Nos dias 14 e 15 de novembro de 2025, o município de Conceição do Coité (BA) celebrará seu território da palavra viva com a realização da FLICoité – Festa Literária de Conceição do Coité. Com o tema “Sertão dos Tocós: A História do Lado de Cá”, a festa reúne escritoras, escritores, mestres griôs, artistas, educadores e comunidades locais em dois dias de atividades gratuitas que celebram a força das narrativas negras, indígenas e sertanejas.
A programação acontece na Praça Theogenes Antônio Calixto, Centro Administrativo, Conceição do Coité – BA, e em espaços parceiros como o Colégio Estadual Polivalente de Conceição do Coité e a Câmara de Vereadores, articulando escolas do campo, bibliotecas comunitárias e coletivos culturais. A festa abre com um cortejo de samba e repentistas locais, seguido da Orquestra Sisaleira (OSA) e de mesas literárias, exposições, lançamentos de livros, feiras agroecológicas e apresentações artísticas.
Para Sara Nidian, graduada em Letras (UNEB) e pós-graduanda em Política e Gestão Cultural (UFRB), educadora popular, produtora cultural e uma das idealizadoras da FLICoité, o evento nasce com vocação para continuidade e enraizamento.
“A FLICoité nasce do desejo de celebrar e visibilizar, no coração da cidade, o encontro interseccional dessas identidades. Ao trazer o Sertão dos Tocós no centro da narrativa nessa primeira edição, a festa afirma que as vozes negras, indígenas e sertanejas não são marginais, mas fundantes da nossa cultura. O impacto se dá na ampliação de espaços de fala, no incentivo ao pensamento crítico sobre a formação da história oficial da cidade e na construção de referências que inspiram as juventudes a se reconhecerem como sujeitos produtores de arte, memória e futuro.”
Entre os nomes confirmados estão Carla Akotirene, Ryane Leão, Auritha Tabajara, Cleidiana Ramos, Lilian Almeida, Iris Verena Oliveira, Thaíse de Santana, Vitória Maria Matos e Calila das Mercês, ao lado de autoras e autores da região, como Maria Edneuza, Fernanda Araújo, Raiane Cordeiro e Léa Rios. A programação também valoriza a produção literária do Território do Sisal, com mesas sobre escrita independente, políticas públicas do livro e literatura como caminho para construção do Bem Viver.
Entre as presenças locais, a escritora Vitória Maria Matos, autora de No dia que matei meu pai fazia sol, destaca o poder da literatura como território de cura e afirmação.
“A literatura é o espaço onde a gente pode se reinventar feliz. Quando decidimos contar nossas histórias, nos autorizamos a fazê-las ao nosso jeito. Depois disso, fica muito difícil tirar a gente do nosso próprio peito. A escrita é o rastro do rio que é nosso, o lugar onde o silêncio e a palavra se encontram para curar.”
O público poderá acompanhar atrações musicais e culturais no Palco João Banha, com apresentações do Grupo de Samba Herança de João, Reisado de Cabaceiras, Reisado de Moça de Almas, Filhos de Quelé, Canastra Real (Salvador) e shows de Paula Ana & Larapioo, Psicordélicos (Irará) e Sued Nunes, artista indicada ao Grammy Latino 2025.
A Tenda Martinha, espaço de homenagem à memória de Martinha Maria de Jesus, mulher negra símbolo de resistência no pós-abolição, acolhe debates sobre identidade, liberdade e literaturas coiteenses, com mesas que destacam mulheres que escrevem e pensam o sertão. Já o eixo Quem quiser que pegue: a história do lado de cá, no auditório do Polivalente, reúne conversas sobre autoria negra e indígena, memória e decolonialidade, com a presença de Ana Nery Brito, Fabiana Kiriri, Clóvis Ramaiana e Sandro Magalhães.
Voltada à infância e juventude, a FLICoitézinha traz espetáculos e contação de histórias com Auritha Tabajara, Vilane Azevedo, Léa Rios, Paulo Rios e Tia Liu Marques, além de uma roda de conversa com jovens criadores de conteúdo literário, como Luan Queiroz e Izabela Baldoíno.
A escritora e cordelista indígena Auritha Tabajara, autora de Coração na Aldeia, Pés no Mundo, reflete sobre o papel da oralidade como elo entre gerações.
“Minha alfabetização foi feita com o som da poesia. As rimas vieram antes das letras. Quando um livro indígena entra na sala de aula, entra uma floresta junto: entra o canto, a memória, o rio. A literatura e o cordel são caminhos de cura e de continuidade, pontes que ligam aldeia, sertão e escola.”
A FLICoité é uma travessia coletiva, que nasce da oralidade e se expande pela escrita. Cada espaço da festa se transforma em ponte entre tempos e lugares, onde os saberes do sertão dialogam com vozes de diferentes cidades e regiões do país, fortalecendo um intercâmbio de experiências e perspectivas. Coité se afirma, assim, como território vivo de memória, criatividade e pertencimento, mostrando que narrar o próprio lugar é também disputar imaginários, resgatar, refletir e celebrar nossos modos de vida.
Confira abaixo a programação completa!
https://sites.google.com/view/flicoite/programa%C3%A7%C3%A3o?authuser=1
Este projeto foi contemplado no Edital de Apoio às Festas, Feiras e Festivais Literários (no 01/2024), por meio do Programa Bahia Literária, com o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Educação e da Secretaria de Cultura, via Fundação Pedro Calmon. O projeto conta ainda com o apoio cultural do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), vinculado à Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio da Rádio Educadora FM e da TVE Bahia e parcerias da Universidade Estadual da Bahia – UNEB, Organização Comunitária Revolution Reggae e Prefeitura de Conceição do Coité.
SERVIÇO
FLICoité – Festa Literária de Conceição do Coité
📅 14 e 15 de novembro de 2025
📍 Praça Theogenes Antônio Calixto, Centro Administrativo, Conceição do Coité (BA)
🌐 Site: https://sites.google.com/view/flicoite/p%C3%A1gina-inicial
📧 E-mail: flicoitecomunicacao@gmail.com
📱 Instagram: @flicoite