A caderneta de gestante tem como principal característica ser um registro do ciclo gravídico puerperal da pessoa gestante, sua origem vem do Cartão da Gestante, criado no Brasil, em 1988, com o propósito de armazenar informações, facilitando o diálogo entre os profissionais que atuavam na assistência pré-natal e os que realizavam o parto nas maternidades, o cartão se popularizou nos serviços de saúde pública, funcionando como um instrumento de interlocução entre os níveis de atenção às pessoas gestantes, desde o pré-natal até o pós parto, sendo um instrumento indispensável, uma vez que deve conter o registro da condição de saúde materno-fetal e das ações realizadas durante as consultas, e o uso desse registro também garante o direito de acesso à informação pelos usuários e está alinhado ao esforço global do cuidado centrado na pessoa.
Na atenção básica, através do cuidado pré-natal, as informações registradas na caderneta podem fundamentar a tomada de decisões durante a gestação, parto, pós-parto, e até mesmo nas próximas gestações, e essas informações permitem ainda uma avaliação longitudinal da gestação e sua evolução quanto aos parâmetros clínicos, como altura uterina, ganho de peso, pressão arterial, edema, dentre outros.
A caderneta da gestante deve ser fornecido na primeira consulta de pré-natal, e preenchido a cada consulta de forma adequada, legível e completa, para cumprir o seu objetivo de meio de comunicação entre a gestante, os profissionais da rede básica de saúde e dos serviços de atendimento ao parto ou do serviço de referência.
O registro na caderneta contribui também para uma comunicação efetiva entre os profissionais, tendo em vista a continuidade da assistência, especialmente quando há consultas de pré-natal intercaladas entre enfermeiros, médicos e especialistas, conforme preconizado na Estratégia Saúde da Família (ESF).
Além disso a caderneta da gestante é uma fonte de informação para o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), e podem ser utilizadas em estudos que’ avaliam a qualidade da assistência pré-natal e fundamentam políticas de saúde materna e infantil do Sistema Único de Saúde.
Os registros das cadernetas tem padrões específicos que abrangem, inclusive, os antecedentes obstétricos, pessoais e familiares da mulher, com relatos dos exames preconizados para o primeiro, segundo e terceiro trimestres e as avaliações clínicas a cada consulta, incluindo os gráficos de altura uterina e ganho de peso.
A caderneta da gestante constitui, resumidamente, as recomendações pelos protocolos clínicos, e a ausência de registros nos cartões poderia expressar, indiretamente, a baixa qualidade da assistência pré-natal prestada, além de limitar as informações que contribuiriam na produção de indicadores que subsidiam melhor organização e planejamento da assistência ao pré-natal, e para a informação dos usuários acerca de sua saúde.