, é fundamental que uma organização estabeleça um sólido planejamento de gestão de recursos empresariais, conhecido como ERP, independentemente da abordagem escolhida para sua implementação. Isso se deve ao fato de um ERP permitir a coleta de informações essenciais que permeiam as operações diárias da empresa. Ele também facilita a incorporação de novos conhecimentos e práticas que contribuem para aprimorar o suporte à tomada de decisões corporativas.
Na próxima seção, aprofundaremos ainda mais neste tópico e discutiremos as tendências modernas relacionadas a esses métodos.
Agora é o momento de colocarmos em prática o conhecimento adquirido nesta lição. Retomaremos a tabela apresentada durante o case desta lição, para que nesse momento, possamos analisar a programação para trás, isto é, visualizaremos o tempo necessário para a confecção de cada produto e a sua ordem de execução.
Por exemplo, imagine que precise saber quanto tempo será necessário para concluir a produção do item “carga”. Como você faria a identificação desse tempo?
Auxiliarei você nesse processo, tudo bem? Começaremos analisando novamente os dados da Tabela 1 para obter esta resposta!
Se você observar atentamente, analisando a tabela, nos itens “Tempo de execução”, “Nível” de cada produto e, também, a “Programação para trás”, perceberá que a produção do item “Carga”, ocorrerá após a finalização de outros três componentes: a ponta esferográfica, o tubo de tinta e a própria tinta.
O processo começa com a preparação da tinta, que leva apenas 1 dia. No entanto, a ponta esferográfica requer 5 dias para ser produzida, e o tubo de tinta demanda 8 dias para ser fabricado. Somente após a conclusão desses processos é possível iniciar a produção do item “Carga”. Portanto, embora a tinta esteja pronta no primeiro dia, e a ponta esferográfica, no quinto, o tubo de tinta estará disponível somente no oitavo dia. A partir desse ponto, começam a ser contados os três dias necessários à fabricação do item “Carga”. Sendo assim, esse item requer, na realidade, um total de 11 dias para ser completamente produzido!
Viu como não é tão complicado entender essas ferramentas? Este conhecimento que você aprendeu nesta lição é vital para o profissional Técnico em Administração, pois permite uma gestão eficiente das operações, dos recursos e da tomada de decisões. Essas ferramentas estão conectadas à produção, otimização de recursos e integração de processos em uma organização, por isso, são essenciais para a competitividade e eficiência. Além disso, o avanço tecnológico e a compressão holística dos negócios (visão abrangente e integrada da organização) são aspectos-chave que destacam a importância desse conhecimento em relação à administração.
Bem, agora que você entendeu a importância dessas ferramentas e como funciona a análise da tabela apresentada, que tal verificar quanto tempo a caneta leva para ser produzida totalmente? Para isso, basta analisar a tabela da mesma forma que na situação anterior, porém considerando todas as etapas! Para a conferência, compartilhe com seus colegas de turma o que encontrou!
CORRÊA, H. L. et al. Planejamento, Programação e Controle da Produção MRP II/ERP. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MARTINS, P. G.; CAMPOS ALT, P. R. C. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2009.
SLACK, N. et al. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.