EPISÓDIO JÁ DISPONÍVEL!
— O mundo… chegará ao seu fim. O início do fim… está chegando.
O calor começa a iluminar e aquecer aquele local, cada ponto começando a brilhar sincronizadamente ao redor daquele salão que, mesmo agora iluminado pelas tochas ao redor, ainda mantém seu semblante obscuro e intimidador.
Ao centro, uma mesa redonda. Uma mesa consideravelmente grande, com vinte e um acentos em seus arredores. Porém, apenas um estava ocupado. Aquele em frente a porta de entrada era ocupado por um homem que, por hora, estava vivo.
— Não me ameace com essa de “fim de mundo”. Isso é apenas para os fracos.
— Mas, você não é um deles? Apenas mais um fracote?
— Não me compare aos fracos. Fraco é aquele que acredita no fim. Fraco é aquele que cedeu a Tormenta.
Antes que pudesse dizer mais algo, foi ouvido passos pesados se aproximando do acento já ocupado. Em questão, o acento foi liberado, sem ninguém ali, afinal, aquele que estava sentado foi jogado ao chão em um único puxão bruto pela gola de sua roupa.
Antes que pudesse falar mesmo no chão, perdeu seu ar por alguns segundos. Foi pisoteado bem ao centro de seu peitoral. O pé que pisava nele se moveu, se esfregando no peitoral daquele sem ar. Com certeza, era para machucar.
Usado como pano de chão, sorriu, ao recuperar um pouco de ar.
— Posso ser velho, mas não vou cair nesse papo de vocês. Já passei por muito em minha vida, um golpe fraco destes não vai me parar.
O pé que pisoteou aquela pessoa de certa idade no chão parou de se esfregar nele. Agora, sem ao menos pensar duas vezes, chutou o rosto deste. Talvez, tenha sido um golpe bom o bastante para arrancar algum dente, afinal, a boca do homem caído sangrou.
Aquele, mais violento, se agachou perto do ensanguentado, o segurando pela gola da roupa da exata mesma maneira que fez antes de o atirar ao chão.
Aproximou o rosto com sangue do seu, encarando-o olho-a-olho.
— Você não deseja um mundo mais puro?
— É o que todo Rei quer.
— Então, por qual razão não se junta a mim? A nós?
O brilho das chamas que emanava luz diante ao salão revelou o óbvio: eles não estavam sozinhos. Sombras nas paredes, vitrais, sombras por todo lado. Sombras humanas querendo se saciar com algo. Uma resposta ou, ao pior dos casos, um sacrifício.
— Eu seria uma péssima pessoa seguindo seus ideais fracos e vazios.
Antes de começar a segurar o homem caído pelo pescoço, a voz mais bruta disse a ele: — Mas, não queremos a mesma coisa? Um mundo puro?
— O meu ideal de mundo puro é um ideal puro. Um mundo onde todos sorriem e são livres. Um mundo onde a magia é usada para o bem, onde a magia não é usada para batalhar. No meu mundo, seja humano ou não, se você tiver uma alma e poder falar, você é um cidadão que habita no coração deste mundo. Não quero um mundo puro que busca somente que a humanidade exista. Eu não sigo seus ideais puristas.
— … Seu pensamento suja esse mundo, assim como qualquer impuro.
— Se eu ser uma pessoa justa com o que chamamos de “vida” significa ser impuro… Talvez, eu seja impuro mesmo.
Soltou o pescoço do homem, começando a socar e socar o rosto daquele que já estava sujo de sangue.
O tempo passa. As vozes nas sombras pedem para não o matar. Assim o fez, parando seus golpes e soltando-o.
Cheio de sangue e hematomas se formando em seu rosto, o Rei sorriu.
— Façam o que bem entender. Vocês não vão ter uma resposta sequer de minha boca.
As sombras se olham, confusas com o discurso do homem que começou a tossir sem parar.
Ele fecha os olhos e sorri, pedindo que os Deuses tenham piedade desse mundo. Afinal, ele sabe que um ideal de raça pura como a que eles querem implantar não irá dominar esse mundo.
Se esse mundo dia após dia já suporta a Tormenta e qualquer um dos seus sacrifícios, essa guerra não será nada. Foi o que o Rei pensou, antes de sua boca começar a espumar sem parar, ao mesmo tempo que seu corpo tremeu mais e mais, até parar de funcionar de vez.
Mesmo que seja uma morte inadequada para um antigo guerreiro e um velho Rei, foi a morte propícia para ele, no momento. Escolheu ele morrer como herói, a dar a chance para viver como um Purista.
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O corpo do Rei nunca foi achado. Sua morte foi anunciada apenas na tenebra dentre as tabernas e becos, onde poucos acreditam, afinal “se o Rei faleceu, por quê não anunciaram publicamente isso?”, a dúvida permaneceu na cabeça daqueles que tinham a intrigante notícia.
Tempos depois, um anúncio surgiu. Uma pequena pista. Uma pequena faísca. Uma indicação, um passo adiante para os mais espertos que antes temiam a suposição, agora temem a verdade.
Não se tratava do anúncio de morte e muito menos algo em específico. Muito mais enigmático e intrigante que isso, era um chamado a todos para virem até Deheon.
A pista que algo muito maior está acontecendo nas sombras se confirmou com esse convite. Resta agora aos curiosos morderem a isca e irem até o fim, vendo o que esse convite pode proporcionar ao mundo.
Que os Deuses protejam Arkania.
Amen.
Escrito Por: ZIZEL (@Zadramelech)