2.1. Pedagogia do eLearning

Post inserido em 17 outubro 2011 por Filomena Barbosa:http://e-cooperacao.blogspot.com/2011/10/pedagogia-do-elearning.html

A forte presença da tecnologia que se institui como um meio privilegiado de informação e comunicação, inspira propostas sobre a utilização de ferramentas, ao serviço do ensino a distância. Como resposta às novas necessidades que vão surgindo, devido à própria evolução social, o desenho de cenários de aprendizagem reconfigura a articulação dos modelos e estruturas das abordagens pedagógicas.

Mayes e Freitas (2004) em Conole (2011) defendem que não existem modelos de eLearning per se, apenas reformulações dos modelos de aprendizagem existentes, originando inúmeras teorias que enfatizam a aprendizagem como algo que deverá ser transformada em prática processando-se através da reflexão individual ou em contexto social. Estes autores perspetivam o modelo pedagógico do ensino a distância em três categorias de aprendizagem, fornecendo uma base empírica contextualizada em estruturas e modelos. A perspetiva Associativa (abordagem behaviorista) prende-se com tarefas estruturadas voltadas para a aprendizagem e resultados observáveis; a teoria Cognitiva (abordagem do Construtivismo) corresponde ao processo de transmissão da informação que se dá através da compreensão, exigindo do indivíduo esforços cognitivos internos; a teoria Situativa (abordagem Cognitiva) coloca a prática e a colaboração social como forma de aprendizagem. A articulação entre modelos e estruturas do desenho instrucional assim como os MAs, mediadores do desenho, Conole (2011), assumem formas diversas na atividade pedagógica em função do percurso pedagógico que os enforma.

As três gerações do EaD defendidas por Anderson e Dron (2011): a Pedagogia Cognitivo – Behaviorista, Sócio-Construtivista e Conectivista, tendo como pilar três presenças: cognitiva, sociail e ensino, associam-se a diferentes tecnologias, atividades e pedagogias, tendo em conta as variáveis sócio culturais. Três gerações distintas que não desapareceram e que vão ao encontro das diferentes necessidades e aspirações dos indivíduos do séc. XXI.

A disponibilidade da tecnologia para apoiar os diferentes modelos de aprendizagem, influencia a metodologia a desenvolver. A pedagogia cognitivo - behaviorista inscreve-se numa abordagem cuja presença cognitiva se centra na aprendizagem individual e na informação de forma instrucionista em que a tecnologia desempenha o papel de substituição do professor que transmite conhecimentos, dando ao indivíduo um lugar passivo, capaz de reproduzir sem se observar a importância da interação social.

Na perspetiva sócio construtivista, a pedagogia da educação a distancia centrada no construtivismo privilegia a apropriação do saber individual marcada pela experiência social, da aprendizagem flexível em contextos síncronos ou assíncronos, promovida pelas comunicações da palavra e da imagem do vídeo, do áudio e da Web. O processo aprender privilegia a relação alunos/saber. A presença cognitiva assume-se como exploração ativa da capacidade do individuo, na construção do conhecimento.

O impacto da Internet inaugura uma nova forma de organização difundindo-se na sociedade em rede. Para Castells (2006) o sistema de comunicação encontra-se cada vez mais digitalizado e interativo, abrindo-se um espaço cada vez maior à interação ilimitada, em massa. O ensino a distância centra-se na dinamização de processos de aprendizagem veiculados pelas tecnologias multi-interativas, mais concretamente pela Web 2.0, colocando a coexistência de intercâmbio, construção e expansão de saberes e interesses comuns, na criação de comunidades de aprendizagens no espaço virtual ou em rede. Pode-se dar, desta forma, uma aplicação do conhecimento e uma recriação de conteúdos em que todos podem ser produtores. O postulado do Conectivismo de Siemens e Downes (2007) em Anderson e Dron (2011) coloca a aprendizagem como um processo flexível de construção da informação conectada em redes, permitindo ao indivíduo aplicar a aprendizagem às questões emergentes e aos problemas reais e adquirir a capacidade para transferir conhecimentos proporcionados pela tecnologia: off-loaded the machine.

Para Siemens (2004) as três teorias da aprendizagem mais utilizadas no desenho de ambientes instrucionais: o Behaviorismo, o Cognitivismo e o Construtivismo, reportam-se a um período cujo processo de aprendizagem não recolhia benefícios do impacto tecnológico. Há cerca de 20 anos a tecnologia reorganizou a forma como vivemos, como comunicamos assentando as teorias atuais de ensino/aprendizagem em princípios e processos que privilegiam a tecnologia e os ambientes sociais. Para Driscol (2000) em Siemens (2004) a aprendizagem é um estado de mudança duradoura a nível mental, emocional e fisiológica (ligada às habilidades) como resultado das experiências e interações. A aprendizagem é como algo pessoal, que ocorre no interior do indivíduo podendo beneficiá-lo se considerar quais as aprendizagens que lhe são exteriores, ou seja, as que são armazenadas e manipuladas pela tecnologia e que advêm do rápido aumento da informação da rede, que deve ser explorada e avaliada, numa adaptação reajustada a novos conhecimentos.

Siemens (2004), através das ideias centrais em que fundamenta a teoria do conectivismo, sustenta, que o desenvolvimento da capacidade de aprender se baseia a partir de conexões, troca de informação e experiências significativas na rede. Uma aprendizagem que se quer social, com o contributo individual.Siemens (op.cit.) defende que o conhecimento pode ser externo ao individuo e ser focalizado em conjuntos ligados de informações manipuladas pela tecnologia ou dentro das organizações levando a aprendizagens mais significativas do que o conhecimento primário. No modelo de aprendizagem ecológica, Siemens (2005) em Conole (2011) estabelece uma relação entre as várias ferramentas utilizadas na rede e o processo de um universo ilimitado de aprendizagens.

Figura 1.Modelo de aprendizagem ecológica de Siemens (2005) em Conole (2011:19)

Our ability to learn what we need for tomorrow is more important than what we know today (…) as knowledge continues to grow and evolve, access to what is needed is more important than what the learner currently possesses, Siemens(2004). A capacidade para saber torna-se cada vez mais relevante em relação àquilo que sabemos, num determinado momento, realçando a conexão e não tanto o conteúdo criado dessa conexão: The pipe is more important than the content within the pipe, Siemens (op.cit.).

A escolha do que se quer aprender e o sentido da informação que chega até nós é visto através de uma lente da sociedade, sempre em transformação. Enquanto hoje existe uma resposta correta, amanhã deixa de o ser. Diversasformas e meios de aprendizagem formal e informal, distribuídos pelas redes sociais e a mobilidade profissional, requerem um indivíduo inserido num processo contínuo de aprendizagens, ao longo da vida (ALV).

Referências bibliográficas:

Anderson, Terry & Dron, Jon (2011). Three generations of distance education pedagogy. IRRODL.Disponível em: http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/890.%5bacedido em 9-10-2011]

Castells, M. (2006) A sociedade em rede: do Conhecimento à política. Acessível em: Disponível em:http://www.cidadeimaginaria.org/cc/ManuelCastells.pdf%5bacedido em:8-10-2011]Connole, Grainne (2011). Review of Pedagogical Models And Their Use In Elearning. Disponível em:http://www.slideshare.net/grainne/pedagogical-models-and-their-use-in-elearning-20100304.%20%5bacedido%20em%209-10-2011]

Conole, G. (2011). Review of Pedagogical Models And Their Use In Elearning. http://www.slideshare.net/grainne/pedagogical-models-and-their-use-in-elearning-20100304.

Siemens, G. (2004). Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. elearnspace. Disponível em:http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm [acedido em:10-10-2011]

Pedagogia do eLearning - Post inserido em 16 de Outubro 2011 por Filomena Pestana em http://espaco-virtual-de-partilha.blogspot.com/2011/10/pedagogia-do-elearning.html

O ensino a distância tem sido uma realidade que se tem transformado ao longo dos séculos, tendo desta forma, a tecnologia servido de suporte para a sua concretização.

Deste modo, o eLearning inicialmente associado à aprendizagem electrónica, não necessariamente acontecendo em linha, concretiza-se na contemporaneidade com a tecnologia que a Web 2.0 proporciona.

Neste contexto e salientado as exigências da actual sociedade, relativamente às expectativas que a tecnologia poderá promover no processo de ensino/aprendizagem e o desenvolvimento de pedagogias que se enquadram tanto no foro formal e não-formal como informal.

Citando Lévy (1999:171) “A aprendizagem a distância foi durante muito tempo o “estepe” do ensino em breve irá tornar-se senão a norma, ao menos a ponta de lança”

O acesso em massa às TIC associada à relação do homem com o saber e à consequente necessidade de uma aprendizagem ao longo da vida exigem processos pedagógicos que integrem esta nova realidade.

Assim, nesta sociedade que se caracteriza por viver em rede, sob o signo da partilha o homem é produtor e co-construtor do conhecimento.

Anderson e Dron (2011) abordam a questão das gerações de ead não numa perspectiva da tecnologia utilizada, mas no Modelo Pedagógico que serve de suporte às actividades. Não deixando, no entanto, de interligar tecnologia/pedagogia. Enumeram e relacionam 3 modelos tendo por base o Modelo da Comunidade de Inquirição, este Modelo trabalha com 3 elementos que co-existem e se relacionam entre si:

Presença Cognitiva/Presença Social/Presença de Ensino.

Os três modelos pedagógicos, embora apresentando-se pela ordem cronológica, não significa que o surgimento de uma nova geração tenha dado lugar ao desaparecimento da anterior, aliás nem seria desejável.

http://emrede.blog.br/tics/blog/instrucionismo-construtivismo-ou-conectivismo/

Modelo Cognitivo-Behaviorista (Teoria de Ensino) – Com predomínio na última metade do século XX define aprendizagem como um processo individual de retenção e reprodução do que foi ensinado, posteriormente alargado, embora individual, de comportamento para conhecimento. Neste modelo predomina a Presença Cognitiva por contraponto a uma Presença de Ensino reduzida e a Social praticamente ausente. Permite chegar a um número elevado de público a custos reduzidos. Não considera, no entanto, a riqueza e a complexidade humana.

Modelo Sócio-Constructivista (Teoria de Aprendizagem) – As teorias cognitivistas interaccionistas de Vygotsky e Piaget partem da Teoria da Colocação de Andaimes e defendem a importância do papel da interacção do indivíduo com os outros na aprendizagem. Para Vygotsky o conhecimento ocorre melhor através das interacções sociais e o desenvolvimento é o resultado de aprendizagens sociais. Segundo este paradigma o desenvolvimento cognitivo dá-se quando os estudantes interagem uns com os outros. Na ead o paradigma sócio-construtivista ganhou fôlego quando as tecnologias “muitos-para-muitos” passaram a estar disponíveis. Neste Modelo a presença social assume maior relevância, neste caso a interacção será sempre mediada, mas nem por isso perderá qualidade e poderá ser concretizada tanto de forma síncrona como assíncrona. A presença cognitiva parte do principio que os aprendentes estão activamente envolvidos e a presença de ensino dá ao professor o papel de facilitador.

Modelo Conectivista (Teoria do Conhecimento) – Este Modelo surgiu recentemente pela mão de George Siemens e de Stephen Downes e suporta-se no pressuposto que o indivíduo possui a capacidade de encontrar e aplicar o conhecimento onde e quando é necessário. Desta forma a aprendizagem poderá residir nos limites da máquina. A presença cognitiva, neste modelo, parte da assunção que o individuo tem acesso a uma poderosa rede de contactos capaz de proporcionar a informação necessária. São os participantes que definem as suas necessidades de aprendizagens e são mais produtores que consumidores. A presença social faz-se através do capital social gerado na criação e manutenção da rede, desta forma é retida e promovida pelos comentários. A presença de ensino faz-se pelo exemplo, onde aprendentes e professor colaboram para criar conteúdos para estudo.

Sobre os modelos Behaviorista, Cognitivista e Construtivista Siemens (2005) menciona que as aprendizagens ocorrem dentro do indivíduo, mesmo no modelo sócio-construtuvista que defende que a aprendizagem é um processo social é também um processo individual, ou seja, em todas a aprendizagem nunca está fora do indivíduo e também não são bem sucedidos quando descrevem a aprendizagem dentro das organizações. Importa o actual processo de aprendizagem e não o valor do que é preciso aprender, acrescentando que muitas questões se levantam quando estas teorias são analisadas através da tecnologia.

O conectivismo é para o autor o caos como ciência que se reconhece na conexão de tudo para tudo, explorando o caos, a rede, a complexidade em que a aprendizagem ocorre dentro de um ambiente não totalmente controlado pelo indivíduo, ou seja, o conhecimento está armazenado e é manipulado pela tecnologia.

Já Mayes e Freitas em Conole (2011) fornecem-nos um conjunto de teorias de aprendizagem relativas ao eLearning interligando-as aos MAs (Mediating Artefacts). Destacando a sua agregação em 3 conjuntos:

Associativa (a aprendizagem realiza-se através de actividades estruturadas);

Cognitiva (a aprendizagem faz-se através da compreensão);

Situativa (a aprendizagem é uma pratica social).

Destacando um ponto coincidente em todas “Central to all learning theories is the conceptualization of learning as the transformation of experience” Conole (2011:5).

As Teorias de Aprendizagem segundo Conole (2011) fornecem a base empírica das variáveis envolvidas no processo de aprendizagem e explicam a forma na qual ocorrem e poderão ser melhoradas se forem orientadas em torno de 3 elementos principais:

Pensamento e reflexão;

Experiência e actividade;

Conversação e interacção.

No final, proporciona uma visão alargada das molduras e modelos pedagógicos mais citados em eLearning e o tipo de MAs que poderão ser usados para orientar o processo de ensino/aprendizagem.

Concluindo, o processo de ensino/aprendizagem envolve um conjunto de variáveis sob os eixos que interligam Saber/Estudante/Professor:

Se o modelo pedagógico privilegia o eixo Professor/Saber este será centrado no Ensinar; Quando trabalha o Professor/Estudante o foco será no Formar; Por último o modelo pedagógico centrado no Aprender dá ênfase ao eixo Aluno/Saber. Neste os estudantes são construtores do seu próprio conhecimento na medida em que são o resultado de atribuição de significado das aprendizagens pelo próprio estudante. Estes factores associar-se-ão à selecção dos MAs com o propósito de construir um desenho instrucional adequado ao objectivo.

Referências bibliográficas

Anderson, T. (2008). Teaching in an Online Learning Context. In Anderson, Terry (Ed), Theory and Practice of Online Learning. Athabasca University: Au Press (2ª Edição).

http://www.aupress.ca/books/120146/ebook/14_Anderson_2008-Theory_and_Practice_of_Online_Learning.pdf

Anderson, T. e Dron, J. (2011). Three generations of distance education pedagogy. IRRODL. http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/890.

Connole, G. (2011). Review of Pedagogical Models And Their Use In Elearning. http://www.slideshare.net/grainne/pedagogical-models-and-their-use-in-elearning-20100304.

Siemens, G. (12-12-2004). Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. elearnspace. http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm.

Lévy, P. (1999). Cibercultura. Ed. 34