Vamos buscar compreender e exercitar técnicas de representação visual de diferentes tipos de texturas e superfícies, bem como entender melhor possíveis modos de inserir essa etapa importante no processo de desenho.
Se desenhar fosse como fazer um bolo, a textura seria como a cobertura: a camada superficial, adicionada em cima da base e que dá aquela sensação de que o trabalho está completo. Aquela parte que nos atrai quando passamos pela vitrine, que nos "enche os olhos". Claro que nem todo mundo gosta de cobertura, então, em alguns casos, ela pode ser dispensável, ou pode ser aplicada de forma comedida, seletiva, sutil, com moderação. Pode ter diversos sabores e causar diferentes sensações. De modo geral, ela é aquele toque final que dá gosto de ver e que faz ter vontade de comer. (Espera, ainda estamos falando de desenho?)
Desenhar texturas é algo que depende fortemente da interpretação de cada desenhista, da sua linguagem gráfica e da sua forma de executar o desenho. Não existe uma única forma de desenhar textura de madeira, de concreto, de areia. O modo particular como cada artista interpreta e desenha texturas é parte do que caracteriza o seu "estilo".
É comum utilizarmos repetição de elementos ao desenhar texturas. Muitas pontos ou pequenas linhas circulares amontoadas podem dar a impressão de uma superfície áspera; diversas linhas variadas juntas podem sugerir algo felpudo; uma sequência de linhas longas e onduladas com diferentes espessuras pode representar falhas ou quebras. Inserindo quantidades repetidas de pequenos elementos visuais sobre uma área do desenho, criamos padrões que sugerem o aspecto físico e as sensações táteis da superfície de um objeto.
Ao desenhar texturas, vale mais a sensação do que a precisão. Para desenhar cabelo, não precisamos, literalmente, riscar cada fio, um por um; em vez disso, escolhemos áreas estratégicas da cabeleira (ou da peruca) e desenhamos grupos de fios que, combinados, comunicam a sensação de um "todo" integrado. Brincamos com a capacidade de o cérebro do observador "completar" a figura.
No desenho realista, a textura depende da iluminação. Para que a textura funcione bem, a iluminação por baixo dela deve estar construída de forma consistente. Lembra da comparação acima sobre a textura ser a "cobertura do bolo"? Então: as luzes e sombras são o bolo propriamente dito - a base que sustenta a cobertura (e que, se bem equilibrada, te permite comer mais de uma fatia sem sentir enjoo).
O vídeo abaixo oferece mais explicações ilustradas sobre conceitos básicos de texturas.
Duração: 6'59"
Acho que já deu pra entender que a iluminação vem antes da textura no processo de desenho. Se quisermos que nossos desenhos tenham uma boa base sobre a qual possamos aplicar diversas texturas, basta dar atenção suficiente à construção da iluminação.
Ao estudarmos sobre iluminação, vimos que pequenas áreas de brilho muito intenso (realces / highlights) podem ser vistas nas áreas de luz se a superfície do objeto em questão for reflexiva. Mas podemos, também, optar por uma luz central mais difusa, sem pontos de realces visíveis. Assim, ao construir a iluminação, antes mesmo de pensar texturas, consideramos a reflexividade da superfície que estamos iluminando.
Ao pensar e desenhar a textura de um objeto no desenho, estamos definindo, também, o material de que aquele objeto desenhado é feito, e é muito útil utilizar referências visuais que mostrem como é a superfície dos materiais que queremos representar nos objetos que desenhamos. Mas alguns tipos de materiais podem não ser, visualmente, "uma coisa só" - às vezes, uma superfície pode ser uma combinação de diferentes texturas. Para usar nossas imagens de referências de forma eficaz ao desenhar texturas, precisamos fazer uma espécie de "engenharia reversa": analisar as características visuais da superfície de referência de modo a identificar quais são as "camadas" de texturas existentes e que artifícios gráficos podemos utilizar para representar o efeito que desejamos em nosso desenho.
Vamos lembrar daquele exercício básico da esfera com luz e sobra: iluminada de forma consistente, aquela esfera é uma superfície lisa, opaca e, provavelmente, fosca (ou com um nível baixo de reflexividade). Embora possamos interpretar que ela "não tem textura", a rigor, o fato de ser lisa e fosca já é, em si, um tipo de textura - tecnicamente, é o que chamamos de uma superfície matte (termo usado para designar o que não reflete grande quantidade de luz). Em outras palavras, ao trabalhar a iluminação, já estamos, também, trabalhando, de certa forma, uma camada inicial de textura, e a pergunta que vem depois é: a textura matte já é suficiente para representar a superfície que desejamos naquele objeto, de acordo com o material do qual ele é feito? Ou desejamos adicionar outras "camadas"?
Veja mais sobre superfícies e materiais no vídeo abaixo.
Duração: 14'48"
O vídeo abaixo contém uma explicação ilustrada sobre o processo completo de um desenho. Com este vídeo, você pode revisar etapas do processo de desenho já estudadas anteriormente (esboço linear, shadow mapping, blocagem tonal e blending) e acompanhar novas informações sobre como inserir uma etapa para trabalhar as texturas ao final desse processo.
Duração: 9'55"
Desenhe 5 (cinco) esferas com luz e sombra e, em cada uma, desenhe uma textura diferente à sua escolha. Utilize referências visuais à vontade para criar as texturas nos seus desenhos. Caso tenha dificuldades em encontrar referências, acesse este site recomendado: https://www.textures.com
Faça um desenho completo, explorando esboço linear, shadow mapping, blocagem tonal, blending e texturas, e aplicando os princípios estudados sobre valores, iluminação e textura em suas devidas etapas. Fique à vontade para fazer esse desenho a partir da observação (como no exemplo do Gato, acima) ou a partir da imaginação, dando ênfase à construção da iluminação sobre formas simplificadas, como estudado em aulas anteriores, e usando imagens de referência apenas para texturas ou como ferramenta geral de consulta, caso precise.
Quer expandir seus estudos? Aqui vão algumas sugestões de que você pode gostar.
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