Força de vontade, força de vontade: se tivéssemos a força de vontade

Força de vontade não é o bastante. Achamos que é e frequentemente erramos por causa disso. O exemplo mais clássico é o de trabalhar muito e aquela vontade de praticar exercícios físicos nunca vem. Na verdade temos a vontade, mas depois de uma carga pesada de trabalho, procrastinamos.

Uma pesquisa de Roy Baumeister demonstra na prática como isso acontece. Um grupo de pessoas passa por um exercício de controlar as próprias emoções e vontades em algo simples como não rir assistindo um filme engraçado, ou comer menos ou uma comida menos apetitosa de uma mesa com outras comidas mais saborosas. Depois este grupo de pessoas precisa fazer uma tarefa que também exige auto controle, como não beber para depois dirigir ou resolver um quebra cabeças. Para fins de comparação um outro grupo de pessoas fazia a primeira tarefa sem restrições impostas. Depois realizavam a segunda tarefa com as mesmas restrições do outro grupo.

A conclusão é clara. Depois de serem forçados a seguir algumas restrições impostas na primeira tarefa, o estresse gerado provocava uma queda de rendimento na segunda tarefa. Ou seja, ser forçado a controlar as próprias emoções tem um limite psicológico e físico em todo mundo.

Qual a relação entre força de vontade e motivação? Se existir uma recompensa, o fato de saber que você será recompensado acaba compensando a fadiga mental. A procrastinação esta atrelada a esta ideia de que se não vale a pena fazer ou se não achamos capazes de fazer, o caminho natural é deixar para depois.

Algumas estratégias para lidar com a fadiga e a exaustão:

Uma vez um professor me disse "Chega em casa, não pense em estudar assim que chegar. Toma banho antes". É verdade, o simples ato de trocar de roupa e mudar o estado mental de um ambiente para outro pode ser o impulso necessário para começar a fazer.

Uma pergunta fácil de responder: Se você vai prestar uma prova e faz simulados, o que dá mais confiança. Ter uma nota acima do mínimo necessário segundo as médias de anos anteriores. Ou uma nota muito perto do mínimo? Se você esta abaixo da nota ou muito pouco acima, se sente mais motivado a melhorar ou menos motivado? Por quê?

Isso é algo que eu li sobre treinamento de atletas. Numa competição de nível mundial o atleta não pode se dar ao luxo de ter 90% de desempenho, se o objetivo é a vitória é exigido 100% ou mais. É por isso que alguns esportes não duram muito na vida do atleta, o corpo não sustenta tanto impacto por tanto tempo. Os melhores técnicos são aqueles que lidam com o emocional do atleta de forma a minimizar a interferência negativa do emocional no desempenho.

No tratamento de diversos tipos de transtornos essa questão da vontade é um problema central. Se a pessoa sente vontade de comer muito, como controlar isso? Se a pessoa é um mentiroso compulsivo, como controlar isso? Se a pessoa é passiva e não sente vontade de fazer nada, como mudar essa inércia? Um caso extremo de serial killer por exemplo a vontade é simplesmente incontrolável e a ciência não sabe como mudar isso.

Tem algumas histórias de transtorno de personalidade que relatam casos de abuso. Por exemplo: ser cobrado por notas máximas na escola, caso contrário você é punido severamente. Na vida adulta isso pode se traduzir numa pessoa que simplesmente não faz nada por temer as consequências, mesmo que elas não existam de fato. Muitas histórias de transtornos de personalidade tratam de casos que a pessoa foi punida por obter resultados, o que é completamente invertido em relação à expectativa normal da vida. É algo semelhante a muitas histórias de relacionamentos abusivos, que invariavelmente estão ligadas a algum transtorno também. Pessoas que associaram na mente a punição ao amor ou a recompensa, o que é uma completa distorção das percepções normais de uma pessoa.