EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL | REFLEXOS









REFLEXOS

Cada obra é um pedaço da minha intimidade e de outros que não sei quem são.

Nasci em 1974, um ano antes da independência do meu pai, de então para cá o meu pais sofreu grandes mudanças. É provável que tais mutações tenham marcado a minha pintura. Continuo a questionar-me o que me levou a pintar?

(1) “A procura da expressão, composição e da forma de pintar em cada momento e em cada obra, ligam-se a um universo imagético e iconográfico transportado pela minha cultura e tradição. A estas, juntam-se as vivências pessoais como mulher mãe artista integrada numa cultura e num espaço físico diferente”, procurando descortinar nas relações culturais estabelecidas ao longo dos anos, vias para novos desenvolvimentos picturais, integrando denominadores artísticos e vivencias comuns.

Na pintura Moçambicana há necessidade de renovação, exteriorização das emoções, quer se trate das fases da vida do homem e da natureza, da ordem e do caos, do trabalho e de repouso, quer da ambição e da moderação e das relações entre os sexos.

Todavia, permite-nos ver nela a coexistência de um certo número de características: o gosto pela originalidade e mesmo pelo surpreendente, tanto nos temas como na expressão, o abuso do estilo metafórico, a vontade de se libertar das tradições, regras, preconceitos, orgias e rituais.

O ideal de movimento que traduz a concepção inata do transitório e do mutável no homem, uma vontade de soltar até ao extremo a violência das paixões ou força dos caracteres.

Sei que os meus sentimentos estão ligados a esse quotidiano de mudanças, e transporto isso em cada obra.

A fase contemporânea da história da arte moçambicana, quer esteja ligada à estabilidade ou a desordens metafísicas ou ao negativismo na África do século XX, continua a ser simbolizada pela exploração das formas que vivem por si próprias, com intensidade. abertas em movimento, ornamento, dilatação...É a lei da metamorfose idêntica ao movimento humano em plena mutação.

Não sei falar de outra maneira a não ser esta. Só assim, sei quem sou.

SUZY BILA

2007- REFLEXOS- Instituto Camões. Centro Cultural Português.