COMO ENTENDER E EVITAR O ESTRESSE

Autor: NEI LOJA

Quase tudo que você queria compreender sobre o estresse no trabalho,

ou

Saiba porque, querendo ou não, a responsabilidades dos líderes inclui a saúde física e mental dos liderados,

ou

O que os acionistas e o presidente podem fazer para evitar problemas,

e ainda,

SALVE A SUA VIDA!

Segundo Richard Wilkinson, pesquisador inglês..."Entre pessoas que trabalham em um mesmo escritório, em condições ambientais iguais, a taxa de mortalidade é três vêzes maior entre os funcionários em início de carreira do que os em final".

O relatório Whitehal, que compreende o maior estudo já realizado no mundo sobre a saúde de funcionários de governo (Inglaterra), compreendendo trinta anos consecutivos de acompanhamentos de grupos, demonstrou que, ao contrário das expectativas, os maiores níveis de estresse e males cardíacos, não estavam nos níveis superiores. De fato, o risco de doenças cardíacas aumentava conforme se descia na pirâmide hierárquica.

Richard Campebell, inglês, de 43 anos, enfartou após receber uma avaliação no final do ano, um nível inferior à sua expectativa. Seu trabalho lhe promovia enorme estresse resultante do relacionamento muito difícil com seu chefe, que não foi entrevistado pela CNT Television, de onde retiro estas informações.

As queixas de Campbell dão conta de que seu chefe mudava excessivamente de idéia quanto a realizar as tarefas de sua área – controle de equipamentos de segurança contra incêndios - , a ponto de subtrair-lhe a tranqüilidade, o sono, gerando um nível de auto-exigência muito elevado. Quando realizava o serviço de acordo com as orientações, era perguntado... ¨Por que fez isto desta maneira¨? O que o deixava tenso, querendo jogar a papelada pela janela, e dar um soco no chefe. Nunca sentia segurança. Nunca...E acabou, segundo ele, sendo responsabilizado por alguns erros que jamais cometera, sentindo-se injustiçado. No dia seguinte ao do conhecimento de sua avaliação, enfartou e foi levado para o hospital. Quatro de seus cinco colegas, no mesmo departamento também tiveram problemas de saúde e alto nível de estresse permanente.Os principais sentimentos seriam de frustração, com grandes descargas de adrenalina, tristeza e depressão.

Evidentemente o trabalho teve enorme contribuição para o enfarte de Campbel, ainda que não se descarte fatores como temperamento, alimentação e outros hábitos, ainda que sabendo que não era fumante, por exemplo.

No hospital da University College há estoques de amostras de sangues de centenas de funcionários públicos britânicos de escalões diferenciados. E elas mostram claramente que, quanto menor o cargo, menos saudável será o seu sangue, mesmo considerando dietas, exercícios e fumo. Veja estes dados:

No sangue há uma substância chamada fibrinogênio. É ela que impede que morramos de hemorragia, provocando a coagulação do sangue quando exposto ao ar. Mas o excesso de fibrinogênio pode ser perigoso (engrossa o sangue), aumentando o risco de coágulos e males cardíacos. Nos escalões inferiores o nível médio de fibrinogênio encontrado é excessivamente elevado, indicando que os indivíduos são potenciais candidatos a ataques cardíacos.

Outra surpresa foi o estudo das gorduras no sangue. Uma delas, chamada lipoproteína de alta intensidade, é um protídeo dissolvido no plasma e acredita-se que reduza os males cardíacos – seria a ¨gordura do bem¨. Mais uma vez, quanto mais alto o escalão, mais concentração da lipoproteína, portanto, mais saúde.

Este estudo foi mais ou menos confirmado por pesquisadores da Universidade Sstandford, Califórnia, como o cientista Robert Sapoisky, que examina anualmente macacos babuínos em liberdade. Estes animais, como os humanos, têm seus grupos altamente hierarquizados. Neles repetiram–se as conclusões: Os macacos de níveis hierárquicos elevados sempre possuem o sangue mais saudável do que os grupos inferiores, nos quais ocorre o desenvolvimento de doenças relacionadas ao estresse. Portanto, níveis elevados de excelência fisiológica permanecem nos macacos líderes como nos homens em postos elevados da hierarquia.

Poderiam ser algumas explicações, que babuínos líderes tem acesso preferencial à comida, como os funcionários de alto escalão geralmente tem escritórios, apoio e salários maiores. Funcionários subalternos obedecem as ordens, sem nenhum poder de decisão sobre o que fazer e quando ( sem auto regulação ou auto controle). Os subalternos passam muito tempo irrompendo em disputas e não têm controle sobre as próprias vidas no trabalho. Não ter controle sobre a situação causa estresse psicológico, como também a falta de válvulas de escape, de previsibilidade e de apoio social. Os funcionários de nível superior têm maiores responsabilidades, mas estão possibilitados de administrar todas as tarefas que lhes são exigidas, quanto ao melhor momento e a como fazer.

Segundo a medicina, o estresse provocado tanto pelo pensamento quanto pelas pressões externas, libera dois hormônios das glândulas supra-renais, que são a adrenalina e a hidrocortizona, cuja função principal seria a de prepararem o indivíduo para o combate ou a fuga, retirando grandes quantidades de energia dos depósitos corporais, levando-a para os músculos, conseqüentemente também alterando todo o metabolismo do corpo, na medida em que não faz muito sentido o organismo estar preocupado com ovulação, procriação, digestão, crescimento, ou qualquer outra função não especificamente relacionada à sobrevivência imediata.

O problema com os seres humanos é que liberamos estes e outros hormônios de estresse em nosso organismo, seja para situações concretas de ameaças ou em um mau dia de trabalho, onde apenas ocorrem descontroles de situações. A maioria dos animais tem descargas adrenérgicas por poucos minutos a cada vez, mas os humanos têm por 30, 40, 50 anos, preocupados com impostos, contas, metas, empregos, com ou sem necessidade, acarretando as doenças relacionadas ao estresse. Simplesmente não é possível ficar aumentando a pressão sanguínea a cada momento, sem acabar ficando hipertenso e, entre outras deficiências, reduzir a eficiência da própria imunologia, piorar muito a vida sexual e o estado geral do organismo.

Um grupo de cientistas acredita que o excesso de hidrocortizona atrapalharia o controle que o fígado precisa fazer sobre os níveis de gordura no sangue, e talvez isto explique porquê funcionários de níveis inferiores têm o sangue menos saudável. Hidrocortizona não faz bem ao sistema, quando abundante.

Para aumentar estas informações, um estudo sobre macacos prisioneiros, com absolutamente o mesmo tipo de alimentação, idades e tamanhos dos grupos, controlados por três anos consecutivos, mostrou que para os animais das hierarquias inferiores as placas de gordura das coronárias e os sinais de arterioesclerose eram muito maiores,e mais constantes, do que nos líderes.

(Significa que por dentro da artéria ocorre uma colagem de gordura tão espessa que dificulta a passagem do sangue, aumenta a pressão, e, se uma parte se soltar, pode entupir algumas das veias do coração, resultando no ataque cardíaco – falta de sangue, de oxigenação em alguma parte do coração, que é um músculo, podendo ser fatal ou não).

Agora vamos falar das conclusões que corrigem estas situações:

Mas vamos concluir juntos:

No mesmo grupo de macacos controlados, observou-se que aqueles que não participavam do grupo, recebendo as vantagens da socialização, portanto estando mais expostos à agressividade, as placas de gordura eram ainda maiores, com maior risco de doenças cardíacas.

Portanto, a interação social afeta os aspectos psicológicos que afetam o organismo.

Um dos 20 fatores mais importantes da liderança motivacional é o de se responsabilizar pela coesão de seu grupo de trabalho, reduzindo os conflitos e sendo altamente participativo, estando mais próximo, para diminuir pelo menos o distanciamento social. As piadas e brincadeiras bem estimuladas são elevados redutores do estresse, pois liberam as endorfinas e a serotonina, responsáveis pela sensação de bem-estar, substituindo os humores do estresse no sangue e seus efeitos.

Os estudos realizados em grupos humanos, como os ingleses durante a guerra, os húngaros, durante a invasão russa e os descendentes de italianos em Roseto, uma cidade da Filadélfia, mostrou que os sentimentos de coesão, que provocaram grande redução das barreiras sociais, afinal todos estavam juntos cavando trincheiras e dividindo comida para centrar o esforço em um inimigo comum, e no caso de Roseto, a coesão familiar característica dos italianos, aumentaram a taxa de sobrevivência destas populações, ou seja; seu tempo médio de vida.

Um líder que se relacione com seus comandados em assuntos corretamente dirigidos, dentro dos interesses do trabalho, que são os interesses verdadeiramente comuns, terá melhores resultados, que serão maximizados se praticar a realização de pesquisas internas periódicas, três a quatro vezes por anos,sobre o clima de seu grupo em particular (independentemente de a empresa ter ou não uma pesquisa mais ampla, que geralmente só ocorre uma vez por ano).

O que os acionistas e o presidente podem fazer?

Pesquisas de clima completas, pois estas têm efetiva capacidade de regular o comportamento das chefias, sinalizando áreas problemáticas, onde, com toda a certeza a empresa irá apresentar problemas derivados das ações gerenciais negativas.

Caixas de sugestões levadas a sério.

Pesquisas rápidas, inesperadas, com poucas perguntas para levantar assuntos específicos sobre a satisfação com as lideranças, grau de coesão, entre outros fatores. Afinal, o simples fato de ser perguntado altera fundamentalmente para melhor os vínculos com a administração das organizações.

Não existe atestado de sanidade mental tão completo assim, pois cargos de chefia podem ser muito reveladores de personalidades complicadas que precisar exercer seu autoritarismo, ou sua própria incapacidade relacional, dentro da empresa e sobre as vidas das outras pessoas.

Algumas pessoas, quando promovidas, revelam-se, como o médico e o monstro.

E devemos lembrar que as pesquisas mostram que as empresas mais felizes e saudáveis são também as mais lucrativas.

Salve a sua vida:

Aquele inglês que enfartou, o Richard Campbel mandou o emprego ás favas, mudou a vida, buscou novos grupos de relacionamentos, inclusive para passeios nos finais de semana, excursões, etc. Ainda toma oito remédios por dia, mas está com seus problemas cardíacos sob controle. Sair do antigo emprego o manterá vivo por mais tempo!

A revista Seleções mostra o valor da coesão religiosa, por exemplo na recuperação das doenças mais variadas, assim como o livro A Inteligência Emocional. E nossa reportagem da CNT também se encerra com esta preciosa conclusão. De que o apoio de um grupo, a amizade, os relacionamentos é que são capazes de estabilizar os fluxos emocionais dos indivíduos.

As empresas com maiores distanciamentos hierárquicos, bem como os países cujo desnível social seja extremamente elevado, são muito, mas muito menos capazes de obter coesão entre as pessoas.

Daí a violência, o desentendimento, enfim...

Não sendo escravos, nem estando invadidos, qualquer brasileiro pode se deslocar dentro e fora do país, buscar suas alternativas para cumprir sua senda pessoal e encontrar melhores condições. O tempo de vida no planeta é de 65 anos, em média, portanto alguns vivem mais e outros menos. Não compensa encurtar a vida em ambientes hostis, ou sob lideranças inadequadas ou em empresas nada estimuladoras de sua vida.

Sempre é possível prestar serviços do lado de fora, como muitos fazem, utilizando seus conhecimentos e talentos.

Pois, aparentemente, tanto o estado de espírito de uma nação, como o estado de espírito de sua empresa, como de sua área, sua chefia, podem alterar fundamentalmente sua sobrevida. Por outro lado, a solidariedade, como resultado de relacionamentos bilateralmente saudáveis, parece produzir menos problemas de saúde, corações mais saudáveis e melhor regulagem do colesterol.