Valoraçao dos Incêndios Florestais no Alto Minho

Projecto liderado por:

Universidade de Santiago de Compostela

Referência:

2018-CP021

Entidade financiadora:

CIM do Alto Minho

Resumo

Os incêndios florestais são um grande problema que ameaça os serviços ecossistémicos das nossas florestas. Na região do Alto Minho, que é composta por 10 municípios do norte de Portugal, são afectados de forma muito intensa, sendo especialmente relevantes os incêndios florestais de 2017, que queimaram um total de 6.586 hectares.

As florestas fornecem-nos um grande número de serviços ecossistémicos. Por conseguinte, após um incêndio florestal, estes serviços são perdidos ou diminuídos, daí a necessidade de prestar contas deste tipo de perda. É importante ter em conta que alguns destes serviços ecossistémicos não têm um valor de mercado ou preço associado, o que não significa que não impliquem uma perda económica. Daí a necessidade de valorizar economicamente todos os bens e serviços que obtemos dos recursos naturais.

Neste estudo, o que pretendemos fazer é analisar em pormenor as perdas sofridas por estas áreas, não só na sua superfície queimada, mas também nos serviços do ecossistema que foram afectados por esta catástrofe. Mais detalhadamente, os serviços que analisaremos aqui são: serviços de aprovisionamento, serviços culturais e serviços de regulação e manutenção.

Para a análise de cada um destes serviços ecossistémicos utilizaremos um método diferente, uma vez que existem metodologias mais apropriadas para avaliar cada um dos serviços estudados, recomendando o InVEST para estimar as perdas económicas da madeira e do sequestro de carbono. InVEST (Integrated Valuation of Services and Ecosystem Compensation) é um conjunto de modelos utilizados para mapear e valorizar os bens e serviços da natureza que sustentam e satisfazem a vida humana. Utilizando os preços de mercado, aproximámos as perdas por Ha queimado a cerca de 3328,57 euros.

A perda de serviços ecossistémicos resultante da ausência de sequestro de carbono foi estimada usando dois métodos diferentes: Em primeiro lugar, a produção total de sequestro de carbono durante dez anos desta floresta queimada foi estimada em $66/ton (60€/ton), como indicado no manual do InVEST para calcular a perda do custo social do carbono, e em segundo lugar, foi utilizado um valor muito inferior que está muito mais próximo do custo das licenças de emissão, estimado em $26/ton (23,63€/ton). Estes dois valores extremos indicam que as perdas de sequestro de carbono variam de 4584,42€/ha/ano a 1810,35€/ha/ano.

Finalmente, os serviços culturais foram avaliados utilizando a técnica da meta-análise, que é uma ferramenta que permite, através da compilação de dados obtidos a partir de um grande número de estudos, tirar conclusões gerais sobre os mesmos, ou seja, transferir os benefícios. Para tal, construímos uma base de dados de 62 estudos a nível internacional, embora no final tenhamos trabalhado com 31, uma vez que alguns não tinham informação completa. Utilizando a regressão linear, estimamos cada um dos valores médios dos serviços ecossistémicos reportados nesta base de dados. Para o caso específico dos serviços culturais, estes foram avaliados em 4042,85€/Ha na gama superior e 1841,93€/Ha na gama inferior.

Foi também realizado um inquérito entre os habitantes da região a fim de modelar as preferências e estimar a vontade dos inquiridos de pagar por determinadas políticas destinadas a melhorar a capacidade de resposta em caso de incêndio, bem como para estabelecer melhorias nas medidas preventivas. A vontade de pagar pela acção preventiva revelou-se superior à vontade dos inquiridos de pagar por uma acção rápida e profissionalizada, sendo cerca de 19€ para um aumento de 20% do número de sapadores florestais e apenas 16,20€ para um aumento de 20% do número de bombeiros e voluntários.