Prólogo

O autor defende a tese de que virtudes podem ser ensinadas e que o exemplo é mais efetivo do que a leitura neste caso. Uma ironia, afinal ele escreveu um livro sobre isso! O livro é sobre ética, virtudes e uma reflexão sobre o que devemos fazer, o que devemos ser e como devemos viver. Cada pessoa tem os seus ideais e existe uma distância entre esses ideais e como a pessoa é agora. O livro é para visualizar e percorrer esta distância.

O autor começa definindo que uma virtude é uma força, poder ou capacidade. Uma qualidade inata em outras palavras. Uma faca corta. Um remédio cura. Um avião voa. Daí vem o valor. Comparamos um objeto com outro pela sua qualidade. Uma faca corta melhor do que outra. Um avião voa melhor do que outro. Assim por diante. A virtude não depende do uso. A questão aqui não é se a faca mata ou salva vidas, mas se faz o que tem que fazer que é cortar.

Para objetos inanimados a definição é boa. Como fazer para aplicar virtude à pessoas? Aí entra moral e outras qualidades como a razão. O autor dá uma explicação bastante abstrata aqui. Virtude no senso de ser humano esta atrelada ao fator do ser humano ser sociável. Muitas virtudes advém do fato de que há relacionamento envolvido entre os seres humanos. Nesse sentido, o simples fato da humanidade ter durado o tempo que durou e ter se desenvolvido já seria uma virtude por si mesma. Ou seja, há um entrelaçamento aqui entre biologia e cultura. Ambos caminham juntos. O fato de uma pessoa reconhecer essa característica da humanidade já seria uma virtude.

O que o autor fez foi definir quais qualidades seriam tratadas. Afinal o que seria uma virtude em uma pessoa? Segundo Aristóteles seria fazer o bem. Indo mais além, fazer, executar a ação do bem. Aí entra uma questão filosófica complicada que é definir o bem e o mal. Para fazer isso o autor buscou enfatizar o que seriam os valores morais de uma pessoa. Aqueles valores que dão uma direção na vida ou que dão sentido à vida. Por exemplo: respeito, generosidade, paciência, etc. Ele fez uma lista e foi organizando de tal forma que chegou ao número de capítulos e virtudes no livro: 18. A ordem dos capítulos e virtudes não segue nenhuma classificação rígida ou algum preceito filosófico, o autor foi pela ordem que parecia mais conveniente para o leitor.

O autor tem grande respeito por autores anteriores, afinal o livro esta discutindo conceitos e ideias que já existem há milhares de anos. Ele não quis ser original no sentido de trazer conceitos novos que não existiam antes. Ele reconhece que a tarefa e o objetivo do livro pode ser vista como presunçosa ou ingênua. Mas ele mesmo reconhece que escrever sobre as virtudes é algo que demanda muito questionamento sobre si mesmo, afinal você esta confrontando os seus próprios valores com uma discussão de milhares de anos e muitos outros autores já estabeleceram bases sólidas. Nesse sentido o autor tenta ser humilde, afinal os grandes nomes já estão estabelecidos bem antes dele mesmo. Presunção do autor querer escrever um tratado sobre virtudes que já foram bem definidas por grandes nomes? Certamente não.

O autor se sente agradecido e recompensado por ter sido um trabalho muito prazeroso e que certamente encontrará leitores que encontrarão nas páginas do livro algo de valor para si.

O autor defende a tese de que virtudes podem ser aprendidas. No caso específico de transtornos de personalidade em casos extremos, incluindo aí os psicopatas, ninguém sabe ao certo porque os julgamentos morais são feitos de outra forma no cérebro destas pessoas. Só se sabe que são pessoas que por mais que você mostre o errado, o certo e explique, argumente, algo não é entendido ou existe uma incapacidade inata de aprender aquilo. Como isso se dá no cérebro ninguém tem uma explicação definitiva. Como não se sabe a causa, ninguém sabe se é possível reverter isso. Daí que alguns tipos de criminosos são ditos irrecuperáveis. Tem como modificar o cérebro diretamente? Não se sabe.