HUM01001, segundas e quartas, 16:30-18:10, sala 109, prédio das salas de aula (43324), Campus do Vale, Prof. Rogério Severo, Dept. Filosofia UFRGS
Este será um curso introdutório à filosofia da ciência, cuja meta será apresentar os principais temas, conceitos e problemas da filosofia da ciência contemporânea de maneira abrangente e clara. Os tópicos foram escolhidos em razão da sua relevância para os debates que atualmente predominam na literatura internacional. O curso centra-se na filosofia ciência natural, mas ocasionalmente temas ligados às ciências formais e humanas serão mencionados. Uma leitura obrigatória será A estrutura das revoluções científicas, de Thomas Kuhn. Outras leituras serão indicadas para cada aula. Ao final do curso, espera-se que os participantes saibam descrever algumas das principais concepções contemporâneas de ciência e objetividade científica, o que caracteriza a pesquisa e o desenvolvimento das ciências, e qual a relação entre ciência e filosofia.
1. (08 e 13/08) Hipóteses, método experimental, revolução científica, perspectiva científica
Leitura obrigatória: Hempel, Filosofia da ciência natural (capítulos 2 e 3)
Leituras recomendadas: Kuhn, A revolução copernicana; Harari, Sapiens (cap. 14 - A descoberta da ignorância); Hawking, Uma breve história do tempo; Gleick, Caos (capítulo 1 - O efeito borboleta).
Vídeos indicados: Movimento retrógrado; Epiciclos; Harari, The discovery of ignorance.
Gravação (meio ruim) das aulas: dias 08/08 ((1) em mp3 ou no youtube) e 13/08 ((2) em mp3 ou no youtube)
Leitura obrigatória: Okasha, "O raciocínio científico" [disponível também no dropbox da disciplina]
Leituras recomendadas: Abrantes, Método e ciência (cap. 3, "Metodologia e lógica"); Godfrey-Smith, Theory and reality (seções 3.1 e 3.2)
Gravação da aula do dia 15/08 ((3) em mp3 ou no youtube)
3. (20/08) A tese da impregnação teórica das observações
Leitura obrigatória: Hanson, "Observação e interpretação" e French, Ciência (cap. 5 "Observação") [ambos disponíveis no dropbox.
Leituras recomendadas: Nascimento, "Impregnação teórica em Kuhn, Fodor e Pylyshyn"; Hanson, Perception and discovery (cap. 4); Godfrey-Smith, Theory and reality (seção 10.3) [estes dois últimos estão disponíveis no dropbox]; Stokes (2013), "Cognitive penetrability of perception"
Vídeos indicados: Simons Lab; Experimento de Asch
Gravação da aula do dia 20/08: ((4) em mp3 ou no youtube)
Exercício para ser feito em casa e entregue no dia 03/09 (segunda-feira): Leia os três primeiros capítulos de A estrutura das revoluções científicas [disponível na biblioteca e no dropbox] e responda as seguintes questões: 1. O que Kuhn quer dizer com "ciência normal" e "paradigma"? 2. No capítulo 2, Kuhn diz que a ciência normal tem três focos. Explique cada um deles. 3. Por que não há muito interesse na produção de grandes novidades durante os períodos de ciência normal? [No dia 29/08, quarta-feira, não haverá aula; em vez disso, estarei das 16:30 às 18:10 em minha sala (205, prédio do ILEA, 2ºandar), para resolver dúvidas ou receber comentários sobre esse exercício .]
4. (22 e 27/08) Indutivismo: o empirismo lógico de Carnap, Reichenbach, Hempel
Leituras obrigatórias: Hahn, Neurath & Carnap, "A concepção científica do mundo"; Carnap, "A superação da metafísica pela análise lógica da linguagem" [ambos também disponíveis no dropbox]
Leituras recomendadas: Godfrey-Smith, Theory and reality (cap. 2), Carnap, Philosophical foundations of physics (Part I), Abrantes, Ciência e método (cap. 4); Reichenbach, The rise of scientific philosophy; Hempel, Aspects of scientific explanation; Lipton, Inference to the best explanation.
Gravações das aulas dos dias 22/08 ((5) em mp3 ou no youtube) e 27/08 ((6) em mp3 ou no youtube)
5. (03 e 05/09) Problemas para o indutivismo: paradoxos da confirmação (Hempel), novo enigma da indução (Goodman)
Leituras obrigatórias: Bortolotti, Introdução à filosofia ciência (seção 3.2.1- O paradoxo dos corvos"; Goodman (1953), "O novo enigma da indução" [ambos no dropbox]
Leituras recomendadas: Goodman, Facto, ficção e previsão (especialmente o cap. 4); Hempel, "Studies in the logic of confirmation"; Godfrey-Smith, Theory and reality (cap. 3); Crupi, "Confirmation"; Quine, "Espécies naturais".
Gravações das aulas dos dias 03/09 ((7) em mp3 ou no youtube) e 05/09 ((8) em mp3 ou no youtube)
6. (10 e 12/09) Dedutivismo: falseacionismo, Popper
Leituras obrigatórias: Popper (1934, 1959), A lógica da pesquisa científica (caps. 1-4) [no dropbox]
Leituras recomendadas: Salmon, "Rational prediction"; Godfrey-Smith, Theory and reality (cap. 4)
Gravações das aulas dos dias 10/09 ((9) em mp3 ou no youtube) e 12/09 ((10) em mp3 ou no youtube)
7. (17 e 19/09) Problemas para o dedutivismo
Leituras obrigatórias: Popper, A lógica da pesquisa científica (caps. 5 e 10)
Leituras recomendadas: Haack, "Diga 'não' ao negativismo lógico"; Newton-Smith, "Popper, science, and rationality", in: O'Hear, Karl Popper: Philosophy and Problems. [ambos no dropbox]
A aula do dia 17/09 será ministrada por Robson Rodrigues Carvalho (UFSC), no Pantheon do IFCH (no horário norma de aula): Popper e seus problemas.
Gravação das aulas dos dias 17/09 ((11) em mp3 ou no youtube) e 19/09 ((12) em mp3 ou no youtube)
8. (24 e 26/09) Historicismo: ciência normal, paradigmas, Kuhn
Leituras obrigatórias: Kuhn, A estrutura das revoluções científicas
Leituras recomendadas: Lakatos & Musgrave, A crítica e o desenvolvimento do conhecimento; Kuhn, O caminho desde A Estrutura; Dal Magro, "Revoluções, incomensurabilidade e racionalidade científica nos escritos tardios de Thomas Kuhn"; Olegario, "Carnap and Kuhn on linguistic frameworks and scientific revolutions".
Gravações das aulas dos dias 24/09 ((13) em mp3 ou no youtube) e 26/09 ((14) em mp3 ou no youtube)
Exercício 2 (para ser entregue no dia 03/10, quarta-feira; dia 01/10 não haverá aula), sobre os capítulos 4, 5 e 6 de A estrutura: (4) Em que sentido se pode dizer que os paradigmas têm prioridade em relação à prática científica normal? (5) Explique o que é uma anomalia e forneça um exemplo. (6) Quais são as características de uma crise científica?
9. (03 e 08/10) Problemas para o historicismo
Leitura obrigatória: Hoyningen-Huene & Oberheim, "A incomensurabilidade das teorias científicas"
Leituras recomendadas: Kuhn, O caminho desde a Estrutura; Lakatos & Musgrave, A crítica e o crescimento do conhecimento
Gravações das aulas dos dias 03/10 ((15) em mp3 ou no youtube) e 08/10 ((16) em mp3 ou no youtube)
Prova [para ser feita em casa e entregue no dia 22/10; no dia 10/10 não haverá aula]: (1) Em que consiste a tese da impregnação teórica da observação e que razões temos para aceitá-la? (2) Hipóteses científicas podem ser confirmadas indutivamente? Explique como e sob que condições. (3) Hipóteses científicas podem ser demarcadas como sendo aquelas que são falseáveis por observações possíveis?
Dias 15 a 19/10: semana acadêmica
10. (22, 24 e 29/10) Outras concepções: Lakatos, Laudan, críticas sociológicas
Leituras obrigatórias: Lakatos, "O falseamento e os programas de pesquisa científicos" (in: Lakatos & Musgrave, A crítica e o desenvolvimento do conhecimento [no dropbox]); Dal Magro, "Ciência e progresso"
Gravação das aulas dos dias 22/10 ((17) em mp3 ou no youtube), 24/10 ((18) em mp3 ou no youtube) e 29/10 ((19) em mp3 ou no youtube)
11. (31/10 e 05/11) Explicação científica e leis da natureza
Leitura obrigatória: Hempel, "As leis e seu papel na explicação científica" (capítulo 5 de A filosofia da ciência natural)
Leituras recomendadas: Woodward, "Scientific explanation"; Carroll, "Laws of nature" Godfrey-Smith, Theory and reality, cap. 5 (disponível no dropbox).
Gravação das aulas do dia 31/10 ((20) em mp3 ou no youtube) e do dia 05/11 ((21) em mp3 ou no youtube)
Exercício 3 [para ser feito em casa e entregue no dia 12/11; no dia 07/11 não haverá aula]: (1) No oitavo parágrafo do capítulo 7 de Estrutura, Kuhn escreve que "para uma anomalia originar uma crise, dever ser algo mais do que uma simples anomalia". Explique o que ele quer dizer com essa afirmação e como ele a justifica (isto é, que razões ele tem para achar que a afirmação é verdadeira). (2) No capítulo 8 de Estrutura, Kuhn sustenta que é um equívoco considerar a dinâmica de Newton compatível com a de Einstein. Explique por que Kuhn considera as teorias de Einstein e Newton incompatíveis e como ele responde às objeções por ele mencionadas. (3) No capítulo 9 de Estrutura, Kuhn escreveu que "Na medida em que seu único acesso a esse mundo dá-se através do que veem e fazem, poderemos ser tentados a dizer que, após uma revolução, os cientistas reagem a um mundo diferente." Explique o que Kuhn quer dizer com isso. (É o mundo que muda após uma revolução, ou apenas a concepção que se tem do mundo?)
12. (12/11) Realismo e antirrealismo (lâminas aqui, pdf aqui)
Leitura obrigatória: French, Ciência (caps. 7 e 8 -- disponível no dropbox)
Leitura recomendada: Chakravartty, "Scientific realism"
Gravação da aula do dia 12/11 ((22) em mp3 ou no youtube)
13 (14/11) Progresso científico
Leitura obrigatória: Kuhn, Estrutura (cap. 12 - O progresso através de revoluções)
Leitura recomentada: Dellsén (2018), "Scientific progress: four accounts"; Niiniluoto, "Scientific progress"
Gravação da aula do dia 14/11 ((23) em mp3 ou no youtube)
Dias 19 e 21/11: não haverá aula
13. (26 e 28/11) Entidades não observáveis e subdeterminação
Leitura obrigatória: Guilherme Schüler e Rogério Severo, "Quatro teses de subdeterminação de teorias pelas observações" (em breve será postado aqui)
Leituras recomendasdas: Stanford (2017), "Underdetermination of scientific theory"; Turnbull (2018), "Underdetermination in science"
Gravação das aulas do dia 26/11 (ministrada por Guilherme Schüler) ((24) em mp3 ou no youtube) e do dia 28/11 ((25) em mp3 ou no youtube)
Dia 03/12 (segunda-feira): não haverá aula; estarei em minha sala para devolver os trabalhos já entregues e resolver dúvidas sobre a prova, que deve ser feita em casa e entregue no dia 05/12.
Prova [para ser entregue às 16h25min do dia 05/12, no miniauditório do IFCH]: 1. Apresente um argumento (o mais forte possível) em favor do realismo científico e um argumento (o mais forte possível) em favor do antirrealismo científico. 2. Explique a concepção kuhniana de progresso científico, contrastando-a com concepções realistas mais tradicionais. 3. O que é uma explicação científica?
Dia 05/12: Palestra por Laura Nascimento (UNICAMP), no miniauditório do IFCH, "É possível compreender a fenomenalidade de maneira naturalista?" [Esta palestra faz parte de uma jornada, cuja programação está disponível aqui.]
As médias estão disponíveis no Portal do Aluno. Entrarei em contato por e-mail com os que precisarem fazer uma prova de recuperação.
Avaliações: serão realizados três execícios sobre o livro de Kuhn ao longo do semestre e duas provas. As provas terão, cada uma, peso 3,5 e os exercícios terão ao todo peso 3. Os que não obtivem média igual ou superior a 7,0 precisarão fazer o exame.
Atendimento individual: para tratar de assuntos relativos a este curso, estarei disponível em minha sala (208, prédio da direção do IFCH, 2º andar) das 16:00 às 16:25 de segunda à quinta, ou após as aulas; é preferível que os que quiserem me encontrar em minha sala marquem comigo antes. Também posso me colocar à disposição em outros horários.
Bibliografia em português:
Abrantes, Paulo. Método e ciência. Belo Horizonte: Fino Traço, 2014.
Bortolotti, Lisa. Introdução à filosofia da ciência. Lisboa: Gradiva, 2013.
Carnap, Rudolf. "A superação da metafísica pela análise lógica da linguagem".
Chalmers, Alan F. O que é ciência, afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.
Dal Magro, Tamires. "Revoluções, incomensurabilidade e racionalidade científica nos escritos tardios de Thomas Kuhn", Principia 17.1 (2013): 183-216.
Feyerabend, Paul. Contra o método. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.
French, Stephen. Ciência. Porto Alegre: Artmed, 2009.
Friedman, Michael. "Kant, Kuhn e a racionalidade da ciência", Philósophos 14.1 (2009): 175-209.
Goodman, Nelson. Facto, ficção e previsão. Lisboa: Presença, 1991.
Hacking, Ian. Representar e intervir. Rio de Janeiro: Eduerj, 2012.
Hawking, Stephen. Uma breve história do tempo.
Hempel, Carl G. Filosofia da ciência natural. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.
Hoyningen-Huene, P. & Oberheim, E. "A incomensurabilidade das teorias científicas".
Kuhn, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1975.
____. A revolução copernicana. Lisboa: Edições 70, 2002.
____. A tensão essencial. São Paulo: UNESP, 2011.
____. O caminho desde A Estrutura. São Paulo: UNESP, 2006.
Laudan, Larry. O progresso e seus problemas. São Paulo: UNESP, 2011.
Lakatos, I. & Musgrave, A. (orgs.). A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix, 1979.
Morgenbesser, Sidney (org.). Filosofia da ciência. São Paulo: Cultrix, 1972.
Okasha, Samir. "O raciocínio científico"
Popper, Karl. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 2000.
____. Conhecimento objetivo.
____. Conjeturas e refutações.
Quine, Willard. "Espécies naturais". In: Quine, Ensaios. (Col. Os Pensadores). São Paulo: Abril, 1971.
Rosenberg, Alex. Introdução à filosofia da ciência. São Paulo: Loyola, 2013.
van Fraassen, Bas. A imagem científica. São Paulo: UNESP, 2006.
Winch, Peter. A ideia de uma ciência social e sua relação com a filosofia. São Paulo: Nacional, 1970.
Bibliografia complementar em inglês:
Carnap, Rudolf. An introduction to the philosophy of science. New York: Dover, 1966.
Cartwright, Nancy. How the laws of physics lie. New York: Oxford University Press, 1983.
Cushing, J. & McMullin, E. Philosophical consequences of quantum theory. Univ. of Notre Dame Press, 1992.
Dellsén, Finnur. "Scientific progress: four accounts", Philosophy Compass 13.11 (2018).
Godfrey-Smith, Peter. Theory and reality. Chicago: University of Chicago Press, 2003.
Hempel, Carl. Aspects of scientific explanation. New York: Free Press, 1965.
Lakatos, Imre. Proofs and refutations. Cambridge: Cambridge University Press, 1976.
Olegario da Silva, Gilson. "Carnap and Kuhn on linguistic frameworks and scientific revolutions", Manuscrito 36.1 (2013): 139-190.
Stanford, Kyle. "Underdetermination of scientific theory", The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Winter 2017 Edition).
Stokes, Justin. "Cognitive penetrability of perception", Philosophy Compass 8.7 (2013): 646-663.
Turnbull, Margaret. "Underdetermination in science: What it is and why we should care", Philosophy Compass 13.2 (2018).
von Wright, Georg. Explanation and understanding. London: Routledge, 1971.
Vídeos e artigos de interesse: