Escoteiros alertas há 100 anos no Brasil

Hoje completam 100 anos da chegada do Movimento Escoteiro no Brasil. O escotismo é o maior movimento de jovens do mundo, presente hoje em mais de 160 países, possuindo entre seus integrantes personalidades como o ex-beatle Paul McCartney, o Papa João Paulo II e até o vice-presidente José de Alencar, segundo conta o médico Altamiro Vilhena, escoteiro desde 1980, um dos articuladores da iniciativa em Roraima.

Ao contrário do que muita gente imagina, o Movimento Escoteiro não é um grupo de meninos que sai para acampar ou que se reúne para ajudar velhinhas a atravessar a rua. Criado em 1907 por um inglês, chamado Baden-Powell, o escotismo é um movimento que visa contribuir no desenvolvimento das potencialidades físicas, afetivas, espirituais, sociais, intelectuais e especialmente do caráter de rapazes e moças dos sete aos 21 anos.

Em Roraima, há três grupos já regulamentados e cinco em processo de regulamentação, nos municípios do Cantá, Caracaraí, Normandia, Iracema e Rorainópolis. Um dos mais antigos é o 8º Grupo Escoteiro Frei Orlando, que se reúne todos os sábados, das 14h às 17h, no parque Anauá, mais especificamente no Centro de Artesanato Indígena. Daniel dos Anjos, um dos chefes escoteiros, informou que nesse final de semana eles realizam um acampamento para comemorar os 100 anos do movimento no Brasil. Das 8h da manhã de sábado às 17h de domingo, crianças e adolescentes do grupo de reúnem para diversas atividades.

Leida Cavalcante é voluntária no movimento pouco mais de um mês e está encantada com a filosofia do grupo. “Qualquer criança pode participar, e adultos voluntários que queiram ajudar também são muito bem-vindos", diz.

O médico Altamiro Vilhena conta que, nos próximos dias, embarca para o Rio de Janeiro, onde participa do Congresso Nacional de Escoteiros, que reúne profissionais de todo o país das mais diversas áreas que acreditam no Escotismo como força educacional. “Acredito que o movimento contribui fortemente na formação do caráter de jovens e crianças", ressalta.

Ele falou um pouco mais sobre o mundo dos escoteiros à Folha: as diversas atividades, conduzidas por adultos voluntários, são realizadas com objetivo de estimular os jovens de ambos os sexos em seu desenvolvimento. Eles acampam para ter contato com a natureza, participam de atividades comunitárias para se integrarem efetivamente à sociedade e participam de jogos e brincadeiras onde podem desenvolver suas potencialidades físicas e trabalhar em grupo. Além disso, convivem com jovens de diferentes origens, classes e credos que fazem parte da fraternidade escoteira, que no Brasil reúne 80 mil pessoas em todos estados e que se encontram periodicamente em grandes acampamentos, chamados Jamborees, onde é celebrada a paz e a união.

No Brasil o movimento é representado pela União dos Escoteiros do Brasil, que tem como ideologia cinco pontos fundamentais. O primeiro é a aceitação voluntária da Lei e Promessa Escoteira, que garante a livre-associação de todos seus membros e estimula o jovem pela primeira vez a assumir um compromisso, chamado de a Promessa Escoteira, que o estimula a cumprir seus deveres com Deus, a Pátria e o próximo.

"A Lei Escoteira não apresenta nenhuma proibição, mas sim estímulos ao jovem, que deve ser cortês, disciplinado, amigo de todos, bom para os animais e as plantas, alegre e leal, dentre outras virtudes", diz o médico.

O segundo ponto deste método é o "aprender fazendo". No escotismo o jovem será sempre o executor, o protagonista e não um mero expectador. Isto acontece porque ele sempre estará desenvolvendo suas atividades em pequenas equipes, o que é outro ponto do método escoteiro. Para atrair e envolver os jovens estão presentes no movimento atividades como excursões, viagens, escaladas, ciclismo, canoagem e muito mais.

Por fim, ponto fundamental do método é a orientação aos jovens, feita através do acompanhamento individual de cada um, pelos adultos voluntários, os escotistas. "Hoje, neste centenário, esta é a maior dificuldade para o crescimento do escotismo. São inúmeros os jovens que se interessam pelo escotismo, mas são poucos os adultos que dedicam voluntariamente seu tempo a servi-los", lamenta Altamiro.

Os voluntários, capacitados através de cursos de formação de liderança, têm a oportunidade de caminhar rumo ao sucesso que, segundo Baden-Powell, consiste em servir ao próximo e ajudar a deixar este mundo um pouco melhor do que quando nós chegamos. "E esta é a essência do escotismo: fazer com que cada jovem descubra que é capaz de melhorar o mundo e com isso se torne um ser humano".