O título vem das guildas inglesas, do século XVII, quando começaram a denominar-se “WORSHIPFUL”, isto é, Venerável.
É a primeira ponta do triângulo com o vértice para cima. Sua coluna é a Jônica, representa a sabedoria e como Presidente, ocupa o trono de Salomão, não um soberano, pessoa física, mas, Salomoh, (homem Perfeito). A Jóia do venerável é o esquadro, símbolo da retidão.
email: vm@dojomacom.org
The Worshipful Master
The Worshipful Master’s location is at the East end of the Lodge and he is elected by the Lodge Members having previously occupied the offices of Wardens. He normally serve for one year unless circumstances dictate otherwise. The honorific “Worshipful” is a courtesy title.
It is the Master’s prerogative to decide what is to be the business transacted at each Lodge meeting, though much of this is governed by the bye-laws of the Lodge and the Book of Constitutions.
All the other officers of the Lodge are appointed at the sole discretion of the Worshipful Master; with the exception of the Treasurer (who is elected by ballot), and the Tyler, (who is elected if he is not a member of the Lodge.)
Primeiro vice-presidente da loja, representa Hiram rei de Tiro, não a pessoa física. Governa durante as horas de trabalho de uma loja maçônica. A sua coluna é a Dórica, que representa a força, quando está trabalhando ela esta levantada, quando esta em descanso a coluna esta abaixada.
É a segunda ponta do triângulo com o vértice para cima e a Jóia do primeiro vigilante é o nível, símbolo da igualdade.
Senior Warden
The Senior Warden is located opposite the Worshipful Master at the West end of the Lodge and carries out tasks delegated to him by the Worshipful Master. He is particularly responsible for closing the Lodge. It is usual for the Senior Warden to be next-in-line for the office of Master.
Segundo vice-presidente da loja, representa Hiram Abif, não a pessoa física. Governa quando os trabalhos estão suspensos ou em recreação. Sua coluna é a Coríntia, representa a beleza, quando os trabalhos estão suspensos ou em recreação, ela está levantada, quando em trabalho, ela esta abaixada. É a terceira e última ponta do triângulo com o vértice para cima e a Jóia do segundo vigilante é o prumo, símbolo da retidão.
Junior Warden
The Junior Warden is located in the South of the Lodge and when required will suspend the Lodge at the appropriate moment during ceremonies. He is particularly responsible for the visitors who may be present. It is he who must ensure that visitors are bona fide Masons with the help of the Tyler and Inner Guard before allowing them into the Lodge and it is he who will direct the Stewards to ensure the visitors are well looked after at the Festive Board.
It is usual for the Junior Warden to succeed to the office of Senior Warden.
Representa o ponto dentro do Selo de Salomão. É o encarregado da ritualística e do protocolo, conduzindo o bastão patriarcal. A Jóia do mestre de cerimônias é a régua, símbolo da ordem.
As cinco dignidades da Loja, formam o pentágono, estrela de cinco pontas, representando o homem. A parte de cima , a cabeça é o venerável, as partes debaixo, os pés, representados pelos vigilantes, e as pontas intermediárias, os braços, representados pelo orador e secretário.
Director Of Ceremonies
The role of the DC is to organise and oversee the ceremonies held in the Lodge and to ensure all other officers concerned in any ritual are aware of their roles. This is usually achieved by rehearsals. It is also part of his responsibilities to see that the ceremonies are conducted with dignity and decorum.
He should liaise with the Tyler to ensure that the Lodge Room is set out for the meeting. In the absence of a Tyler it is his responsibility to carry out that task.
He is responsible for making many of the various announcements required both in the meeting and at the Festive Board.
Ou Guarda da Lei, só pode apresentar as suas conclusões, baseadas nas proposições dos outros irmãos, não pode emitir opinião própria participando de debates. É a primeira ponta do triângulo com o vértice para baixo. A Jóia do orador é o livro aberto sobre fundo radiante, sendo o livro para a consulta dos irmãos e a irradiação, a luz dos sábios ensinamentos.
Responsável pelos escritos da Loja, devendo lançar nos livros a verdade. É a segunda ponta do triângulo com o vértice para baixo. A Jóia do secretário são duas penas cruzadas, representando a escrita fiel.
email: sec@dojomacom.org
Secretary
The Secretary has responsibility for the smooth administration of the Lodge. He is the main conduit for communication from United Grand Lodge and Metropolitan Grand Lodge of London.
He is also responsible for organising and distributing the summons notifying the members of the agenda for the next meeting.
Do Grego: Diakonos = servidor; É o mensageiro do venerável mestre. A Jóia do primeiro diácono, é uma pomba dentro de um triângulo. A pomba a mensageira da paz, a representação da divindade.
Senior Deacon
The Senior Deacon is located at or near the right of the Worshipful Master and has a particular role to play in the ceremonies of Passing (to the degree of a Fellowcraft) and Raising (to the sublime degree of a Master Mason). He is also required to assist the Junior Deacon in the ceremony of Initiation.
He is also responsible for ensuring that the correct Tracing Boards are displayed when the Lodge is open (and that they are concealed when the Lodge is closed!) Note in other Lodges, mainly those of Emulation Workings this is the duty of the Junior Deacon.
The Senior Deacon is also responsible for conveying the Minute Book from the Secretary to the Worshipful Master after the minutes have been approved by the Brethren.
Mensageiro do primeiro vigilante, responsável pela ordem no ocidente. A Jóia do segundo diácono é a pomba livre.
Junior Deacon
The Junior Deacon is located at the right of the Senior Warden and has a particular role to play in the ceremony of Initiation as well as assisting the Senior Deacon in the other ceremonies.
Guarda o selo, para poder imprimi-lo nos documentos da Loja. É responsável pelo cadastro dos obreiros. A Jóia do chanceler é a chancela.
Guarda e administra os valores da loja. Zela para que a loja não se torne pobre, e perca seus valores esotéricos. A Jóia do tesoureiro é a chave, que dá acesso aos tesouros.
mail: tes@dojomacom.org
Treasurer
The Treasurer is responsible for Lodge finances and will collect the annual subscriptions and the dinning fees for the Festive Board.
He produces annual accounts, which are audited before being approved by the Lodge. Subscriptions are decided in open Lodge on the Treasurer’s recommendation.
Irmão caridoso. Do Latim: Hospitalarius = que dá hospedagem por caridade. Encarregado da assistência aos irmãos e necessitados. A Jóia do hospitaleiro é a bolsa, símbolo da solidariedade humana.
Almoner
The Almoner is the Lodge welfare officer. He maintains contact with the widows of members and with those who are ill or indisposed. He is also trained to assist those who are in financial need. He therefore has a knowledge of the variety of resources that exist in time of need.
Responsável pela condução do estandarte da Loja em todas as cerimônias. A Jóia do porta estandarte é um estandarte, que representa a bandeira da loja.
Responsável pela parte cultural da Loja e, pelos livros de registros. Simboliza a luz interior. A Jóia do bibliotecário é um livro com a pena.
Responsável pela conservação dos utensílios e ornamentação da Loja. A Jóia do arquiteto é o maço e o cinzel, símbolos da força dirigida, para desbastar as imperfeições
Encarregado da harmonia musical e dos efeitos sonoros durante as iniciações. Procurando sempre aumentar as vibrações magnéticas através da música. A Jóia do mestre de harmonia é uma lira, símbolo universal da música.
Organist
The Organist’s role is to provide the music for the meetings and ceremonies. Most Lodges do not have a member with the necessary skills to play the organ and so rely on professional Masonic organists who is paid by the Lodge for his services.
Encarregado da organização dos ágapes fraternais. A Jóia do mestre de banquetes é a cornucópia, símbolo da fartura. De acordo com a “fábula”, supõe-se que o corno tenha sido arrancado da cabeça de “Aquelus”, quando, foi transformado em touro, tendo sido vencido por Hércules.
Responsável, pela guarda e manutenção das espadas da Loja. A Jóia do porta espadas, é uma espada, símbolo da força.
Ou cobridor, na Maçonaria operativa, quando um edifício em construção chegava ao seu final, cobria-se por telhas, por analogia, quando se fecha a porta do templo, ele está coberto. É a terceira e última ponta do triângulo com o vértice para baixo. O venerável e os vigilantes formam o primeiro triângulo com o vértice para cima, o orador secretário e guarda do templo, formam o segundo triângulo com o vértice para baixo, quando sobre postos, forma o Hexágono, estrela de seis pontas ou Selo de Salomão. O guarda do templo, é o zelador de nossos pensamentos e a Jóia do guarda do templo são duas espadas cruzadas.
Inner Guard
The Inner Guard position is just inside the Lodge to the left of the Senior Warden. He reports to the Junior Warden, advises when there is a Candidate or Brother wishing to enter the Lodge after it has been opened, and checks with the Tyler that everything is in order before entrance is allowed into the Lodge by means of a challenge.
Possui as mesmas funções do guarda do templo, é o guarda contra os maus pensamentos que podem querer invadir a Loja. A Jóia do cobridor externo é um alfanje, para proteção contra aproximação dos indiscretos e curiosos.
Tyler
The Tyler remains outside the door of the Lodge at all times while it is open. He is often a senior and experienced Brother. If he is not a member of the Lodge he will be paid for his services and may well be the Tyler for a number of Lodges and other Masonic organisations.
His duty is to ensure that Candidates are properly prepared before they enter the Lodge; that any late arrivals or visitors are entitled to enter the Lodge and to ensure that only those who are entitled and are vouched for as Masons enter our Lodge Room.
Substitutos dos vigilantes, do Latim: expertus = sabedor , perito. Condutores e guias nas iniciações, sua missão é encorajar o iniciando a vencer os obstáculos. A Jóia do experto é o punhal, para defesa.
Os Oficiais da Loja, da Escócia de William Shaw à primeira Grande Loja inglesa até 1750
Os cargos da loja no século XVII
Os cargos da loja no século XVIII (1717-1723)
Os Diáconos
O Telhador ou Cobridor Externo
Evolução dos cargos de Loja nos “Modernos” e nos “Antigos” até a união de 1813
O Venerável Mestre
Os Diáconos
O Telhador (Cobridor Externo)
As Grandes Lojas Provinciais
História das dignidades de Grandes Lojas Provinciais
Origem e evolução dos Cargos em Loja da Maçonaria e dignidades maçónicas na Grã-Bretanha do século XVII até aos nossos dias
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Origem e evolução dos Cargos em Loja da Maçonaria e dignidades maçónicas na Grã-Bretanha do século XVII até aos nossos dias
Índice
Os Oficiais da Loja, da Escócia de William Shaw à primeira Grande Loja inglesa até 1750
Os cargos da loja no século XVII
Os cargos da loja no século XVIII (1717-1723)
Os Diáconos
O Telhador ou Cobridor Externo
Evolução dos cargos de Loja nos “Modernos” e nos “Antigos” até a união de 1813
O Venerável Mestre
Os Diáconos
O Telhador (Cobridor Externo)
As Grandes Lojas Provinciais
História das dignidades de Grandes Lojas Provinciais
Conclusão
Qual é a origem dos oficiais de uma loja maçónica? Responder a esta pergunta é necessariamente relacioná-la com o sistema primitivo de graus maçónicos e procurar esta origem primeiro na Escócia ao final do século XVII e depois na Inglaterra no início do século XVIII.
Lembremo-nos que na Escócia, no século XVII, o sistema de graus consistia em duas etapas: Aprendiz (isto é, um Aprendiz que fez as suas provas durante 7 anos em média como Aprendiz registado) e o Companheiro ou Mestre este último chegando raramente a ser alcançado em virtude do seu custo. Além disso, existiam dois tipos de estrutura nessa Maçonaria Escocesa: uma estrutura civil, administrativa e pública, a corporação ou Guilda de Mestres que governava a cidade e o emprego, e uma estrutura “secreta” específica do ofício, a loja. Estas estruturas, em princípio independentes eram, de facto, complementares, o que causava rivalidades e conflitos. De qualquer forma, a corporação consiste de Mestres, mestres que tinham na loja o “grau” mais alto que se podia conferir, o de Companheiro de Ofício, categoria na qual são recrutados os futuros mestres da corporação. Fica assim claro que o título de “Mestre” não era um grau da loja, mas uma dignidade civil, que era adquirido através de herança, casamento ou até mesmo compra.
No início do século XVIII, na Inglaterra, na década de 1720, um novo grau apareceria, o grau de Mestre. É certamente atestado em 1730, na forma em que o conhecemos e a composição desse grau, puramente Inglês, aparentemente, era o resultado da adição de uma lenda ao segundo grau, de Companheiro, de origem escocesa.
O novo segundo grau inglês, o de Companheiro “novo estilo” num sistema agora de três graus, resultou de uma divisão do antigo primeiro grau escocês. Assim, no sistema inglês, o título de “Mestre” tornou-se um grau de loja. Este sistema tem, portanto, a seguinte composição: Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom. Mas o termo “Mestre” vai-se tornar rapidamente ambíguo, uma vez que designará tanto um grau, “Mestre Maçom” quanto um cargo, o Mestre da Loja (cargo que sabemos ser também um grau)…
Numa loja de maçons “operativos” na Escócia, no século XVII, havia um presidente que se chamava “Warden”, etimologicamente “o Guarda” (a tradução como Vigilante impôs-se somente no início do século XVIII). Este termo, “Warden” ou Guarda é encontrado nas organizações tradicionais do ofício. Na Inglaterra também, embora as organizações de ofício (as “Companhias de Londres”, as guildas londrinas, incluindo a Companhia dos Maçons de Londres, “London Masons Company”) não tinham, naquela época, a importância (Publicado em freemason.pt) das suas contrapartidas escocesas, no entanto, elas elegiam um presidente que trazia e ainda traz o título de “Warden”. Ao contrário, nas corporações escocesas, o presidente chamava-se “Deacon”, ou Diácono (o enviado) ou, no vocabulário contemporâneo, “delegado geral”. As rivalidades entre a corporação e a loja explicam que, em alguns casos, há também “diáconos” nas lojas. Além dos cargos de “Vigilantes” na loja e o “Diácono” na corporação, não se conhecem outros oficiais na Escócia, embora seja provável que houvesse algum tipo de secretário-tesoureiro o “funcionário”, fora da profissão, mas cuja função era essencial a vida da loja.
Quando, onde e como o sistema escocês foi transmitido na Inglaterra até ao aparecimento das lojas, depois de uma grande loja, com os seus próprios oficiais? Isto ainda é, em parte, um mistério.
O sistema da primeira Grande Loja em 1723, era o seguinte: o Título IV das Constituições distinguia os Mestres, os Vigilantes, os Companheiros e os Aprendizes. Aqui o termo “Mestre” não se refere a um grau, que ainda não existia, mas um cargo, o “Mestre da Loja”. Há também um outro cargo: o Vigilante (“Warden”). A hierarquia ou o currículo maçónico assim se estabelecia: somos primeiro Aprendizes, depois Companheiros, grau que é uma qualificação indispensável para se tornar, eventualmente, Vigilante, depois Mestre da Loja, função superior à do Vigilante. Além disso, previa-se que em caso de incapacidade do Mestre da Loja, o “Senior Warden (Primeiro Vigilante)”, isto é, literalmente, “o guarda mais antigo” que o substituía, se não existisse um “ex.” Mestre de Loja, e na falta do “Senior Warden,” chamava-se o “Junior Warden” (Segundo Vigilante) ou “o guarda mais jovem”. Note-se que a tradução para 1º e 2º Vigilantes é, na verdade, falha, embora seja consagrada pelo uso.
Constatamos assim que se distinguia, que se tratava tanto de Mestres quanto de Vigilantes, o mais velho e o mais novo. Assistimos aqui a origem da passagem de um “Warden” único, para dois “Wardens”? A duplicação de Vigilantes seria então o resultado de se levar em conta a antiguidade no exercício da função, exactamente como existe um “Mestre da Loja” e um “Mestre Instalado” (Past Master). Em resumo, em 1723, a loja era presidida por um “Mestre” assistido por dois Vigilantes, o “Senior Warden” e o “Junior Warden”.
Mas existiam outros oficiais? O artigo 17 do Regulamento Geral da Grande Loja distingue um Grão-Mestre, um Grão-Mestre Adjunto, Grandes Vigilantes, um tesoureiro e um secretário, os dois últimos cargos parecendo ainda serem exercidos temporariamente.
Em relação ao período inaugural 1717-1723, faltam-nos documentos, pois o registo das actas da Grande Loja começa precisamente em 1723, e não foi senão em 1738 que Anderson reconstruiu as actas anteriores. Convém, portanto, manusear esses textos com prudência. De acordo com Anderson, havia em 1717, um Grande Mestre, Anthony Sayer, investido pelos mais antigos Mestres de Loja presentes. Havia também dois Grandes Vigilantes. Esta prática, um Venerável e dois Vigilantes, parece vir das quatro lojas fundadoras da Primeira Grande Loja, e se conservou.
Depois de 1730 e do aparecimento do grau de Mestre, foi necessário modificar o conteúdo do Título IV das Constituições. O currículo maçónico torna-se então o seguinte: Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom. Os Vigilantes são escolhidos entre os Mestres Maçons e para se tornar Mestre da Loja, deve-se ter sido Vigilante. A palavra “Mestre”, portanto, designa ao mesmo tempo um grau e um cargo.
Não há nenhuma menção dos Diáconos antes de década de 1740, isto é, num momento em que os irlandeses começam a se manifestar. Na obra Maçonaria Dissecada de 1730, bem como no manuscrito Wilkinson (circa 1727), não são os Diáconos que recebem o candidato, como na maçonaria inglesa contemporânea, mas o 2o Vigilante. Esta tradição passará então à França e permanecerá no Rito Escocês Rectificado. Assim, constata-se que se o cargo de “Warden”, um cargo da loja escocesa, é facilmente implantado na Inglaterra, por outro lado o cargo de “Deacon” ou “Diácono”, um cargo da Corporação levará mais tempo, provavelmente por ser estranho às organizações de ofício inglesas. Assim, através dos Irlandeses e da Grande Loja dos “Antigos” este cargo tomará pé mais tarde na Inglaterra. Mas existe uma relação entre os cargos escoceses e irlandeses?
Desde 1723, na Inglaterra, Anderson, nas Constituições refere-se a um irmão encarregado de guardar a porta da Grande Loja, mas se ele designa a função, ele não a nomeia, o que será feito apenas na década de 1730. No entanto, não é certo que este cargo de Grande Loja já existisse nas lojas. Parece, mais, que o cargo de Cobridor, como talvez outros cargos, seria o produto de uma inovação da Grande Loja que, então, se (Publicado em freemason.pt) espalhou pelas lojas querendo imitar a Grande Loja. Este fenómeno também foi observado na França. Neste contexto, a palavra e o cargo de “Tuileur (Cobridor)” aplicados a uma loja são atestados nas primeiras divulgações dos anos 1740, e o seu papel na estrutura da loja é bem especificado ali.
No entanto, a Grande Loja de Londres começou a interessar-se pela estruturação do sistema de cargos nas lojas, pois desde 24 de Junho de 1727, ela decidiu, pela primeira vez, que o Mestre e os Vigilantes de todas as lojas, deveriam usar as jóias da Maçonaria penduradas numa fita branca. Em 17 de Março de 1731, afirma-se que os aventais de couro bordados com seda branca serão reservados para o Venerável Mestre e os Vigilantes, enquanto a cor dos colares e da seda bordando os aventais dos Grandes Oficiais seria azul, sem especificar a natureza exacta deste azul.
A partir de 1750, a Maçonaria Inglesa, no entanto, vai conhecer uma situação radicalmente nova.
Vimos que a estrutura da maçonaria inglesa da década de 1720 deriva globalmente das estruturas da maçonaria escocesa do século XVII. No entanto, não sabemos onde, quando, como e por quem essa transmissão foi feita [1]. Por outro lado, sabemos que houve, durante a transmissão, uma série de mudanças, das quais as mais significativas são o facto de que a Presidência da Loja não é mais confiada a um “Warden” ou a um “Deacon”, mas a um “Master of lodge (Mestre de loja)”, e que este presidente é ajudado não por um, mas por dois assessores, os “Wardens (Vigilantes)”. Sabemos, também, que esta nova estrutura (isto é, um Venerável Mestre e dois Vigilantes) vai-se impor. Aliás, na década de 1740, é a única conhecida, e é aquela da Grande Loja de Londres. É então que aparece um novo sistema, importado pelos irmãos vindos da Irlanda que tinham, provavelmente costumes, práticas e tradições próprias. Em 1751 e depois em 1753, esses maçons constituem uma nova obediência, a “Grande Loja da Inglaterra segundo as Antigas Instituições”.
Como sabemos, esses maçons auto denominavam-se “Antigos” porque alegavam ter uma tradição mais antiga que a da GL de Londres, e atribuíam aos membros desta última, entretanto mais antiga que eles o adjectivo pejorativo de “Modernos”. Esta “Grande Loja dos Modernos” é hoje chamada “Primeira Grande Loja”. Em 1772, os “Antigos” elaboraram uma lista de pontos de desacordo com os “Modernos”, em que levantaremos duas questões que são relevantes para o nosso tema:
Os “Antigos” reprovavam nos “Modernos” ignorar a instalação secreta do Venerável Mestre, considerada fundamental pelos irlandeses. Isto, na prática, permite o acesso ao grau do Arco Real, um grau que é considerado pela tradição irlandesa como a cúpula da Maçonaria. Esta instalação secreta de que não há praticamente nenhum testemunho antes de 1760 em solo britânico, transmite uma palavra, um sinal, um toque e é de facto uma espécie de super-grau de Mestre. Assim, junto aos “Antigos”, o cargo de Venerável Mestre está relacionado com uma cerimónia que tem a estrutura de um grau: a Instalação. Isto rapidamente se imporá aos “Modernos”.
Os “Antigos” culpavam os “modernos” por ignorar o cargo de Diácono. Lembremo-nos que os “Diáconos” existiam na Escócia, no século XVII nas corporações de ofício, mas não os encontramos na Inglaterra em 1723. São os irlandeses que implantarão o cargo de Diácono na Inglaterra e isto não é surpreendente uma vez que este cargo é claramente atestado numa loja na Irlanda desde 1733 e, em 1743, durante uma procissão maçónica onde os diáconos desfilaram com uma espécie de bastão ou cana dourada. O cargo de diácono torna-se assim, em 1753, junto aos “Antigos”, um cargo da loja colocado imediatamente na hierarquia de cargos abaixo dos Vigilantes [2].
No entanto, a origem desses Diáconos vindos da Irlanda permanece um mistério. De facto, parece não haver realmente nenhuma relação entre o Diácono Escocês (que é único e que dirige a Corporação) e os Diáconos irlandeses (que são dois oficiais secundários da loja), apesar da homonímia aparente [3].
Assim é que este cargo, desconhecido dos “Modernos”, se vai gradualmente estabelecer nas suas lojas. As divulgações impressas da década de 1760, principalmente originários da tradição dos “Antigos”, certamente contribuíram, de modo que, antes da União de 1813, em 1810 e 1812, já se encontram Diáconos nas lojas dos “Modernos” [4]. Estes Diáconos carregam um bastão negro com jóias prateadas.
Originalmente, este cargo (como outros cargos talvez) era provavelmente uma dignidade específica da Grande Loja. Só então, e provavelmente por mimetismo, ele se tornou um cargo nas lojas. O Telhador [5], além da função de guarda externo da instalação secreta e da ordem das palavras sagradas.
Na loja tem por função enviar as convocações aos irmãos, em mãos; deve também traçar o painel da loja [6]. O cargo do Telhador evoluirá gradualmente para se tornar uma espécie de zelador da loja mediante uma pequena remuneração, que é sempre o caso na Inglaterra. Ao lado do Telhador apareceu depois de 1813 um Cobridor, tradução mais extensa que “Guarda Interno” ou guarda do interior, cargo que resulta simplesmente da divisão do cargo de Telhador [7].
A estrutura da loja depois da União de 1813, emprestou a maioria das suas formas dos “Antigos”. Seja quanto ao vocabulário utilizado, a presença de Diáconos, no lugar dos três oficiais principais [8], os “Antigos” impuseram os seus usos aos “Modernos” [9] que, de facto, já os tinham amplamente adoptados antes da União. Então, foi nessa época que foi fixado, e até aos nossos dias, o sistema de cargos e dignidades de loja na Inglaterra.
Desde meados do século XIX, existem Grandes Lojas provinciais na Inglaterra. Estas Grandes Lojas são dirigidas pelos Grãos Mestres Provinciais (nomeados pelo Grão-Mestre) e os Oficiais provinciais que usam decorações comparáveis às dos Oficiais da Grande Loja Unida da Inglaterra, com a famosa “liga azul,” o azul da Ordem da Jarreteira. As Grandes Lojas Provinciais cobrem todo o país, com excepção da (Publicado em freemason.pt) região de Londres administrada directamente pela GL. Esta particularidade destaca a verdadeira função dessas Grandes Lojas. De facto, para entrar no cursus honorum da maçonaria Inglesa deve-se necessariamente começar pelo escalão provincial. Como os irmãos de Londres não contavam com isso, foi criado para eles no início do século, o “London Rank” e depois o “London Grand Rank,” que são o equivalente exacto de uma dignidade de Grande Oficial provincial na jurisdição de Londres. Todos os anos são criados cerca de sessenta “Active Grand Rank” e cerca de 200 “Past Grand Rank ” [10], que envergam, evidentemente, a “liga azul.” Assim, constata-se que os cargos provinciais (ou os seus equivalentes) são usados essencialmente para outorgar honras maçónicas [11] a irmãos que, por definição, são todos Past Masters. As Grandes Lojas provinciais, portanto, têm um papel muito mais honorífico que administrativo [12].
Nas Constituições de 1738, não encontramos nenhuma provisão relativa aos Grandes Oficiais Provinciais (e muito menos aos Grãos Mestres Provinciais), embora saibamos que eles já existiam. Mas o facto de que havia Grãos Mestres Provinciais não significa em absoluto que havia Grandes Lojas Provinciais. A distinção pode ser subtil, mas não deixa de ser real. Os Grãos Mestres provinciais realmente apareceram antes das Grandes Lojas provinciais.
Muito cedo na história da Maçonaria Inglesa, nomeavam-se dignatários para representar o Grão-Mestre nas províncias. Estes representantes eram titulares de uma missão que lhes era confiada pessoalmente (eram os Grãos Mestres Adjuntos para as províncias), mas eles não estavam no comando de uma estrutura administrativa regional com que tivessem de se ocupar.
Isto de facto permite entender, de passagem, uma expressão ambígua e muitas vezes citada das Constituições de 1738, sobre países estrangeiros:
“todas as lojas estrangeiras (isto é, fora da Inglaterra) estão sob o patrocínio do nosso GM, mas a antiga loja da cidade de York e as lojas da Escócia, Irlanda, França [13] e Itália [14] assumindo que tenham a sua independência (affecting independency) e o seu próprio Grão-Mestre, e que tenham a mesma constituição, os mesmos deveres e as mesmas regras que nós e que elas tenham o mesmo zelo com o estilo da Augusta e o segredo da nossa antiga e honrosa fraternidade”.
Este texto ensina-nos que na época de Anderson, havia dois tipos de Grão-Mestre. De um lado, havia Grãos Mestres colocados no comando de Grandes Lojas “presumindo a sua independência” em relação a Londres e, de outro lado, Grãos Mestres nas províncias inglesas sob o controle do Grão-Mestre da Inglaterra. Estes últimos eram Grãos Mestres intuitu personnae, como pessoa, e, portanto, não estavam à frente de Grandes Lojas provinciais em sentido estrito do termo. Assim, a expressão “affecting independency” não é uma contestação dessa independência por Londres, como alguns autores estimaram imprecisamente, mas a constatação de uma situação diferente da que prevalece na Inglaterra, onde os Grãos Mestres Provinciais dependem directamente do Grão-Mestre.
A primeira referência oficial aos Grãos Mestres Provinciais na Inglaterra encontra-se nas actas da Grande Loja em 1747. Naquela época, na hierarquia das dignidades, eles ficavam depois [15] dos Primeiros Grandes Vigilantes e antes do Grande Tesoureiro.
Em 1756, no livro das Constituições chamadas “d’Entick” (1ª edição), definem-se regras específicas relativas aos Grãos Mestres. Lê-se:
“O cargo de Grão-Mestre Provincial foi considerado particularmente necessário desde o ano de 1726 (note-se que não se pretende que existissem então Grandes Lojas Provinciais), quando do aumento extraordinário do número de obreiros (ou seja, de homens do Oficio), e as suas viagens às vezes a partes mais remotas do mundo, a necessidade de que eles tenham à sua disposição uma autoridade própria”. Isto dá-se devido ao afastamento dos irmãos da metrópole que foi criado o cargo de Grão-Mestre Provincial para lhes dar um chefe por delegação. O Artigo II destas Constituições afirma que “a nomeação deste Grande Oficial é uma prerrogativa do Grão-Mestre que lhe outorga a sua delegação”, e que “o Grão-Mestre Provincial assim delegado tem o poder e a honra de um Grão-Mestre Adjunto”.
Em 1756, a instituição dos Grãos Mestres Provinciais está bem integrada na maçonaria Inglesa e o seu lugar na hierarquia é elevado: o Grão-Mestre Provincial situa-se na terceira posição, logo atrás da Grão-Mestre Adjunto. Note que mesmo neste texto de 1756, não há menção alguma de Grandes Lojas provinciais nem de oficiais provinciais. Ser Grão-Mestre Provincial é especialmente possuir um título equivalente ao de um Grão-Mestre Adjunto.
Em 1767, na 4ª edição das Constituições d’Entick, o artigo II é modificado:
“O Grão-Mestre Provincial assim delegado fica investido do poder e a honra de um Grão-Mestre no seu distrito particular e tem o direito de usar as decorações de um Grande Oficial, estabelecer lojas na sua própria província e em qualquer reunião pública, de marchar logo atrás do Grande Tesoureiro. Ele também tem o poder de nomear um Adjunto, vigilantes, um tesoureiro, um secretário, um porta-espada, que (Publicado em freemason.pt) estão qualificados para usar as decorações de Grandes Oficiais quando eles oficiarem como tal naquele distrito particular, mas em nenhum outro lugar”.
Nessa época, começa então a constituir-se em torno do Grão-Mestre Provincial, uma equipe de Grandes Oficiais. É o início de estruturação.
Nas Constituições “de Noorthouck” de 1784, os Grandes Oficiais são finalmente claramente identificados como elementos essenciais para o funcionamento de uma Grande Loja Provincial.
Assim, no período anterior à União de 1813, podem-se distinguir duas fases:
a fase de 1726 a 1767, durante o qual há Grãos Mestres Provinciais, sem que se faça alusão às Grandes Lojas provinciais nem a Grandes Oficiais provinciais.
a fase de 1767-1813, onde os Grãos Mestres provinciais adquirem o poder de nomear Grandes Oficiais Provinciais. Isto pressupõe uma espécie de Grande Loja Provincial, embora o termo não apareça ainda nos textos. Neste momento, a Grande Loja Provincial não está claramente definida e não tem ainda realmente estrutura nem poder.
A partir da União de 1813, a nova Grande Loja Unida da Inglaterra é constituída. As Constituições William (de 1815-1827) precisam então que o Grão-Mestre Provincial “detém (isto é, preside) a uma Grande Loja Provincial, pelo menos uma vez por ano”. Mas ainda não se define o que é esta famosa Grande Loja Provincial.
Nos anos que se seguiram, as Grandes Lojas provinciais adquirem a sua forma definitiva. Elas devem reunir-se uma vez por ano, os Oficiais provinciais passados e activos devem estar presentes ali, bem como os Veneráveis, os Past Mestres e os Vigilantes de todas as lojas individuais.
Uma Grande Loja Provincial aparece como a reunião de Grandes Oficiais provinciais (com poderes imprecisos), as quais se juntam todos os Veneráveis e Vigilantes no seu distrito. Esta prática é muito antiga, como é observado em York, e em Chester desde a década de 1730. Naquela época, alguns Grãos Mestres Provinciais já detinham o equivalente a uma Grande Loja Provincial. Eram, na verdade, reuniões com periodicidade indeterminada ocorrendo dentro da loja mais antiga em operação na região. Nesta reunião, e durante os trabalhos, a loja e os seus oficiais tinham uma função provincial. Note-se que é assim que funcionava a Grande Loja dos “Antigos” durante os três primeiros anos da sua existência. De 1751 a 1753, o que ainda era chamado de “Grande Comissão” (antes de se tornar a Grande Loja dos “Antigos”, considerando que eles não se erigiam como uma “Grande Loja” até que ela tivesse encontrado um irmão nobre para a presidir como Grão-Mestre) reunia-se anualmente numa loja designada por antiguidade e era presidida pelo Venerável desta loja, que agia como Grão-Mestre pro tempore [16].
A organização das províncias é o último acto na evolução das dignidades maçónicas inglesas. A existência desses escalões provinciais não impedia a Grande Loja Unida da Inglaterra de ser muito centralizado e muito hierarquizada. A história dessas Grandes Lojas provinciais mostra bem que se tratava sobretudo no início, de dar dignidades a certos irmãos. Isto é particularmente notório com o caso da região de Londres, onde foram criados a partir do zero um substituto para as dignidades provinciais. As Grandes Lojas provinciais são assim menos um escalão administrativo que um escalão de dignidades intermediário entre as dignidades de uma determinada loja e as da Grande Loja Unida da Inglaterra. Este elemento tardio é certamente devido ao grande desenvolvimento da maçonaria Inglesa no século XIX.
A formação do sistema de dignidades e de cargos da loja no sistema Inglês é algo complexo e ainda parcialmente obscuro. No entanto, podemos identificar dois factos importantes:
Embora os cargos e dignidades de uma loja inglesa dos anos 1720 fossem fortemente influenciados pela herança escocesa (no vocabulário e na estrutura), o facto é que inovações importantes foram introduzidas (por exemplo, a aparição de dois vigilantes, ou a do diácono).
É provável que alguns cargos de lojas particulares (por exemplo, o Tuileur ou Cobridor Externo) já existiam na Grande Loja antes de serem introduzidos em loja. Este relacionamento da Grande Loja e das lojas individuais coloca a questão do status real da Grande Loja fundada em 1717. Era ela uma potência reguladora, ou era simplesmente a reunião de lojas, uma vez que é provável que tenha sido só mais tarde, por volta de 1721-1723, com a entrada da aristocracia na maçonaria inglesa que Grande Loja tornou-se um poder que se impunha às lojas individuais? Assim, os novos cargos, que parecem necessários nestas grandes reuniões, poderia então ser introduzidos naturalmente nas lojas.
Roger Dachez e Thierry Boudignon
Adaptado de Tradução feita por José Filardo
[1] O sistema escocês ainda está presente no manuscrito Keavan (1714), enquanto que o sistema Inglês é certamente atestado a partir de 1723.
[2] Uma parte do papel dos vigilantes na tradição dos “Modernos” foi transferida para os diáconos que se tornam, de algum modo, os seus adjuntos. Por exemplo, são os diáconos, e não os vigilantes como na tradição dos “Modernos” que orientam o candidato nas viagens.
[3] Recordemos uma vez mais que o diácono escocês é uma espécie de delegado geral, enquanto o diácono irlandês, como o diácono da igreja católica, tem uma função subordinada.
[4] Na época da União, em 1813, será reconhecido que o ofício de diácono não é apenas útil, mas necessário.
[5] A palavra “Tyler” (Cobridor externo) aparece pela primeira vez na acta da Grande Loja em 1732.
[6] Estas funções são encontradas na França, cf. O segredo dos maçons do Abade Perau.
[7] O cargo de cobridor é estranho à tradição dos “Modernos”. Por exemplo, no Rito Escocês Rectificado, cuja estrutura empresta muita coisa dos “Modernos”, vemos que é o Mestre de Cerimónias que exerce as funções de cobridor.
[8] Nos “Modernos”, os dois vigilantes estão no ocidente, enquanto que nos “Antigos”, há um no ocidente e outro ao sul.
[9] Pode-se acrescentar a isto, a questão da instalação secreta e a da ordem das Palavras sagradas.
[10] Portanto, existem dois tipos de oficiais provinciais: os “Active Grand Officers” e os “Past Grand Officers”. Este último status tem, na verdade, como função recompensar alguns irmãos. Para obtê-lo, não é necessário ter exercido as funções correspondentes. Entretanto, quando se obtém, desfruta-se dos mesmos benefícios (condecorações etc.) que aqueles que realmente exerceram…
[11] E, em teoria, também instalar lojas. Mas, na maior parte das vezes, o GM provincial delega esse encargo ao GM Adjunto, que por sua vez delega aos GM Assistentes que, eles mesmos, o confia aos Veneráveis Mestres da região.
[12] A administração local real é conduzida pelas Lojas de Mestres instalados, uma verdadeira estrutura que são clubes regionais de Veneráveis.
[13] Sabemos que os três primeiros GGMM da Maçonaria Francesa (o Duque de Wharton, Mac Leane, Lord Derwentwater) eram anglo-saxões. No entanto, não podemos considerá-los “representantes” do GM da Inglaterra pela simples razão de que eles tinham sido eleitos pelos irmãos franceses. Além disso, essas lojas eram provavelmente mais franco-escocesas que franco-inglesas. Esta é a oportunidade de esclarecer que a famosa “GL Inglesa da França”, cara para alguns “historiadores” nunca existiu. Trata-se simplesmente de uma falsificação do Cavaleiro de Beauchaine (ou Beauchesne).
[14] A primeira excomunhão de maçons pelo papado veio, entre outras coisas, da presença de lojas na Itália.
[15] Lembremo-nos que no protocolo maçónico de costume, são os mais altos na hierarquia que são os últimos.
[16] A LNF funciona hoje desta forma.
Aprendiz, painel, painel de aprendiz, quadro
Aprendiz, painel, painel de aprendiz, quadro
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Tal como está no nosso ritual na página 15, vamos abordar o painel de aprendiz de baixo para cima e da esquerda para a direita
1. Piso branco e preto
O pavimento, alternadamente em preto e branco, simboliza, os Princípios de Bem e do Mal, simboliza a guerra entre Miguel e Satanás, dos Deuses e Titãs, entre a luz e a sombra, dia e noite, da Liberdade e Despotismo;
O que é bom para mim pode ser mau para ti.
Neste Grau de Aprendiz, o pavimento mosaico representa o piso térreo do Templo do Rei Salomão.
2. As Colunas, os 3 degraus e as Romãs
O local de reunião de uma Loja maçónica tem por entrada um espaço delimitado por duas colunas. Estas evocam as duas colunas que existiam no átrio do Templo de Salomão, descritas na Bíblia no 1.º Livro dos Reis, capítulo 7, versículos 15-22:
As Colunas “B” e “J”, estão presentes em todos os templos maçônicos e sua posição varia conforme o Rito.
Nos Ritos: Escocês, York, Schroeder, a Coluna “B” fica à esquerda e a “J” à direita. Nos Ritos: Francês e Adonhiramita as posições são invertidas.
Os Três Degraus antes do Pórtico, representam a idade do Aprendiz, correspondente ao tempo que os Maçons Operativos necessitavam para serem elevados ao Grau de Companheiro.
Somente após vencer os Três Degraus, isto é, o tempo de permanência no 1º Grau, é que o Aprendiz atingia o pórtico e entrava na obra que se estava construindo.
As romãs semiabertas nos capitéis das colunas, divididas internamente por compartimentos cheios de considerável número de sementes, sistematicamente dispostas e intimamente unidas, lembram a fraternidade que deve haver entre todos os homens e, sobretudo entre os Maçons.
As romãs representam assim, a família maçónica universal, cujos membros estão ligados harmonicamente pelo espírito da ordem e da fraternidade.
3. O Nível
Sob o ponto de vista operativo, com o Nível é possível verificar, se uma superfície está livre de arestas, pois, a planificação do alicerce de uma obra é fundamental para sua correta sustentação
É a joia simbólica do 1º Vigilante, sendo aquele que em Loja, promove o igual tratamento, não se reconhecendo as distinções existentes no mundo profano. O Nível é o símbolo da igualdade, da igualdade fraterna, com que todos os maçons se reconhecem.
4. Régua 24 polegadas
A régua, por excelência, é um instrumento de medida. Através dela é possível obter a informação sobre a longitude de uma dimensão espacial.
O número 24, associado à régua, é primeiramente referido às horas do dia. Em número de 24, divididas em três períodos iguais de oito horas, sugere que o homem deve ocupar com equilíbrio o seu dia em descanso, trabalho, e a serviço do seu Deus ou de um irmão necessitado.
A lição que o Aprendiz deve obter da régua de 24 polegadas é da proporcionalidade e retidão com que deve ocupar o seu tempo
5. Maço e Cinzel
O Maço é a energia, a contundência, a força e a decisão necessárias para que o Aprendiz progrida no seu trabalho, não esmorecendo ao primeiro revés.
Quando utilizado de forma desordenada, o maço pode-se transformar numa poderosa ferramenta de destruição, porém, o seu uso disciplinado torna-o num instrumento indispensável.
O Cinzel simboliza a inteligência que o Maçom deve empreender para desbastar a Pedra Bruta.
É um instrumento utilizado para trabalhos que exijam apuro e precisão, formado por uma haste de metal em que um de seus lados é perfuro-cortante e o outro apresenta uma cabeça chata onde recebe o impacto do Maço, dirigindo a força daquele de forma útil.
A associação do Maço com o Cinzel mostra-nos que a vontade e a inteligência, a força e o talento, a ciência e a arte, a força física e a força intelectual, quando aplicadas em doses certas, permitem que a Pedra Bruta se transforme em Pedra Cúbica
6. Pedra Bruta / Pedra Cúbica Piramidal
A Pedra Bruta simboliza o Aprendiz, que nela vai trabalhar, desbastando e marcando-a, até que seja julgada polida pelo Venerável Mestre.
Ela representa o homem na sua infância ou estado primitivo, sem instrução, áspero e despolido, com as paixões a dominarem a razão e o que nesse estado se conserva até que, pela instrução maçónica, pelo estudo adquira instrução superior.
7. A Lua, o Sol e as estrelas
Decoram o templo simbolizando o universo e os atros que iluminam a abóbada celeste.
O Sol, e a Lua representam o antagonismo da natureza, o dia e noite, a afirmação e a negação, o claro e o escuro, que, contraditoriamente, gera o equilíbrio, pela conciliação dos contrários.
As diversas Estrelas distribuídas irregularmente no Painel do 1º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceite simbolizam a universalidade da Maçonaria e lembra que os Maçons, espalhados por todos os continentes, devem, como construtores sociais, distribuir a luz dos seus conhecimentos a todos os que ainda estão cegos e privados do conhecimento da verdade.
8. Olho que tudo vê
Os cristãos chamam-no de Olho da Providência e o representam-no dentro do triângulo que representa a Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo. Para os cristãos esse símbolo representa a onisciência e a onipresença de Deus.
Este símbolo para nós maçons, alude ao “Grande Arquiteto” que observa e acompanha as ações dos membros da Ordem, com o intuito de que todos ajam de forma correta
9. Esquadro e compasso
O Esquadro como joia do Venerável Mestre, indica que ele deve ser o Maçom mais reto e mais justo da loja, servindo como paradigma para todos os obreiros.
É símbolo da retidão, da moralidade, pois que conjuga, por sua forma, o Nível e o Prumo.
Enquanto a linha horizontal do Esquadro representa a trajetória a ser percorrida na terra, o determinismo, o destino, a vertical indica o caminho para cima, dirigindo-se ao cosmo, ao Grande Arquiteto do Universo
O compasso simboliza a vida correta, pautada pelos limites da Ética e da Moral. Ou ainda o equilíbrio. Ou a também a Justiça. Porque o compasso serve para traçar circunferência, delimitando um espaço interior de tudo o que fica do exterior dela, assim se transpõe para a noção de que a vida correta é a que se processa dentro do limite fixado pela Ética e pela Moral
A conjugação destes dois símbolos constitui provavelmente o símbolo mais conhecido da Maçonaria através de um esquadro, com as pontas viradas para cima, e um compasso, com as pontas viradas para baixo.
10. 3 Janelas
Representam as 3 portas do reino de Salomão
11. Pedra Cúbica
A Pedra Cúbica representa o Companheiro. É o material perfeitamente trabalhado, de linhas e ângulos retos.
Simboliza o homem desbastado e polido de suas asperezas, educado e instruído, pronto para ocupar seu lugar na construção de um mundo melhor.
12. O Prumo
O Prumo permite aferir a retidão de uma parede quando está a ser construída, de forma a garantir sua estabilidade
Simbolicamente, o Prumo possibilita a verificação correta e fundamenta o correto crescimento intelectual do maçon, trazendo o conhecimento necessário que possibilitará a aplicação precisa da força através da razão.
É simbolicamente a joia do 2º Vigilante e deve ser usada para verificar qualquer inclinação, qualquer saída do Prumo, que possa acontecer durante a aprendizagem, corrigindo-a a tempo.
13. Corda de 81 nós
Tradicionalmente, na Maçonaria, os operativos empregavam cordas com nós amarrados a distâncias iguais, para efetuar medições das distâncias no canteiro de obras e esquadrejar grandes ângulos. Isso permitia-lhes traçar os planos de construção das obras que realizavam.
Este método é utilizado ainda hoje por mestres de obra, quando precisam achar o esquadro da fundação de uma obra.
As catedrais antigas eram orientadas de modo que seus eixos ficassem no sentido Oriente-Ocidente e os mestres de obras dominavam as regras da astronomia que lhes permitiam determinar com exatidão a orientação deste eixo. Uma estaca era fincada no terreno, sobre este eixo, no ponto indicado pela seta da figura em baixo
Considerando o Teorema de Pitágoras, onde o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos temos:
Hipotenusa = 5 segmentos ou 5×5=25
Cateto menor = 3 segmentos ou 3×3=9
Cateto maior = 4 segmentos ou 4×4=16
Considerando a fórmula de Pitágoras, o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos, temos:
25 = 9+16 e isso assegura que o ângulo tenha exatamente 90º.
Imaginemos que fossem construir uma grande catedral. Precisavam de algo mais que um metro para medir as grandes distâncias e assim utilizavam as cordas com nós atados a distâncias regulares e estacas, de acordo com a escala utilizada.
14. O Alfabeto Maçónico
Fontes:
http://a-partir-pedra.blogspot.pt/
https://focoartereal.blogspot.pt
https://bibliot3ca.wordpress.com
http://www.recantodasletras.com.br
http://lojamaconicasaojose14.blogspot.com
RPGF
Publicado no Blog “A partir pedra”
Eu não devo ter medo. Medo é o assassino da mente. Medo é a pequena morte que leva à aniquilação total. Eu enfrentarei o meu medo. Permitirei que passe por cima e me atravesse. E, quando tiver passado, voltarei o olho interior para ver o seu rastro. Onde o medo não estiver mais, nada haverá. Somente eu permanecerei.
Frank Herbert, Duna
O medo leva à raiva, a raiva leva ao ódio e o ódio leva ao sofrimento.
Yoda, Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma (1999)
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Eu não devo ter medo. Medo é o assassino da mente. Medo é a pequena morte que leva à aniquilação total. Eu enfrentarei o meu medo. Permitirei que passe por cima e me atravesse. E, quando tiver passado, voltarei o olho interior para ver o seu rastro. Onde o medo não estiver mais, nada haverá. Somente eu permanecerei.
Frank Herbert, Duna
Na nossa juventude, protestamos contra a injustiça do mundo. À medida que desenvolvemos as nossas filosofias de vida, também desenvolvemos os nossos medos. Numa recente discussão em grupo sobre o simbolismo específico da Maçonaria, foi colocada a questão: como nos podemos livrar dos medos ? O medo, disse uma pessoa, é o que impulsiona o comportamento negativo. Outro disse que o medo motiva todo o comportamento. Depois de muita discussão, nunca chegamos a uma conclusão sólida sobre como aliviar o medo.
O medo leva à raiva, a raiva leva ao ódio e o ódio leva ao sofrimento.
Yoda, Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma (1999)
O medo é o sentimento desagradável causado pela crença de que alguém ou algo é perigoso, ameaçador ou que pode causar dor. Esta definição está repleta de oportunidades para dissecação, para separar as peças que criam razões filosóficas para o medo.
Em primeiro lugar, é uma sensação desagradável, e os humanos odeiam sensações desagradáveis. Ninguém realmente quer se sentir mal e, no entanto, esse sentimento malicioso é construído sobre uma crença – não necessariamente baseado em facto ou razão. É simplesmente uma crença. Por definição, uma crença é uma fé ou confiança em algo”. Separados e colocados juntos, podemos dizer que o medo é um sentimento desagradável causado por uma confiança, fé ou garantia de que alguém ou algo está pronto para causar danos à nossa pessoa, aos nossos relacionamentos ou talvez ao nosso modo de vida e também ideias.
Esta explicação não visa banalizar o medo ou certas manifestações importantes de medo, como o transtorno de estresse pós-traumático. Trata-se apenas de discutir medos comuns que a maioria de nós, se não todos, temos. Os medos são justificados? Alguns, sim. Alguns, talvez não. Em face do desastre imediato, o medo certamente está em ordem. Sigmund Freud disse, sobre medo real versus medo neurótico:
Você me entenderá imediatamente quando eu chamar esse medo de medo real, em oposição ao medo neurótico. O medo real parece bastante racional e compreensível para nós. Podemos testemunhar que é uma reacção à percepção de um perigo externo, isto é, de um mal esperado e previsto. Está relacionado ao reflexo de fuga e pode ser considerado uma expressão do instinto de auto-preservação. Assim, as ocasiões, ou seja, os objectos e situações que despertam medo, dependerão em grande parte do nosso conhecimento e do nosso sentimento de poder sobre o mundo externo…
.
Passemos agora ao medo neurótico, quais são as suas manifestações e condições…? Em primeiro lugar, encontramos um estado geral de ansiedade, um estado flutuante de medo, por assim dizer, que está pronto para se ligar a qualquer ideia adequada, para influenciar o julgamento, para criar expectativas, de facto, para aproveitar qualquer oportunidade para ser cheirado. Chamamos esta condição de “medo-expectativa” ou “expectativa ansiosa”. As pessoas que sofrem deste tipo de medo sempre profetizam a mais terrível de todas as possibilidades, interpretam cada coincidência como um mau presságio e atribuem um significado terrível a qualquer incerteza. Muitas pessoas que não podem ser chamadas de doentes mostram essa tendência de antecipar o desastre.
Simplificando, o medo é simplesmente a falta de um senso de poder sobre o nosso próprio mundo, seja causado por um tornado iminente ou por sentimentos de inadequação. O que nos interessa aqui é o que Freud chamou de medos neuróticos. No entanto, a base das nossas reacções, essa falta de controle, vem do mesmo processo de sobrevivência “lutar para fugir”. Ambos têm as suas raízes no controle.
Uma vez foi-me explicado que todos os vícios – preguiça, inveja, ganância, ganância, orgulho e luxúria – são todas as principais manifestações do medo.
“Para que nos reunimos aqui? ”.
“Para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros.
Para glorificar a Verdade e a Justiça. Para promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade, levantar Templos à Virtude e cavando masmorras ao Vício”
Aristóteles, em Ética a Nicómaco, fez afirmações semelhantes, explicando que virtudes e vícios eram um espectro e deficiências eram expressões dos extremos do espectro. Em muitos lugares, os cursos de psicologia ensinam como lidar com os medos das pessoas com algumas dessas mesmas técnicas, mas, novamente, ninguém realmente chega ao cerne do gerenciamento do medo. Então, sabemos o que pode ser o medo e como ele se manifesta, mas como realmente lidamos com ele?
Na minha juventude, li uma série de livros baseados na Psicologia. Estes ensinamentos eram reflexões canalizadas sobre a vida e o estilo de vida, como e por que as pessoas fazem o que fazem e as relações humanas em geral. Um aspecto que ficou comigo foi relacionado aos medos. Muitas pessoas têm uma atitude negativa dominante que precisam superar nas suas vidas.
Alguns exemplos disso são
auto-depreciação,
auto-destruição,
martírio,
teimosia,
ganância,
impaciência,
arrogância.
Muitos de nós passamos por tudo isso em algum momento das nossas vidas, mas, geralmente, limitamo-nos a um (talvez dois) quando estamos cansados, deprimidos, sobrecarregados, distraídos ou simplesmente não estamos trabalhando no auge. Quando a nossa sensação de conforto, a nossa criança interior, é atacada ou se sente vulnerável, recorremos a essas atitudes que na verdade são expressões de medo.
Estes surgem desde a nossa infância e são colocados lá por nossas reacções ao ambiente e experiências. Cada um desses bloqueios é baseado num medo muito específico e pode ser superado, com esforço consciente. Estas são as atitudes negativas dominantes com o seu espectro de manifestação, para retomar a ideia aristotélica de uma escala móvel de virtudes e vícios.
A auto-depreciação é o medo de não ser bom o suficiente – manifesta-se como humildade (positiva) a auto-humilhação (negativa).
A ganância é o medo de não ter o suficiente – manifesta-se como egoísmo | Desejo (positivo) para Voracidade | Gula (negativo).
A autodestruição é o medo de perder o controle – manifesta-se no auto-sacrifício (positivo) até o suicídio | Imolação (negativo).
O martírio é o medo de não ser digno – manifesta-se no altruísmo (positivo) à mentalidade de vítima (negativa).
A teimosia é o medo da mudança, de novas situações – manifesta-se na força de vontade | determinação (positiva) à teimosia (negativa).
A impaciência é o medo de perder ou perder oportunidades – manifesta-se como ousadia (positiva) à intolerância (negativa).
Arrogância é o medo de ser vulnerável – manifesta-se como orgulho (positivo) à vaidade (negativo).
Como Sócrates, Aristóteles define o homem pela sua alma inteligente e, ao admitir que tudo tem uma finalidade, afirma que a finalidade do homem é a felicidade. Mas que felicidade seria essa? Podemos pensar a partir de um raciocínio bem simples: Qual é a felicidade de uma planta? Luz solar e água, por exemplo. Qual é a felicidade de um animal? Não sentir fome e poder viver em liberdade. E, por fim: Qual é a felicidade do homem? Desenvolver aquilo que tem de diferente em relação a todos os outros seres – a racionalidade. Para Aristóteles, a alma humana tem três partes: a alma vegetativa, com necessidades biológicas como as plantas; a alma sensitiva, com necessidades de sensações e movimento dos animais, e a alma intelectiva, com a necessidade de usar o pensamento. Se a alma tem três partes, então o homem tem de ser feliz nelas três, pois ninguém é feliz pela metade. Daí a importância do conhecimento e do raciocínio, responsáveis por evitar que haja exagero em qualquer uma das funções da alma. Em síntese, o critério de Aristóteles é o equilíbrio.
Neste quadro, estão as funções das partes da alma:
A felicidade completa do homem depende da realização de todas essas funções da alma. Mas, segundo uma ordem de importância, a alma intelectiva, ou seja, a inteligência, deve governar todas as funções. Além disso, como as pessoas vivem juntas, é função da alma treinar as virtudes, que são as boas práticas comuns do dia a dia. A palavra virtude (areté), para Aristóteles, significa “hábito que torna o homem bom”. Seguindo este raciocínio, temos de treinar as virtudes, ou melhor, disciplinar os nossos hábitos, para nos tornarmos bons. Podemos compreender isto como uma espécie de treinamento de virtudes a algumas regras de comportamento, por exemplo, lembrando que pessoas sem treinamento de boas maneiras, ao precisar demonstrá-las, acabam parecendo falsas, engraçadas ou até ridículas. Isto acontece, geralmente, em entrevistas de emprego ou na hora da paquera, quando o nervosismo e a falta de experiência podem criar situações constrangedoras. Do mesmo modo que não se pode fingir ter boas maneiras, não adianta querer parecer bom, pois isso depende do treinamento das virtudes, que acabam se incorporando à alma da pessoa. Para Aristóteles, então, a virtude, ou as práticas da busca da felicidade, têm de ser treinadas sempre para que não cometamos erros e prejudiquemos a nossa felicidade, que depende muito da nossa relação com as outras pessoas.
Observe no quadro abaixo os exemplos que demonstram o conceito de justa-medida ou equilíbrio de Aristóteles e reflita:
No meu dia a dia eu costumo fazer escolhas virtuosas/equilibradas?
Apropriando-se dos conceitos de Aristóteles posso dizer que sou capaz de cuidar da minha alma vegetativa, sensitiva e intelectiva?
Olhando mais de perto o nosso próprio comportamento, pode ser mais fácil ver como uma reacção a uma situação ou outra remonta a uma dessas atitudes negativas e ao medo por trás dela. Quando você deixa de se orgulhar de um trabalho bem feito e passa a acreditar que o trabalho que fez é o melhor que já viu, pode haver algum medo. Esta linha que separa os dois extremos pode ser diferente para pessoas diferentes, e é claro que todos nós temos diferentes níveis de tolerância e habilidades para processar reacções quando nos deparamos com o medo. Quando começamos a mergulhar além da superfície da nossa própria psique, a introspecção revela, talvez, estas atitudes negativas baseadas nas experiências da infância.
As crianças criam, com base na sua experiência ambiental e inclinações pessoais, visões de mundo distorcidas. Todos nós criamos essas distorções (grandes e pequenas) e elas acabam se tornando os nossos mitos pessoais. Pense: “Sou feio”, “Sou estúpido” ou “Não vou comer hoje à noite”. Situações repetidas ou eventos traumáticos reforçam este mito. Impulsionados por um medo profundo e por uma visão de mundo distorcida, a atitude negativa dominante emergente entra em acção nas suas vidas, até mesmo na idade adulta.
A criança pensa, por exemplo: “Vou evitar que a vida sofra assumindo o controle da minha dor. Eu vou me machucar mais do que qualquer outra pessoa. A estratégia de sobrevivência escolhida pela criança envolve uma espécie de conflito, uma guerra contra si mesma, contra os outros ou contra a vida. É um padrão de comportamento defensivo que parece irracional por fora, mas que, do ponto de vista da criança, é perfeitamente racional. À medida que amadurecemos, devemos lidar com essas atitudes negativas dominantes ou elas comprometerão qualquer chance de auto-aperfeiçoamento. Eles escondem a nossa verdadeira natureza.
Quando alguém implica comigo ou com outras pessoas, acredito que o motivo seja sempre o medo. O medo não é a motivação para todas as actividades que fazemos. Sempre parece, no entanto, que o medo está no cerne de comportamentos verdadeiramente negativos e destrutivos. O ódio, a mentira e o fanatismo são reacções e atitudes reais baseadas no medo. Ao lidar com essas reacções no mundo, devemos ter em mente que o medo é o factor motivador e que, talvez, fazendo a pessoa se sentir segura, deixando-a expressar os seus verdadeiros medos, a cura pode começar.
Em outro grupo de estudo, discutimos o medo e como usá-lo para desvendar a verdade. Fiquei então impressionado com o facto de que a Maçonaria nos oferecia oportunidades para confrontar os nossos próprios medos e os dos outros. Seja falando na frente de um grupo, assumindo o trabalho ritual ou dirigindo o trabalho voluntário, a Maçonaria oferece-nos uma chance de transformar continuamente os medos em ouro relacional, fornecendo os tipos de experiências que nos testam e nos forçam a enfrentar esses medos.
Por que o Maçom se importa com os medos? Há uma grande parte do mundo que opera numa dieta constante de medo. A única maneira de encontrar um mundo melhor e uma humanidade melhor é elevar-se acima das coisas que nos levam a viver uma vida mundana, irracional e medíocre. Ao abordar e reconhecer quando as pessoas se estão movendo com medo, podemos acabar interrompendo o ciclo para elas e para nós mesmos.
Além disso, os maçons se esforçam para serem líderes. Liderança é aprender o que motiva as pessoas; aprendendo os seus medos e ajudando-os a contorná-los, descobrimos talentos e habilidades esperando para serem descobertos. A liderança ilumina o que impede as pessoas de serem o melhor que podem ser. Abordar os medos é difícil, a menos que você crie um diálogo verdadeiro e honesto. A Maçonaria fornece um ambiente para expressar honestidade e ser apoiado.
Este diálogo honesto estende-se a nós mesmos. Quais são os nossos medos? Qual é a nossa atitude negativa dominante e como isso me afecta a mim, à minha família e aos meus relacionamentos? Quais relacionamentos são saudáveis e positivos e quais não são?
Perguntar “por que” é um bom começo. Talvez, examinando as motivações dentro de nós que nos levam a ter relacionamentos dolorosos com os outros, possamos enfrentar o nosso medo. Para fazer isso, devemos ser capazes de examinar activamente o nosso comportamento, avaliar o dano que estamos causando a nós mesmos e, como Paul Atreides da série Duna, olhar para dentro do caminho que ele percorreu e nos encontrar no seu caminho, e despertar.
Tente olhar naquele lugar onde você não ousa olhar!
Você vai me encontrar lá, olhando para você!
Paul-Muad’Dib à Reverenda Madre, de “Duna” de Frank Herbert
Aos Buscadores, onde quer que estejam sobre a face da terra.
Geovanne Pereira
Geovanne é Bacharel em Filosofia, Pós graduado em Psicanálise, Pós graduando em Neuropsicologia, Académico em Psicologia, Psiconauta, Yogue, Facilitador voluntário de estados holotrópicos de consciência no Instituto de Desenvolvimento Humano Céu na Terra (@ceunaterra.autoconhecimento) e Mestre Maçom da ARLS Jacques DeMolay, n°22 – GLMMG