Olá, estudante! Nesta lição, você estudará o conceito de Arquitetura da Informação, que é uma área essencial do design de interfaces para dispositivos móveis, pois envolve a organização e a estruturação das informações apresentadas aos usuários em um aplicativo móvel. Essa arquitetura deve ser planejada para facilitar a navegação do usuário, permitindo que ele encontre facilmente o que procura e culminando em uma melhor experiência de uso, mais eficiente e mais agradável.
O grande desafio dessa arquitetura é justamente o ambiente que é limitante do ponto de vista de espaço de tela. Esse é o caso dos dispositivos móveis. Leva-se em consideração o tamanho das aplicações e dos dados, sobretudo, na diferença de desempenho entre um modelo de primeira linha e um modelo mais popular. O grande trabalho para a montagem dessa arquitetura da informação se dá na identificação do público-alvo da aplicação e na delimitação das funcionalidades serão selecionadas ou priorizadas para esse público-alvo.
Onde é feito o trabalho de arquitetura da informação em aplicativos móveis? Esse trabalho é feito na criação e na organização dos menus de aplicação, filtros, campos para busca de informações e outros elementos dessa natureza, que estruturam, de forma intuitiva e clara, as informações do aplicativo.
Como consigo chegar a esses dados? Utilizando pesquisas e testes com os próprios usuários e públicos-alvo do seu aplicativo. Você avaliará, de forma incremental, a estrutura das informações e implementará ajustes de acordo com os resultados dos seus testes. Pronto(a) para saber um pouco mais sobre esse tema tão relevante? Vamos lá!
Quando você se preocupa e cria uma arquitetura de informação, você está resolvendo o problema relativo ao modo de organização das informações e das funcionalidades em um aplicativo móvel, para que o usuário possa encontrar facilmente o que procura e realize as tarefas de forma eficiente e rápida. Dessa maneira, o(a) designer poderá criar uma estrutura lógica e coerente para as informações, permitindo ao usuário uma navegação fácil e intuitiva. Assim, aumenta-se a satisfação dele com a experiência de uso.
Quando você não se preocupa com a arquitetura de informação e cria menus e seções no seu aplicativo sob demanda, você, provavelmente, deixará o seu usuário confuso e frustrado ao tentar encontrar as informações que precisa, o que, por consequência, resultará na desinstalação do seu aplicativo do dispositivo dele (usuário) por dificuldade na utilização. Se tudo isso ainda não foi motivo para você implementar uma arquitetura da informação, há mais uma questão. Dependendo do quão ruim for a distribuição da informação em seu aplicativo, você pode prejudicar o desempenho do seu aplicativo, deixando-o lento e pesado no quesito espaço de armazenamento.
Portanto, a arquitetura da informação é essencial para criar uma boa experiência do usuário e garantir que as informações sejam apresentadas de forma clara e organizada a partir de uma navegação fácil e intuitiva.
No case de hoje, eu te apresento o que ocorreu em uma empresa que trabalha com vendas de carros usados pela Internet mediante um aplicativo. Esse aplicativo já estava no mercado há cerca de 10 anos, portanto, foi criado praticamente em uma outra época da internet e, principalmente, dos dispositivos móveis. Por isso, esse aplicativo teve o que chamamos de funcionalidades implementadas sob demanda e sem nenhum planejamento, simplesmente porque os donos da empresa tinham uma ideia e queriam que ela fosse implementada e disponibilizada no aplicativo. Obviamente, o aplicativo ficou difícil de navegar e de encontrar as informações necessárias, como preços, modelos e condições dos veículos. Sabe qual foi o impacto disso? Uma alta taxa de abandono do aplicativo e baixa satisfação nas avaliações dos usuários.
Com o passar dos anos, os usuários e a internet evoluíram e se tornaram mais exigentes. Com isso, o faturamento do aplicativo e, por consequência da empresa, foram caindo na mesma velocidade das notas das avaliações dos usuários. Diante disso, a equipe de design do aplicativo decidiu realizar uma reestruturação com base na arquitetura da informação, iniciando o processo de pesquisas com os usuários, a fim de entender melhor as necessidades e as expectativas deles em relação ao aplicativo. Com os resultados em mãos, a equipe criou uma estrutura clara para as informações e as funcionalidades do aplicativo, dividindo-o em seções lógicas e intuitivas, inclusive, com a remoção das funcionalidades não usadas e que não fariam mais sentido na nova estrutura.
Um dos itens mais pedidos pelos usuários nessa pesquisa era uma seção específica para os modelos de carros mais procurados. Nela, o usuário poderia ver preços, especificações e condições dos veículos em um formato claro e fácil de usar. Também haveria pesquisa e filtros de veículos. Com essas mudanças implementadas, o aplicativo se tornou mais fácil de usar e intuitivo para os usuários, com uma organização clara das informações e uma navegação mais eficiente. Você já deve imaginar o que aconteceu, não é mesmo? A taxa de abandono do aplicativo diminuiu e se tornou irrelevante. A satisfação dos usuários aumentou e a empresa encontrou um aumento significativo nas vendas e no número de usuários ativos batendo todos os recordes desde o lançamento da primeira versão do aplicativo.
Esse case, apesar de fictício, mostra como a arquitetura da informação é importante e como uma reestruturação com base nela pode mudar a realidade de um aplicativo móvel. A reestruturação realizada no aplicativo foi essencial para que os usuários ficassem satisfeitos, visto que facilitou a utilização.
Você pode conferir, ao longo desta lição, um pouco da importância da arquitetura da informação no desenvolvimento de aplicativos móveis, mas ela também é importante para o desenvolvimento de sites e sistemas web. Sendo assim, acredito ser importante que você saiba o que é a Arquitetura da informação em seu conceito fundamental. Segundo Tamosauskas (2020), ela é uma ciência que busca organizar a informação para ajudar as pessoas a realizarem tarefas ou a encontrarem o conteúdo que precisam da forma mais intuitiva e rápida. Para isso ser possível, tratando-se de um aplicativo novo ou uma reestruturação de um aplicativo existente, essa arquitetura envolve a estruturação, a classificação, o agrupamento, a rotulação e a criação de esquemas de navegação dentro de um sistema de informação.
Camargo e Vidotti (2011) levantam uma questão ao sustentarem que a arquitetura da informação oferece informações para auxiliar no desenvolvimento de ambientes digitais e permite elaborar uma estrutura que visa à organização das informações para que os usuários possam acessá-las mais facilmente e encontrar caminhos para a construção de conhecimentos. Com base nessas informações, pode-se entender que, além de auxiliar na estruturação dos ambientes digitais, a arquitetura da informação deve viabilizar os processos de gestão em geral, principalmente da gestão da informação e do conhecimento.
Marinho (2018) alega que a arquitetura da informação não se preocupa apenas com a organização da informação, mas também com a apresentação, pois ela cria, no website ou aplicativo, um ambiente de informação por onde o usuário pode se mover (navegar), como em uma biblioteca, e encontrar as informações que precisa de forma organizada e consolidada.
Para atingir esses objetivos com a arquitetura da informação, primeiramente, faz-se necessário o mapeamento de informações que serão inseridas no aplicativo e/ou site. Isso envolve a identificação e a organização dos conteúdos que serão apresentados aos usuários, considerando os objetivos e as demandas. É onde surgem as definições de categoria, as hierarquias, os rótulos e a navegação, que devem sempre ser de fácil entendimento pelo usuário. Outro aspecto importante desse mapeamento é a forma com a qual as informações levantadas serão exibidas, fazendo uso de textos, imagens, ícones e paleta de cores. Isso tudo é feito para poder proporcionar ao usuário uma experiência agradável e eficiente.
Segundo Morville e Rosenfeld (2006), para iniciar esse mapeamento, é necessário levar em consideração três pilares da arquitetura da informação. São eles: contexto, conteúdo e usuários. O contexto está relacionado à compreensão dos objetivos de uma organização, dos aspectos políticos, culturais e tecnológicos, dos recursos e das limitações. Na prática, todo o contexto de uma empresa ou pessoa desenvolvedora deve ser considerado durante o desenvolvimento de um projeto de arquitetura da informação. A qualidade e a quantidade do conteúdo são aspectos cruciais a serem considerados na construção de um projeto informacional bem-sucedido. Além disso, outros elementos importantes incluem a propriedade do conteúdo, o formato, a estrutura e, sobretudo, o volume de informações e o dinamismo. Portanto, é preciso compreender como os usuários pensam e interagem com o sistema, estudar os comportamentos e as demandas deles, identificar quem são e o que procuram. Esses aspectos são fundamentais para garantir o sucesso durante a elaboração do mapeamento de arquitetura da informação.
Garret (2011) apresenta cinco elementos relacionados à experiência dos usuários na web que se estendem aos aplicativos móveis. Vejamos cada um deles:
Estratégia: motivos pelos quais o usuário busca o seu aplicativo e o porquê ele costuma sair antes do objetivo realizado.
Escopo: definição das informações e das funcionalidades do aplicativo.
Estrutura: com base na definição e nas funcionalidades, define-se a estrutura do aplicativo, com páginas, menus etc.
Mapeamento: com a definição da estrutura feita, é elaborado um grande mapeamento, com estrutura de páginas, links, botões, títulos, textos, formulários e demais componentes.
Interface: o último dos cinco elementos é a montagem daquilo que se chama de Wireframe ou Mockup da interface do aplicativo. Ele é mais fidedigno que um simples mapeamento com exemplos de imagens, botões e textos.
A maioria das características da arquitetura da informação que existe foi criada e formulada para aplicações web, mas, mesmo com limitações dos dispositivos móveis, é totalmente aplicada e utilizada na atualidade.
Para que a aplicação dos conceitos seja bem-sucedida, Firtman (2013) afirma que é necessário promover o conteúdo básico e acessível a todos os tipos de aparelhos. Também é preciso proporcionar funcionalidade básica e acessível a todos os navegadores e contemplar a semântica em todo conteúdo. Ainda sobre a navegação pelo aplicativo, o autor recomenda:
Definir e ordenar as tarefas mais utilizadas pelos usuários a partir das informações coletadas ou de testes de usabilidade.
Manter a consistência visual com o do site oficial ou originário do aplicativo, caso exista.
Permitir ao usuário a realização de uma atividade em, no máximo, três toques na tela.
Limitar, em cinco, o número de seções abaixo da página inicial ou da tela inicial.
Oferecer aos usuários a possibilidade de utilizar o sistema web a partir de um link “versão clássica”, caso exista essa versão.
Informar a localização dos usuários dentro do aplicativo.
Reduzir o número de formulários e evitar que os usuários tenham a necessidade de inserir muitos textos, tendo em vista a dificuldade de digitação causada pelo tamanho reduzido da tela.
Prever a navegação dos usuários a partir do contexto e do histórico de navegação, a fim de reduzir o número de telas selecionadas e de toques nas telas.
Oferecer mecanismos de navegação, como o botão “voltar”, independentemente das escolhas e das personalizações do usuário.
Todas as recomendações e os elementos do mapeamento de arquitetura da informação visam trazer a simplicidade das informações para a tela do aplicativo que você está criando e, assim, manter o usuário conectado e ativo na utilização dele. Sendo assim, além de tudo o que você estudou, faz-se necessária a simplificação do conteúdo, porque é isso que o usuário busca, bem como a criação de uma hierarquia das informações, para que o usuário entenda o que é principal, conheça as subdivisões e chegue à informação buscada de uma forma que consiga satisfazer todos os itens citados.
Manter a simplicidade e a hierarquia das informações é de suma importância para garantir a efetividade da arquitetura da informação. Com a utilização dela, é possível que os usuários encontrem o que procuram de forma rápida e fácil, sem se perder em informações desnecessárias. Para o desenvolvedor, faz-se necessário ter certeza de que a estrutura de informação é simples e clara, já que isso ajuda o usuário a evitar confusão e aumenta a probabilidade de o usuário alcançar os próprios objetivos ao utilizar o seu aplicativo. Assim como já foi mencionado, para simplificar as informações e categorizá-las, é importante usar hierarquias claras e categorizar as informações de acordo com a relevância e o propósito delas dentro do aplicativo.
Outro aspecto essencial é relativo aos rótulos e aos nomes dos itens de navegação: é necessário que eles sejam claros, descritivos e de acordo com o linguajar do usuário de acordo com o objetivo do aplicativo. Dessa forma, o usuário pode facilmente entender o que cada seção representa e onde pode encontrar o que precisa, pois conhece o sistema de categorização fora do aplicativo. Por fim, é importante lembrar que o objetivo desse mapeamento, assim como tudo o que vimos nesta lição, é tornar a experiência do usuário mais agradável e produtiva. A simplicidade e a hierarquia das informações são essenciais para atingir esse objetivo.
Em resumo, manter a simplicidade e a hierarquia das informações é fundamental para o sucesso de um mapeamento de arquitetura da informação, pois, diante disso, reduz-se a frustração e é aumentada a eficiência do aplicativo. Ao priorizar a clareza e a organização na estrutura de informações, é possível proporcionar uma experiência agradável e efetiva para os usuários, aumentando a satisfação e o sucesso de todo o projeto do aplicativo. Portanto, ao pensar nas informações, nos menus e nas funcionalidades do seu aplicativo, esses princípios devem ser levados em consideração em todas as etapas do processo, desde o conceito de design, a experiência do usuário e, finalmente, a arquitetura da informação.
A aplicação da arquitetura da informação em aplicativos móveis é mais um processo, assim como os processos da lição anterior (lição 17), sobre conceitos de design e experiência do usuário, pois é um processo que envolve o público-alvo, as pesquisas e os mapeamentos.
Sendo assim, para a aplicação, é importante que você faça pesquisas e o mapeamento, a fim de entender as necessidades e as expectativas em relação ao aplicativo. Também é necessária uma coleta de informações, para que você crie um mapa das informações e das funcionalidades do aplicativo, organizando-as em categorias e subcategorias lógicas de acordo com a necessidade do usuário.
Faça o simples bem feito, ou seja, crie uma estrutura clara utilizando a hierarquia de informações, a fim de criá-la onde as informações e as funcionalidades mais importantes estejam em destaque e sejam facilmente acessíveis, evitando, assim, deixar o usuário com muitas funcionalidades no mesmo nível. Ainda em relação ao simplificar, você também deve aplicar a navegação onde ele deverá ser simples e intuitivo, com o objetivo de permitir que os usuários acessem as informações que procuram com facilidade. Uma ótima opção é a utilização de ícones, abas e outros elementos visuais, pois eles ajudam a simplificar a navegação.
Uma especificidade dos aplicativos móveis é disponibilização da informação de forma que o usuário consiga navegar pelo aplicativo somente com uma mão, caso ele esteja em movimento enquanto usa o aplicativo. Por fim, execute testes e avaliações contínuas em sua arquitetura da informação com usuários reais, a fim de validar e encontrar problemas e melhorias para manter sempre o seu usuário engajado e satisfeito com o seu aplicativo.
Para aprimorar o seu aprendizado, sugiro acessar o “Guia para a arquitetura do app”, do sistema Android. Há informações interessantes que te ajudarão a consolidar os conhecimentos compartilhados nessa lição.
Link: https://developer.android.com/topic/architecture?hl=pt-br
CAMARGO, L. S. de A. de; VIDOTTI, S. A. B. G. Arquitetura da informação: uma abordagem prática para o tratamento de . Rio de Janeiro: LTC, 2011.
FIRTMAN, M. Programming the Mobile Web. 2. ed. Sebastopol: O'Reilly Media, 2013.
GARRET, J. J. The elements of user experience: user centered design for the web and beyond. 2. ed. Berkeley: News Riders, 2011.
MARINHO, R. de B. Arquitetura de informação: projetando a experiência do usuário em ambientes digitais. [S. l.]: Novas Edições Acadêmicas, 2018.
MORVILLE, P.; ROSENFELD, L. Information architecture: for the World Wide Web. 3. ed. Sebastopol: O´Reilly Media, 2006.
TAMOSAUSKAS, T. Arquitetura da Informação e UX. [S. l.: s. n.], 2020.