Querido(a) aluno(a), nesta lição, nós aprofundaremos nossos conhecimentos sobre a Avicultura, em especial, a Avicultura de Corte Industrial. O Brasil é um dos maiores produtores, além de ser o maior exportador do mundo de carne de frango, e é por isso que o estudo dessa atividade é tão importante!
A avicultura faz parte da economia brasileira, empregando milhares de pessoas, envolvendo a mão de obra, os insumos, o transporte, o abate, o comércio, entre tantos outros setores. Aprenderemos um pouco mais, pois você, como futuro(a) Técnico(a) em Agronegócio(a), precisará estar atento(a) aos desafios dessa produção!
Você, aluno(a), como futuro(a) Técnico(a) em Agronegócio(a), conseguiria auxiliar um produtor que queira implementar a sua produção de aves de corte? Como iniciar uma produção? Quais os cuidados necessários em relação à sanidade e à biosseguridade? É melhor uma produção autônoma, integrada ou cooperada?
Provavelmente, você já consiga responder a algumas dessas questões com o que já foi estudado nas lições anteriores. Entretanto, como em todas as espécies e aptidão de produção, as aves de corte, também, apresentam as suas particularidades. Vamos aprender mais?
Um técnico em agronegócio foi contratado por um produtor que gostaria de implementar uma produção de aves de corte em sua propriedade. Em primeiro lugar, o técnico avaliou a Cadeia Produtiva da região, para ver se era rentável o investimento com a construção das instalações. Como a região era um polo de avicultura de corte, com diversas granjas integradas à uma agroindústria regional, decidiu-se que o produtor entraria para o sistema integrado da região.
O técnico até comentou com o produtor que outros modelos de criação poderiam ser utilizados, como a Cooperativa e a produção independente — sendo esta última bem desafiadora para o produtor —, mas que a escolha foi baseada nos critérios da região: a empresa integradora forneceria os animais, todos os insumos, inclusive a ração, que é o mais oneroso deles, e o suporte técnico, além de garantir a venda dos animais no final do período de criação deles. Ao produtor caberia entrar com a mão de obra e as instalações, garantindo que os animais tivessem conforto térmico, água limpa e alimento para que atingissem o peso adequado em determinado período. Ademais, a qualidade da carcaça, também, seria avaliada pela empresa integradora para o posterior pagamento do produtor.
O case apresentado, apesar de fictício, demonstra que você, como Técnico(a) em Agronegócio(a), pode auxiliar os produtores em suas escolhas, além de trabalhar para empresas integradoras e cooperativas, auxiliando na Cadeia Produtiva da Avicultura de Corte!
Avicultura é o nome atribuído à criação de aves para a produção de alimentos. Existem diversas espécies de aves exploradas para o consumo humano, como as codornas, os patos, os gansos, o peru e afins. Entretanto o frango de corte e a galinha de postura, ambos da espécie Gallus gallus domesticus, são os principais representantes da avicultura. Nesta lição, nós aprofundaremos nossos conhecimentos em relação à Avicultura de Corte e, na próxima lição, falaremos sobre a Avicultura de Postura.
De acordo com Castro e Vasconcellos (2019), o Brasil é o terceiro maior produtor mundial e líder de exportação da carne de frango, chegando a exportar para 142 países! Isso é muito importante, visto que é um setor que movimenta a economia brasileira, empregando diversas pessoas em diversos setores.
Existem duas principais formas de criação de frangos, sendo a criação de “frango caipira” e a avicultura industrial. Na criação caipira, o animal comumente é criado solto na propriedade, sem um controle rígido de sua alimentação e desenvolvimento, sendo abatido entre 80 e 90 dias de vida. Os animais utilizados são descendentes dos animais que foram introduzidos no Brasil na época do descobrimento, tendo vindo de vários locais diferentes. Por isso, podem apresentar cores e formatos distintos (EMBRAPA, 2007). Ou seja, não há um melhoramento genético evidente nessa criação. A carne e os ovos costumam ser vendidos na região onde se encontra o produtor. Entretanto cuidados básicos, como vacinação dos animais e qualidade da água, devem ser tomados, evitando colocar em risco tanto o criador como os compradores. Existem algumas doenças que podem causar problemas de saúde, como a Salmonella, e há, ainda, doenças que podem causar grandes perdas na criação.
A avicultura industrial, o chamado “frango de granja”, por sua vez, é criado com extremo controle. As granjas são construídas nos mesmos moldes da suinocultura, com barreiras sanitárias, vazio sanitário e controle dos veículos e pessoas que adentram o local. Os frangos industriais são adquiridos de empresas certificadas. Nessas empresas, existem os chamados incubatórios, onde os pintinhos (que, com um dia, chamam-se pintainhos) são incubados em incubadoras automáticas durante 21 dias. Ao nascer, esses animais recebem as primeiras vacinas, e os animais com alguma deformidade são descartados. Logo após, os pintinhos são transportados até a granja, onde ficarão em um galpão até os 42 dias de idade, quando atingem o peso para o abate. Esses animais apresentam o peso uniforme, principalmente, porque entram e saem ao mesmo dia (lotes), sendo, de forma geral, inteiramente da cor branca e com a musculatura mais desenvolvida em relação às aves caipiras.
Você deve estar se perguntando: como os frangos caipiras demoram até 90 dias para crescer e os industriais apenas 42 dias?
A resposta está nos pilares da produção animal: genética, nutrição e manejo. As linhagens utilizadas na criação industrial foram melhoradas geneticamente durante anos, de forma que diminuísse, consideravelmente, o seu tempo de crescimento. Mas apenas isso não é o suficiente. Nesses galpões, os animais são estimulados a se alimentar o máximo de tempo possível, recebendo, por vezes, promotores de crescimento, que podem ser antibióticos em doses baixas que evitam o crescimento de microrganismos patogênicos no intestino desses animais. Entretanto essa conduta vem sendo muito discutida — e, até mesmo, proibida em alguns lugares — devido ao risco de resistência bacteriana aos antibióticos. Por isso, outros compostos naturais, geralmente, extraídos de plantas e que atuam no controle de patógenos, vem sendo estudados como alternativas. Porém lembre-se sempre: não utilizamos hormônios na avicultura! Isso é um mito e deve ser combatido.
Existem três sistemas de produção utilizados no Brasil, sendo eles: sistema de integração, sistema cooperativo e sistema independente. Vejamos, com mais detalhes, cada um desses tipos a seguir.
Neste sistema, o produtor rural está associado à uma empresa integradora que fornecerá todos os animais e os insumos necessários, inclusive a ração e a assistência técnica. Ao produtor caberá entrar com a mão de obra e as instalações. Ao final, o produtor recebe uma porcentagem do valor adquirido com o abate das aves. Esse sistema vem sendo muito utilizado para garantir a assistência técnica, melhorar as condições de financiamentos para a construção de instalações e garantir a venda dos produtos, além de beneficiar pequenos produtores que utilizam a mão de obra familiar. Entretanto a relação de dependência com as empresas, que podem pagar pouco, entra como fator de desvantagem (CASTRO; VASCONCELLOS, 2019).
Esse sistema, como o próprio nome diz, é baseado em cooperativas. De forma geral, a cooperativa produz os animais e adquire os insumos, como as rações, sendo produzidas e utilizadas pelos próprios cooperados. As decisões também são tomadas em comum acordo com os cooperados. De acordo com Monteiro (2012, p. 40):
No cooperativismo, a criação de valor tem duas vertentes importantes. A primeira diz respeito aos cooperados, pois uma vez que estes adquirem cotas-parte para constituir ou se associar a uma cooperativa, tornam-se proprietários desta estrutura, ao mesmo tempo que são clientes, na medida em que desfrutam dos benefícios e serviços oferecidos pela cooperativa.
Nesse modelo de sistema, cabe ao produtor realizar todas as etapas sozinho, comprar animais, adquirir insumos e a mão de obra, assumir possíveis riscos sanitários, fazer as instalações, entre outros, e, por fim, decidir para onde vender o produto final. Não é muito utilizado, por ser considerado um sistema complicado e pesado para ser gerido de forma solitária.
Castro e Vasconcellos (2019) pontuam que a densidade de frangos de corte machos em um galpão, no período de um a 42 dias de idade, deve ser de 16 aves/m². É importante que as aves tenham liberdade para se movimentar, proteção, conforto, água limpa e alimentação de qualidade. Ademais, a ração deve ser balanceada de acordo com a fase de vida dos animais. Porém, diferentemente dos suínos, as aves não são trocadas de galpão a cada fase, permanecendo todo o período em um mesmo galpão.
As fases de vida de um frango de corte são:
Fase Pré-Inicial: 1–7 dias.
Fase Inicial: 8–21 dias.
Fase de Crescimento: 22–35 ou 42 dias.
Fase Final/Retirada: 36–42 ou 46 –49 dias.
As aves são extremamente sensíveis a variações de temperatura. Portanto, é necessário um controle rigoroso nas instalações. Normalmente, são instalados ventiladores, que são ligados nos horários mais quentes, e cortinas de lona são utilizadas para proteger as aves do vento e do frio. A ventilação do galpão é de extrema importância para a renovação do ar, aumentando os níveis de oxigênio e expelindo o excesso de gases oriundos da respiração e das fezes do galpão. Castro e Vasconcellos (2019, p. 129) afirmam que:
Em relação ao controle de temperatura, em aviários com lote de pintinhos com idade até 21 dias, o cuidado deve ser redobrado. A orientação é que, na primeira semana de vida, a temperatura fique em torno de 30° a 35°C, uma vez que eles ainda não têm penas e não conseguem controlar a temperatura corporal. A partir dos 21 dias, a temperatura já pode passar para 23 ou 24°C, o que é considerado uma temperatura de conforto térmico para as aves.
Outro ponto importante é em relação à cama do aviário, conhecida popularmente como cama de frango. De acordo com Rossetto et al. (2021), a cama aviária, que pode ser feita de materiais, como maravalha e casca de arroz, entre outros, oferece maior conforto aos animais, evitando o contato direto com o chão de concreto. Além disso, ela melhora o conforto térmico e evita a formação de calos nos pés e nos peitos dos animais, o que prejudicaria a carcaça, além de absorver dejetos e restos de comida e água, melhorando as condições do ambiente. A cama deve ser revolvida (mexida) regularmente, para evitar a compactação. Em relação à reutilização da cama, isso dependerá das recomendações da empresa integradora, e a cama poderá ser reutilizada somente após realizarem processos de secagem e extinção de possíveis patógenos do material.
Conforme dito anteriormente, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de aves do mundo, sendo que tudo isso é possível graças à Cadeia Produtiva eficiente e competitiva encontrada. Ademais, os cuidados em relação à sanidade, à genética e à nutrição estão ocorrendo a todo momento!
Castro e Vasconcellos (2019), ainda, atentam ao aumento da produção e à comercialização de produtos processados bem como à importância de se atentar à qualidade da carne desses produtos. A produção de carne de frango possui critérios, como o rendimento de carcaça e a produção de partes nobres da carne — como o peito e pernas —, além, é claro, da qualidade da carne. A importância de cada característica dependerá do comprador, do produto final e, obviamente, do consumidor final.
Caro(a) aluno(a), o Brasil possui grande potencial como produtor e exportador da carne de frango no mundo. Por isso, devemos estar sempre atentos não apenas aos desafios diários da produção, mas também às novas tecnologias que chegam a todo momento, para que possamos nos manter competitivos no mercado interno e externo!
Como Técnico(a) em Agronegócio(a), você poderá auxiliar no estudo e desempenho dessa cadeia produtiva, além de propor soluções para desafios sociais e ambientais, visando sempre a eficiência e a lucratividade da produção!
CASTRO, F. S.; VASCONCELOS, P. R. E. Zootecnia e produção de ruminantes e não ruminantes. Porto Alegre: Grupo A, 2019.
EMBRAPA. ABC da Agricultura Familiar: criação de galinhas caipiras. Brasília: Embrapa, 2007. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/11946/2/00081600.pdf.
MONTEIRO, A. A. et al. Avicultura e cooperativismo no Paraná. PR Cooperativo Tecn. Cient., Curitiba, v. 7, n. 75, p. 35-46, 2012.
ROSSETTO, J. et al. Manejo da cama aviária. São Paulo: Editora Científica Digital, 2021. Disponível em: https://downloads.editoracientifica.com.br/articles/210203363.pdf. Acesso em: 10 abr. 2023.