Como uma parada de transporte se torna aula de persistência e engajamento social
Como uma parada de transporte se torna aula de persistência e engajamento social
Entrar em contato com a subprefeitura, acompanhar preços de materiais construtivos, estudar as condições exigidas para uma intervenção urbana e várias outras responsabilidades que vão além da já exigente rotina do Secondary. Assim é o dia a dia dos alunos voluntários do Bus Stop Project, hoje conhecido como Parada Panorama.
Idealizado com o objetivo de atender às crianças do Jardim Panorama, o projeto nasceu a partir de uma pesquisa realizada pelos alunos a respeito das necessidades da comunidade, que fica muito próxima da escola. Ao conversar com pais e mães, os adolescentes do oitavo, nono e décimo ano, diagnosticaram um problema de segurança que prejudicava a curto e longo prazos a vida das crianças de lá: a falta de um local seguro para esperarem pela perua escolar municipal, no vai e vem diário da rotina estudantil.
"Nossos alunos viram que as crianças do Panorama ficavam esperando pelas vans na calçada, próxima da Marginal, sem nenhum tipo de proteção e expostas a acidentes", conta Carla Gomes, professora líder do projeto. "Por causa dessa vulnerabilidade, muitas deixam de ir à escola em dias de chuva e frio, por exemplo, além de correrem vários outros riscos de segurança", completa.
Entre abril e novembro de 2020, um grupo de alunos envolvidos no projeto ‘Pracinha’ passaram a ser responsáveis pelo projeto da Parada Escolar. Assim, foi realizado um evento com crianças da comunidade para entender quais as necessidades e os sonhos para a Parada Escolar e, com isso, nasceu a primeira versão do Projeto executivo criado pelas alunas participantes.
Em seguida, a partir de uma reunião online com residentes do bairro (condomínios de Panorama), os alunos receberam um feedback sobre a primeira versão e, até o final do mesmo ano, trabalharam para lapidar até a última versão.
Física, geografia, cidadania e persistência em um único projeto
"Quando se tem 15 ou 16 anos, três anos é muito tempo. É como se você levasse todo esse período para resolver um exercício de matemática. Eles poderiam desistir, mas seguem focados no objetivo. Temos até ex-alunos, que já estão na universidade, e ainda acompanham o Bus Stop"
Carla Gomes
Professora líder do projeto
Quando tiveram a ideia de criar a parada de transporte escolar, os alunos da Avenues começaram do zero pesquisando as regras, entrando em contato com os órgãos públicos responsáveis e também com escritórios de arquitetura urbana, que se encarregariam de criar um projeto técnico eficaz, seguro e sustentável de forma voluntária. A cada avanço, outras questões se desdobraram: uma experiência de encarar a complexidade.
Ao debater sobre como seria essa intervenção urbana, a equipe Bus Stop aprendeu sobre tipos de terreno, resistência de materiais, aspectos térmicos, acessibilidade, entre muitas outras variáveis. Um ponto importante também foi a atenção dada ao público-alvo da intervenção: as crianças.
As alunas e alunos da Avenues se preocuparam em descobrir o que seria importante do ponto de vista de quem usaria o local, uma experiência real do que se chama hoje de customer centricity. Dessa perspectiva vieram ideias criativas e lúdicas, como a instalação de uma lousa interativa com conteúdos educativos e uma pequena biblioteca para que os usuários possam ler enquanto esperam pelo transporte.
No início de 2021 foi o começo das tentativas de contato com a subprefeitura do Butantã a fim de buscar a aprovação da instalação da Parada Escolar. Várias visitas e tentativas de contato foram realizadas – sem sucesso. Em março do mesmo ano, em reunião com o diretor dos subprefeitos, foi dada a largada no processo de aprovação.
Após as reuniões com advogados, fornecedores e diretores Avenues para alinhamento de responsabilidades e detalhamento técnico do projeto, foi feito um trabalho com a área de compras para definição de orçamentos. Com a aprovação da matriz Avenues, em julho deste ano houve a assinatura do termo de responsabilidade com a prefeitura. No mês seguinte foi realizada a implantação da Parada Escolar.
Além dos benefícios de desenvolver uma iniciativa de engajamento social e cidadania diante de um problema concreto, os alunos da Avenues levam para o currículo uma aula de persistência.
"Quando se tem 15 ou 16 anos, três anos é muito tempo. É como se você levasse todo esse período para resolver um exercício de matemática. Eles poderiam desistir, mas seguem focados no objetivo. Temos até ex-alunos, que já estão na universidade, e ainda acompanham o Bus Stop", conclui Carla.
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Ao reconhecerem a falta de segurança das crianças que esperavam o transporte escolar municipal à beira da estrada, os alunos decidiram criar uma parada de transporte escolar segura. A iniciativa envolveu pesquisas, contato com autoridades e arquitetos, e o desenvolvimento de um projeto técnico sustentável. Os alunos também se concentraram em entender as necessidades das crianças, adicionando elementos educativos e uma pequena biblioteca à parada. A jornada exigiu persistência, com várias etapas de contato com a subprefeitura e outras partes interessadas até a implantação bem-sucedida da Parada Escolar. Além de contribuir para a comunidade, os alunos aprenderam valiosas lições de cidadania, engajamento social e perseverança ao longo do processo.
Timeline Parada Panorama