Arte Sacra e Religiosidade

A Arte Sacra e a Religiosidade

O território brasileiro, antes da chegada dos imigrantes italianos, já possuía diversas manifestações de cunho religioso. Algumas ligadas a etnias afro-brasileiras; outras referentes aos povos indígenas, que já habitavam as terras sul-americanas há muitos séculos.

Assim como as demais culturas, a religiosidade também se fez presente e de suma importância para o povo italiano. Afinal, muito mais do que os pertences, pessoais trazidos além-mar, os italianos também traziam consigo a devoção católica. Embora o catolicismo já fosse a religião preponderante e oficial do império naquele período, a imigração ítala ocasionou a sua consolidação em solo nacional.

E é nesse contexto que a arte sacra ganha destaque e relevância ao longo dos anos no nordeste gaúcho. Por mãos de artistas renomados, muitas obras passaram a fazer parte do cotidiano, evidenciando a adoração à religião.

Visita virtual ao Museu

Visita virtual ao Museu Municipal Maria Clary Frigeri Horn

Alegoria ao imigrante. Fotógrafa: Paola Morgan Riva

Tarquinio Zambelli

Um dos grandes nomes desse período, no que se refere à arte, foi o italiano Tarquinio Zambelli. Após cursar a escola Belas artes de Milão, Tarquinio, junto a sua família, migra para o brasil. É aqui que ele vai exercer seu trabalho, utilizando a madeira como matéria prima. Dentre suas esculturas, podemos destacar a Alegoria ao Imigrante como sua obra magna. Nela o autor dedica dez anos de sua vida, com paciência e esmero, para esculpir uma imagem rica em detalhes que traduzia o início árduo e de muito trabalho dos imigrantes.

Pietro Stangherlin

Contemporâneo a ele, outro grande escultor fez sua fama na região: Pietro Stangherlin. Também de origem italiana, Stangherlin esculpia imagens em madeira usando todo seu conhecimento autodidata com altivez.

Foto geral do acervo da sala de arte sacra. Ao fundo, uma pintura de Pietro Stangherlin. Fotógrafa: Paola Morgan Riva
Algumas obras de Zambelli. Fotógrafa: Paola Morgan Riva

Michelangelo Zambelli

Mas foi Michelangelo Zambelli, filho mais velho de Tarquínio, que obteve maior representatividade na arte sagrada. Com seus estudos e trabalhos realizados no exterior, Michelangelo retratou, com a técnica do gesso, imagens de santos que se espalharam pela cidade e pela região durante o século XX.

Atelier zambelli

Fundado em 1915, o atelier de Michelangelo foi o templo onde ele e seus funcionários deram vida a milhares de modelos do qual podemos presenciar, um pouco, aqui no museu. As figuras sacras de sua autoria simbolizaram o começo de uma nova fase da arte caxiense. Mais que isso: uma nova fase da religiosidade citadina. Com um processo de produção em serie, seu talento e trabalho tornaram-se rapidamente reconhecidos. É dele, por exemplo, a obra de Santa Teresinha das Rosas.

Foto geral do acervo da sala de arte sacra. Fotógrafo: Guilherme Sorgetz
Foto geral do acervo da sala de arte sacra. Fotógrafa: Paola Morgan Riva

Os Capitéis

Além de toda devoção, simbolizada pelas imagens, os capitéis, estruturas de madeira construídas na margem das estradas, também ganharam espaço no seio regional. Embora fossem pequenas obras de madeira, os capitéis demarcavam não apenas a crença de uma família em um determinado santo, como também promovia a socialização, posto que era um espaço compartilhado por muitos que praticavam sua fé simultaneamente.

Igrejas e capelas

Socialização que também ocorreu a partir das primeiras igrejas e capelas. Isso porque, além das preces realizadas nesses locais, era um meio em que via-se a congregação entre o povo que se formava. Vale ressaltar que a Itália passara, alguns anos antes, por um processo de unificação, onde regiões com culturas e costumes diferentes passaram a compor um único país. Dessa forma, a prática ao catolicismo era um ponto em comum dentro da identidade italiana, servindo como um fulcro e, ao mesmo tempo, como um movimento agregador a formação da vida social e à estabilização do povo na nova pátria.

Foto geral do acervo da sala de arte sacra. Fotógrafa: Paola Morgan Riva
Foto geral do acervo da sala de arte sacra. Fotógrafa: Paola Morgan Riva

os adereços religiosos

Quando falamos dessa efervescente devoção, é impossível, entretanto, não falarmos dos adereços religiosos que os fiéis usavam nos rituais sagrados e que até hoje presenciamos em muitos lares: A bíblia, o crucifixo de madeira, as capelinhas, passadas de residência a residência; Os objetos clericais, usados nas cerimônias. Além disso tudo, a cadeira genuflexória - ou simplesmente cadeira oratória- nos revela um pouco mais sobre essas práticas religiosas. O assento que poucas pessoas na época usufruíam para poder assistir a missa, revelavam, de certo modo, a estratificação social que já se presenciava na comunidade ítalo-brasileira; ou seja, ela simbolizava o status ou o poder aquisitivo de uma família, demonstrando, portanto, a elitização marcante daquela época.

a religião

Assim como o trabalho e a esperança de uma vida mais digna, a religião foi um dos cernes que colaborou na fixação do imigrante italiano em terras americanas.

Foto geral do acervo da sala de arte sacra. Fotógrafa: Paola Morgan Riva

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