2.2. Papel do Professor online

Post inserido por Filomena Barbosa em 30 outubro 2011 http://e-cooperacao.blogspot.com/2011/10/o-papel-do-professor-online.htm

As tecnologias de comunicação do ensino - aprendizagem sustentadas pela Web, implicam a aquisição de competências e atuações específicas do professor online. Embora existam componentes essenciais a ter em conta no processo ensino-aprendizagem presencial não se pode evocar que as abordagens pedagógicas sejam similares ou transferíveis para o ambiente online sem uma afetiva adaptação do professor do EaD, como refere Salmon (2003) “training to e-moderate needs to take place in the online environment itself, wherever possible”.

A conceção e a organização dos cursos online eficazes pressupõe, segundo Garrison, Anderson e Archer (2000) em Anderson (2008), a criação de um modelo de aprendizagem significativa - Comunidade de Inquirição - envolvendo a presença social em que o professor deverá criar condições para apoiar a partilha ideias; a presença cognitiva que se reveste do pensamento crítico para selecionar os conteúdos; a presença de ensino que envolve facilitar o discurso, a instrução direta e a avaliação, favoráveis ao clima do processo de novas aprendizagens. A facilitação do discurso pressupõe um professor que faculte nos alunos a articulação entre comentários e pensamentos para o desenvolvimento sócio-cognitivo, na comunidade de aprendizagem. A instrução direta prende-se com um professor com conhecimentos académicos e pedagógicos especializados, que propiciem um clima intelectual de qualidade. A avaliação integra-se num quadro de referência de Levine (2002) em Anderson (2008) com instruções orientadoras para a qualidade e quantidade das contribuições dos alunos ou de Dabbagh (2000) em Anderson (2008) com esquemas de instrução e de correção, orientadores para a prática da participação e para a avaliação reflexiva, que testemunhe a compreensão das aprendizagens e o crescimento intelectual dos alunos. Anderson (2008) defende que se deverá obter uma mistura entre um modelo em que o professor poderá recorrer à seleção combinada das capacidades dos diferentes media, de forma a garantir atividades numa verdadeira comunidade educativa adaptadas às capacidades técnicas, às necessidades dos diferentes alunos e às competências do professor; com um segundo modelo que forneça um acesso imediato aos conteúdos educativos e à discussão das atividades de avaliação, envolvendo uma aprendizagem social de grupo, que devido à versatilidade do tempo e do espaço poderá facultar um envolvimento contínuo de interação educativa e de aprendizagens colaborativas.

“Uma tal educação que integre o computador na sua estrutura de ensino ou em cenários virtuais, vê o seu sucesso depender não só da inovação no campo tecnológico, mas sobretudo dos fatores de natureza pedagógica e organizacional”, Nipper (1989) em Morgado (2001). O emprego da tecnologia por si só poderá ser redutor se não se revelar numa matriz sócio-cultural e pedagógica enformando uma aplicação dos modelos de ensino - aprendizagem. Neste âmbito e na categoria da instrução direta, Salmon (2003) em Anderson (2008) desenvolveu um modelo segundo o qual a aprendizagem envolve muito mais do que o recurso às tecnologias.

O e-moderador no papel de facilitador da aprendizagem, segundo o modelo de Salmon (2003) em Anderson (2008):

Motivar a presença social - Encorajar os estudantes a partilhar informação sobre si mesmos de modo a criar uma presença virtual.

Desenvolver a socialização online - Estabelecer pontes culturais, sociais e de aprendizagem.

Trocar informações com software personificado - Facilitar tarefas de aprendizagem.

Construir o conhecimento - Criar projetos e artefactos a nível individual ou colaborativo.

Cada estádio deste modelo requer uma apropriação do domínio e dos benefícios técnicos, para aumentar a interação colaborativa e aceder às redes sociais ,conduzindo o indivíduo até à fase do desenvolvimento da aprendizagem, à semelhança do scaffolding em que gradualmente se atingem patamares superiores onde se passa da abordagem da instrução direta à abordagem construtivista e holística do conhecimento. “A aprendizagem inclui uma interação complexa e intricada entre o processo neural, cognitivo, motivacional, efetivo e social” Azevedo (2003) em Salmon (2000). A este propósito Salmon (op. cit.) defende “E-moderating is not a set of skills any of us is born with, nor something we learned vicariously through observing teachers whilst we ourselves were learning. As yet there are few online mentors to guide us through step by step”.

As redes sociais e tecnológicas alteram o papel do professor do ensino presencial e para Siemens (2010) ”networks thin classroom walls, facilitando a “entrada” na sala de aula a qualquer pessoa em qualquer lugar, podendo existir uma interação direta entre alunos e os autores, para aumentar ou reutilizar conhecimentos ou um open content, segundo Couros (2010) acessível a qualquer um. A voz unitária do professor tradicional é agora fragmentada pelas oportunidades ilimitadas disponíveis em redes, dando aos alunos um controle nas ferramentas e uma autonomia nas aprendizagens. O ensino aprendizagem nas redes sociais e tecnológicas oferece oportunidades surpreendentemente vantajosas e segundo Siemens (2010) revela-se necessário um professor/e-moderador que consiga agregar e ampliar a informação para chegar a um grande número de seguidores; filtrar a abundancia dos conteúdos e avaliá-los para engajar um diálogo saudável entre a qualidade e quantidade da informação; que se torne num perfeito perito na arte das explorações de territórios onde possa conduzir à criação de conhecimentos; que seja capaz de criar um modelo prático de pensamento crítico, numa dimensão sócio emotiva e cognitiva, refletindo as necessidades do ensino aprendizagem da sua área, o que implica uma presença permanente na rede. A fragmentação dos conteúdos no meio informacional ambíguo e caótico está a romper com a visão ordenada da aprendizagem tornando a aprendizagem informal relevante, segundo Siemens (2010) em Couros (2010) “informal learning is a significant aspect of our learning experience, formal education no longer comprises the majority of our learning” com uma larga abrangência facilitada pelas tecnologias da Web 2.0, colocando o professor mais como um fornecedor da informação o que permite refletir segundo Couros (2010) que as ferramentas podem afetar positivamente ou mesmo transformar as práticas pedagógicas mas só se os responsáveis decidirem construir percursos académicos assentes numa base online onde professores e estudantes possam estar conectados de forma colaborativa, a construir aprendizagens em vez de alinharem o conteúdo, o currículo e a aprendizagem a uma avaliação redutora e presa a uma lógica sobre aquilo que está decidido ensinar.

Referências Bibliográficas:

Anderson, T. (2008) Teaching in an Online Learning Context. In Anderson, Terry (Ed), Theory and Practice of Online Learning. Athabasca University: Au Press (2ª Edição).

Couros, Alec (2010). Teaching & Learning in a Networked World. Keynote na conferência Quest 2010 [Video e Slides]. Open Thinking. http://educationaltechnology.ca/couros/1890[acedido em 30-10-2010]

Morgado, L. (2001) O papel do Professor em Contextos de Ensino Online. Problemas e prioridades, in discursos, III série, nº especial pp125-138. Universidade Aberta. Disponível em: http://repositorioaberto.univab.pt/bitstream/10400.2/1743/1/professor_online_linamorgado.pdf [ acedido em 23-10-2011]

Morgado, L.(2003) Os Novos desafios do Tutor a Distância: o regresso ao paradigma da sala de aula acessível em http://repositorioaberto.univ-ab.pt/bitstream/10400.2/150/1/Revista-Discursos77-89.pdf [acedido em 25-10-2011]

Salmon, G. (2000): Emoderating: Success without serried ranks . Acessível em:http://www.atimod.com/research/presentations/centrinity.htm [acedido em 27-10-2011]

Salmon, G. (2003) E-moderating:the key to teaching and learning online Acessível em: http://books.google.com/books?id=IBf0ZqgHhP8C&pg=PA29&hl=pt-PT&source=gbs_selected_pages&cad=3#v=onepage&q&f=false [acedido em 23-10-2011]

Siemens, George (16-02-2010). Teaching in Social and Technological

Networks.Connectivism. http://www.connectivism.ca/?p=220 [acedido em 30-10-2011]

O papel do professor online - Post inserido por Filomena Pestana em 30 de Putubro de 2011 em http://espaco-virtual-de-partilha.blogspot.com/2011/10/o-professor-online.html

O papel do professor no processo de ensino/aprendizagem concretizada no medium online não difere, segundo Anderson (2008), de outro contexto educativo formal. No entanto, cria uma atmosfera única, uma vez que permite o acesso independentemente do tempo/local, que se interligam com um conjunto de ferramentas e o acesso a repositórios que se processam em diversos formatos e de forma síncrona/assíncrona.

Neste contexto, e com a finalidade de proporcionar um esquema mental relativo ao modelo conceptual de aprendizagem online Garrison, Anderson e Archer em Anderson (2008) desenvolveram o modelo “Comunidade de Inquirição”. Este articula-se através de três níveis suficientes de três tipos de “presenças”:

A Presença Cognitiva que se suporta no pressuposto de que uma aprendizagem séria pode ocorrer num ambiente que apoia o desenvolvimento e o crescimento ao nível do pensamento crítico;

A Presença Social que se prende com a criação de um ambiente em que os estudantes se sintam à vontade para expressar as ideias num contexto colaborativo;

Finalmente a Presença de Ensino que de desenvolve por 3 papéis:

- Concepção/organização da experiência de aprendizagem;

- Concepção/implementação actividades que incentivam discussões entre actores;

- Instrução directa.

Destacando o facto da Web na actualidade comportar vários media podendo cada um ser incorporado na concepção de um curso online, importando obter “a mistura certa” entre a oportunidade para a interacção síncrona/assíncrona e actividade individual/grupal.

Deste movimento surgem dois modelos concorrentes:

“o modelo da comunidade de aprendizagem” que através da CMC estabelece classes virtuais tanto pedagógica como estruturalmente semelhantes à sala de aula presencial podendo ser desenvolvida de forma síncrona/assíncrona com as suas vantagens e desvantagens. Cada vez mais conceber cursos online se desenvolverá na selecção criteriosa de formatos que equilibrem as diferentes capacidades dos media para apoiar a presença social e cognitiva;

O segundo modelo de aprendizagem online envolve estudantes independentes que trabalham por si próprios e ao seu ritmo durante o seu percurso. Este modelo maximiza a flexibilidade mas apresenta-se como um desafio para as instituições.

No que se refere ao facilitar o discurso este assume-se da maior importância, uma vez que permite a criação da comunidade de aprendizagem como um todo que propícia o tão importante desenvolvimento de debate aberto em ambiente favorável ao desenvolvimento do pensamento.

Sobre a avaliação da aprendizagem importa referir que Shepard em Anderson (2008) considera que a resposta atempada e tão próxima quanto possível do que se avalia aporta vantagens para o processo. Nesta poderão ser desenvolvidas diversas metodologias (avaliações efectuadas pelo professor/tecnológica/auto-avaliação).

“Fortunately, it is possible to combine synchronous, asynchronous, and independent study activities in a single course.” Anderson (2008:249)

Quando se desenvolvem projectos fundados no construtivismo ou no sócio-construtivismo o modelo de avaliação da participação na discussão não é consensual entre os investigadores. Destacando, no entanto, a posição de Pallott e Pratt em Anderson (2008) que argumentam que o processo de ensino/aprendizagem com estas características, a participação deverá ser avaliada e devidamente recompensada.

Sobre esta questão Anderson (2008) apresenta diversos autores, Levine (2002); Dabbah (2000) que desenvolveram quadros conceptuais desta intervenção como forma de avaliar as aprendizagens.

A Instrução Directa posiciona-se no encaminhamento intelectual e académico que o professor realiza sobre determinada matéria e suporta-se na característica-chave da cognição social e dos modelos de aprendizagens cognitivista que se concretizam através da participação de um adulto/perito/mais competente que supera e apoia (Teoria da colocação de andaimes) a aprendizagem de um sujeito não perito.

O processo de construção da presença do professor apresenta-se importante e segundo Salmon em Anderson (2008) esta desenvolve-se em 4 fases:

- Acesso e motivação (questões técnicas ou sociais).

- Socialização realizada entre ambientes culturais/sociais de aprendizagem.

- Facilitar as tarefas de aprendizagem.

- Construção do conhecimento.

A esta visão do papel do professor Siemens (2010) contrapõe que o processo de ensino/aprendizagem na rede social e tecnológica, à semelhança do impacte existente em todos os domínios do quotidiano, está alterada, ou seja, não se desenvolve através de uma narrativa linear e coerente.

Desta forma, o papel que o professor assume neste contexto é subvertido uma vez que a rede permite que a sala de aula se abra ao exterior e não somente se enclausure no seu espaço. Embora, seja um actor da maior importância a sua presença não se apresenta unitária mas fragmentada.

“The largely unitary voice of the traditional teacher is fragmented by the limitless conversation opportunities available in networks. When learners have control of the tools of conversation, they also control the conversations in which they choose to engage.” (¶4) “The educator is a important agent in network learning” (¶37)

Os conteúdos do curso também estão fragmentados uma vez que se apoiam em diversos suportes, o mesmo acontecendo ao processo de ensino/aprendizagem estabelecido que se desenvolve entre a entrada de informação/instrução/avaliação que segundo o autor espelha a realidade actual. A fragmentação do conteúdo quebrará esta ordem existente. E, é nesta perspectiva que com Stephem Downes vê o papel que assume o professor na actualidade e no futuro muito diferente da linearidade atrás descrita do processo de ensino/aprendizagem e dos actores envolvidos no processo.

Nesta evolução Siemens (2010) defende que o professor no seu trabalho em rede substitui o controle por influência em que desenvolve o seu processo sobre sete pontos:

“1. Amplifying

2. Curating

3. Wayfinding and socially-driven sensemaking

4. Aggregating

5. Filtering

6. Modelling

7. Persistent presence” (¶16)

Para concluir afigurou-se importante referir os modelos de organização do ensino online segundo Duart e Sangrà em Morgado (2001) que apresentam focos diversos que se desenvolvem em 3 vectores:

Modelos mais centrados: no professor/na Tecnologia/nos estudantes.

Para os autores “Um modelo equilibrado seria aquele em que cada um destes três aspectos fosse fundamental, mas sem se sobrepor aos outros dois” Morgado (2001:15)

A tecnologia enquanto meio permite que se tenham alterado e continue a alterar a forma como se efectua a interacção entre os actores do processo.

Assim, em cada modelo, o professor assume diversos papéis e posicionamentos, mais ou menos activo, no entanto, não menos importante, desde que enquadrados nos objectivos propostos.

Referências bibliográficas

Anderson, Terry (2008). Teaching in an Online Learning Context. In Anderson, Terry (Ed), Theory and Practice of Online Learning. Athabasca University: Au Press (2ª Edição).

http://www.aupress.ca/books/120146/ebook/14_Anderson_2008-Theory_and_Practice_of_Online_Learning.pdf

Siemens, George (16-02-2010). Teaching in Social and Technological Networks.Connectivism. http://www.connectivism.ca/?p=220

Morgado, L. (2001). O papel do professor em contextos de ensino online: Problemas e virtualidades. In discursos, III Série, nº. especial, pp 125-138, Univ. Aberta. Em http://www.univ-ab.pt/~lmorgado/Documentos/tutoria.pdf.