• Análise orgânica como ferramenta de ensino e a criação do ANALOR:

A análise orgânica engloba diversos métodos imprescindíveis para caracterização de compostos orgânicos em situações das mais diversas, seja para confirmar a obtenção de um produto de uma síntese orgânica, de uma mistura complexa de um produto natural, ou mesmo de uma substância do almoxarifado local, cujo o rótulo se tornou ilegível.  Como disciplina, pode ser empregada como método eficiente de ensino de química orgânica, uma vez que durante o processo de análise pode-se adotar um modelo de sequência análitica de uma forma lógica, que se adapta à uma forma coerente no ensino da química orgânica. No ensino desta disciplina (química orgânica), pode-se introduzir os conceitos mais relevantes partindo do mais simples; os átomos organogênicos (C, H, O, N...), e como eles se combinam para formar cadeias carbônicas e grupos funcionais, para o mais complexo; moléculas e as possíveis interações inter e intramoleculares, das quais poderão advir diversas propriedades físicas e químicas. De forma semelhante, ao seguir uma marcha analítica que, de forma natural, acaba por seguir uma lógica semelhante. Assim, na caracterização de um organoquímio simples, pode-se iniciar o processo de caracterização pela caracterização dos elementos presentes, seguido da caracterização dos grupos funcionais e algumas das suas propriedades físicas. A criação de uma ferramenta de um software chamado ANALOR, criado em 1992 pelo professor Claudio Costa Neto, em mais tarde, em 1997 em uma versão para Windows, e com o auxílio de uma base de dados de cerca de 2200 substâncias, foi possível a criação de um nova estratégia de análise sistemática de compostos orgânicos, chamado de método de cortes sucessivos (COSTA NETO, 2004, p 24-6). Neste método, após alguns ensaios de caracterização, pode-se não apenas adquirir informações a respeito do analito, mas também utilizar esta informação como uma propriedade de corte para reduzir o universo de possibilidades para uma possível identidade para o mesmo. Uma sequência típica de aplicação do método dos cortes sucessivos poderia ser, por exemplo: 

1) Analise elementar (corte 1), para gerar um universo 2 de possibilidades, menor do que o universo 1, original; 

2) Determinação de constantes física (corte 2), para gerar um universo 3 de possibilidade, menor do que o universo 2;

3) Ensaio de solubilidade para definir do universo 3, quais organoquímicos são compatíveis com as propriedades sugeridas por esta sequencia de ensaios (hidro/lipofilicidade; caráter ácido base; reatividade). Frequentemente os resultados deste ensaio poderão sugerir possíveis grupos funcionais e tipos/extensão de cadeia carbônica, o que permite ao aluno aprender, discutir e resgatar diversos conceitos de química orgânica apresentados em sala de aula.

4) Pela realização de ensaios de análise funcional poderá se obter mais uma propriedade de corte que dará origem a um universo 4 de possibilidade, menor que o universo 3 anterior. Após esta etapa, o aluno pode novamente analisar as possibilidade e confrontar cada uma delas com aspectos teóricos da disciplina.

5) Por fim, a estrutura pode ser confirmada pela obtenção de derivados de Mulliken. (COSTA NETO, 2004, p. 25)

• ANALOR online:

Em 2021 desenvolvido pelo grupo do professor DSc. Marcelo S Pedrosa, do Instituto Federal do Rio de Janeiro, em colaboração com o professor DSc. Claudio Costa Neto uma ferramenta com funcionalidade semelhante a do ANALOR original, e que atualmente possui uma base de dados com 4664 registros de compostos orgânicos. Este permite a realização de análises sistemáticas pelo método dos cortes sucessivos, assim como pela realização de cortes simultâneos, onde de mais de uma propriedade de corte pode ser atribuída de forma simultânea. A ferramenta está funcional, mas uma atualização mais rápida e amigável encontra-se em fase final de desenvolvimento.