CARTAZ


Programação regular

15, 22 e 27 de novembro de 2017


Sala 301 | 27 de novembro, 16h15

Mudar de Vida

Portugal, 1966 - 90 min.

Paulo Rocha


Uma praia de pescadores, o mar que a pouco e pouco vai conquistando a terra. A luta do homem com o mar e sobretudo a luta entre a tradição e o progresso. No centro do drama estão as relações sentimentais, difíceis e quase absurdas que unem um pescador, Adelino, de regresso da guerra de África e duas mulheres, Júlia, uma mulher do mar (à moda antiga), e Albertina, uma operária misteriosa e selvagem. Voltando do Ultramar, Adelino encontra Júlia, a sua antiga namorada, casada com o seu irmão. O drama surge… Albertina, a operária, desafia-o a partir, a Mudar de Vida.

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«O Mudar de Vida é a minha primeira tentativa de cinema (do Norte). É filmado no Furadouro, Ovar, terra da minha mãe e dos meus avós. A imagem é pesada e monumental, está perto dos japoneses e de algum cinema russo. É tal como Os Verdes Anos coisa de experiência directa, desde criança vivi subjugado pela força daqueles pescadores e daqueles barcos. É o contrário da cultura plástica e literária de Lisboa. Mas está próximo da pintura do Júlio Resende. A colaboração do António Reis nos diálogos foi decisiva para atingir aquele ambiente de violência hierática.».

Paulo Rocha

realização e argumento PAULO ROCHA diálogos ANTÓNIO REIS música CARLOS PAREDES montagem MARGARETA MANGS, PAULO ROCHA fotografia ELSO ROQUE decorador ZENI D’OVAR anotadora TERESA OLGA som directo ALFREDO TROPA assistente de realização ANTÓNIO CAMPOS produtor ANTÓNIO DA CUNHA TELLES direcção de produção FERNANDO DE MATOS SILVA produção PRODUÇÕES CUNHA TELLES

Sala 301 | 22 de novembro, 16h15

Os Verdes Anos

Portugal, 1963 - 84 min.

Paulo Rocha


Um rapaz de 19 anos, Júlio, vem para Lisboa a fim de tentar a sua sorte como sapateiro. No dia em que chega a Lisboa, um acidente fá-lo conhecer Ilda, uma rapariga da mesma idade, empregada doméstica num prédio perto do local de trabalho de Júlio. À medida que o filme se desenrola, vai nascendo um romance de amor entre os dois, mais forte da parte de Júlio, que ciumento, sentindo-se numa atmosfera estranha e hostil, desconfia permanentemente de Ilda.

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«Os Verdes Anos é a história da iniciação de dois jovens provincianos aos problemas da cidade e do amor. É um assunto que está muito perto da minha experiência pessoal. Com efeito também eu fui obrigado a vir viver para Lisboa. Os Verdes Anos nasceu de um duplo projecto: o fascínio que certas zonas mais modernas da cidade exerciam sobre mim, vivendo perto de zonas rurais em vias de urbanização - projecto urbanístico, logo de meditação sobre a Lisboa moderna - e a necessidade interior de resolver um problema muito popular - o crime passional, realidade quotidiana dos jornais.».

Paulo Rocha

realização e argumento PAULO ROCHA adaptação e diálogos NUNO BRAGANÇA fotografia LUC MIROT montagem MARGARETA MANGS direcção de som HELIODORO PIRES música/guitarra CARLOS PAREDES à viola FERNANDO ALVIM letra canções PEDRO TAMEN assistente de realização FERNANDO DE MATOS SILVA caracterização MANUEL FERNANDES colaboração artística VERGÍLIO CORREIA vestuário RAFAEL CALADO decoração ALDA CRUZ director de produção ANTÓNIO DA CUNHA TELLES produção PRODUÇÕES CUNHA TELLES

Sala 301 | 15 de novembro, 8h45

Statchka (Greve)

URSS, 1924 - 80 min.

Sergei Eisenstein


Numa fábrica a agitação começa. O último golpe foi o suicídio de um operário acusado de roubar uma ferramenta. A multa inevitável e os vários meses de pagamento da dívida pelo instrumento perdido, levá-lo-iam de qualquer maneira a morrer de fome. Os seus camaradas entram em greve e as suas acções são dirigidas pelo comité de greve. Decidem não trabalhar até que as suas exigências sejam atendidas: aumento de salários e melhoria das condições de trabalho. Mas a sua decisão está ameaçada pela fome. O comité de greve apela à paciência e coragem. Para criar o caos, a direcção da fábrica usa hooligans locais. Chegando a um ponto de desespero, a multidão sai à rua onde são confrontados com os cossacos…

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A primeira longa-metragem de Eisenstein encena uma greve numa fábrica russa no começo do século XX. Ao realizá-la, Eisenstein tinha atrás de si muita experiência em espetáculos teatrais vanguardistas do grupo Proletkult (“cultura proletária”) e estas experiências marcam o filme, assim como as técnicas do grupo de cineastas da FEKS (“Fábrica do Ator Excêntrico”), de Leninegrado. Em Greve, Eisenstein põe em prática as suas célebres ideias sobre a “montagem de atrações”, fazendo nascer ideias através da associação de planos e criando metáforas visuais. Neste período, Eisenstein realiza outras duas grandes obras-primas da História do Cinema - O Couraçado Potemkine (1925) e Outubro (1927) -, completando assim a célebre "Trilogia Revolucionária", nas palavras de Naum Kleiman.

realização e montagem SERGEI M. EISENSTEIN argumento S. M. EISENSTEIN, VALERI PLETNEV, I. KRAVTCHUNOVSKII, G. MORMONENKO (ALEXANDROV), ESTHER CHUB fotografia EDUARD TISSÉ, VASSILI KHVATOV cenários VASSILI RAKHALS assistentes de realização GRIGORI MORMONENKO (ALEXANDROV), I. KRAVTCHUNOVSKI, A. LEVCHIN produção GOSKINO, PROLETKUT

«(...) Gosto e creio que é importante um ritual, uma cerimónia de alguma intimidade. É necessária uma responsabilidade, uma seriedade na altura de filmar um plano. Não pode ser algo fácil, o cinema é muito difícil, muito cansativo. É um ofício, como ser pedreiro».

Pedro Costa



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