DC Redes Sociais

“As redes sociais são um espaço fundamental de divulgação científica. E que deve ser, a todo momento, experimentado, com novas formas.”

Mariluce Moura, Revista Pesquisa FAPESP.

"Utilizar as redes sociais para a divulgação cientifica é uma forma de alcançar mais pessoas e fazer com que os pesquisadores e seus trabalhos ganhem mais visibilidade".

"Twitter, Facebook, Youtube e Instragram estão sendo utilizados por vários pesquisadores para alcançar um número maior de pessoas e levar até elas pesquisas e descobertas de forma mais acessível".

O QUE É DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA?

"Inclusive science communication – comunicação da ciência, que utilizávamos para o âmbito da produção científica, dos artigos científicos produzidos pelos pesquisadores em seus campos de atuação, e publicada os periódicos científicos; esse era o entendimento que se tinha desse termo. Porém, como o termo passou a ser utilizado, principalmente nos congressos internacionais, para se referir também à divulgação científica que inclui o jornalismo científico, isso abriu um campo enorme de ambiguidade do que é divulgação científica – tudo isso no campo da semântica".


Eu diria, para tentar precisar, um pouco mais pela minha prática e pela tentativa de encontrar fundamentos teóricos para essa prática de décadas, que divulgação científica é aquele conjunto imenso de tarefas e produções voltadas para estreitar a relação dos produtores de conteúdo, dos cientistas, com a sociedade. A divulgação científica incluiria um espectro muito amplo de atividades, que vão do cinema, passando pelo teatro, chegando aos museus, passando por uma gama imensa de congressos, feiras, exposições, mostras, incluindo também o jornalismo científico. Do meu ponto de vista, e compartilho aqui a opinião dos pares, com quem eu trabalho e converso frequentemente, e com quem compartilho esse contínuo esforço de ampliar a divulgação científica no país; posso dizer que nós entendemos como divulgação científica, esse conjunto dessas práticas, e um pouco as reflexões sobre ela, e a interação entre produtores de conhecimento científico e a sociedade.

É claro que há dúvida quanto à abordagem quando se fala em produtores de conhecimento: quer dizer que estamos falando de um conteúdo produzido em um lugar e levado a outro mais amplo. Essa questão gera mil problemas, inclusive teóricos, porque essa ideia de que existe um grupo que produz conhecimento para uma sociedade que tem pouco conhecimento é a teoria do déficit. E é uma visão muito criticada, principalmente nos últimos 20 anos.

Esses modelos nos interrogam há bastante tempo, nos fazem pensar de que forma estamos fazendo divulgação científica:

  • se é baseada no modelo do déficit (que um sabe e o outro não sabe), e então eu preciso traduzir para o outro saber.

  • Ou estou (eu enquanto produtor de conhecimento) me alimentando das indagações do outro, e ele também está me trazendo conhecimento diante das indagações e de propostas de saber.

  • Ou fazemos ciência como propõe a teoria da espiral, em que há uma troca.

Diante disso tudo, para efeitos práticos e pragmáticos, há um campo que é o da comunicação científica, vindo do campo da produção científica, dos cientistas; e um campo da divulgação científica, em que operam muitos agentes, cientistas, jornalistas, outros criadores. E nesse campo livre da divulgação científica, que está sempre dentro dessa interface entre o geral da sociedade e um grupo que produz profissionalmente conhecimento científico, dentro desse vasto campo temos o jornalismo científico. O jornalismo científico é uma das atividades dentro da divulgação científica.

(...) Eu diria que a divulgação científica engloba o jornalismo científico, e que este tem suas características próprias e personalidade bem forte. O jornalista pode ter momentos que fará divulgação científica puramente, mas quando está dentro da Folha de S. Paulo, do O Globo, do The New York Times, Le Monde, BBC, eles estão fazendo jornalismo científico, comparado ao econômico, não divulgação científica.

(...)

Então de forma mais objetiva, a divulgação científica tem ligação mais direta com a mobilização, motivação e educação de determinados grupos sociais. Já o jornalismo científico tem só ligação indireta com isso – ainda que, no seu compromisso com o público, esteja servindo a uma ideia de cidadania e a uma noção de formar, criar cidadão, em determinada sociedade.

Original completo em https://www.comciencia.br/mariluce-moura/