Dia 13: 6 de setembro de 2010 - Salar Uyuni, Bolívia

Vou logo esclarecer uma coisa: o passeio no salar Uyuni é tão excitante quanto Cusco.

É bem diferente. Aqui é muito mais rústico. É deserto, é mais frio, é mais ermo, não tem lugares chiques a ir, as comodidades às vezes se restringem a ter um quarto para dormir. Mas é lindíssimo!

Chegamos umas 5h30 da manhã. Eu com sono, frio de fazer pinguim bater os dentes (como se tivessem isso), cheio de bagagem nas costas (uma mochila de 75 litros e uma de 40l), fora a roupa que vestia, que me fazia me sentir um astronauta.

Não havia ninguém me esperando. Mas como Uyuni é miúda, me informaram onde era a agência que me receberia. Caminhei uns 300m até lá. Estava fechada. Só um côrno, feito nós turistas, estariam na rua naquela hora. E ainda tinha japa, francês, alemão, português solto pelas ruas procurando suas agências.

Achei um restaurantezinho aconchegante. Cheguei bem na hora que abriu. Acessei Internet e avisei à minha irmã que ficaria fora do ar por uns 3 dias. Tomei um café da manhã, fui ler minha bíblia, vi uns videoclipes e esperei dar 10h da manhã.  Acabei achando um clipe de uma música que nem lembrava mais, mas que gosto muito: 

Confesso que fiquei preso nos anos 80.

O lugar era legal e serviu de refúgio a todos que estavam na rua. Acho que estava dando zero grau do lado de fora. Dentro, uns 10. No máximo!

                                  

O restaurante, o menino, a lourinha eu com frio

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Note a gringaiada se aquecendo na lareira. A lourinha era muito biita e só consegui esta foto. O molequinho era uma simpatia só! Ele vinha o tempo até às nossas mesas. Aí alguém da família levava de volta, até ele fugir de novo!

Uma funcionária da agência me localizou e formamos o grupo para irmos ao Salar. E este grupo seria muito especial. Além de ser muito legal e generoso, ficamos juntos por 3 dias, no mesmo carro, para cima e para baixo! E entre eles estava o casal espanhol que eu já "esbarrara" umas duas vezes em Cusco.

Para não ficar repetitivo, só digo uma coisa: o pessoal do grupo era muito legal! Sinto falta deles.

Deixamos parte da bagagem na agência e seguimos com as mochilas menores, com o mínimo. Colocamos tudo no teto do carro e fomos embora! A equipe éramos eu, cozinheira e motorista, o japonês Kenta, as coreanas Song e Sunnie (que devem tomar alguma coisa, pois têm 38 e eu não diria mais que 28) e o adorável casal Pepe e Edurne, da Espanha.

Logo no começo a gente visita o cemitério de trens, na periferia de Uyuni. Depois passamos numa vila bem na entrada do Salar Uyuni, e vemos como se trabalha o sal.

                        

                        Cemitério de trens                                                  Oficina para trabalhar com o sal

                                                             Escultura e edificação com sal

A coisa é muito impressionante. O salar é fruto de um braço de mar que ficou preso em movimentos geológicos passados. O mar secou e ficou só o sal! E debaixo do salar ainda há reservas gigantes de lítio, a "gasolina"do futuro (mais presente que futuro, aliás).

                         

                  Mais de 100 x 100 km de sal.            Momento São Tomé: provar para crer que é sal

                        

Seguindo mais adiante, chegamos no primeiro hotel de sal do Salar. Este hotel ficava mesmo na camada de sal do salar. Ele é só um museu hoje em dia.  Agora não pode mais haver hotéis em cima do salar em si. Só nas bordas dele.

                         

Hotel de sal. Deve fazer um mal a hipertenso...

Uma das coisas que a gente teve de aprender logo foi a logística de entra e sai do carro. Seriam mais de 18 horas, ao longo dos três dias, num carro para oito pessoas!

                         

    Aperto  no carro. Eu na terceira fila!                                   Miragem e a estrada de sal!     

AVISO IMPORTANTE: Usar óculos de sol lá não é opção! A não ser que você queira passar três dias de olhos fechados.

  

        Ministério da saúde adverte:use óculos escuros!

Do hotel fomos até a Ilha do Pescado. Não lembro o porquê deste nome, porque nem tem água muito menos peixe lá! A ilha é uma ponta de montanha que conseguiu se erguer acima da camada de sal, que chega a ter 10m de espessura.

   

Ilha do Pescado

Peixe eu não vi. Mas olha as lapas de mandacaru! Almoçamos aqui.

No Salar não tem restaurante nem coisa assim. Nem no restante do passeio. Assim, uma cozinheira nos acompanha e, enquanto passeamos, ela faz a bóia. A comida era sempre boa. Não era de sobrar. Era só o suficiente. Ela era muito simpática. Ela e o motorista, que achei muito responsável e cuidadoso.

Aliás, para ser bem claro, o passeio ao Salar Uyuni, de três dias, só fica no Salar mesmo um dia. Nos outros dois, a gente sai do Salar e vai conhecer as lagunas ao redor do Salar, conhecer gêisers e ver vulcões, e ver uma parte do deserto de Atacama.

Ainda no salar, há sempre as clássicas brincadeiras com fotos. Eis algumas:

  

Apenas a última foto é minha. Justamente a menos original.

Estes efeitos são possíveis porque o salar é super plano. São dezenas de quilômetros sem obstáculos. Apenas a curvatura da terra. Se você usar em especial uma teleobjetiva (zooms maiores que 3x já servem) você consegue estes efeitos que a galera fez. Câmeras normais também servem.

Dali fomos ao hotel de sal onde ficaríamos hospedados. Deixamos nossas coisas e o motorista, gentilmente, nos trouxe de volta ao salar para mais fotos e ver o pôr do sol. Fantástico.

                           

Que tal uma sombra com mais de 100m?                                                 L-i-n-d-ã-0.                                                               

      Efeito visual da luz e salar plano.

Aí está o hotel. Ele ficava na borda do Salar. A energia só era das 18h às 21h30. Banho era pago. E ainda assim, na minha vez, a água quente acabou, porque faltou gasolina no gerador de energia. Pelo menos consegui recarregar parte da bateria de minha câmera.

                    

                           Vista da janela.                                                                           Sala de jantar.

Jantamos gostoso, mais uma vez. O hotel até que é quentinho, se a gente pensar que fazia menos de zero graus do lado de fora. Os seis que falei ficávamos o tempo todo juntos. E podíamos aprender muito sobre as culturas. As coreanas nos contaram, por exemplo, que lá a molecada estuda mais de 70 horas por semana no segundo grau. Isto para entrar numa faculdade boa. Não é à toa que eles estão passando o Japão. E nós aqui achando lindo falar "ingrêis".

Ah! Outra dica: sempre eu deixava um desodorante à mão para salvar minha honra.

Segue ainda uma matéria do Fantástico a respeito do Salar Uyuni: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1626080-15605,00-BOLIVIA+TEM+A+RIQUEZA+DO+LITIO+NO+DESERTO+DE+SAL+SALAR+DO+UYUNI.html

Boa noite por hoje que só tenho me lanterninha para achar as coisas!

Adeus, Salar!

Gastos do dia:

Café da manhã 25 Bv

Ingresso na ilha do Pescado 15 Bv

Gorjeta 2 Bv

Banho quente 10 Bv