ESTRATÉGIAS
“A realidade dolorosa da Pedagogia, assim como da Medicina e outros ramos do conhecimento que abrigam ao mesmo tempo em si arte e ciência, é o facto de os melhores métodos também serem os mais difíceis.”
Piaget (1969, p.69)
GERIR UMA TURMA DIFERENCIADA: O BÁSICO (Tomlinson, 2008)
1. Mantenha uma argumentação sólida no que diz respeito ao ensino diferenciado com base em níveis de preparação, interesse e perfil de aprendizagem dos alunos.
-Partilhar as ideias com alunos e pais: explicar a base do ensino diferenciado em níveis de preparação, interesses e perfil de aprendizagem, porque não há dois alunos iguais e porque todos devem ter sucesso.
2. Introduza o ensino diferenciado na sala de aula a um ritmo que seja confortável para si.
-“Não começar é uma forma garantida de impedir qualquer progresso. Querer fazer mais do que se é capaz promove o desânimo e o insucesso. Comece por onde puder…” (ibidem, p.60)
3. Atividades diferenciadas por tempo para promover o sucesso dos alunos.
-Lembrar duas coisas importantes: o tempo designado para uma tarefa deve ser um pouco menor do que a capacidade de concentração dos alunos; e os alunos mais capacitados costumam ter uma capacidade de concentração mais elevada.
4. Use uma “atividade-âncora” para se libertar e concentrar a sua atenção nos alunos.
-Os alunos têm ritmos diferentes e terminam as tarefas em timings diferentes, logo é necessário prever uma atividade na qual cada aluno se deterá automaticamente depois de completar a tarefa solicitada, de forma a evitar “tempos mortos” e suas consequências (desconcentração, barulho e baixa produtividade)
-Ensinar a turma a trabalhar de forma autónoma e silenciosa nestas tarefas.
5. Crie e transmita indicações com um certo cuidado.
- “Passar indicações à turma como um todo pode ser confuso e chama demasiado a atenção sobre quem está a fazer o quê.” (ibidem, p.62)
-Alternativas: fichas ou cartões com a tarefa e seus requisitos; gravações áudio com as mesmas indicações; indicações on-line; explicar as tarefas a alunos responsáveis por as transmitir aos colegas; etc.
-Importante na indicação da tarefa: clareza e equilíbrio das indicações, antecipando problemas.
6. Designe alunos para grupos ou lugares de forma não abrupta.
-Revelar a organização dos grupos através de um acetato, projeção, etc., em vez de o gritar na sala de aula.
7. Crie uma “base” para os alunos.
-Começar e terminar a aula a partir de uma “base” ou lugar designado, permite organizar os alunos e os materiais de forma mais eficaz sempre que tiver movimentações na sala.
8. Certifique-se de que os alunos têm um plano para pedir ajuda enquanto estiver ocupado com outro aluno ou grupo.
-Criar o cargo do(s) “especialista(s) do dia”, para que, sempre que fiquem bloqueados, os alunos possam tirar as suas dúvidas. O “especialista do dia” funciona como consultor até o professor estar livre para ouvir o aluno. (Pode-se criar a secretária do “especialista do dia”).
-Outro plano para pedir ajuda é o “registo de aprendizagem”: o aluno regista as dúvidas e vai realizando outra parte da tarefa enquanto o professor não está disponível (registos no seu caderno diário ou ficha própria do professor).
9. Minimize o barulho.
-Usar uma estratégia para lembrar a turma de que deve manter o silêncio e a ordem na sala de aula: acender e apagar a luz 3 vezes; responsabilizar um aluno pela monitorização do barulho; responsáveis de grupo devem ser avaliados pelo barulho do seu grupo; (consultar os alunos para outras ideias).
10. Faça uma planificação para a entrega de trabalhos por parte dos alunos.
-Recorrer aos “especialistas do dia” para recolher trabalhos durante a aula; local na secretária, assinalado, para recolha de trabalhos. (O trabalho deve ser revisto, nem que seja na própria aula, para o aluno ter a oportunidade de o reformular consoante o feed-back do professor – avaliação formativa).
11. Ensine os alunos a rearranjar o mobiliário da sala (em silêncio).
12. Minimize qualquer movimento “desgarrado”.
-Para reduzir a movimentação na sala de aula, pode-se adotar um “esquilo” em cada grupo, responsável por recolher e devolver materiais, por exemplo.
13. Promova a permanência na tarefa.
-Registos diários sobre o empenho e concentração na tarefa (grelha de registo), leva os alunos a corrigirem o seu desempenho e dá informações importantes ao professor sobre a tarefa atribuída: pode ser demasiado exigente, se o aluno não se concentrou, ou desinteressante, etc.
14. Tenha à mão uma planificação para “alunos que terminam tarefas muito rapidamente”.
-Por exemplo, a atividade-âncora.
-Verificar se o nível de exigência era o adequado…
15. Elabore uma planificação para o caso de querer “pedir uma paragem”.
-Ao concluir uma unidade didática, há que pensar nos casos dos alunos que ainda não terminaram as suas tarefas: avisar com antecedência do prazo final; providenciar TPC para os alunos terminarem a tarefa em casa, se o desejarem, utilizar o tempo da atividade-âncora da unidade seguinte para terminar o trabalho; deixar que o próprio aluno descubra uma forma de completar o trabalho.
16. Atribua aos seus alunos o máximo de responsabilidade possível pela sua aprendizagem.
-A responsabilização dos alunos torna a gestão da sala de aula mais eficaz. Os alunos podem fazer muitas coisas: distribuir e recolher materiais; dar opinião crítica sobre os trabalhos dos outros ajudando no processo de avaliação (avaliação dialógica); auto-avaliar os seus progressos; opinar sobre o funcionamento da aula, contribuindo para a sua melhoria; ajudar a conceber tarefas e fazer sugestões sobre processos e produtos; etc
17. Faça com que os seus alunos falem acerca dos procedimentos na sala de aula.
-“Pensar em voz alta ajuda os alunos a perceberem as suas expectativas… ajuda-os a desenvolverem uma noção de pertença na sala de aula. Conversar frequentemente acerca das experiências vividas a nível individual e coletivo é um ótimo investimento no futuro… ficaria surpreendido com o número de vezes que os alunos conseguem descobrir e pensar sobre uma solução para um determinado problema antes que você mesmo consiga fazê-lo.” (Ibidem, p.66)
DIFERENTES FORMAS DE DIFERENCIAÇÃO:
DIFERENCIAÇÃO DE CONTEÚDOS:
- Tornar o curriculum compacto: os alunos em processo de compactação ficam isentos do ensino grupo-turma.
1ª etapa: selecionar os alunos
2ª etapa: planificação
3ª etapa: investigação ou estudo
- Uso de materiais escritos e recursos variados: usar vários textos e combiná-los com uma variedade de recursos suplementares (livros, revistas, brochuras, materiais disponíveis na net, etc.)
- Contratos de aprendizagem: ajudam o aluno a gerir a sua aprendizagem com mais autonomia, podem conter componentes de capacidades e de conteúdo e fator tempo é fundamental.
- Mini-aulas: repetição da aula a um grupo de aulas que não captou bem os conteúdos expostos.
- Sistemas de apoio: estratégias que vão ajudar o aluno a ultrapassar a sua dificuldade.
1. colegas de estudo
2. parceiros de leitura
3. gravadores áudio e vídeo (pré-concebidos, feitos pelo professor ou mesmo por alunos)
4. organizer visual (permitem tirar apontamentos de forma lógica e organizada)
5. materiais impressos previamente sublinhados
6. seleção das ideias essenciais (resumos elaborados pelos professores ou destaque do vocabulário)
- Colega ou adulto mentor: acompanhamento do aluno por parte de um adulto ou colega.
DIFERENCIAÇÃO DE PROCESSOS (DE COMPREENSÃO):
- Grupos de trabalho
- Registos de aprendizagem
- Jornais de turma
- Organizadores gráficos
- Resolução de problemas (com criatividade)
- Centros de Aprendizagem/ grupos de interesse
- Contratos de aprendizagem
- Dramatização
- Debates
- Mapeamento mental
- Lista de tópicos +, –
- Criação de modelos e laboratórios
DIFERENCIAÇÃO DE PRODUTOS:
- Publicidade/Posters
- Colagens
- Fluxogramas
- Pinturas
- Mapas
- Fotos
- Cronologias
- Gravações áudio/vídeo
- Emissão notícias
- Discursos
- Leituras
- Debates/Grupos de discussão/Mesas redondas
- Entrevistas
- Crítica de livros
- Professor por um dia
- Relatório sobre um livro
- Cartas
- Poesia
- Pesquisa
- Checklists/ Questionários
- Diário, - Ensaio
- Jornal
- Dança
- Escultura
- Dramatização/Representação de um papel
- Experiência
- Mímica