Cálcio (Ca)

A quantidade total de cálcio (Ca) presente no solo varia de 0,1% a mais de 25%. Os solos calcários, comumente encontrados em ambientes áridos, possuem os níveis mais elevados desse nutriente (Lopes, 1998). Em contraste, os solos orgânicos recém-drenados geralmente têm quantidades muito baixas de Ca e tendem a apresentar valores de pH extremamente baixos, condições frequentes em solos tropicais. Além disso, solos argilosos geralmente contêm mais Ca do que solos arenosos. O cálcio no solo se encontra principalmente nas seguintes formas: carbonatos - de origem metamórfica ou sedimentar, sendo estes últimos parcialmente de origem biológica; sulfatos; e silicatos. Ele é encontrado em concentrações mais altas em alguns minerais primários, como anortita, augita, epidoto e apatita, e em concentrações mais baixas em minerais secundários. Na verdade, minerais como dolomita, calcita, apatita e feldspatos cálcicos são as principais fontes de Ca no solo (Korndörfer, 2003).  Pode estar na forma trocável e solúvel. É dominante em solos argilosos, compreendendo 65% do complexo de troca. Na forma solúvel, é encontrado em baixas concentrações em solos ácidos tropicais. Participa do fenômeno de troca de cátions (CTC), sendo retido nas superfícies com cargas negativas das argilas e matéria orgânica. Nos solos cultivados, o cálcio geralmente é o cátion dominante da CTC. Em regiões tropicais, onde há baixas concentrações de cálcio e altas de alumínio, sua deficiência pode limitar o crescimento de culturas exigentes. O Ca é absorvido pelas raízes como Ca2+ podendo sua absorção ser diminuída por altas concentrações de K+, Mg2+ e N-NH+ 4 no meio de cultivo. Apresenta raio iônico hidratado relativamente grande (0,412 nm). Encontra-se firmemente ligado a estruturas no apoplasma, sendo parte trocável nas paredes celulares e membrana plasmática. Grande parte do Ca pode ser encontrada nos vacúolos. Baixas concentrações são encontradas no simplasma e no floema, indicando sua baixa mobilidade na planta. Muitas das funções do Ca estão ligadas à composição estrutural de macromoléculas e relacionadas a sua capacidade de coordenação, o que confere ligações intermoleculares estáveis mas reversíveis, principalmente nas paredes celulares e na membrana plasmática. O cálcio desempenha múltiplos papéis essenciais na estrutura e no funcionamento das plantas. Ele está presente na composição da parede celular e é fundamental para a síntese e funcionamento da membrana plasmática. Além disso, desempenha um papel crucial na germinação do grão de pólen e no crescimento do tubo polínico. O cálcio também atua como um facilitador na disponibilidade de molibdênio e outros micronutrientes necessários para o desenvolvimento saudável das plantas. No solo, sua presença é vital, pois ajuda a reduzir a acidez e a mitigar a toxidez de elementos como alumínio, cobre e manganês, criando um ambiente mais propício para o crescimento e a nutrição das plantas.


Cálcio é de suma importância para o organismo animal, já que, está envolvido na permeabilidade celular, coagulação sanguínea,  transmissão dos impulsos nervosos, contração muscular, regulação cardíaca, secreção de hormônios e ativação enzimática. Além disso estudos realizados relacionados a dietas ricas no suplemento de cálcio em quantidades superiores às exigências podem melhorar a eficiência alimentar ou ganho de massa (Bock et al., 1991), devido ao seu efeito tamponante que reduz as flutuações do pH ruminal. Com o aumento da idade, a absorção verdadeira de cálcio, em bovinos, diminui de 90% em bezerros de até 100 kg de peso corporal, para 22% em vacas em terço final de lactação (NRC, 2001). Nos bezerros desmamados, o valor sugerido para absorção real de cálcio é de 68%. Essas mudanças têm relação com o declínio nos receptores de vitamina D no trato intestinal. É importante observar que a absorção de Ca também é controlada por mecanismo homeostático e está inversamente relacionada com o teor de Ca na dieta.  Além das funções mais importantes exercidas pelo cálcio, uma relação com a qualidade da carne dos animais também pode ser mencionada. Durante a quebra das fibras da carne há liberação de Ca, o que proporciona aceleração do processo de maciez da carne (Pedreira et al., 2003).  A falta de cálcio pode causar doenças como a hipocalcemia conhecida, também, como febre do vitular ou paresia puerperal, normalmente acomete bovinos de alta produção geralmente, nas primeiras 48 horas após parto, mas pode manifestar-se imediatamente antes ou até 72 horas após do mesmo. Isso acontece devido à grande grande demanda de Ca para suprir a produção de colostro necessário no período, junto à uma deficiência de sais aniônicos, baixo potássio e Ca na dieta pré-parto do animal. Já o excesso do mesmo pode causar a hipercalcemia que é uma doença relativamente rara e pode ocorrer principalmente por dietas ricas em Ca, intoxicação com vitamina D, neoplasias, hiperparatireoidismo primário, (em touros, o excesso de cálcio pode causar osteopetrose). 

MINERAIS QUE POSSUEM CÁLCIO EM SUA COMPOSIÇÃO:

Actinolita AndraditaApatitaAragonita , Calcita , Cobalto calcita  , Epídoto  , FeldspatoFluorita , Rodonita , Rosa das areias,  Turmalina , LabradoritaGipsita


REFERÊNCIAS

BERCHIELLI TERESINHA, Telma; VAZ PIRES, Alexandre; DE OLIVEIRA, Simone Gisele. Nutrição de Ruminantes. Editora FUNEP, 2011. vol. 2, pág. 347, Março, 2024.

FÉLIX H. D. GONZÁLEZ. Indicadores Sanguíneos do Metabolismo Mineral em Ruminantes. Porto Alegre - RS, pag. 34-35. abril, 2024.

FERNANDEZ, Manlio S.  Nutrição mineral de plantas. SBCS, 2006.

FLOSS, Bruna Daiane; REBELATO, Marcelo Cervieri; MACHADO, Juliana Medianeira. Hipocalcemia puerperal em bovinos de leite: Revisão de literatura. Cruz Alta, RS, Unicruz. [s.d].

MALAVOLTA, Eurípedes. Manual de nutrição mineral de plantas. Pavilhão de Chimica, ESALQ: CERES, 2006.

SHEILA DA SILVA MORAES. Principais Deficiências minerais em Gado de Corte. Campo Grande, MS: EMBRAPA, 2001, vol 1, pág 13-14. março, 2024.