FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NA PANDEMIA
INTRODUÇÃO
É fato que a pandemia nos marcou demasiadamente e até hoje vivenciamos os impactos por inúmeros acontecimentos ligados ao novo coronavírus, visto que nem a escola e nem os professores estavam preparados para lidar com as mudanças da modalidade a distância. O período pandêmico fez com que os professores de todo o país trocassem os quadros e as carteiras escolares pelas telas e os aplicativos digitais.
Nesse contexto, o processo de adaptação ao ensino remoto teve dois obstáculos principais: dificuldades ao utilizar as ferramentas virtuais e a adequação do conteúdo programático no ensino remoto escolar. A formação dos professores foi essencial para que pudessem lidar com a nova modalidade virtual, a atuação deles foi primordial para que alguns tivessem uma educação básica. Muitos docentes não tiveram acesso às formações e nem disponibilidades de ferramentas virtuais, então houve diversas dificuldades diante deste ensino EAD.
Por fim, este estudo foi pautado em três artigos que estão relacionados ao tema, sendo esses: Tecnologias na Educação: perspectivas e desafios na formação de professores frente à pandemia do novo coronavírus, dos autores Maria Lúcia Ferreira da Silva, Calebe Lucas Feitosa Campelo, Eli Linhares de Mendes Borges; Perspectivas de docentes da região sul e sudeste do Pará sobre a modalidade remota de ensino no período de pandemia da covid-19, dos autores Lucas de Souza Costa, Gabriel Costa Dourado, Márcio Soares Ferreira, Ellan Hudson Tavares Leal, Mix de Leão Moia, Jessica de Oliveira Reis, Dion Leno Benchimol da Silva, Maria da Conceição Filha Silva; Formação de Professores e o uso de tecnologias digitais em tempos de pandemia: reflexões e decisões, das autoras Vilma Luísa Siegloch Barros, Cilene Maria Lima Antunes Maciel, Vandreza Souza dos Santos e Mara Rykelma da Costa Silva; Assim evidenciando os desafios dos docentes diante do quadro crítico em que vivemos na época da pandemia, trazendo pesquisas sobre como se deu as formações pedagógicas no ensino remoto.
DESENVOLVIMENTO
TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES FRENTE À PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS.
A revolução das tecnologias da informação e comunicação trouxeram mudanças sociais significativas, com isso, novos desafios são colocados ao modelo atual da sociedade. Nesse contexto, é necessário a formação de professores, permitindo assim, localizar as principais dificuldades que os docentes da rede pública e privada sentem em relação à implementação da tecnologia na sala de aula.
A formação dos professores necessita ser contínua para que possa acompanhar as transformações que ocorrem em meio a sociedade, sendo assim, a aprendizagem não pode ser um processo estático, entretanto, deve se adequar às mudanças em que a sociedade está inserida, tendo em vista que, é um grande desafio, por parte principalmente dos profissionais da educação, ademais por não ter um entendimento com maior clareza acerca da epistemologia, em que se conceitua, numa formação inicial e por consequente continuada. Cabe ressaltar que a mente dos profissionais da área da educação, mais especificamente os professores, necessitam estar aberta ao novo para compreender a geração que adentra no ambiente escolar.
Neste caso com a chegada da pandemia do novo corona vírus(covid-19), os autores enfatizam, que se faz urgente e necessário se pensar em cursos de formação dos docentes e implantação as TIC (tecnologia da informação e comunicação) nas grades curriculares, tanto no ensino regular nas escolas quanto nos cursos de licenciatura, uma vez que a pesquisa bibliográfica realizada, foi possível verificar que existe uma parcela significativa de professores que não tiveram uma formação para a utilização das TIC, na pesquisa feita pelo instituto Península citada pelo autores, feita entre os dias 13 de abril e 14 de maio de 2020, com 7.734 docentes do país, atesta que 83% dos professores brasileiros não se sentiam preparados para o ensino remoto, 88% revelam ter dado sua primeira aula virtual somente após a pandemia e 55% dos docentes não receberam nem um suporte ou capacitação, que levou os professores a se reinventarem e buscarem novas formas de aprendizagem, ao seja nem o profissionais e muito menos as instituições estavam preparadas para oferecer o ensino remoto aos seus alunos, isso exigiu estratégias e adaptações.
PERSPECTIVAS DE DOCENTES DA REGIÃO SUL E SUDESTE DO PARÁ SOBRE A MODALIDADE REMOTA DE ENSINO NO PERÍODO DE PANDEMIA DA COVID-19.
O artigo apresenta uma pesquisa que tem como finalidade mostrar a perspectiva dos docentes da educação básica do Sul e Sudeste do Pará com 10 professores, tanto do fundamental I e II, ensino médio e graduação sobre o processo de adaptação, quanto seus problemas diante das condições de trabalho no período da pandemia.
No período da COVID-19 muitos professores tiveram que aderir a modalidade EAD por conta do lockdown, para suprir a necessidade de continuar as aulas em meio ao caos que o mundo estava vivendo. A utilização das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) no processo de ensino, permitiu por meio da modalidade de Educação a Distância o acesso à educação de parte da população que está inserida em locais distantes dos grandes centros urbanos. A tecnologia como mecanismo de comunicação e interação possibilitou ao homem em meio e após o processo civilizatório continuar a ensinar e aprender (Kenski, 2008a) a TDIC e a TIC puderam suprir a necessidade dos indivíduos na educação e no meio profissional no período pandêmico devido a suas ferramentas virtuais. Com a demanda grande dos professores, muitos tiveram dificuldade com essa modalidade por não estarem adaptados ou por não terem uma formação pedagógica para lidar com as tecnologias virtuais.
A pesquisa foi feita virtualmente pelo google forms com um questionário relacionado sobre formação acadêmica, formação inicial, formação continuada e referente habilidade e dificuldades na utilização de TDIC em meio a prática de ensino remoto, foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo, segundo Bardin (2016), com a utilização das ferramentas Microsoft Excel 365 (2022) e ATLAS.ti — Scientific Software Development GmbH (2022).
Os autores fizeram um questionário para os professores sobre “há quanto tempo atua como professor(a)” e de acordo com as respostas, observou-se que: 30% atuam em um período inferior a cinco anos, 30% atuam como docente por um período de seis a dez anos e 40% atuam por um período superior a onze anos. Em relação ao nível de ensino que atuam, observou-se que: 50% dos participantes atuam como docentes no fundamental II (anos finais 6º ao 9º ano), 30% atuam no fundamental I (anos iniciais 1º ao 5º ano), 30% no Ensino Médio, 10% no Ensino Superior e 10% atuam na Pós-graduação. Quando questionados sobre sua formação acadêmica, 50% dos participantes relataram ter a formação especializada, 40% possuíam mestrado e 10% possuíam apenas a graduação.
E então foi observado que apenas 50%, dos participantes foram apresentados a temática de TDIC no processo de ensino anteriormente ao período pandêmico, por meio de disciplinas específicas em sua formação inicial de professores. No contexto social e tecnológico em que a educação se encontra, observa-se a necessidade da incorporação com mais afinco aos currículos na formação inicial de professores a discussão sobre a TDIC e a construção da didática a partir de ferramentas digitais. Sendo assim observa-se que o uso das tecnologias vai além do saber utilizá-las, no processo de ensino tais ferramentas devem ser utilizadas para incentivar a criatividade do aluno (Lima, Farias & Viana, 2022).
É certo de que a TDIC não é para ser visto apenas como uma modalidade de educação a distância, mas sim precisa ser implementada no ensino e suas práticas em todos os níveis escolares. A formação inicial e as formações continuadas devem ser construídas com base nas necessidades dos educadores e alunos, no processo de ensino e aprendizagem, apresentando as mais recentes teorias de ensino e práticas pedagógicas relacionadas ao uso de TDIC no ensino. Para que ocorra mudança na formação dos professores devem ser modificados os currículos e Projeto Pedagógico do Curso (PPC) dos cursos de licenciatura e pedagogia, incorporando os saberes tecnológicos para o ensino (Siqueira, Molon & Franco, 2021).
Para cincos professores da pesquisa, a TDIC e as ferramentas virtuais que foram disponibilizadas pelas instituições em que trabalham foi o suficiente para a atuação na modalidade de ensino remoto, mas o restante alegou diversos problemas com a utilização das ferramentas virtuais por não haver uma boa infraestrutura tecnológica no âmbito escolar para auxiliar nas práticas docentes em meio ao EAD na época da pandemia, além da jornada de trabalho ser bem mais intensa os educandos tiveram que mudar totalmente seus planejamentos, desencadeando um estresse para eles devido estarem sobrecarregados com rotina remota. Os professores alegaram que sentiram falta de mais informações, capacitações e formações sobre educação digital. No entanto, modificar e incentivar a formação de professores para apresentar aos docentes conhecimentos teóricos e práticos sobre a inserção da tecnologia no processo de ensino, não seria suficiente, sem uma estrutura tecnológica adequada para desenvolver essas atividades educacionais com mediação de TDIC (Kenski, 2008b; Scherer & Brito, 2020). Então é preciso sim de uma infraestrutura tecnológica na rede básica de ensino escolar para que os docentes tenham embasamentos teóricos o suficiente para as práticas pedagógicas mediados pelo TDIC no ensino inovador.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS EM TEMPOS DE PANDEMIA: REFLEXÕES E DECISÕES.
Durante a pandemia de covid-19, muitos acontecimentos e rotinas foram alterados. Por conta desse contexto, as aulas presenciais foram suspensas e a escola passou a ser em casa em frente ao computador ou smartphone. Como consequência disso, a prática docente viu-se entrelaçada à importância de saber utilizar de forma adequada as ferramentas tecnológicas para o desenvolvimento das aulas. Para os professores as demandas surgiram de forma excessiva, principalmente pelo fato de que eles tiveram pouco tempo para se adaptar ao novo formato das aulas remotas e por conta disso muitos se viram perdidos em razão da variedade de recursos tecnológicos. Sendo assim, era preciso repensar o currículo das instituições escolares e o aperfeiçoamento do docente enquanto o cenário da pandemia se intensificava.
Outro ponto para refletir é que esse processo de aulas em EAD (educação à distância) era solitário já que o professor ficava falando sozinho em frente ao computador, diferente do presencial onde ocorre a interação e companheirismo que se estende para além da aprendizagem. Assim, as tecnologias se apropriaram rapidamente do ambiente ignorando o fato de que é necessário saber operá-la para ter bons resultados e internet de qualidade para então saber relacioná-los pedagogicamente como o que pretende ser ensinado, como por exemplo, a produção de material, gravação e edição vídeos entre outros.
Porém, o uso dessas ferramentas digitais se tornou um grande desafio para muitos professores, mostrando-nos que existe uma lacuna entre a formação inicial e a continuada caracterizado pela falta de domínio tecnológico. Essa situação evidencia a importância de discussões que envolvam as competências e habilidades dos docentes acerca do uso de recursos digitais, e que não apenas sejam cobrados excessivamente por resultados.
Ao observar o que está sendo vivenciado pelas escolas, é possível enxergar uma problemática que envolve a formação dos professores diante das necessidades formativas apontadas com a chegada da pandemia, que se caracteriza por apresentar certa divergência entre as exigências, as necessidades de desenvolvimento profissional e as necessidades individualizadas.
No Brasil, Nunes (2001) destaca que as pesquisas que envolvem a formação dos docentes apontam para a necessidade de haver revisão da compreensão dessa prática, tendo em vista que os saberes são construídos e reconstruídos durante a trajetória dos professores, levando em consideração a utilização desses saberes, das experiências vividas e percursos formativos e profissionais.
Assim, a situação pandêmica constatou a essencialidade da qualificação dos professores que não tiveram disciplinas voltadas ao uso das tecnologias em sua formação, e para os que tiveram, aperfeiçoar suas aptidões por meio da formação continuada, de maneira que os mesmos, possam desenvolver suas práticas utilizando as tecnologias digitais, diminuindo a distância entre os professores e os alunos.
Segundo Dorneles e Chaves (2011), um dos entraves para o desenvolvimento das atividades envolvendo as tecnologias nas escolas de Rio Branco no Acre, tem sido a falta de formação, ou ainda, uma certa resistência em relação à inserção desses recursos nas atividades. São muitas as atribuições exigidas para os professores neste cenário, de modo que além de compreender o funcionamento das plataformas digitais que irá utilizar, precisam também saber como produzir material digital adequado. Isso inclui saber gravar e editar vídeos, produzir materiais capazes de despertar a atenção dos alunos e entre outros aspectos.
Considerando os dias atuais, ressaltamos a necessidade de reestruturação da escola e de seu currículo perante o novo cenário que se apresenta diante da importância das tecnologias digitais no contexto escolar. Refletir sobre a própria prática pedagógica, procurar dar significado ao que ensina, identificar o que é indispensável ao planejar e executar a aula requer preparo dos docentes, enfatizando a importância do profissional ser protagonista desse processo.
De acordo com Nóvoa (1992) devemos observar a importância do aprender contínuo, sendo a continuidade do processo formativo, fundamental para a construção do saber docente, que se concentra em dois pilares: o próprio sujeito na figura do professor; e a escola, que é considerada um lugar de crescimento profissional permanente para os professores. Essa discussão ainda precisa ganhar força diante das instituições de ensino, para que se possa pensar em qualificar os professores considerando suas competências e habilidades.
De acordo com Brito e Purificação (2006, p. 31) é necessário saber utilizar as tecnologias digitais como ferramentas capazes de estimular o interesse do discente por determinado assunto, fazendo do professor um instrumento mediador, capaz de auxiliar o aluno no processo de descoberta. Logo, o uso das tecnologias digitais necessita estar entrelaçada a acepção que o docente dará para o planejamento das atividades que deseja desenvolver e/ou abordar em sala.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando os artigos escolhidos percebe-se que houve uma grande falta de formação dos professores no período da pandemia, trazendo dificuldades na hora de dar aula, pois diversas instituições estavam despreparadas para uso das tecnologias educacionais, e negligenciando esta formação dos professores fazendo que os mesmos sentissem dificuldades para o uso das TIC (tecnologia da informação e comunicação) e TDIC (tecnologias digitais da informação e comunicação) em modalidade online, não possuindo amparo do governo.
Diante disso, é concluído que houve e ainda há diversos problemas a serem enfrentados, visto que ainda vivenciamos os aspectos negativos que abarcam a pandemia e que envolve tanto as instituições que não oferecem uma formação para os docentes, quanto os profissionais da educação que ainda tem receio de se utilizar dos recursos tecnológicos com objetivo de agregar novos conhecimentos as suas práticas pedagógicas, e por consequente melhorando a compreensão dos seus educandos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COSTA, Lucas de Sousa; DOURADO Gabriel Costa; FERREIRA, Márcio Soares; LEAL, Ellan Hudson Tavares; MOIA, Mix de Leão; REIS, Jessica de Oliveira; SILVA, Dion Leno Benchimol da; SILVA, Maria da Conceição Filha; Autor correspondente: d.benchimol01@gmail.com. Perspectivas de Docentes da Região Sul e Sudeste do Pará Sobre a Modalidade Remota de Ensino no Período de Pandemia da Covid-19. JOURNAL OF EDUCATION, SCIENCE AND HEALTH – JESH Revista de Educação, Ciência e Saúde DOI: https://www.doi.org/10.52832/jesh.v3i1.179 Home page: www.jeshjournal.com.br e-ISSN: 2763-6119; disponível em 03 de janeiro de 2023; acessado em 02 de agosto de 2023.
https://scholar.google.com.br/?hl=pt ; google acadêmico
Kenski, V. M. (2008a). Educação e comunicação: interconexões e convergências. Educação & Sociedade, 29, 647– 665.
SILVA, Maria Lúcia Ferreira da; CAMPELO, Calebe Lucas Feitosa; BORGES, Eli Linhares de Meneses. Tecnologias na Educação: perspectivas e desafios na formação de professores frente à pandemia do novo coronavírus. Revista Educação Pública, v. 21, nº 16, 4 de maio de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/16/tecnologias-na-educacao-perspectivas-e-desafios-na-formacao-de-professores-frente-a-pandemia-donovo-coronavirus ; acessado em 01 de agosto de 2023.
Portaria MEC Nº 544 DE 16/06/2020; publicado no DOU em 17 junho de 2020; https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=397010 ; acessado em 02 de agosto de 2023.
APRESENTAÇÃO DE SLIDES