Remy Presas
Apaixonado por esportes, o Grande Mestre Remy A. Presas é o homem por trás do Sistema Moderno de Arnis (Modern Arnis). A arte marcial, que estava caindo no esquecimento, ganhou nova vida e novo significado graças ao seu empenho. Com o passar do tempo, o verdadeiro Arnis estava tornando-se apenas uma lembrança remota de um passado distante. Essa realidade começou a mudar em 19 de dezembro de 1936, quando nasceu na ilha pesqueira de Hinigaran, Negros Occidental, um homem destinado a despertar nos apreciadores de artes marciais a paixão pelo Arnis, cuja história é tão antiga quanto o próprio início das Filipinas.
Nascido em uma família de classe média, Remy Amador Presas era filho do empresário Jose B. Presas e da escritora Lucia Amador, que intentavam para o filho uma carreira distante dos esportes. O mundo dos negócios, no entanto, não era para Remy. Influenciado pelo avô, começou a praticar esportes desde muito jovem. Aos seis anos, enquanto era alfabetizado pela mãe, Remy também iniciava o aprendizado do "kali", como o Arnis era chamado, utilizando bastões de madeira finamente esculpidos, bem como espadas e adagas. Com o passar dos anos, o amor de Remy pelos esportes se tornou uma marca de sua personalidade. Aos 14 anos, Remy conheceu diferentes cidades como Ceby, Panay, Bohol e Leyte, onde começou a construir sua vitoriosa carreira. Em Ceby, aprofundou os estudos de Arnis com os experientes Rodolfo Moncal, Timotheo Marranga e Venancio Bacon. A habilidade nos esportes de Remy deve-se em parte ao fato de ter sido aluno de renomados atletas e arnisadores de diferentes partes das Filipinas.
Quando retornou à cidade natal, Remy já era um especialista em Arnis e em outras artes marciais, como judô, jiu-jitsu, luta greco-romana e karatê. Após seu casamento com Rosemary Pascual, o idealista Remy fundou uma academia em Bacolod, Negros Occidental, onde começou a desenvolver um trabalho de recuperação do Arnis. Trabalhou intensamente para que os jovens de Bacolod se aproximassem da história cultural das Filipinas, obtendo indiscutíveis resultados. Bacharel em Educação Física, lecionou em escolas e na Universidade de Negros Occidental (Recoletos). Seu sucesso se deve a uma verdadeira cruzada empreendida para reviver os tempos de glória do Arnis.
Em 1968, Remy precisou tomar uma decisão que mudaria sua vida. Em uma de suas aulas de verão na Escola de Esportes Rizal, em Manila (a meca dos esportes nas Filipinas), o Professor Jose Gregorio teve notícia do trabalho de Remy por intermédio do Coronel Arsenio de Borja, secretário do tesouro da Federação de Atletismo Amador das Filipinas (PAAF) e Diretor do Colégio Nacional de Ed. Física, e do Sr. Phillip Moncerrat, Presidente da PAAF. Os três tiveram a idéia de levar Remy para Manila, a capital do país, onde seria despertado o interesse de todo o país pelo Arnis. A idéia agradou Remy, que tinha em mente a necessidade de difundir o Arnis por todo o país e pelo mundo.
Deixar Bacolod e tudo que havia construído foi uma difícil decisão, já que o negócio prosperava e garantia um futuro estável para sua família, que já estava estabelecida na cidade. No entanto, Remy não poderia desperdiçar tão promissora oportunidade, já que em Manila ele não só poderia trazer à consciência nacional a importância do Arnis, como também teria a oportunidade de popularizar a arte marcial filipina por todo o planeta. Remy acreditava que se o mundo teve uma boa aceitação de esportes como o judô, a luta greco-romana, o karatê e o kung fu, não haveria motivo para que o Arnis não fosse menos aceito do que estas outras artes marciais. Além disso, a eficiência e o caráter prático do Arnis eram diferenciais.
No ano seguinte (1969), Remy levou sua família para Manila, abrindo uma academia no coração do distrito comercial de Manila e fundou a Organização Nacional de Karatê Amador (NAKO) e a Federação Filipina de Arnis Moderno (MAFP). Tendo sua academia como uma espécie de trampolim, Remy prosseguiu nos anos seguintes com a sua cruzada para difundir em larga escala o Arnis. Ele ensinou em diversas universidades e escolas de Manila, enfatizando basicamente a beleza do Arnis enquanto arte marcial. Em sua academia formou centenas de arnisadores. Shishir e Dada Inocalla foram alunos de Remy Presas, sendo que Shishir Inocalla foi o primeiro dos seis únicos alunos do Grande Mestre a receberem o título de Datu (Guerreiro Espiritual).
Ao lado de seus alunos, Remy realizou inúmeras demonstrações gratuitas para diferentes públicos. Um dos ilustres expectadores foi Ferdinand E. Marcos, então Presidente das Filipinas, que demonstrou profundo interesse na arte. Em sua incansável batalha para popularizar o Arnis, Remy também conquistou o respeito e a admiração dos titãs do esporte em seu país. Foi convidado a ensinar o Arnis para as diferentes agências policiais e forças armadas nas Filipinas. Com sua influência, o Arnis também passou a ser praticado de forma competitiva, através de campeonatos entre os clubes e academias.
As fronteiras das Filipinas foram ultrapassadas pelo Arnis a partir de 1970, quando Remy foi convidado a ministrar um treinamento na Academia de Polícia do Japão. A admiração foi imediata: as autoridades daquele país ficaram intrigadas e fascinadas com o Arnis. Desde então, o nome de Remy passou a ser reconhecido no meio esportivo, associado à competência e dedicação por seus ideais. Sexto dan e faixa preta de karatê e de judô, Remy deixou um verdadeiro legado para as gerações futuras. Lançou inúmeras publicações e DVDs relacionados às técnicas do Arnis, segurança e defesa pessoal. O Professor Remy Presas faleceu no ano de 2001, vitimado por um câncer no cérebro, mas sua memória e seu legado permanecem vivos no coração de todos os arnisadores do mundo.
"If you practice very hard, you will be very good". Remy Presas