Huhn Corporação Intelectual

Problemas
Projeto Polímata

Bem-vindos à página do "Projeto Polímata"
da qual tratamos a respeito dos problemas que visamos resolver.

Esperamos aqui esclarecer:

- Parte dos problemas educacionais do "Sistema Educacional" brasileiro
- Quais os problemas do "Modelo Educacional" vigente

Agradecemos pela atenção e o interesse em compreender os desafios do nosso sistema educacional.
Esperamos que esta análise contribua para reflexões significativas e para a compreensão de nosso trabalho.

OBSERVAÇÕES:

Para uma melhor assimilação do conteúdo e uma reflexão mais profunda, recomendamos que você faça pausas durante a leitura desta página. Consideramos que uma leitura contínua de 20-30 minutos, seguida de um intervalo de 5-10 minutos, pode ajudar a absorver melhor as informações apresentadas.

Ou espere por nossa versão em áudio dessa página!

Vamos lá!

Para começarmos corretamente e minimizarmos imposições irrelevantes aos propósitos do projeto, esperamos que vocês, entusiastas e leitores, compreendam sob quais premissas estamos partindo para a composição das metodologias e da concepção conceitual do projeto Polímata.

Contextualização

Todo o conteúdo que será apresentado a seguir foi desenvolvido e analisado por mim, Gustavo Huhn.

As concepções, ideias e análises são fruto de um observação cuidadosa, detalhada e reflexiva sobre os desafios e potencialidades do sistema educacional brasileiro. Espero que este material promova discussões construtivas sobre o futuro da educação em nosso país e os familiarize com nossa proposta.

Se você desejar saber mais sobre meu trabalho e explorar outras análises e projetos que tenho desenvolvido, recomendo visitar minha página pessoal. Lá, você encontrará uma visão mais abrangente do meu compromisso com a educação e outras iniciativas.

Portfolio Pessoal

Essa página oferece uma análise que explora a amplitude dos problemas educacionais Brasileiro. Caso não esteja buscando uma compreensão tão profunda, recomendo-lhe à página "Metodologias" na qual tratamos de maneira mais simplificada dos problemas, somado a apresentação das nossas propostas de solução.

Metodologias

Quais os problemas do "Sistema Educacional" brasileiro?

A educação básica brasileira enfrenta desafios complexos e profundos, que não limitam-se a um único problema fundamental. Para começarmos, é crucial distinguirmos as diferenças entre o conceito de "Modelo" e "Sistema", para de fato entendermos a amplitude das dificuldades. Pois "Modelo" refere-se análogo a uma espécie de "manual de instruções" sobre como as escolas em teoria devem operar. Enquanto o "Sistema", é o resultado da implementação prática desse modelo por cada respectiva nação/estado. No caso do Brasil, além de utilizarmos um modelo educacional inadequado, o resultado da implementação desse modelo gera um sistema ainda mais deturpado que comparado a outros países que compartilham do mesmo modelo, devido a problemas específicos de gestão e implementação.

Fisiculturismo e modelo educacional

Para ilustrarmos essa diferença, imaginem que todas as nações são entusiastas do fisiculturismo. Todas compartilham do mesmo plano de treino, dieta, regulagem de sono e infraestrutura recomendada. Cada nação precisa construir suas próprias academias e seguir as recomendações alimentares e de treino. O Brasil, neste cenário, seria o país que treina inadequadamente, possui academias ruins, alimentação desregrada, sono desregulado e baixa frequência de treino.

E se pensarmos hipoteticamente, o esperado é que as nações que seguirem rigorosamente essas recomendações, tenham melhores resultados comparativos, além de se aproximarem corretamente ao objetivo comum, correto?

Depende.

O que frequentemente se negligencia e não se considera, é se as recomendações do "modelo" coincidem com os objetivos que são propostos atingir. Voltando ao exemplo do fisiculturismo, se o objetivo é ser um fisiculturista, as recomendações do modelo devem ser apropriadas para esse fim. Hoje, o que se observa, é que o modelo educacional vigente é equivalente a situação em que o objetivo é se tornar um fisiculturista, mas aquilo que o "Modelo" oferece é uma mera grade de recomendações que formam um corpo meramente estético, análogo a memorização e a superficialidade, e não necessariamente um corpo musculoso, análogo a formação Integral do aluno.

Respectivamente, é como se o modelo recomendasse uma alimentação insuficiente para acúmulo de massa magra, treinos focados em força e não necessariamente em hipertrofia e outras instruções que oferecem uma melhora significativa apenas em relação ao corpo de um mero sedentário ou desajustado, análogo ao caso do Brasil, nesse cenário. Mas que ainda é insuficiente para atingir efetivamente aquilo que se propõe, que é ser fisiculturista.

E algumas nações já identificaram que aquilo que elas se propõem desenvolver em seus alunos, não é correspondente necessariamente aos resultados esperados daquilo que o modelo recomenda. E, portanto, buscaram meios e maneiras de remendarem o erro axiomático de utilizarem de um modelo incorreto.

E voltando mais uma vez ao exemplo do fisiculturismo, é como se algumas nações tivessem identificado erros isoladamente, e não toda combinação de erros conceituais. Algumas identificaram que o problema é a técnica dos treinos, focado mais em força que em hipertrofia, e resolverem esse problema em particular. Outras que é a alimentação com baixo percentual de proteína. Algumas que o real problema é a consistência. E assim, sucessivamente, cada uma das nações tentam corrigir os respectivos e particulares problemas identificados, visando remendarem os problemas para de fato tentarem se aproximar do seu real objetivo.

E no final do dia, num provável campeonato (como o PISA, por exemplo), as nações que adaptaram seus sistemas (mesmo parcialmente) terão uma vantagem significativa contra aqueles que seguiram a risca as recomendações do "Modelo". Uma vantagem extremamente significativa contra os que sequer implementaram corretamente o modelo. E uma vantagem substancial (mas com enorme variabilidade) contra as nações que também revisaram parte do modelo e remendaram estruturalmente algumas questões.

Evidentemente, nenhum desses remendos é suficiente para de fato alcançarem o objetivo final. Entretanto, num cenário no qual os competidores que dividem o pódio com você, partem das mesmas premissas que as suas, e seu referencial mais próximo é um competidor de um mesmo nível ou próximo ao seu, sua percepção é de ter ganho e atingido o objetivo, pois não há discrepância.

Enquanto não há uma intervenção apropriadamente efetiva no modelo educacional e seguido de uma correta implementação, não haverá uma nação que sirva de referencial e que manifeste a demonstração de incongruência do modelo tradicional e que force as demais nações remediarem os parâmetros do que significa um "bom resultado".

E uma última vez ao exemplo do fisiculturismo, sequer estamos considerando nações que "geneticamente" possuem vantagens intrínsecas, como "biotipos corporais" que favorecem a hipertrofia e o acúmulo de massa magra.

Equivalentemente, me refiro as nações que possuem culturalmente um estímulo à ciência, cultura e à educação de modo geral e são economicamente mais saudáveis. Nesse caso, possuem uma natural vantagem que impulsiona seus alunos a se "aproximarem" (mas não atingirem de fato) aquilo que é o objetivo final. Seja o fisiculturismo ou uma formação adequada aos alunos.

O Brasil
No Brasil, a situação é ainda mais crítica.

O país não só compartilha de um modelo inadequado, mas também implementa esse modelo de forma incorreta, tentando corrigir suas falhas com soluções superficiais, inconstitucionais e caras, que não atacam o cerne do problema.

Por exemplo:

Aumento no salário dos professores

Sem dúvida, os professores merecem melhores salários, mas isso sozinho não resolve a falta de preparo e a desvalorização da profissão. Pois o grande problema aqui é partirmos de pressupostos inadequados, como se aumentar deliberadamente o piso salarial dos professores fosse beneficiar especificamente os professores que merecem. Acabamos ignorando que tal aumento salarial demandaria um enorme custo aos cofres públicos, além de implicar em favorecimento de um grupo significativo de professores que não merecem tal valorização. Os problemas são diversos, partimos da premissa que os professores no Brasil são igualmente "Qualificados, Talentosos e Esforçados". Evidentemente para ser um bom professor não se espera a combinação dessas três características pois seria exigir demais numa profissão em que alguns aspectos com deficiências, podem ser compensadas no aperfeiçoamento das demais características. Mas quando pressupomos aumento no piso salarial, estamos abrindo mão de um recurso público significativo, esperando que a mera nova remuneração equipare todos os professores (mesmo os ruins) em ótimos professores e que isso resolva o problema. Os bons realmente merecem ser valorizados, mas não as custas de beneficiar os ruins (que são maioria).
Acabamos por ignorar os professores que são mal qualificados, preguiçosos e não possuem as habilidades necessárias para exercer a profissão, que se beneficiariam dessa hiperinflação.

Escolas privadas e municípios teriam dificuldade de contratar professores pelo alto custo exigido. Os professores ainda seriam os mesmos inadequados de ontem, mas agora recebendo mais pelo mesmo. E mesmo se pensarmos que o aumento do piso salarial atrairia mais mão qualificada, estamos deixando de considerar que apenas um aumento de pelo menos o dobro proporcionaria uma diferença satisfatória aos profissionais e universitários de outros cursos. E se pensarmos em mão de obra estrangeira, estamos desconsiderando a barreira de entrada da língua estrangeira e do sucateamento dos professores nacionais. E se pensarmos que a mão qualificada no Brasil se interessaria pela profissão em função do aumento salarial, ainda assim estaríamos refém da péssima formação que as universidades oferecem pelo país. Isso tudo sem considerarmos o desperdício do recurso estatal para a mera probabilidade minúscula de dar certo.

E se estiverem se perguntando, então, qual a solução provável para a remuneração correta dos professores no Brasil? Minha resposta é que devemos inicialmente partir sob medidas que visam filtrar os professores verdadeiramente qualificados no país e reconhecermos os reais capacitados para a profissão.

Um dos grandes problemas é que a desvalorização da profissão no Brasil implica em baixos salários, mas que em compensação oferecem uma menor porta de entrada e uma segurança simbólica na rede pública.
Por conta disso, há um acúmulo grotesco de péssimos profissionais que se beneficiam da porta de entrada ser acessível (cursos fáceis) e de um salário que ao menos é maior que o salário mínimo, para não executarem corretamente seus serviços. E essa onda de pessoas desesperadas sem saberem o que cursarem, migrando à pedagogia com a justificativa de "se darem bem com crianças" é um movimento que tem superlotado a rede de professores de profissionais incompetentes que apenas preenchem a demanda para alunos numericamente, mas não oferecem um ensino proporcional ao que são pagos. O problema já está escancarado quando continuamos formando péssimos profissionais, com uma barreira de entrada extremamente flexível que exige pouco. Após isso, vem a filtragem dos que já são professores e, após isso, uma iniciativa massiva de real valorização aos que merecem. Mas o restante dessa discussão fica para outro dia.

Cursos de especialização

E mesmo se pensarmos em oferecer cursos de especialização aos professores do Brasil de forma gratuita e online (que demanda menor percentual de recursos), ainda estamos partindo da premissa de que todos participariam ou, que, todos são proporcionalmente "Esforçados e Talentosos" e que só lhes resta "Qualificação". E, novamente, continua sendo um erro axiomático pensarmos assim. Estaríamos tentando especializar inúmeros profissionais preguiçosos e sem aptidão.

O Brasil, por representar um país de dimensões continentais em quase tudo o que se espera; financeiramente, populacionalmente, geograficamente e mais. É campeão em oferecer propostas que demandam enorme percentual de recurso estatal (favorecendo-se da nossa posição econômica, como uma das dez (10) nações mais ricas do mundo) mas que não oferecem efetivamente o melhor direcionamento desses recursos, algo como gastar dinheiro deliberadamente esperando que isso gere comoção e votos para a próxima eleição. Visto que não há beneficio imediatista num "projeto nação" educacional, e que ofereça um resultado que seja inferior ao período de quatro (4) anos de um mandado de presidência. Acaba que esses desperdícios estatais de nada contribuem para manutenção da população. E uma população que honestamente devemos admitir ser extremamente complexa e com implicações particulares a cada região e culturalmente muito diversificada, que condicionam-se à necessidade de serem acolhidas por medidas representativas a cada respectivo problema em particular. Mesmo assim, o estado Brasileiro acaba por oferecer soluções que demandam enorme custo, numa escala generalizada e na tentativa de que a melhoria seja proporcional ao valor pago.

Outros exemplos são:

Programa Pé de Meia

Proposto pela Deputada Tabata Amaral, o Programa Pé de Meia prevê incentivos financeiros para estudantes que concluírem as três séries do ensino médio. O programa oferece até R$ 9.200 por estudante, distribuídos da seguinte forma: R$ 200 para incentivo à matrícula, R$ 1.800 pela frequência (em 9 parcelas de R$ 200 cada), R$ 1.000 pela conclusão da etapa escolar, e R$ 200 de incentivo ao Enem para estudantes do 3º ano. Para receber os benefícios, os estudantes precisam manter uma frequência mínima de 80%.

Com previsão de alcançar cerca de 330 mil estudantes paulistas e 2,5 milhões em todo o Brasil, o programa terá um investimento de R$ 7,1 bilhões só neste ano.

Intenções ≠ Resultados

Embora bem-intencionado, o Programa Pé de Meia não resolve os problemas fundamentais da educação brasileira.

E por mais que seja importante reconhecermos que as limitações de propostas desse tipo muitas vezes estão relacionadas ao escopo das possibilidades legislativas. E a Tabata, como deputada, está igualmente refém desse universo de possibilidades. Ainda assim, o programa enfrenta desafios significativos em termos de efetividade e impacto mesmo naquilo que se propõe.

O principal problema do Programa Pé de Meia é a suposição axiomática de que a escola pública é, necessariamente, um ambiente adequado, culturalmente rico e menos nocivo para os alunos do que demais alternativas. Embora teoricamente a escola deva ser esse espaço, a realidade muitas vezes é diferente. Nas regiões periféricas e de extrema pobreza, a escola pode de fato ser mais saudável do que as "ruas" de alguns alunos. Mas ainda assim, muitos alunos inevitavelmente refletem comportamentos negativos encontrados fora do ambiente escolar, na própria escola.

É ingênuo da nossa parte, pressupormos que todos alunos na rede publica são santos, educados, civilizados e bem instruídos.

Como ex-aluno da rede pública, posso afirmar que muitos estudantes enfrentam uma série de desafios:

Desde professores despreparados, infraestrutura precária, presença de drogas e violência nas escolas. Esses problemas tornam a escola um lugar menos acolhedor e seguro para muitos alunos. E reconheço empiricamente as inúmeras limitações da rede publica. Além de que uma parcela significativa dos alunos da rede publica são reflexos daquilo que se espera evitar nas ruas. E por meio do espelhamento desse tipo de comportamento, há um meio da perpetuação de condutas das ruas, nas escolas. Quase como uma alternativa desses jovens, de tornarem da própria escola um espaço do qual possam reinar, dominar e oprimir os indefesos.

Mas são também esses alunos que normalmente faltam a escola e mais distanciam-se do ensino pelo mundo do crime ou a informalidade para terem acesso as ruas.

E quando partimos do objetivo de minimizarmos a evasão escolar, partimos da premissa de que nosso sistema educacional (atual) é disparadamente uma escolha superior a ficar em casa ou trabalhar em algum lugar. Algo que pode não ser necessariamente verdadeiro em todos os casos, mas numa parcela deles.

E eu mesmo, pós um tempo considerável na rede pública, abdiquei do ensino-médio formal e me formei através do programa Encceja, oferecido pelo governo do estado. Pois frequentar a rede pública era mais nocivo para mim do que necessariamente fortificante.

A evasão escolar é um sintoma de problemas mais profundos. Ao assumirmos que manter os alunos na escola é a solução, ignoramos as condições adversas que eles enfrentam no ambiente escolar.

E incentivarmos a frequência sem abordarmos esses problemas subjacentes, nos oferece soluções ineficazes e que podem até ser prejudiciais.

Ainda sim, o "Programa Pé de Meia" não só se propõe exclusivamente à diminuição da evasão escolar, apenas tem como critério que a frequência na escola justifique uma remuneração adequada aos alunos de baixa-renda. Mesmo assim, devemos levantar questões significativas nesse sentido, como;

"Quanto desses alunos dominam o dinheiro que lhes é dado?" "Quanto desses alunos efetivamente investirá parte de sua remuneração?" "A iniciativa do Programa Pé de Meia coincide com estudos de educação financeira na rede pública? visto que são contextos que se equivalem" "O recurso utilizado para remuneração dos jovens é retirada do valor destinado à educação, mas famílias de baixa-renda já não são remuneradas através de programas como Bolsa Família? acrescentar o critério de frequência escolar no Programa Bolsa Família, já resolveria esse mesmo problema sem retirar do valor destinado à educação, correto?"

São muitas as indagações quanto ao assunto e procurar agulha em palheiro não é meu objetivo.

A proposta de Tabata me parece bem intencionada e ela me parece muito inteligente e uma ótima pessoa. Mas meu objetivo é apenas escancararmos que enquanto não resolvermos as premissas, propostas educacionais que buscam remendar os reais problemas, de nada adiantam.

O Programa Pé de Meia investe uma quantia significativa de recursos estatais, mas não ataca a raiz dos problemas educacionais. A evasão escolar pode ser tanto um problema quanto uma resposta a condições inadequadas nas escolas. Precisamos de uma compreensão mais profunda sobre os motivos que levam os alunos a abandonar a escola.

Além de que em contextos específicos, a evasão escolar pode ser um problema ou uma solução, pois não sabemos em que proporção dos 2,5 milhões de alunos em todo o Brasil, que são propensos a largar o ensino-médio pelo somatório de critérios necessários para a remuneração, são os marginais e quais os que realmente passam dificuldades econômicas em suas casas, além dos alunos que são os dois.

Mas no fim, quais são os que realmente usufruirão corretamente dos recursos disponibilizados pelo estado?

Como diferenciarmos os que realmente agregam ao sistema? São perguntas complexas, evidentemente.

Mas os R$7.000.000.000,00 bilhões de reais não poderiam ser melhor direcionados inicialmente em transformar as redes do ensino público, num lugar que de fato cumpra as premissas esperadas? Um local do qual faça sentido ser frequentado e não nocivo. Quanto desse valor está beneficiando quem realmente merece? E a qual custo?

Antes de tentarmos resolver a evasão escolar, é crucial transformarmos as escolas públicas em locais verdadeiramente educativos e acolhedores. Melhorar a qualidade do ensino, a infraestrutura e a segurança deve ser a prioridade. Apenas então, a redução da evasão escolar fará sentido.

Quando partimos de premissas incorretas, criamos soluções inadequadas. Diminuir a evasão escolar é importante, mas só será eficaz se a escola se tornar um ambiente onde os alunos realmente queiram e devam estar. Antes de focarmos na redução da evasão, precisamos resolver os problemas estruturais da educação pública.

Tecnologia nas Salas de Aula

A iniciativa de integrar tecnologia nas salas de aula, é uma iniciativa educacional promovida quase que unanimemente pelas prefeituras e redes municipais do estado. Frequentemente resultam em propostas que são mais estéticas do que práticas. Essas iniciativas envolvem gastos elevados (devido ao grande número de alunos) em equipamentos ineficientes (computadores de baixa qualidade), sem trazer melhorias significativas para a educação.

O Custo da Modernização Ineficiente

No Brasil, vemos programas de modernização tecnológica que gastam quantias consideráveis para fornecer computadores de qualidade inferior aos alunos e professores. Esse investimento, embora elevado, não proporciona os benefícios esperados. Comparativamente, é como comprar um milhão de carros velhos em vez de 10 mil carros novos e funcionais. Embora ambos os cenários envolvam altos custos, apenas o segundo traria uma verdadeira melhoria na mobilidade e eficiência.

Estamos partindo novamente de uma premissa incorreta (ou pelo menos, distorcida) de que a tecnologia necessariamente implicasse numa melhora considerável nas escolas em função ao custo. Como se o custo fosse pequeno perto da melhoria alcançada, que não é verdade. E a tecnologia ainda é superestimada.
Dentro de sala de aula, há uma incorreta utilização, pois a mesma sequer é abordada corretamente na formação dos cursos universitários.

Essa abordagem falha por várias razões:

Qualidade dos Equipamentos: Os computadores fornecidos são frequentemente obsoletos ou de baixa qualidade, incapazes de suportar softwares educacionais modernos e interativos.

Capacitação dos Professores: Muitos professores não recebem treinamento adequado para utilizar essas tecnologias de maneira eficaz, o que resulta em um uso infrutífero dos recursos disponíveis.

Infraestrutura: A falta de infraestrutura de suporte, como uma internet de qualidade e suporte técnico, torna a implementação de tecnologia nas salas de aula ainda mais desafiadora.

Modelo Educacional: Enquanto o modelo educacional permanecer inadequado, a introdução de tecnologia não resolverá os problemas fundamentais. Professores não capacitados e conteúdos descontextualizados continuarão a impedir o progresso. O problema no fim das contas ainda é conceitual, por mais que o sistema seja remendado.

E aos insatisfeitos, ainda há muitos outros problemas.

Gestão das Escolas Públicas

A gestão das escolas públicas no Brasil também enfrenta desafios significativos.

Há pouco tempo, coincidindo com a época em que o projeto "Pé de meia" estava parar ser posto em pratica pelo governo federal, um amigo estudante do ensino-médio da rede pública relatou comigo que a nova diretoria de sua escola "Oguiomar Ruggeri", da região de Osasco, São Paulo, havia proposto expulsar ou reter alunos que faltassem por três (3) dias consecutivos.

Claramente, quando ouvi sobre, espantei minha indigação.

A proposta sequer faria sentido constitucionalmente e em que contribuiria para a educação dos alunos? Nada.
Essa proposta além de ser inconstitucional, não contribui em nada para a educação dos alunos.

E esse é o tipo de proposta que brinca com as delimitações impostas pelo Governo Federal na supervisão das redes de escolas publicas do Estado. Pois apenas beneficia exclusivamente o status quo da própria escola em "ser bem vista" sob os olhos dos superiores que supervisionam os resultados das escolas públicas do estado. É um meio de atingirem um status quo, sob o olhar do resultado que apresentam, independente dos meios e custos envolvidos no processo.

E nesse caso, há inúmeros problemas, sendo eles a Constitucionalidade, a proposta de expulsar alunos por faltas consecutivas viola os direitos educacionais garantidos pela Constituição Brasileira. Intenção e Resultados, Propostas como essa geralmente visam melhorar artificialmente a imagem da escola diante dos superiores, em vez de focar na real melhoria do processo educacional.

Mas talvez um dos maiores problemas e que de fato prejudicam em larga escola toda instituição, é que essa proposta foi extremamente mal aceita pelos alunos e completamente descredibilizada desde o inicio.

E o motivo principal que os fizeram descredibilizar a proposta, é que os alunos estão acostumados a ouvirem promessas de medidas absurdas que não são realisticamente praticáveis.

Sequer consideraram o coincidente programa "Pé de meia" do governo federal em remunerar alunos de baixa renda apenas para que frequentem 80% das aulas. Pois esse programa visa financiar pela frequência, o que escancara que seu objetivo não é expulsar alunos, mas sim até mesmo financia-los pena frequência.
Ou sequer consideraram as limitações dos poderes constitucionais cedidos a diretoria dessa escola como inviáveis.

A descredibilização dessa proposta veio basicamente pelo vicio a falta de confiança e nível hierárquico da diretoria com os alunos da escola "Oguiomar Ruggeri". Pelas seguidas propostas absurdas, não há diretoria que os ameace ou os controle adequadamente, exceto uma grande transformação dentro do possível.

E o primeiro aluno que visasse "desafiar" a nova diretoria, faltando pelos três dias consecutivos e não sofresse a punição prometida (por ser inconstitucional), proporcionaria um efeito cascata do qual os diretores não conseguiriam reestabelecer o controle. E numa próxima tentativa de propor uma medida verdadeiramente praticável, forçaria os alunos a desafia-la, que os condiciona a outra situação deliciada:

1. Se todos os alunos não confiam no sistema

2. Você propõe uma punição (praticável) a um comportamento X dos alunos

3. Todos os alunos se juntam num efeito manada para lhe desafiar

4. A diretoria não é capaz de punir todos os alunos da mesma forma combinadamente, pois nesse caso, a medida recorre a inconstitucionalidade e produz problemas ainda maiores pra escola, como afastar uma turma inteira ou dezenas de alunos de uma só vez.

Os problemas sociais produzidos por punições em massa, dificilmente agradam o estado ou as famílias dos punidos, ocasionando maiores problemas e dores de cabeça. A descrença é exacerbada quando os alunos percebem que a administração não pode cumprir as ameaças feitas, resultando em perda de autoridade e respeito.

E quanto aos demais problemas do "Sistema Educacional Brasileiro" como o péssimo nível estrutural e infraestrutural, os deixarei de lado dessa nossa discussão, pois grande parte é pura negligencia e corrupção, não há muito o que mencionar nesse caso.

O Brasil tem inúmeros problemas e apenas abordamos uma parte dos problemas sistêmicos e possíveis soluções, sequer partimos aos problemas do "Modelo".

Quais os problemas do "Modelo Educacional" brasileiro?

Problemas do "Modelo Educacional" Brasileiro

Agora que fizemos as reinterpretações apropriadas entre o que é "Sistema" e o que é "Modelo" e suas diferenças intrínsecas naquilo que compõe o resultado de um sistema educacional. Adentraremos conceitualmente nos problemas do modelo educacional, que corresponde às "Instruções do manual" para cada respectivo sistema seguir. Se antes falamos de fisiculturismo, dessa vez podemos conciliar breves menções desse funcionamento no mundo dos vídeo games.

Se no fisiculturismo manifestamos as inconsistências concentradas no plano de ação (Sistema Educacional), para tratarmos a respeito do "Modelo Educacional" podemos utilizar o universo dos games. E nesse caso, o "Modelo" representaria algo como um tutorial insuficiente que você segue à risca, mas ainda assim sai com conhecimentos inutilizáveis em todo restante do seu jogo e com ausência dos conhecimentos realmente necessários para vencer o chefão.

Exemplo no Mundo dos games

Imagine que você está jogando um RPG (Role-Playing Game) e o jogo começa com um tutorial que deveria ensinar tudo o que você precisa saber para progredir no jogo. No entanto, este tutorial é inadequado e ensina apenas mecânicas básicas e superficiais, como andar e pular, mas não cobre aspectos cruciais como estratégias de combate, habilidades especiais, ou como interagir com personagens importantes. Quando chega a hora de enfrentar o primeiro chefão, você percebe que não tem o conhecimento ou as habilidades necessárias para vencê-lo. Terá de aprender sozinho durante o jogo tudo aquilo que não lhe ofereceram no tutorial, e provavelmente além de ferir-se no caminho, perderá inúmeras vidas durante o processo.

Na vida real, diferente de um vídeo game, não nos expomos aos ricos de encarar um adversário mais forte para aprendermos as lições necessárias, acomodados com as inúmeras chances de reiniciarmos a partida.
Nossas possibilidades são limitadas e o tempo é um recurso essencial para aumentarmos nossas probabilidades de sucesso. E problemas não resolvidos imediatamente, podem nos expor a situações de estresse irreversíveis ou perturbadoras pelo resto da vida. Além disso, a vida não é um jogo single-player. Nossas escolhas e ações dependem fatalmente da interação com outros seres humanos e das escolhas que eles fazem, influenciando diretamente a nossa própria vida. A mobilização para escolha de um presidente, as discussões no transito, a ida aos serviços estatais, ao bate-papo no café ou na fila do parque de diversões. Em todo lugar estamos cercados de seres humanos que inferem impacto em nossa vida, de modo que circunstancialmente as beneficia ou as prejudica, mesmo que não intencionalmente.

Se todos os outros seres humanos dependem mutuamente um do outro, é razoável esperarmos que cada um deles esteja proporcionalmente bem formado e instruído como nós, para alavancarmos as nossas chances coletivamente de sucesso. Se pensarmos hipoteticamente num cenário em que nossos vizinhos fossem pessoas melhores, não poderíamos negar o impacto positivo que implicariam em nossas vidas, de forma que os agradeceríamos por isso.

O modelo educacional, visa oferecer o manual de instruções da maneira com a qual devemos ensinar nossos alunos, e é dever do estado garantir que o modelo escolhido seja apropriado aos fins desejados e que, portanto, cumpra as instruções recomendadas estruturando um "Sistema Educacional" adequado.

Problemas do Modelo Educacional Vigente

Primeiramente, para contextualiza-los, assim como separamos os conceitos de "Modelo" e "Sistema" antes devemos fazer uma separação adequada entre os problemas que fazem parte do modelo atual. E os problemas que são a ausência de aspectos importantes no modelo.

São eles, "os problemas do modelo" aqueles que apresentam deficiências e imperfeições de aspectos que são levianamente abordados no modelo atual, mas que apresentam inconsistências com versões mais sofisticadas para o mesmo objetivo.

E os "problemas por ausência" são problemas que o modelo sequer se propõe resolver. Pois parte das soluções que propomos no projeto é justamente oferecer aspectos educacionais e metodológicos que sequer são pauta dentre as metodologias, mas que enxergamos como obrigatórios visando o que se propõe atingir nos alunos.

Reconhecemos o atual modelo educacional como um meio de instruções que apenas trata a ponta do iceberg. Pois imagine que se estivéssemos tentando resolver problemas domésticos como o vazamento de água na pia, piso rangendo, uma luz queimada, parede com mofo, e uma porta que não fecha direito. E se visássemos trocar todos os materiais, o problema seria resolvido por um curto período de tempo se não identificarmos que as razões são uma infiltração interna que causa vazamento, fundação da casa comprometida, fiação elétrica antiga, ventilação inadequada que causa mofo, e estrutura da porta deformada.

Conceitos como: Estudo Tipológico, Aulas Contextualizatorias, Dinâmicas e Interligação Educacional, sequer são tratados no modelo, mas são propostas do projeto que contribuem para o aprendizado. E portanto, poderíamos estar discutindo como melhorar cada um desses conceitos, caso já existissem, visando apenas melhorarmos a maneira como são feitos, mas eles sequer existem no modelo atual. É como se tentássemos fazer um carro andar, sem que ainda tenhamos inventado a roda. Preocupados na carcaça, na estrutura interna e nos airbags, sem tratarmos do fundamental que é o meio de movimenta-lo.

Memorização Excessiva

O problema do estímulo à memorização, presente em quase todos os sistemas educacionais do mundo, é um tópico essencial para entendermos os inúmeros problemas do modelo vigente. Este não é um aspecto necessariamente parte do objetivo final que o modelo se propõe a oferecer. É análogo a situações em que cometemos erros não intencionais, onde nossas intenções são boas, mas os resultados são fatalmente ruins. Isso parece ter acontecido com o modelo educacional atual, pois não há evidências comprovadas de que essa sempre foi a intenção para a criação do modelo e portanto evitarei meras suposições.

Mas os problemas do estímulo à memorização, não manifestam-se isoladamente. Mas na verdade, em conjunto com o problema das avaliações. E aqui devemos admitir o provável erro em invertemos a cadeia de proposições imaginarmos que a memorização e as avaliações são fruto de situações separadas, mas não são. Devemos entender que as provas não são como são, apenas para se conciliarem as metodologias e favorecem alunos que memorizam durante as aulas. Pelo contrario, grande parte do motivo pelo qual as aulas estimulam a memorização dos alunos é justamente porque é o que as avaliações exigem. É fruto de uma via de mão dupla, onde as avaliações determinam o que os alunos irão aprender em sala de aula e as aulas os prepara para a prova.
Se as avaliações exigissem que os alunos fossem ótimos nadadores, os sistemas de ensino se direcionariam a cumprir esse papel para continuarem a perpetuar a imagem de estarem cumprindo corretamente seu papel, sem considerar o quanto que ser um bom nadador de fato influencia positivamente a vida de seus alunos e contribui socialmente.

Todo o problema por trás do estímulo à memorização é fruto das exigências dos vestibulares, das provas bimestrais e dos meios de avaliação utilizados para discernir o bom do ruim. Os alunos são forçados a decorar fórmulas com técnicas diversas para recordar o conteúdo, pois a prioridade não é entender como de fato as coisas funcionam. Mas devemos admitir que, para alguns conteúdos, a memorização é necessária, como no aprendizado de Bhaskara ou Matriz, que são conteúdos dos quais uma parcela insignificante dos alunos de fato utilizará em suas vidas. Porém, as limitações da memorização não se restringem a esses conteúdos. Aulas de estatística, probabilidade, física e operações simples são decoradas, e o mesmo acontece com outras matérias escolares. As avaliações desempenham um papel fundamental nesse problema, mas se o resultado dessa proposta advém de uma intenção essencialmente positiva ou negativa, eu desconheço.

E existem inúmeras situações em que nossas intenções não correspondem ao que impiedosamente promovemos. Às vezes porque desconhecemos o procedimento correto para atingirmos nosso real objetivo, outras vezes por um descuido no meio do caminho, ou por nos desvincularmos do nosso objetivo principal.

Para exemplificarmos a situação, exemplos de casos como esses incluem:

Ajudar um amigo sem pedir permissão:

Intenção: Você vê um amigo passando por dificuldades financeiras e decide ajudá-lo anonimamente, enviando dinheiro para sua conta.

Erro: O amigo pode se sentir invadido ou desconfortável ao receber dinheiro sem saber de onde veio, pensando que é algum tipo de golpe ou que sentem dó por ele.

Dar conselhos sem ouvir a pessoa completamente:

Intenção: Você quer ajudar alguém com um problema pessoal e começa a dar conselhos baseados em suas próprias experiências.

Erro: Sem ouvir completamente a situação da pessoa, seus conselhos podem ser inadequados ou irrelevantes, fazendo a pessoa sentir que não foi ouvida.

Intervir em um conflito:

Intenção: Você vê duas pessoas discutindo e decide intervir para ajudar a resolver o conflito.

Erro: Sem entender completamente a situação, sua intervenção pode exacerbar o conflito ou fazer com que ambas as partes se voltem contra você.

Mas um exemplo representativo para ilustrar nossa situação, é no qual uma instituição de ensino decide adotar políticas de educação inclusiva para integrar alunos com necessidades especiais em salas de aula regulares. No entanto, por desconhecerem as necessidades específicas para fazer isso dar certo e sem oferecer treinamento adequado aos professores e sem adaptar o currículo às necessidades desses alunos, a integração pode falhar, resultando em frustração tanto para os alunos com necessidades especiais quanto para os outros alunos e professores. Esse tipo de caso ocorre muitas vezes quando subestimamos ou simplesmente desconhecemos as prováveis implicações de nossas ações a longo prazo.

Voltando ao caso específico do estímulo à memorização, que é ocasionado pelo modelo educacional adotado por nações em todo o mundo, o problema pode não ter sido intencionalmente formulado e promovido com más intenções, mas é fruto da saída das metodologias do campo teórico, ao campo prático. E mesmo após algum tempo, identificado por alguns países, o problema pode não ter sido considerado suficientemente conveniente para promover uma mudança no modelo. O problema, inicialmente não intencional, pode ter sido identificado mais tarde pelas nações, mas perpetuado por elas mesmas por beneficiar em algum grau conveniente, na manipulação de um povo mais ingênuo e menos formado.

O problema da memorização é um dos mais aparentes problemas do modelo educacional no mundo. As inúmeras implicações e possíveis benefícios decorrentes dos estados na perpetuação de um povo mal instruído e mal formado não precisam ser logicamente aparentes para serem representativos da realidade. Muitos questionam "o que os países ganhariam na perpetuação de um modelo atrasado?" No caso de um país corrupto, há beneficio na omissão de um povo educado e bem formado. E aliás, muitas vezes negligenciamos o fato de que o estado não promove toda e qualquer manipulação ao seu povo de forma estratégica, lógica e bem elaborada. Manter o povo mal instruído pode mais prejudicar do que beneficiar, de fato. Ou pode beneficiar apenas em determinados contextos. De qualquer modo, não há motivos que estejam de fato motivando-os buscar uma solução apropriada.
Comodismo, negligencia ou ingenuidade, seja lá qual for o motivo.

O não só pelos estados, mas sua perpetuação pode ser explicada pelo benefício proveniente desse problema pelos monopólios de algumas instituições de ensino. Seja porque é mais fácil educar de maneira errada e vender a imagem de uma boa educação, ou porque as instituições ou o estado se beneficiam da ignorância alheia e do sucateamento da educação. Mesmo que esse erro nos prejudique, nem toda instituição ou entidade é necessariamente boa ou ruim; suas ações que as descrevem como um ou outro.

De todo mondo, o incentivo a memorização dos alunos, nutri a desvinculação ao aprendizado de fato. Inviabiliza o potencial da inteligência, da logica e da criatividade. Prejudicando a real eficiência na vida adulta.

E se vale de menção, essa relação entre a suposta melhor escolha não ser necessariamente a correta, é abordada no nosso artigo "A Lógica Nem Sempre Segue uma Linha Retilínea", onde discuto como, às vezes, uma escolha pode parecer a mais correta para um objetivo X em particular, mas que na prática manifesta um resultado completamente oposto ao propósito original.

Para que fique claro, dentre os próximos problemas citados, nem todos são proveniente ou parte de uma estratégia de emburrecimento populacional, mas a perpetuação de metodologias desapropriadas é, sim, responsabilidade do governo federal. Seguimos as próximas, mas agora de forma mais simplificada.

Avaliações

Com relação às avaliações, parte do problema já foi abordada no tópico referente à memorização, devido à interligação dos temas. No entanto, podemos explorar um nível mais profundo que enriqueça nossa perspectiva sobre o potencial do que se exige nas avaliações. Uma das perspectivas adicionais é a falta de consideração adequada das individualidades, inteligência, criatividade e lógica dos alunos no processo avaliativo.

Além da objetividade na memorização, as avaliações regulares, que testam os alunos antes das provas, muitas vezes não incorporam de forma adequada o desenvolvimento intelectual em profundidade. Há uma carência significativa de questões discursivas ou subjetivas que avaliem o nível de profundidade intelectual que os alunos estão alcançando. Existe uma necessidade urgente de provas e avaliações que incentivem e valorizem a inteligência, habilidades e excepcionalidades dos alunos de maneira mais ampla.

Essa abordagem mais holística das avaliações não apenas promove um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e estimulante, mas também permite que cada aluno demonstre seu verdadeiro potencial além da capacidade de memorização e reprodução de informações. Integrar essas formas mais diversas de avaliação não só enriquece o processo educacional, mas também prepara melhor os alunos para enfrentar desafios complexos e variados no mundo real.

Conteúdo

O conteúdo da grade curricular atual oferece uma oportunidade interessante para reinterpretarmos o que encontramos nas escolas hoje em relação ao que era valorizado no passado. O modelo educacional atual remonta à Revolução Industrial, trazido ao Brasil pelos Jesuítas, com contribuições significativas de Anísio Teixeira para a formação da escola pública no país. Há um século, vivíamos em uma época diferente, com necessidades distintas das atuais, e o currículo padrão refletia a formação de cidadãos íntegros. Mas é importante reconhecermos que parte dos ensinamentos do "Trivium" e da educação clássica já possuíam resquícios de um modelo educacional mais sofisticado, voltado para o desenvolvimento de pensadores críticos. E por mais que eu reconheça que havia dificuldades intrínsecas em oferecer um ensino de tal qualidade numa escala tão ampla de alunos e com uma qualidade proporcional a Grécia antiga. Ainda sim, devemos reconhecer a superioridade intelectual de um modelo comparado ao outro.

No entanto, ao longo dos anos e após um século desde sua constituição, as melhorias adotadas pelas redes e instituições de ensino em função ao tempo e avanço da humanidade, não foram tão inteligentes e sequer foram inovadoras quanto esperaríamos que fosse. Em vez de se adaptarem aos avanços inovativos nas áreas de Psicologia, Comportamento Humano, Estatística, Política, Saúde Mental, Educação Financeira e outras disciplinas, e integrarem essas matérias ao currículo comum, as escolas simplesmente aprofundaram os conteúdos existentes. As aulas de geografia, história, ciências biológicas e línguas tornaram-se mais detalhadas, ocupando mais tempo nessas disciplinas e negligenciando outras estupidamente mais importantes, como Matemática Aplicada e Filosofia.

E fazendo um simples exercício intelectual, é esperado que com o passar dos anos, as escolas (assim como as universidades também deveriam) reformulassem sua grade curricular para adaptarem-se ao mundo contemporâneo, preservando a efetividade do aprendizado. Num período de 100 anos, se pensarmos hipoteticamente, muita mais "Historia" terá acontecido e será de extrema importância que façamos um filtro do que realmente importa, pois é impossível ensinarmos tudo que já aconteceu, e com o passar dos anos continuar ensinando tudo que está acontecendo. É imprescindível que filtremos regularmente aquilo que se ensina para não beirarmos o desperdício. E voltando ao fato de que o modelo educacional atual não adaptou-se as mudanças do ultimo século e apenas aprofundou demais matérias. Com o tempo, o que era considerado o mínimo aceitável para cada disciplina passou a representar um nível de profundidade excessiva e muitas vezes desnecessária para a aplicação prática na vida real.

E em vez de reedificarmos a grade hierárquica de matérias aprendidas e integrarmos as mudanças do novo liminar do conhecimento humano, nós apenas aprofundamos aquilo que já estava no limite do aceitável para a compreensão mínima de cada assunto e omitimos o que realmente importava.

O problema com o conteúdo no modelo educacional vigente, age tanto no aspecto de oferecer o descartável, quanto de omitir o necessário.

Retenção da Atenção dos Alunos

A retenção da atenção dos alunos é um dos desafios mais críticos no contexto educacional atual, alinhando-se com os temas discutidos anteriormente, como o incentivo à tecnologia em sala de aula e o impacto do aprendizado neurocognitivo dos estudantes.

Manter a atenção dos alunos é tão crucial quanto a estrutura e os conceitos abordados na educação. Não importa quão bem elaborada seja uma aula, quão vasto seja o conhecimento compartilhado, ou quão meticuloso seja o plano de ensino, se os alunos não estiverem engajados, eles não absorverão efetivamente o conteúdo. Isso é evidente na prática, como reflete o padrão comum de revisar desesperadamente o conteúdo antes de uma prova, muitas vezes devido ao incentivo à mera memorização, mas também pela falta de atenção adequada durante o ensino regular.

E o incentivo ao uso de tecnologia citado anteriormente, e a gamificação são estratégias frequentemente adotadas para captar o interesse dos alunos, mas que além de representarem tentativas falíveis de reter a atenção dos alunos, é também um erro tremendo. Em razão que o aprendizado não deve depender exclusivamente de artifícios externos ao conteúdo educacional real. Essas abordagens podem ser eficazes com alunos mais jovens e crianças, cujo discernimento cognitivo ainda está em desenvolvimento e não representa um modelo suficientemente robusto para compreenderem as reais motivações e benefícios provenientes do interesse genuíno pelo estudo. Mas mesmo no caso das crianças, há riscos associados, como o vício cognitivo ás telas, e o desvio do foco do aprendizado genuíno para o entretenimento superficial.

Quando a tecnologia e a gamificação são fundamentais para o aprendizado, é crucial reavaliar as premissas subjacentes ao objetivo educacional real. Isso inclui considerar os custos financeiros envolvidos e os possíveis efeitos nocivos do vício cognitivo induzido pelo uso excessivo de tecnologia.

A retenção dos alunos é uma preocupação abrangente nos sistemas educacionais, pois mesmo em contextos onde a memorização é valorizada, ela só ocorre se houver atenção suficiente aos conteúdos. Além de que, a profundidade excessiva e redundante dos conteúdos pode desmotivar significativamente os alunos, tornando-os menos propensos a dedicar tempo e atenção ao que está sendo ensinado.

E é claro que os professores desempenham um papel crucial na manutenção da atenção dos alunos, mas muitas vezes precisam de suporte adicional para enfrentar esse desafio. A neurociência sugere que períodos prolongados de aula sem intervalos adequados podem prejudicar a absorção eficaz do conhecimento, destacando a importância de pausas intervalares para permitir que o cérebro processe e consolide informações de maneira mais eficiente, sem que grande parte do conteúdo aprendido durante o dia, ao seu termino tenha sido filtrada e descartada.
Mas detalhes como esses costumam ser negligenciados pelo nosso modelo educacional.

Para isso, no "Projeto Polímata", propomos abordagens inovadoras, que oferecem uma reformulação daquilo que se ensina na sala de aula como a metodologia "Estudo do Homem" que pode ser encontrada na página dedicada às metodologias. Esta abordagem visa não apenas captar, mas também sustentar a atenção dos alunos, integrando o conhecimento com relevância prática e promovendo um ambiente educacional estimulante e verdadeiramente significativo.

Hierarquia na Sala de Aula

A hierarquia tradicionalmente observada nas salas de aula muitas vezes se assemelha a modelos autoritários encontrados em estruturas militares, onde os professores ocupam uma posição quase intocável e imponente. Essa abordagem tende a promover um ambiente de medo em vez de respeito mútuo entre professores e alunos, algo que Julius, pai de Chris na série "Todo Mundo Odeia o Chris", certamente desaprovaria. Os resultados desse modelo frequentemente se manifestam em salas de aula restritivas, pouco acolhedoras, inflexíveis e que não incentivam a abertura para ideias, correções e reconsiderações.

Muitos professores, na tentativa de controlar o ambiente caótico das salas de aula, recorrem a uma autoridade rígida, às vezes até ameaçadora, que pode instilar medo e ressentimento mesmo em alunos que são naturalmente mais tranquilos. Essa abordagem contrasta com o papel hipoteticamente apropriado do professor como um guia no processo educacional, facilitando um ambiente onde os alunos se sintam livres para pensar, opinar e compreender.

No "Projeto Polímata", adotamos uma abordagem horizontal e colaborativa entre os alunos, onde o professor não é visto como um chefe autoritário, mas como um líder. Esta metodologia busca promover um ambiente mais democrático e participativo, onde todos os membros da turma tenham espaço para contribuir, aprender e desenvolver suas habilidades intelectuais de maneira mais aberta e construtiva.

Conclusão

Nesta página, nós tratamos a respeito dos problemas do "Sistema" e do "Modelo" educacional. Sem considerarmos os "Problemas Ausentes" do modelo. Pois esses serão tratados na nossa página "Metodologias" seguido das nossas propostas de solução.

Considerações Finais

Até agora, abordamos os problemas do modelo educacional atual, destacando questões como memorização excessiva, avaliações inadequadas, conteúdo obsoleto, desafios na retenção de atenção e hierarquia rígida nas salas de aula. Na próxima fase, trataremos dos problemas do modelo educacional que pertencem ao grupo dos "Ausentes". Os problemas relacionados acima, tratam-se de questões que são abordadas em sala de aula, mas de maneira incorreta ou insuficiente. Na próxima atualização, falaremos dos problemas "Ausentes", que conciliam em grande parte com as metodologias que desenvolvemos.

A página de metodologias exige maior cuidado e atenção ao ser exposta, de modo a não oferecer riscos à integridade do meu trabalho intelectual. Portanto, ainda precisa ser revisada antes de sua publicação. Até aqui, falamos dos problemas; em uma próxima atualização, abordaremos como resolveremos cada um desses problemas com as metodologias propostas pelo Projeto Polímata.

Agradeço pela atenção de todos até aqui.

Gustavo Huhn

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