Teoria, pesquisa, ensino de História e produção audiovisual como metodologia
Este projeto dá continuidade a uma pesquisa entrelaçada ao ensino de história e à produção de material didático audiovisual, e visa à ampliação do horizonte teórico-metodológico nos campos da pesquisa e do ensino de história, aprofundando questionamentos e reflexões sobre teorias pós-coloniais, decoloniais e antirracistas, explorando a arena de debates sobre (de)colonialidade e interseccionalidade, que endereçam o que denomino “sujeitos outros da história” ou “sujeitos em situação de margem”, sendo que o foco da pesquisa está nas mulheres guardiãs de saberes tradicionais/ancestrais situadas em localidades não-centrais, em suas amplas concepções e possibilidades analíticas.
Partindo dos estudos feministas interseccionais, das mulheridades e de gênero, será proposta uma reflexão sobre os saberes populares de mulheres no ensino de história, estabelecendo um diálogo entre academia, sujeitos sociais e sala de aula, abrindo caminhos para uma composição com esses sujeitos (“sujeitas”) e seus protagonismos, tanto na pesquisa histórica quanto no ensino de história, explorando a produção audiovisual, no intuito de constituir e disponibilizar material didático audiovisual como resultado parcial da pesquisa, entendendo a produção audiovisual como documentação histórica, mas também como material a ser elaborado. Por outro lado, será buscada a inserção no debate decolonial/contracolonial de regiões ainda tomadas como periféricas - o Nordeste do Brasil, com foco na Paraíba e na Bahia, e o sertão Norte-Mineiro - sendo dado destaque para as cidades interioranas/sertanejas. O recorte analítico se dará por meio de categorias como: mulheres guardiãs de saberes tradicionais/ancestrais, mulheres de cura, saberes sertanejos e sertanidades, mulheridades. A constituição de redes torna-se necessária à expansão e à continuidade desta pesquisa, desenvolvida inicialmente nas cidades mineiras Montes Claros, São Francisco, Buritizeiro, Jaíba, e nos quilombos Gorotuba e Buriti do Meio; nas cidades baianas Cachoeira, São Félix e Serrolândia; e nas cidades paraibanas Cajazeiras (Triunfo) e Rio Tinto/Mamanguape. Por fim, pretende-se, com este trabalho, dar continuidade a o que venho denominando uma vídeo-historiografia.
Prof. Ana Maria Veiga
ana.veiga@academico.ufpb.br
Gamificação para a prática do ensino de História
O termo gamificação representa um método de aprendizagem, de caráter dinâmico, inserido no contexto de metodologias ativas, em que podem ser utilizados sistemas de jogos. Por ser entendido como um processo, e não o jogo em si, o uso da gamificação tem se expandido nas práticas educacionais e escolares, e em diferentes áreas do saber. Considerando a grande variedade de jogos eletrônicos ofertada pelo mercado, em que alguns trazem elementos com abordagens históricas, tais como Civilization, Assassin's Creed e Call of Duty, mas sem um crivo historiográfico, faz-se necessário pensarmos como esses jogos podem influenciar na percepção de jovens, e como o processo de gamificação pode contribuir para a aprendizagem histórica a partir de práticas didáticas discutidas no espaço escolar. Partindo de trabalhos desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa InovEH (Dep. História/UFPB), o Projeto em questão tem como foco pesquisar sobre os processos de gamificação e de criação de jogos voltados para a aprendizagem do conhecimento em História, considerando as possibilidades didáticas e pedagógicas, a aplicação das metodologias ativas no ensino básico e as habilidades para a formação docente. Para o desenvolvimento da pesquisa, serão analisadas referências bibliográficas sobre o tema, levantamento e análise de jogos com temática histórica e desenvolvimento de jogos eletrônicos aplicados ao ensino de História.
Prof. Cláudia Cristina do Lago Borges
claudialago.rn@gmail.com
Território potiguara sob a gestão do SPI
O Projeto em pauta trata da história do Serviço de Proteção aos Índios e sua atuação em terras paraibanas. Criado em 1910, o órgão tinha como intuito prestar assistência aos índios, que fossem nômades, aldeados ou que vivessem “promiscuamente com civilizados”. No contexto de sua criação, o momento histórico do Brasil refletia-se na recém proclamada República, cujos discursos nacionalistas e de ordem e progresso moveram as classes política e econômica frente a um avanço territorial, porém, que se esbarrava na ocupação de vários territórios – ricos e promissores – ocupados por diversas populações indígenas. Na Era Vargas, o projeto desbravador ganhou novo impulso, e com isso, o SPI ganhou não só mais importância dentro das propostas políticas, mas também consideráveis somas orçamentárias para alavancar seus projetos assistencialistas frente aos povos indígenas.
Na Paraíba, o órgão começou a atuar ainda em 1930 e permaneceu até 1967, quando foi então extinto pelo governo militar para a criação da FUNAI. Através do Posto Indígena Nísia Brasileira, situado na Baía da Traição, os povos potiguara da Paraíba passaram a ser tutelados pelo Estado, cuja administração, recursos financeiros, assistência educacional e de saúde dependiam da avaliação e autorização do SPI, ou seja, a vida dos povos indígenas dependia quase que exclusivamente do aval do Estado. Durante todo o período de atuação, o órgão produziu um grande cabedal documental, sendo este acervo disponibilizado pelo Fundação Nacional Museu do Índio no Rio de Janeiro. Considerando que os documentos em pauta reproduzem não somente uma parte da história do Brasil, mas especialmente da memória e da identidade dos povos potiguara, este projeto visa analisar os documentos que tratam diretamente das ações do SPI, entre os anos de 1930 a 1940, avaliando as intervenções diretas do órgão junto à população indígena das aldeias da Baía da Traição nos conflitos de ocupação territorial, por decorrência das constantes invasões por particulares (não-indígenas) ou pela Cia de Tecido Rio Tinto. Partindo desses dois grupos de invasores, as linhas de pesquisa neste projeto serão distribuídas em dois diferentes planos de trabalho, que deverão identificar, classificar e analisar a documentação estudada, considerando as análises historiográficos, contextuais e regimentais que versam sobre o SPI, o Posto Nísia Brasileira e a história dos potiguara.
Prof. Cláudia Cristina do Lago Borges
claudialago.rn@gmail.com
Por uma Idade Média Global: teoria, metodologia e ensino de História
Este projeto pretende trabalhar com o conceito de Idade Média Global, considerando suas dimensões teóricas, metodológicas e didático-pedagógicas. Tal conceito, lançado pela historiadora Geraldine Heng (2003), vem se popularizando entre os medievalistas brasileiros nos últimos anos. Buscaremos explorar as potencialidades desse novo paradigma historiográfico, por meio do estudo de suas principais perspectivas e definições espaço-temporais. Para tanto, serão desenvolvidas investigações que possam contribuir com o amadurecimento do campo, produzindo reflexões teórico-metodológicas e materiais didático-pedagógicos.
Prof. Guilherme Queiroz de Souza
guilhermehistoria@yahoo.com.br
Poder, partidos e biografias na Assembleia Legislativa da Paraíba (1947-1951)
Esse projeto de pesquisa, vinculado à sub-área de história, tem por objetivo investigar as configurações políticas e partidárias da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), em sua primeira legislatura pós Estado Novo (1937-1945) – a legislatura de 1947 a 1951. Para tanto, serão organizados verbetes histórico-biográficos dos deputados eleitos para essa legislatura. Buscamos perceber como a formação dos grupos políticos e as elites político-partidárias na Paraíba estiveram organizadas de modo a se constituir como poder político/representativo, por meio de suas vinculações ideológicas e de tradições político-familiares assentadas historicamente no território paraibano a partir de 1930. O nosso referencial teórico está alicerçado nos estudos sobre as elites e o poder, tanto em uma perspectiva mais ampliada: BOURDIEU (1989), DALL (1997), quanto brasileira e paraibana: CARVALHO (2013), PERISSINOTO & CODATTO (2015), LEWIN (1993), GURJÃO (1994) e CITTADINO (1998). Também para análise dos discursos parlamentares PIOVEZANI (2017) e LE BART (1998) contribuem para que possamos analisar qualitativamente os discursos da ALPB.
Prof. Martinho Guedes dos Santos Neto
martinho.ufpb@gmail.com
Docência em História: o trabalho docente e o ensino na Paraíba
Este projeto tem por objetivo identificar como se encontra o trabalho docente dos professores de história no Ensino Fundamental Anos finais. Quais as circunstâncias do seu exercício profissional e como está caracterizada sua condição de professor nas gerências de ensino da Paraíba. Esse projeto pretende mapear os ponto fortes e as fragilidades do exercício da docência em história no estado inserindo-os no contexto relacional dos projetos implementados pela SEE-PB nas escolas e no que diz respeito a execução didático-pedagógica dos conteúdos ensinados na sala de aula, como parte do seu fazer profissional. No conjunto investigativo do objeto de estudo deste projeto alguns autores alicerçam o nosso referencial teórico como: MORAN (2007); SAVIANI (2016); PARAÍBA (2017); PARAÍBA (2015); BITTENCOURT (2004); CERRI (2011); FERREIRA (2004), eles contribuem para que possamos analisar qualitativamente os elementos constitutivos da docência em história nas escolas.
Prof. Martinho Guedes dos Santos Neto
martinho.ufpb@gmail.com
A sociedade civil sob vigilância: atuação do Serviço Nacional de Informação (SNI) nos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte (1964-1985)
Com o golpe civil-militar, uma das primeiras medidas de institucionalização do novo governo foi a criação do Serviço Nacional de Informação (SNI). O referido órgão foi criado formalmente pelo Decreto-Lei nº 4.341, de 13 de junho de 1964, como órgão de assessoramento do Executivo, responsável - não perante ao Congresso Nacional - mas ao Conselho de Segurança Nacional e ao Presidente da República. Este órgão teve como primeiro presidente, seu idealizador, o general Golbery do Couto e Silva, que “dezessete anos depois de tê-lo criado viria a chamá-lo de monstro”. Em 1970, o governo militar, visando aperfeiçoar o sistema de informações, instituiu o Sistema Nacional de Informações (SISNI). Este passou a ser integrado pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), pelos “Sistemas Setoriais de Informações dos Ministérios Civis”, pelos “Sistemas Setoriais de Informações dos Ministérios Militares”, pelo “Subsistema de Informações Estratégicas Militares” (SUSIEM) e por outros órgãos setoriais. O que o SISNI entendia como “Outros Órgãos Setoriais de Informações” eram assessorias de informações situadas em importantes esferas da administração pública ou em empresas estatais. Esta pesquisa utilizará acervo do Serviço Nacional de Informações (SNI), Agência Pernambuco, contendo 7.380 (sete mil, trezentos e oitenta) documentos.
O referido acervo, originalmente disponível no Arquivo Nacional, foi entregue em 2016, à Comissão Estadual da Verdade e Preservação da Memória da Paraíba (CEVPM-PB) e hoje encontra-se sob a guarda do Memorial da Democracia da Paraíba, localizado na Fundação Casa de José Américo. A pesquisa pretende analisar a produção de informações feita pelo Serviço de Nacional de Informações (SNI) como o apoio de outros órgãos de informações da ditadura militar brasileira, referentes à atuação da imprensa; e a comunidade acadêmicas das instituições de ensino superior nos estados nordestinos que viviam sob a vigilância exercida pela Agência Recife do referido órgão, quais sejam: Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Esta pesquisa é relevante pela necessidade de uma investigação empírica mais profunda para se constatar a vigilância que a chamada “comunidade de informações” exercia sobre a sociedade civil nordestina durante o período de vigência da ditadura militar no Brasil. Com a conclusão desta pesquisa espera-se suprir uma lacuna na historiografia nordestina recente, sobre um tema não onde existem pesquisas acadêmicas, já que o acesso à documentação do Serviço Nacional de Informações é bastante recente. A partir desta pesquisa empírica mais profunda espera-se trazer novos elementos para compreensão do Estado de exceção no Brasil; identificar pessoas, organizações e entidades da sociedade civil que se viram sob a vigilância dos órgãos de informações e as consequências para os mesmos.
Prof. Paulo Giovani Antonino Nunes
pauloantoninonunes@hotmail.com
O Ensino de História, Cinema e Ditadura: o que o tema do exílio pode nos ensinar?
Esse projeto pretende analisar filmes que têm como tema a ditadura civil-militar no Brasil (1964 1984) com o intuito de compreender como alguns cineastas fizeram representações do do exílio. A pesquisa parte de uma análise bibliográfica que contempla as formas de opressão durante um regime arbitrário e relaciona a produção de filmes que têm a ditadura e o exílio como foco. A proposta é entender o quanto o cinema é importante na preservação da memória coletiva, na busca por justiça e na criação de modelos que possam ser universalizados em termos conceituais para que os alunos possam valorizar a democracia. Trata-se de pensar como o cinema é capaz de refletir sobre o ser humano e seus direitos universais tal qual são estabelecidos na carta da ONU de 1948, pensando o exílio longe de uma visão possivelmente romântica, mas entender o drama que mulheres e homens brasileiros viveram ao longos das décadas de 60 e 70 do século XX. Por isso a ideia é privilegiar o tema do exílio que ocorre em tempos de autoritarismo ou de guerra. Serão analisados os filmes Cabra marcado para morrer (1984) de Eduardo Coutinho. Em teu nome (2009) de Paulo Nascimento e Deslembro (1984) de Flávia Castro. A análise deles permitirá compreender como o cinema pode ser um aliado do professor de história no estudo da história do Brasil republicano frente ao grande desconhecimento do tema pelos alunos.
Prof. Paulo Roberto de Azevedo Maia
maiaufpb@gmail.com
Adoecer e Morrer na província da Parahyba na segunda metade do oitocentos
No Brasil, desde as últimas décadas do século XX, os estudos acerca da História da Saúde, das Doenças e da Morte, vêm ampliando seus campos de pesquisa. Com um vasto acervo documental, e a contribuição de áreas afins, as pesquisas sobre epidemias, representação social das doenças, da cura, sobre a morte, o corpo, só para citar algumas, descortinam uma teia de relações de poder e saber acerca das implicações políticas, educacionais, religiosas, sociais, culturais, evidenciando a historicidade dos temas. Tem mostrado, ainda, o alargamento na compreensão do próprio conceito de doença, antes entendido apenas como um aspecto natural, e hoje apreendido como uma construção sociocultural. No entanto, mesmo com o desenvolvimento das pesquisas na área, percebemos, ainda, uma lacuna na historiografia paraibana. Foi pensando nisso que, nesse trabalho, pretendemos discutir as questões relacionadas ao adoecer e morrer na província da Parahyba, na segunda metade do século XIX. Para tanto, buscamos o aporte teórico da História Cultural e utilizaremos como fontes históricas os Relatórios da Inspetoria da Saúde, Provedoria da Santa Casa da Misericórdia da Parahyba, Relatórios dos Presidentes de Província, Jornais e Livros médicos do período, além dos relatos de memorialistas ligados ao Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), Livros de Óbitos, entre outros.
Prof. Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano
serioja.mariano@academico.ufpb.br
História, arte literária e política: literatura Yanomami
Este Projeto propõe pesquisas e estudos no âmbito da Iniciação Científica, objetivando o exercício teórico-metodológico, tomando a literatura como fonte para a produção do conhecimento histórico, contribuindo, assim, com a historiografia e a formação discente. Nesse sentido, o nosso objetivo geral se desdobra em duas etapas. A primeira constituída pelos estudos sobre fontes históricas e sobre aspectos da crítica e teoria literária e a segunda etapa consiste na análise de textos literários, associados a obras não ficcionais, ambas, narrativas literárias e as não ficcionais, todas produzidas por intelectuais indígenas. As obras literárias selecionadas são: O surgimento da noite, O surgimento dos pássaros e A árvore dos cantos. Cada uma das três será trabalhada por um Plano de Trabalho. As narrativas fazem parte da Coleção Mundo Indígena, que ainda inclui Os comedores de terra e são os cadernos relacionados aos Yanomami, do grupo Parahiteri. As obras não ficcionais são: A queda do céu e O espírito da floresta, Davi Kopenawa e Bruce Albert; O desejo dos outros: uma etnografia dos sonhos Yanomami, Hanna Limulja; Ideias para adiar o fim do mundo, Futuro ancestral, A vida não é útil, Ailton Krenak; Originárias: uma antologia feminina de literatura indígena, organização Trudruá Dorrico e Maurício Negro, com ilustrações de Maurício Negro.
As principais referências teóricas em relação à arte, especificamente a literatura como fonte para a história, são: Michel Foucault, Sidney Challoub, Susan Sontag, Maurice Blanchot, Roland Barthes, Michel de Certeau Gilles Deleuze e Félix Guattari. No que concerne ao debate sobre fontes históricas, trabalharemos com Michel de Certeau e Paul Veyne. Outra referências igualmente importantes para o desenvolvimento dos estudos/pesquisas que propomos são trabalhos de Eduardo Viveiros de Castro e de Débora Danowsky: O passado ainda está por vir; Eduardo Viveiros de Castro, Metafísicas canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural e a Inconstância da alma selvagem; Maria Esther Maciel, Literatura e animalidade; Achille Mbembe, Necropolítica e Brutalismo; Walter Mignolo, Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade, entre outros, com intuito de inserir o debate sobre os genocídios, políticas de morte, antropoceno e decolonialidade.
Prof. Telma Cristina Delgado Dias Fernandes
telmadiasfernandes@gmail.com