2. A idade da Terra

No topo da cordilheira dos Andes, Darwin teve uma revelação fundamental: descobriu «o poder de pequenas alterações multiplicadas ao longo de imensos períodos de tempo». Descobriu igualmente que nada era mais instável do que a crusta terrestre, não só pelo terramoto que experienciou, como pelas descobertas de fósseis marinhos a vários quilómetros do mar e bem acima do nível deste na cordilheira. Aplicaria mais tarde esta lição sobre as alterações na crusta terrestre a todos os seres vivos: mais uma peça do puzzle para a sua futura teoria.

Durante a viagem, Darwin lê a obra "Princípios de Geologia" de Charles Lyell, que veio confirmar a sua suspeita de que a Terra se modificou lentamente sob a acção de fenómenos naturais como a erosão, o vulcanismo e a sedimentação. Estes processos, que ainda hoje actuam, provocaram pequenas alterações que se foram acumulando ao longo de imensos período de tempo (milhões de anos), cujo resultado é bem visível.

Figura: a "discordância da Praia do Telheiro" (Sagres, Portugal)

A superfície de discordância da Praia do Telheiro é um exemplo da antiguidade da Terra e dos processos a que a crusta terrestre foi sendo sujeita. O conceito de "discordância" remete para dois conjuntos de rochas que se foram depositando na sequência de dois processos geológicos distintos, temporalmente muito separados - neste caso, de cerca de 100 milhões de anos.

O conjunto inferior, mais antigo, é composto por xistos e grauvaques, formados por metamorfismo a partir de sedimentos depositados há cerca de 330 milhões de anos (Carbónico Superior); o conjunto superior, mais recente, é constituído por arenitos avermelhados, formado a partir de sedimentos arenosos grosseiros depositados há cerca de 230 milhões de anos (triássico Superior). Entre a deposição dos dois conjuntos teve lugar o fecho de um antigo oceano com o dobramento e metamorfismo dos sedimentos nele depositados.

Figura: Várias fases de evolução do planeta Terra (fonte: Museu Nacional de História Natural)

Esta imagem representa as diferentes fases da evolução do Planeta Terra, começando pela “TERRA EM FUSÃO”, há 4560 milhões de anos, passando por uma sucessão de Supercontinentes: UR (3000 milhões de anos), RODÍNIA (1100-750 milhões de anos), PANNÓTIA (cerca de 600 milhões de anos) e PANGEA (255 milhões de anos), até chegar ao globo que representa os continentes tal como se apresentavam há 50 milhões de anos atrás, com uma configuração já relativamente próxima da actualidade.

Para saber mais:

- Visite a Exposição "A Aventura da Terra: um planeta em evolução" patente no Museu de História Natural ou visite o seu website em

- Explore a "linha do tempo" deslocando o marcador vermelho em:

- Veja o guião "Vamos mexer nos continentes" na secção de Anexos do fim da págin

Durante os séculos XIX e XX, os geólogos usaram princípios de datação relativa e absoluta das rochas, cruzaram informação geológica de vários pontos do globo, tendo sido possível a construção da escala dos tempo geológicos - um calendário de idade relativa da história geológica da Terra. Cada intervalo de tempo desta escala é relacionável com um determinado conjunto de fósseis característicos. A escala dos tempos geológicos está organizada em quatro grandes categorias hierárquicas de unidades de tempo, conforme poderemos observar no quadro seguinte.

Linha do Tempo Geológico

O tempo geológico está dividida em 4 éons, sendo, do mais antigo para o mais recente: o Hadaico, o Arcaico, o Proterozóico e o Fanerozóico.

Pré-Câmbrico É o termo que se usa para designar o conjunto dos três primeiros éons e vai desde os 4500 milhões de anos até aos 543 milhões de anos. Apesar de corresponder a oito nonos da vida da Terra, sabe-se pouco do que ocorreu naquele éon, já que as modificações a que a crosta terrestre foi submetida posteriormente dificultam a interpretação dos seus vestígios.

Fanerozóico Deriva dos termos gregos phaneros (visível) e oikos (vida), é o mais recente éon: iniciou-se há cerca de 542 milhões de anos e estende-se até ao presente. Caracteriza-se pela grande explosão e diversidade de vida na Terra. Está dividido nas seguintes eras: Paleozóico, Mesozóico e Cenozóico, respectivamente da mais antiga para a mais recente.

Figura: Etapas da História do planeta Terra (Fonte:http://fossil.uc.pt/)

A idade do universo: consegue imaginá-la? Do "Big Bang" ao último segundo, comprimida no período de um ano.

Figuras: O Calendário Cósmico proposto por Carl Sagan.

No dia Fevereiro de 1990, tendo completado a sua missão primordial, foi enviado um comando à Voyager 1 para se virar e tirar fotografias dos planetas que havia visitado. A NASA fez uma compilação de cerca de 60 imagens criando neste evento único um mosaico do Sistema Solar. Uma das imagens da Voyager 1 era da Terra, a 6,4 biliões de quilómetros de distância, mostrando-a como um "pálido ponto azul" na granulada imagem.

Posteriormente, em 1994, o cientista Carl Sagan lançou o seu livro "Pálido Ponto Azul", baseado nessa imagem da Voyager 1, onde faz uma profunda reflexão sobre o planeta. O livro também foi lançado em formato "Audio Book". No vídeo acima consta a narração de Carl Sagan, correspondente à sua reflexão.

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Fontes:

Vídeo e a sequência de imagens: Pangea Day 2008.

Narração: Carl Sagan - "Pale Blue Dot" Audiobook (Chapter 1 - You Are Here - 11:45/15:08)

Música: The Music of Cosmos (Collector's Edition) - Vangelis, Heaven & Hell, Part 1