Determinantes do Investimento em Investigação e Desenvolvimento e da Estrutura de Capital da Empresa

Fernando Paulo Belfo, Adelino Fortunato

Conference Paper in Proceedings of the 6º Encontro Nacional de Economia Industrial. October 3, 1997

O investimento em geral é condicionado pela forma como a empresa consegue o respectivo financiamento, estando esse mesmo financiamento condicionado pela sua estrutura de capital. Por outro lado, também a estrutura de capital é condicionada pela forma como a empresa perspectiva o futuro, através da sua política de investimentos. Propomo-nos neste trabalho, analisar o papel do nível de endividamento da empresa no investimento em investigação e desenvolvimento (I&D), bem como da influência que esse mesmo investimento exerce no sentido da definição da estrutura de capital. Analisaremos o caso da Indústria Portuguesa, através duma amostra de 5.999 empresas relativa aos anos de 1994 e 1995. Pretende-se analisar os sinais dessa relação, bem como testar a hipótese de simultaneidade de influências. As variáveis exógenas utilizadas são a dimensão da empresa, o tipo de gestão, a margem líquida e a concentração de mercado. Ainda, testar-se-á a existência de um nível óptimo de endividamento, com o objectivo de analisar a hipótese da relação da estrutura de capital no investimento em I&D poder ter dois sinais distintos, sendo apenas positivo até determinado nível de endividamento. O estudo econométrico realizado apresenta resultados que nos permitem aceitar que: (i) existe simultaneidade nas relações de determinância entre a estrutura de capitais e o investimento em I&D (ii) o endividamento da empresa tem uma relação positiva com o investimento em I&D (iii) o investimento em I&D tem uma relação positiva com o endividamento (iv) existe um nível óptimo de endividamento.

Em síntese, aceita-se uma relação simultânea do investimento em I&D e da estrutura de capital da empresa, sendo que a relação tem um sinal positivo em ambos os sentidos. Ao aceitar-se- a hipótese da existência de um nível óptimo de endividamento no investimento em I&D, concilia-se o sinal positivo detectado entre o endividamento e o investimento em I&D e o sinal negativo doutros estudos.

Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa. - Lisboa: Principia - Publicações Universitárias e Científicas, 1997