Longe do casamento, Zeus se uniu a outras incontáveis mulheres: imortais, semideusas e mortais, que lhes deram inúmeros filhos, alguns heróis, outros transformados em deuses ou semideuses. Mas, pode-se afirmar que de nenhuma ou de qualquer filho Zeus se esqueceu. Todos foram transformados em deuses ou semideuses, enquanto outros ficaram conhecidos por seu heroísmo.
Hermes nasceu da união com Maia e o alegre deus Dioniso nasceu de Sêmele.
Com a irmã, Deméter, Zeus gerou Perséfone e da união com Leto nasceram os imortais: Apolo e Ártemis.
Com Mnemósina, de formosos cabelos, Zeus gerou as nove Musas, que nasceram para louvar os grandes feitos dos seres divinos: Clio, Euterpe, Tália, Melpômene, Terpsícore, Érato, Polímnia, Urânia e Calíope. (HESÍODO, 77-79, 2013, p.35-37)
Héracles nasceu do amor por Alcmena, esposa de Anfitrião.
De Leda, nasceram Helena e Pólux, irmãos de Castor e Clitemnestra, filhos de Tíndaro, rei de Esparta.
Europa após ser raptada teve três filhos: Radamanto, Eaco e Minos.
De Io, transformada em novilha, nasceu Épafo do sêmen de Zeus.
Árcade é o nome do filho de Calisto[1].
Com a mortal Dânae, Zeus gerou Perseu, o heroico neto de Acrísio.
E de Antíope nasceu Anfión, irmão gêmeo de Zeto, filho de Epopeu[2].
Existem semelhantes versões sobre a história de Antíope, descrita por Apolodoro, Higino (Fábulas VII), Pausânias, Ovídio e outra que Higino se refere a Pacuuius antes de Eurípedes (Fábulas, VIII, 1, 2008, p. 49)
Antíope era filha de Nicteo, rei de Tebas. De acordo com Apolodoro (III, 5,5, 2016, p. 162-163) a jovem fez amor com Zeus[3] e para fugir das ameaças do seu pai, fugiu para Sición[4] junto à Epopeu, com quem se casou.
Nicteo, abatido, se matou, encomendando a Lico, seu irmão, castigar o casal. Chegando a Sición, Lico matou Epopeu e levou a jovem cativa. Durante o retorno, Antíope deu à luz dois filhos e os abandonou aos cuidados de um pastor, chamando a um de Zeto e a outro de Anfión.
[1] Filha de Licáon, da Arcádia, Calisto foi metamorfoseada em ursa por Hera.
[2] Segundo Higino (Fábulas, VII e VIII, p. 49) e Apolodoro (III, 5,5, p. 162-163)
[3] Em Ovídio, Zeus está disfarçado na figura de um sátiro (VI, 110-111, 2017, p. 323)
[4] Antiga cidade da Grécia, Sición estava localizada no norte do Peloponeso, perto do Golfo de Corinto.
René BOYVIN (ca. 1525-1598 ou 1625/6) após Luca PENNI (1500-1557), Júpiter e Antíope, 1550/1559. Gravura, 162×286. Art Institute of Chicago, Chicago, EUA.
A gravura Júpiter e Antiope ilustra a história mitológica dos amantes.
As cenas mitológicas deram aos alunos e artistas da Escola de Fontainebleau uma desculpa para retratar figuras nuas sem medo de repercussões negativas.
Antíope descansa em uma pose clássica, apoiada em seu braço direito. Ao seu lado no chão, o menino alado representado como eros – o desejo – acompanhado do arco e flechas, segura o dedo de sua mão esquerda. Nesse instante Zeus travestido de sátiro, gesticula e avisa-o para não a acordar. A mão esquerda pousa sobre uma das pernas de Antíope, deixando claro sua intenção. A forma graciosa da jovem e os músculos acentuados da figura masculina fazem parte do estilo desenvolvido na Escola de Fontainebleau.
REFERÊNCIAS
APOLODORO. Biblioteca Mitológica. Tradução Julia García Moreno. Madrid, Espanha: Alianza Editorial, 2016. 340 p.
ART INSTITUTE OF CHICAGO, Chicago, EUA. Disponível em: https://www.artic.edu/artworks/182410/jupiter-and-antiope?q=jupiter
HESÍODO. Teogonia. Organização e tradução Christian Werner. São Paulo: Hedra, 2013. 103p.
HIGINO, C. J. Fábulas e Astronomia. Tradução Guadalupe Morcillo Exposito. Madrid, Espanha: Ediciones Akal, 2008. 359 p.
HINOS DE CALÍMACO. In: WERNER, Erika. Os hinos de Calímaco: poesia e poética. São Paulo: Humanitas, 2012. 464 p. p. 223-268.
OVIDIO. Metamorfoses. Tradução Domingos L. Dias. São Paulo: Editora 34, 2017. 909 p.
Parte do Artigo publicado em Artigos Acadêmicos na ArteRef - Por Fátima Sans Martini - out. de 2019. Disponível em: https://arteref.com/artigos-academicos/zeus-o-governante-do-mundo/