Web 3.0
A fase 3.0 da Web é marcada pelo surgimento de novas formas de interação no ambiente virtual. As principais diferenças da Web3 em relação às suas antecessoras são a descentralização, a privacidade e a segurança dos dados, bem como a possibilidade de criação de novos modelos de negócios.
Scale-ups no setor de Web 3.0 estão levando a revolução da tecnologia blockchain e da internet descentralizada para diversas áreas da sociedade, desenvolvendo soluções e plataformas que abrangem ecossistemas financeiros, governança distribuída, aplicativos descentralizados e contratos inteligentes.
COM OS INSIGHTS DE:
Marcelo Sampaio
Hashdex
Bianca Martinelli
Alexia Ventures
Dan Yamamura
Fuse Capital
Guilherme Lima
Astella
Mario Mello
Safra
Carolina Hibner
Valor Investimentos
Yasmin Hund
Mercado Bitcoin
José Gabriel Bernardes
Fuse Capital
Renato Valente
Iporanga Ventures
Débora Queiroz Sena
Alexia Ventures
Indicadores Setoriais
MERCADO
Passada a tormenta, o mercado está reaquecendo. Em junho de 2023, os grandes compradores internacionais em cripto ativos acumularam US$ 3,5 bilhões em bitcoins e as cotações da criptomoeda chegaram a US$ 28 mil, próximo à máxima deste ano, e com uma alta de 68% acumulada desde o fim de 2022.
CAPITAL
Redução de investimentos: o venture capital no setor de Web 3.0 caiu 71,3% entre junho de 2022 e 2023 — de US$ 1,81 bilhões para US$ 520 milhões. O número de rodadas caiu no mesmo período de 149 para 84.
A queda do investimento no setor está atrelada a dois fatores: a alta histórica dos juros nos Estados Unidos e a crise envolvendo a FTX em novembro do ano passado. A comercializadora de criptomoedas era avaliada em US$ 32 bilhões e sua falência impactou a confiança dos investidores, levantando preocupações sobre fraudes e lavagem de dinheiro no setor de Web 3.0.
As soluções do setor de Web 3.0 contribuem diretamente para o avanço dos seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU:
Tendências do setor segundo a Rede Endeavor
1. USO REAL DE NFTs COM BENEFÍCIOS CONCRETOS
As plataformas de NFTs inovaram o mercado, permitindo comprar, vender ou criar ativos digitais que representam objetos do mundo real, como artes ou imóveis. Elas devem continuar promovendo negócios disruptivos se colocando perante um nicho de mercado que vê valor em ser proprietário único de digital assets. O foco, neste momento, deve ser em produtos que geram receita.
CENÁRIOS E POLÍTICAS QUE INFLUENCIAM ESSA TENDÊNCIA
Demanda global por NFTs
Apesar das oscilações no mercado, a demanda global por NFTs se manteve, tendo crescimento de 67% nas vendas dos tokens em 2022. Grandes marcas do varejo estão explorando o Web 3.0 via NFTs, como Starbucks, Tiffany & Co., Nike, Adidas, Reddit, revista TIME e Budweiser.
O Brasil tem uma posição especialmente privilegiada para este mercado, sendo o segundo país com o maior número de proprietários de NFTs, atrás apenas da Tailândia. O mercado de NFTs brasileiro está sendo particularmente influenciado pelo crescimento de jogos baseados em blockchains no modelo jogar para ganhar. Outro fator impulsionador para este mercado é a venda de NFTs por clubes de futebol, que tem utilizado esses ativos para aumentar suas receitas e gerar engajamento com as torcidas.
Além disso, em 2023, diversos indicadores do setor tiveram melhorias, como valor de stablecoins, que são criptomoedas lastreadas em ativos estáveis para controle de volatilidade, quantidade de compradores de NFTs, transações e número de endereços ativos de blockchain.
2. CRESCIMENTO DO SEGMENTO DE DeFi (FINANÇAS DESCENTRALIZADAS)
O DeFi é uma das verticais mais avançadas no setor de cripto. Ela é dividida em dois segmentos: 1) conexão com o mundo tradicional, trazendo diversas soluções e eficiências para o setor de crédito, por exemplo; 2) estruturas que só atendem ao mundo de Web 3.0.
A tokenização – processo de transformação de bens ou direitos em representações digitais – de ativos tradicionais, bolsa registradora está emergindo como tendência nas operações do setor financeiro, como fluxos de pagamentos, precatórios e consórcios. Essa tendência promete aumentar a liquidez e a acessibilidade desses ativos, além de democratizar o acesso a investimentos, tornando-os mais flexíveis e atrativos para um público mais amplo de investidores.
CENÁRIOS E POLÍTICAS QUE INFLUENCIAM ESSA TENDÊNCIA
Regulação de Cripto
A crise da FTX nos EUA provocou novas regulações governamentais e ações de governança privada no setor para proteger seus investidores. A União Europeia deve implementar regras novas de cripto a partir de 2024, incluindo combate à evasão fiscal e lavagem de dinheiro, e com maior controle do volume de operações a partir de 2026. Nos EUA, as regras ainda estão descentralizadas em leis federais e subnacionais. O Tesouro deve apresentar um novo parecer até julho de 2023.
O Brasil apresenta um cenário regulatório promissor em relação à América Latina, como a aprovação da Lei 14.478/22, que promete combater a corrupção no setor e dificultar players pouco profissionais de atuarem. Em relação à DeFi, o Brasil é o único país na região, ao lado do México, que tem lançamento previsto de uma moeda digital (CDBC), enquanto Argentina, Colômbia, Chile e El Salvador ainda não possuem data. No globo, apenas grandes mercados como Estados Unidos, Coreia do Sul e Suécia possuem diretrizes semelhantes.
O Banco Central do Brasil e a Comisão de Valores Mobiliários (CVM) estão discutindo a regulação do setor de cripto, com foco nos provedores de serviços virtuais (denominados Vasps) para preservar recursos dos consumidores segundo a regra desses provedores. Contudo, fintechs de crédito e infraestruturas não devem ser contempladas pela regra.
O Bitcoin e Ethereum permanecem estabelecidos no mercado de cripto
O uso dessas criptomoedas e da Web 3.0 pode estar se tornando atrativo a depender do cenário macroeconômico dos mercados. Alguns exemplos são a baixa do euro em relação ao dólar, a desvalorização cambial do bolívar venezuelano, a inflação argentina e o aumento do volume de remessas recebidas no México.
3. SUSTENTABILIDADE NO SETOR DE CRIPTO
Web 3.0 e sustentabilidade vão estar cada vez mais próximos, principalmente com uso de cases de ReFi (Finanças Regenerativas).
CENÁRIOS E POLÍTICAS QUE INFLUENCIAM ESSA TENDÊNCIA
Emissões
A mineração de criptomoedas é responsável por cerca de 22 milhões de toneladas métricas de CO2 por ano, dado que as operações em redes de blockchain frequentemente são alimentadas por energia gerada a partir de combustíveis fósseis.
Estima-se que o Bitcoin sozinho consuma 0,55% de toda a eletricidade usada globalmente, o que equivale ao consumo anual de eletricidade da Finlândia ou Suécia. Também foi estimado que esta moeda pode contribuir para o aquecimento global em +2°C até 2024.
Já o Ethereum, a criptomoeda mais popular após o Bitcoin, é responsável por 440 libras de carbono a cada NFT gerado, equivalente a dirigir cerca de 805 quilômetros em um carro movido a gasolina. Porém, investidores do setor avaliam que a Ethereum será cada vez mais eficiente e, atualmente, consome apenas 0,001% da energia que o YouTube, por exemplo.
Mobilização para reduzir impacto ambiental do cripto
Fundação do Crypto Climate Accord (CCA), iniciativa liderada pelo setor privado com o objetivo de alcançar emissões zero na indústria de criptomoedas até 2040 e promover a transição para fontes de energia 100% renovável até 2025.
4. MODA E GAMING EM ASCENSÃO E POTENCIAL DO MODELO DAO
A Web 3.0 está impulsionando inovações em diversos setores, com destaque para moda e gaming. Outro modelo disruptivo na Web 3.0 é o DAO (Organização Autônoma Descentralizada), que oferece um potencial transformador para a governança e operação de organizações.
Uma das principais distinções entre a Web 3.0 e a Web2 é a capacidade dos usuários de possuírem suas próprias carteiras digitais, que funcionam como identidades únicas. Essas carteiras permitem ao usuário controlar quais informações compartilhar e com quem, garantindo maior privacidade e segurança nas plataformas. Essa autonomia e controle têm o potencial de impulsionar o desenvolvimento de tecnologias descentralizadas e contribuir para um futuro digital mais transparente e seguro.
CENÁRIOS E POLÍTICAS QUE INFLUENCIAM ESSA TENDÊNCIA
Atuação de Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs)
Desde a crise do FTX, organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs) financiaram mais de US$ 60 milhões em novos freios e contrapesos para prevenir ataques de governança, usando entidades legais como LLCs, LCAs, UNAs e fundações estrangeiras.
Exemplos da Rede Endeavor
a16z Crypto (2023). 2023 State of Crypto Report.
Bernoville, T. (2023). How can Web 3.0 and cryptocurrency be a solution for climate change?
Cho, R. (2021). Bitcoin’s Impacts on Climate and the Environment. Columbia Climate School.
Valor Econômico (2023). Fintechs de crédito e infraestruturas de mercado tradicionais ficarão fora de regra cripto, diz diretor do BC.