Dia 4: 28 de agosto de 2010 - Cusco, Peru

Pela manhã peguei o ônibus entre La Paz e Cusco.

O ônibus era confortável. Semi-cama. Bom para deitar e colocar as coisas. Ele tinha dois pavimentos. Isto eu não sabia. Colocaram-me no de baixo. Mas como o ônibus tinha pouca gente, deixaram eu ir no piso superior. A visão era melhor. E no inferior tem o banheiro, que tradicionalmente fede a xixi, o que é um fenômeno universal. Aliás, o banheiro é só para "número 1" (fazer xixi).

Segue uma foto do ônibus:

Ônibus entre La Paz e Cusco

A viagem seria de dia. O que seria bom, porque apesar de 'perder um dia' (pois viajando à noite economiza-se dia de viagem), você pode apreciar as diferentes paisagens do Altiplano, região mais alta do Peru e Bolívia.

Realmente tem várias paisagens legais. Seguem algumas:

Algumas paisagens ao logo do caminho entre La Paz e Cusco

Como você pode ver, estava bem seco. Era da época do ano. Muito agricultores e pastores ao longo do caminho. Muitas cidades em construção. E deu para ver o Titicaca, que é mesmo enorme.

Estas águas nas fotos são do lago Titicaca. É gigante! Era tentador parar e passear nele. Mas foquei em conhecer Cusco e depois o Salar Uyuni. Se desse, voltaria e veria o Titicaca, que pode ser visitado pelo lado boliviano ou peruano.

Antes de chegar na fronteira boliviana, fizemos uma parada num posto do exército boliviano para mostrar documentos. Achei aquilo bizarro, pois meia hora depois iríamos ter de parar na fronteira e mostrar nossos documentos!  Mas o fato é que paramos e fomos mostrar nossos passaportes. Aí bati a foto da comédia que era a estátua abaixo:

Véi... Cadê a arma do cara???

Chegamos depois deste posto militar na fronteira entre Bolívia e Peru. Esta fronteira era na paupérrima e super bagunçada 'Desaguadero". Aí tive o primeiro grande susto da viagem. Olha aí umas imagens de lá:

                    

Muita gente, muito carro, muita feira, muita bagunça

Descemos todos do ônibus. Soube que tinha de registrar primeiramente saída da Bolívia, num escritório boliviano. Depois, registrar minha entrada no Peru, em um escritório peruano. Chegando no tal escritório boliviano, soube que não bastava o passaporte. Deveria apresentar um canhoto de um documento de entrada no país, que eu teria recebido no aeroporto em Santa Cruz. Eu nem lembrava se tinha este papel, e menos ainda onde estava. Dei uma chorada com o cara do escritório boliviano e ele me deixou passar para o outro lado, carimbando minha saída da Bolívia. Mas até esta carimbadinha foi um sufoco. Era um corredor minúsculo entupido de gente!

Do lado peruano, tinha de preencher uma folha de entrada no país, encarar outra fila gigante e carimbar minha entrada no Peru. Fui puxar conversa com um casal de orientais e descobri que eram do Brasil! Aí vim puxando conversa com eles. Muito simpáticos. Ela descendente de japoneses, ele coreano legítimo que morava a 12 anos no Brasil. Quase brasileiro mesmo. Olha eles aí:

Companheiros de viagem entre La Paz e Cusco.

Na fila do lado peruano ainda teve coisa engraçada. Vi que tinha um monte de peruano ALUGANDO caneta para as pessoas na fila preencherem a folha de entrada!

Resolvida a questão da fronteira, fomos em diante!

Serviram o almoço prometido. Era um sandubinha, fruta e um iogurte. Na dúvida, deixo de dica sempre ter uma comida e água à disposição. Eles dão a comida quando prometem, mas é sempre pouca e você pode não ir com a cara.

O ônibus ainda tinha outra promessa: filmes! Ôba! Só que nosso comissário de bordo era meio indeciso quanto a filmes. E quando tomava uma decisão, era trágico. O cara colocou uns 6 ou 7 filmes no sistema de TV's do ônibus. Mas passava 10 minutos do filme, por ruim que fosse, ele tirava e colocava outro. Quando finalmente ele decidiu pôr um por inteiro, ele colocou uma versão boliviana dos anos 70 de "2 filhos de Francisco". Era a história de uns cantorezinhos sertanejos deles lá. O filme era muito, mas muito, terrivelmente 'trash'. E quando acabou ele colocou um monte de video clipes de um cantor brega local igualzinho ao professor Girafales, só que mais mal vestido.

A viagem foi seguindo, o pessoal dormindo, acordando e eu curtindo o visual.

Quando começou a esfriar, decidi trocar a bermuda por uma calça. Fui então ao banheiro, onde à porta estava o senhor simpatia, o tal comissário de bordo. Só porque demorei um pouco a mais tentando fazer malabarismos para colocar as calças o cara ficou batendo na porta do ônibus. Um saco.

Outra boa desta viagem foi que, À noitinha, começou a subir uma catinga de xixi no ônibus. O banheiro de baixo estava podre. O comissário, para atenuar o fedor, abriu a basculante do topo do ônibus. Resultado? Além do fedor diminuir muito pouco, ainda ficou entrando uma corrente de ar super fria!

Devo ainda acrescentar que praticamente todas as estradas da viagem eram muito boas. Não só desta viagem, mas de todas que fiz. O único trecho ruim foi um entre La Paz e Uyuni, mas isto seria dias depois.

À noite chegamos em Cusco.

Cometi outro erro em comprar logo a passagem entre Cusco e La Paz. Estava disposto a comprar a passagem em outra companhia, só para variar. Aí comprei baratinho a de volta. Dias depois eu soube que ela não era direto entre Cusco e La Paz. Tinha de fazer escala em Puno, perdendo ainda mais tempo. A empresa picareta era esta aqui:

Picareta.

Depois falarei mais dela.

Eu e o casal que conheci decidimos pegar um taxi para irmos aos nossos hostel. Dei meu e-mail a eles e pegamos um taxi. Decidimos rachar a conta por 3, os 9 soles. Eu desci antes, e quando fui dar minha grana peguei as moedas errado e tinha dado só 2 soles. Ele me avisou disso e entreguei os bolivianos que me sobraram. Espero que eles não tenham achado que eu era trambiqueiro.

Cheguei e então ao hostel. Era começo da noite. O nome do hostel era Maison de la Jeunesse. Os atendentes foram todos muito simpáticos o tempo todo. Seguem algumas fotos retiradas do sítio do hostel:

  

Imagens do Hostel

Assim como os outros hostel, este era bem localizado. Bem próximo ao centro da cidade.

Deixei minhas coisas no quarto. Para minha sorte, ao longo dos 4 dias que ficaria em Cusco, fiquei só eu no quarto!

Fui então rangar algo. Próximo tinha uns restaurantes bem legais e baratos. Comi um spagueti. Não inventei, ao longo de toda viagem, com comidas. Fiquei nos macarrões, sopinhas e arroz com carne e fritas. Não queria me arriscar numa comida que me deixasse mal. 

Um problema que me preocuparia pelos dias seguintes seria saque de grana. Meu cartão, bandeira Cirrus, Banco do Brasil, não sacava. E eu tinha habilitado o cartão para viagem no exterior. Um amigão meu que trabalha no Banco do Brasil me explicou o que era. O Banco do Brasil não autorizava saques no Peru. Aceitava saques na Bolívia... Acabou que foi dado um jeito e pude uns 3 dias depois sacar, mas foi uma dor de cabeça...

Voltei para o hostel e fui tirar aquele sono. Mas não sem antes passar uma hora reorganizando a bagagem. Constatei que tinha esquecido meu livro "Ritos de Sangue" em Santa Cruz. O livro era bem legal (uma tese sobre a origem das guerras) e eu estava fulo pois não sabia onde estava. Aliás, eu tive problemas com esquecimentos de objetos na viagem toda... Estava bem preocupado com isso.  Mas viajar só tem dessas. Tanta coisa para resolver só, e ainda sendo meio desatento como eu, aí lasca.

Bem... hora de dormir e preparar-me para Cusco!

Gastos do dia:

Jantar 18 Sl 

Taxi entre rodoviária e hostel 3 Sl 

Passagem entre Cusco e La Paz 55 Sl