EPISÓDIO JÁ DISPONÍVEL!
― ― Benimaru…
― ― Huh?
Respondeu para a voz afinada e “imatura" que ditou seu nome. O maior, resmungão como sempre, era Benimaru. Cerca de 190 cm, um corpo magro e um cabelo em rabo-de-cavalo bem volumoso, lembrando quase a pelagem de um Leão. Em maior destaque além de sua própria altura, seu cabelo brilhava diante ao sol, exibindo seus belos e mal cuidados cachos longos brilhando em Escarlate.
Quanto à voz imatura, se tratava de um garotinho calmo e adorável, com cachos menores nem chegando sequer até seus ombros. Se o mesmo tinha mais de 160 cm, deveria ser um milagre, afinal, ele era uma mosca perto de Benimaru.
Segurando-o pela perna, de ponta cabeça, o maior apenas lançou o garotinho com um pouco de força, como se jogasse algum saco de folhas para frente. O garoto caiu sob alguns fenos que amorteceram sua queda, dizendo suas desculpas assim que caiu com certa segurança.
― ― Desculpa!! Eu prometo que nuunca mais vou tentar te roubar. Sério!
― ― Até parece que vou cair nesse seu papinho sem pé nem cabeça, viu. Vai jogar uma bola ou sei lá, vai.
Benimaru falou com total naturalidade e calma, ainda que sua voz grossa soasse como se ele fosse ali mesmo executar o garoto que, embora à primeira vista era adorável, tinha um lado travesso e esperto, tentando diariamente mostrar a Benimaru que era o mais forte por ser capaz de o roubar.
Na tentativa de o pegar de surpresa, o garoto tentou novamente agir, dessa vez por impulso ― jogou um pouco de feno ao alto para tentar confundir o maior, se movimentando com toda sua agilidade pelo chão para entrar na cabana atrás de anos, cabana essa que era o lar de Benimaru.
Com sua expectativa nas alturas e um sorriso travesso no rosto, o suor do garoto escorreu sobre seu rosto e caiu ao chão. Com tanta empolgação assim.. ele finalmente conseguiu!
― ― Ahhh! Droga.
Conseguiu ser paralisado novamente por Benimaru que, em um piscar de olhos, só levou a mão pra baixo e o segurou pela cabeça, paralisando-o.
― ― Se você quer ser o mais forte, deveria vir num mano-a-mano, esse seu jeitinho de malandro tá com nada.
― ― Bleeeh. ― mostrou a língua para Benimaru. ― ― Meu pai sempre me disse que a maior magia de todas é saber usar a cabeça. Ele não mentiria para mim!
― ― Claro. Claro.
Soltou o garoto, simplesmente desistindo de argumentar. Benimaru é alguém simples: menos falas, mais ação.
Após soltar o garoto, arrumou suas vestes que eram quase como um roupão cinza com detalhes em escarlate. Sua calça era quase tão folgada e confortável quanto a vida dele sendo o mais forte ali, apenas com um chinelo de dedo calçado em seus pés.
― ― Não tira sarro de mim! Eu estou quase te vencendo todos os dias, Bleh.
― ― Claro. Claro.
― ― É sério!!
― ― Claro. Claro.
― ― Só sabe dizer isso agora?!
― ― Claro, claro. ― respondeu em seguida o garoto, com um tom sarcástico.
Podia se dizer que a personalidade de Benimaru era mais infantil que a da própria criança que “competia” com ele.
Além dos cachos e de que era muito menor que Benimaru, o garoto mesmo parecendo inocente, não era tão juvenil assim. Tinha cerca de treze anos, faltando apenas mais dois anos para ser considerado “independente” naquele mundo.
Usava apenas um macacão de couro e uma camisa amarela ― que deveria ser branca se não fosse a sujeira nela ― junto a um calção preto feito do mesmo tecido do Benimaru.
Seguiu Benimaru até a cabana, se sentando junto ao maior em frente a ela. O maior então cortou aquele pequeno silêncio.
― ― Mas, diz aí. O que cê quer de mim, huh?
― ― A gente não ia treinar hoje?
― ― Ah, eu me esqueci. Mas, você sabe que preciso da permissão do seu pai para isso.
― ― Não pode nem um pouquinho? Rapidinho?
― ― Nem.
Em seguida, o jovem cruzou os braços e ficou quase como se tivesse desapontado mas, acima de tudo, ansioso. Buscava esse treino a quase mais de um mês e, depender de seu pai ausente para ter permissão era chato para ele.
― ― Mas meu pai sempre dizia que eu já era grande e podia tomar minhas decisões!
― ― Diz isso pra sua mãe, vai.
― ― … Eu não sou tão grande assim. ― Ainda que não fosse uma piada, o modo que o garoto falou tirou um riso da boca de Benimaru.
― ― Falando nisso, quando seu pai volta, hein Iley’Vot?
― ― É só “Iley”! Mas, não sei. Mamãe diz que ele já deveria ter retornado ontem, mas esses atrasos acontecem. Eu acho.
― ― É. Às vezes acontece dessas. Mas, bem, já está tarde, né? Que tal ir andando?
Enquanto Benimaru fala, as terras daquela vila tremem. Era quase como o anúncio de algo prestes a acontecer. Antes que o Iley respondesse, Benimaru complementou.
― ― Como você mandou bem hoje, eu te acompanho até em casa. Pode ser?
― ― Eu mandei… bem? ― Falou o garoto com um riso sincero no rosto.
― ― É. Acho que sim. Heh.
Assim, seguiram até a cabana em que Iley morava. No percurso, encontrariam a mãe do garoto. Mas, antes disso…
― ― Quase!
Ditou Benimaru como se fizesse um esforço repentino, empurrando o garoto que caiu para trás, sentado. Antes que o garoto falasse algo como “Ei, por quê isso?!”, o próprio Iley entendeu a situação.
... Continua.