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― ― Fica bem, filha. Prometo que eu volto logo, então se cuida, Beato.
Ao contrário do que muitos imaginam, por trás da figura desleixada de Benimaru, há um bom e preocupado pai que anseia pela cura de sua filha.
“Beatrice” ou “Beato”, como Benimaru chama, é a única filha do maior. A garota em questão tem um cabelo liso ruivo, uma toalha branca levemente molhada na testa e um vestido simples preto no corpo. Se não fosse sua respiração forte e ofegante, pode se dizer que parece um cadáver em um caixão.
Seus olhos fechados e exprimidos, sua respiração forte e alta indicam o maior problema de Benimaru: a doença de Beato. Não se sabe o que ela tem, como adquiriu e qual sua cura - nem nunca sequer foi procurado algo como uma cura para ela.
Seja por algum trauma passado ou ressentimento, Benimaru deixa apenas a mãe de Iley se aproximar de Beatrice para cuidar dela, apenas quando ele está fora da vila. Benimaru é uma pessoa reservada e extremamente difícil quando se trata dela, ao ponto que sequer gosta de citar sua filha numa conversa.
Embora seja especulada a razão disso, ela é bem simples: medo de rejeição. Em uma vila onde apenas os lefous habitam, Benimaru teme que pode ser um problema a longa escala se descobrissem que Beatrice é filha de Benimaru, um lefou, junto a uma mulher humana.
Indiferente disso, Benimaru confia na mãe de Iley para cuidar dela. Afinal, ela também é uma humana. Na cabeça dele “uma humana não iria matar alguém de sangue meio humano, certo?” e, embora tivesse chances até agora, ela nunca fez nada de mal a Beatrice.
Benimaru acredita que Thersia, mãe de Iley, era alguém bom, afinal ela até mesmo adotou Iley, que foi abandonado por lefous na vila. Assim, eles seguem em uma relação de amizade e confiança, onde Benimaru protege a vila e Thersia protege sua filha.
― ― Me chamou, Benimaru?
― ― Ah… sim. Entre, por favor. - Convidou Benimaru.
Qualquer um que visse aquela cena poderia facilmente dizer “esse não é Benimaru”. mas, ao contrário do que muitos pensam, aquele era o verdadeiro Benimaru.
Enquanto entrava, Thersia observava Benimaru acariciando o rosto de sua filha, com gestos calmos e serenos, totalmente contrastantes com sua própria aparência bruta e desleixada.
Assim que ela entrou na cabana, se aconchegou em uma cadeira enquanto dava alguns segundos de paz a Benimaru, até o próprio maior interromper aquele momento.
― ― Já sabe, né? Vou ter que sair por aí.
― ― Sim, sim. Eu imaginei.Tem certeza que vai?
― ― Ela ficaria orgulhosa de mim se soubesse que eu salvei umas vida, né não?
― ― Sim, sim. Certamente. Pode confiar em mim.
― ― Muito obrigado. Vou aproveitar e ver pra onde seu homem se meteu, ele já deveria ter voltado a um tempo. Estou bem desconfiado dos dois lá fora. Tipo, como eles entram aqui sem nenhum dos nossos acompanhar eles? E pior, atacando os outros?
― ― Sim. É realmente, bem estranho sim.
― ― Aqueles homens são tudo um mais idiota que o outro. mas, tão longe de ser burros.
― ― Sim. Se puder, diga a ele que eu estou com saudades. E briga com ele, pra ele não preocupar assim! - Disse Thersia, com um riso fraco, olhando para baixo.
― ― Hah. Pode deixar, vou acordar ele pra vida. Mas, tô indo nessa. Quanto antes eu ir, mais rápido eu estarei aqui.
― ― Sim, sim. Faça uma boa viagem.
Com essa conversa, Benimaru saiu da cabana. Já era noite, a briza fria tomava conta do ar. Em direção a ele, os dois homens, Caim e Abel, se levantaram do chão e foram até o maior.
― ― Podemos ir? - Disse Caim.
― ― Bora nessa. - Disse Benimaru, caminhando rumo às extremidades da vila junto aos outros dois homens.