A origem dos Deuses - parte 1

De acordo com a genealogia apresentada em Teogonia (Hesíodo, 2013), o mundo começou com Abismo, a inexistência, o Caos. Do caos nasceu a divindade que personifica a Terra (Gaia). Em seguida surgiu o Tártaro e Eros o mais belo dos imortais, o desejo.

De Caos nasceram Érebo, a escuridão e Nix, que personifica a noite. E da união dos dois surgiram Hêmera, o dia e o Éter.

De Gaia, sem a união do amor, surgiu, em primeiro lugar, Urano, o céu, que ao cobri-la toda, proporcionou grande estabilidade. Depois, Gaia gerou as Montanhas, refúgio das ninfas e, por último, nas profundezas, nasceu Ponto, o mar, furioso nas ondas.

Sem demora, Gaia deitou-se com Urano e concebeu os Titãs, segundo Hesíodo (133-137, 2013, p. 39-41): Oceano, Ceos, Crio, Hipérion, Jápeto e Crono, o mais novo, chamado de Saturno pelos romanos. E as Titânides: Teia, Réia, Têmis, Mnemósina, Febe, a coroa dourada, e a atraente Tetís.

Os deuses primordiais geraram inúmeros filhos, mas foi de Urano que se seguiram a segunda, e a terceira geração divina.

Urano odiava e ocultava no Tártaro todos os filhos. A mãe, farta de tanta tirania, mostrou aos filhos uma foice, talhada a partir de uma pedra dura e cinzenta, com a qual suplicou vingança. Escondido e armado com a foice, Crono, o filho mais novo e mais astuto, partiu para a ação: Veio trazendo a noite 

o grande Céu, e em torno de Terra

estendeu-se, desejoso de amor, e estirou-se em toda

direção. O outro, o filho, da tocaia a mão esticou,

a esquerda, e com a direita pegou a foice portentosa,

grande, serridêntea, os genitais do caro pai

com avidez ceifou [...]

(HESÍODO, 176-181, 2013, p. 43)