Infraestrutura
A escola “é um lugar de produção e reprodução da cultura, tendo como objetivo a socialização da infância”¹ e a transmissão dos conhecimentos acumulados pela humanidade.
De salas integradas às residências dos colonos a estruturas elaboradas e imponentes, o espaço das instituições escolares se delineou conforme o contexto cultural e as condições socioeconômicas.
Nesse sentido, as necessidades e os recursos da comunidade em que está inserida, o investimento governamental ou privado, a vinculação a congregações e ordens religiosas contribuíram para compor essa complexidade.
Observação: estes três documentos integram o "Livro de correspondência expedida do Escritório do Engenheiro-Chefe e Diretor da Colônia Caxias para diversos", que abrange o período 1881-1882.
As primeiras escolas da região foram construídas pelos próprios colonos: eram edificadas em madeira, com uma arquitetura bastante singela, na maioria das vezes em um terreno de alguém da comunidade.
Em seu interior, havia uma única sala com diferentes adiantamentos, o quadro-negro e a escrivaninha da professora.
Em espaços improvisados ou edificações destinadas à educação, não obstante à precariedade dos primeiros tempos, a escola é por excelência um lugar de socialização, onde saberes são construídos de forma dinâmica na esteira do tempo. Esse processo é moldado de acordo com as permanências e as transformações históricas, mas também é sensível à especificidade dos atores que ali interagem e ao seu entorno.
"Relação dos livros e mais objectos pertencentes a aula da 6ª legoa da Villa de Caxias:
6 Escrivaninhas, 6 Bancos, 1Mesa, 1Estrado, 3 Cadeiras, 1 Taboleta das Armas da Republica, 1 Barril para Agua, 1 Armario, 1 Pedra preta, 2 Cabides, 17 Lousas, 2 Lapiz, 6 Regoas, 3 Livros 3º. De Hilario Ribeiro, e idem 2º do mesmo autor, 2 Manuscriptos, 2 segundas Arithmeticas, 3 Grammaticas.
Villa de Caxias 24 de Maio de 1892,
Miguel Affonso Soares Dutra”²
No interior da escola, aspectos sociais são reproduzidos, mas também transformados ao ganhar um cenário próprio, onde as relações sociais entre os sujeitos dão origem a culturas específicas. Por fim, “a escola, em diferentes ritmos, produz cerimoniais e práticas que vão contribuindo para a constituição de processos identitários, para a civilização e para a conformação da infância e da juventude”.³
Foto 120: Professora e alunos da Escola Isolada Municipal Vinte e Cinco de Agosto, situada em Conceição da Linha Feijó, em Caxias do Sul, durante a comemoração do Dia do Soldado.Data: 1948. Autoria não identificada.
Foto 121: Alunos e professora da Escola Isolada Municipal Tiradentes, situada no Travessão Carlos Gomes da 6ª Légua, em [Caxias do Sul], no dia da fundação da Cruz Vermelha Juvenil. Data: 1944. Autoria: Foto Muner.
Referências
1 A cultura material das escolas coloniais italianas no Paraná: da precariedade à renovação. In:Escolarização, culturas e instituições: escolas étnicas italianas em terras brasileiras. LUCHESE, Terciane A. Caxias do Sul, RS: Educs, 2018, p.76)
2 ADAMI, João Spadari. História de Caxias do Sul (Educação): 1877 a 1967, III Tomo – Edição Póstuma. Caxias do sul: EST, 1981. p.47.
3 De Escola Complementar a Escola Normal: histórias da primeira instituição pública para formação de professores na cidade de Caxias do sul. In: In: LUCHESE, Terciane A.; FERNANDES, Cassiane C., BELUSSO, Gisele (Orgs.). Instituições, escolas e culturas escolares. Caxias do Sul, Educs, 2018, p. 64-65.
Foto de capa: Aspecto da fachada da Escola Municipal Fagundes Varela, em 1948. Local: Caxias, RS. Autoria não identificada.
(extraída do "Álbum Fotográfico do Ensino Municipal de Caxias do Sul: 1948-1951").